Revolta de Ibicaba

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O regime de semi-escravidão era uma ameaça concreta para os cerca de 2 mil suíços que vieram trabalhar nas plantações de café, entre 1852 e 1857.

Revolta de Ibicaba de 1851

Em 1856, a Revolta de Ibicaba, um protesto de colonos suíços contra as condições de vida na fazenda Ibicaba, em Limeira (SP), criou um incidente diplomático entre Brasil e Suíça. Pouco depois, era extinta a migração em massa para o Brasil.

Colonos das fazendas de café se revoltam contra o alto preço das mercadorias que lhes eram vendidas, contra os pesos e medidas utilizados e contra os juros.

Em 1856, a Revolta de Ibicaba, um protesto de colonos suíços contra as condições de vida na fazenda Ibicaba, em Limeira (SP), criou um incidente diplomático entre Brasil e Suíça.

Pouco depois, era extinta a migração em massa para o Brasil.

Revolta de Ibicaba
Terreiro de Café da fazenda Ibicaba destacando-se a Casa de Máquinas, 1904

Revolta de Ibicaba
Tulha de café da fazenda Ibicaba. Foto do início do século XX

Revolta de Ibicaba = Famílias

revolta de Ibicaba aconteceu por causa do descontentamento das 177 famílias “exportadas” da Europa para Ibicaba.

O proprietário de um grande cafezal, senador Nicolau de Campos Vergueiro, havia contratado as famílias para trabalhar na sua fazenda de café depois de assinar um documento que certificava que ambos estavam trabalhando no sistema de parceria, na qual o lucro obtido pelo café seria igualmente dividido entre o trabalhador e o proprietário.

O documento quando assinado, afirmava que o trabalhador havia de pagar as suas despesas da viagem.

E já na fazenda, o trabalhador era obrigado a comprar os produtos do proprietário, afundando-se cada vez mais nas dívidas.

Então, liderados por Thomas Davatz, os trabalhadores acabaram revoltando-se contra o grande fazendeiro.

A lei que proibe o trabalho escravo no Brasil está apenas no papel.

Vira e mexe, encontramos trabalho escravo por aí.

O que as pessoas podem fazer é contratar fiscais mais honestos, que “não pedem um cafezinho”.

Eles podem aumentar o salário dos escravos e melhorar a condição do trabalho, logicamente acabando com o crime.

Também, nós, sem a ajuda do governo, podemos tomar atitude.

Podemos ficar atentos ao trabalho escravo, denunciando o crime para o número 190 da polícia para registrar o fato e parar com a escravidão que nunca sai do papel.

Fazenda Ibicaba

Em 1817, foi fundada, pelo Senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, a Fazenda Ibicaba foi umas das mais importantes a época.

Foi a primeira em substituir mão-de-obra escrava por imigrantes Alemães e Suíços, principalmente.

Passaram-se anos, e os europeus imigrantes sentiram-se oprimidos pelas inúmeras dívidas (chegavam ao Brasil endividados por terem que pagar a viagem).

Pela causa das más condições de vida, foi gerada a revolta dos Colonos em 1856, liderada pelo Suíço Thomaz Davatz. Isso fez com que as forças suíças reconhecessem as condições dos colonos.

Localização

A fazenda é localizada no município de Cordeirópolis, interior do estado de São Paulo.

Ela retrata toda a história da evolução do café no país, toda à chegada de imigrantes no Brasil, assim como toda campanha fora do Brasil, para recrutar imigrantes para trabalhar em Ibicaba.

Fazenda Ibicaba

Fazenda Ibicaba, localizada no município de Cordeirópolis, interior de São Paulo, conserva um importante conjunto arquitetônico da época do ciclo do café. No local encontramos preservadas a sede centenária, a capela, a senzala, a tulha, os terreiros e aquedutos construídos pelos escravos, o prédio da escola, a torre do relógio com seu mirante e as máquinas antigas que produziam café. Mediante agendamento, escolas e universidades podem visitar a Fazenda, que guarda um verdadeiro tesouro histórico e cultural do País.

A Fazenda Ibicaba recebeu grandes personalidades, entre elas Dom Pedro II, a Princesa Isabel e o Conde D’eu, e foi usada durante a Guerra do Paraguai como estação militar.

Fundada em 1817 pelo Senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, a Fazenda Ibicaba foi sede de uma das primeiras colônias do Brasil.

Também foi pioneira em substituir a mão-de-obra escrava pelo trabalho de imigrantes europeus, principalmente suíços e slemães, 30 anos depois de sua fundação.

O Senador Vergueiro foi o responsável pela vinda dos primeiros imigrantes da Europa, muito antes da abolição da escravatura. Cerca de mil pessoas, entre portugueses, suíços e alemães, viviam em Ibicaba.

A fazenda era quase independente e havia até circulação interna de moeda própria.

Sua empresa, chamada “Vergueiro e Companhia”, financiava a viagem e recrutava os imigrantes que, depois, tinham que quitar sua dívida trabalhando por, pelo menos, quatro anos.

A oficina de Ibicaba fornecia máquinas e instrumentos para a região, já que muitos imigrantes não tinham vocação agrícola, mas eram excelentes artesãos.

Um dos primeiros motores a vapor de São Paulo foi importado pela Ibicaba e hoje encontra-se num museu em Limeira, interior de São Paulo.

Em 1856, por conta de dificuldades enfrentadas pelos colonos na adaptação ao clima e culturas locais, aliadas à subordinação econômica dos empregados aos fazendeiros, criou-se uma crise que culminou na “Revolta dos Parceiros” – ou insurreição dos imigrantes europeus -, tendo como palco a Fazenda Ibicaba, que era a maior produtora de café da época.

A revolta foi comandada pelo suíço Thomaz Davatz, que conseguiu inclusive que as autoridades suíças tomassem conhecimento das condições em que viviam os colonos. Davatz, ao retornar à Europa, escreveu o livro “Memórias de um colono no Brasil”, cujo teor inibiu o ciclo da imigração e que, até hoje, nos ajuda a compreender este período histórico.

ESCRAVIDÃO BRANCA NO BRASIL – REVOLTA DE IBICABA

Escravidão Branca no Brasil

Meu nome é Heinrich Schlittler. Nasci do Cantão de Glarus na Suíça, em plena primavera de 1829, numa casa modesta de um vilarejo de onde se avista os Alpes. Meu pai era alfaiate, profissão que herdara do seu avô, ofício no qual eu também era aprendiz, desde os meus 14 anos. Fui educado dentro dos padrões e da ética da religião presbiteriana.

O nosso racionalismo com relação ao convívio social é a capacidade protestante de associação para fins do interesse comum.

É precisamente essa qualidade que possibilita a associação de pessoas para ir além do convívio familiar, sem que haja conflito ou confusão entre as relações afetivas e com as de interesse.

Nossa norma moral pressupõe que, antes de obedecer aos homens, devemos obedecer a Deus. Assim, nossa sociedade encontra harmonia, pois permite que as relações sejam entre iguais, em contraponto com as relações entre pessoas de um modelo puramente hierarquizado.

A Suíça passava por um profunda crise econômica associada ao uma explosão demográfica.

Uma praga, conhecida com “a doença da batata”, alastrou-se pelas plantações reduzindo em mais de 50% das colheitas da batata, nosso principal alimento naquela época.

Nessa escassez de alimentos, passávamos fome.

A situação obrigou a muitos jovens, desempregados, soldados que voltavam das intermináveis guerras da Europa a procurarem uma saída na emigração para outros países.

A propaganda de então falava de um novo eldorado: o Brasil, onde havia muita comida, terra em abundância e grandes oportunidades. Formamos um grupo e viajamos com destino à terra prometida.

Deste grupo composto por 87 pessoas somente 13 conheciam e tinham trabalhado em atividades agrícolas.

Os demais eram operários de fábricas, sapateiros, carpinteiros, pedreiros, pintor, mestre-escola e alfaiate como eu. Enfim, não tínhamos muitas alternativas, e o governo de certa forma nos incentivava a emigrar.

Do porto de Santos partimos para o nosso destino: a Fazenda Ibicaba, situada Limeira no Estado de São Paulo, de propriedade do senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, cuja empresa levava o seu nome.

O senador Vergueiro foi quem promoveu a vinda de imigrantes suíços para o Brasil, mas era contra as colônias de povoamento com doação das terras aos imigrantes, alegando que esse procedimento não atendia às necessidades do Império que na época estava em busca de mão de obra livre para substituir a escrava.

A FAZENDA IBICABA entre 1852/1856 e atualmente

Assim, para cultivar as suas fazendas de café, o senador estabeleceu um sistema de parceria, através de contrato firmando através de um agente no pais de origem dos imigrantes.

Este documento estabelecia o número de pés de café que recaia sobre a responsabilidade da família imigrante. Ao finalizar a colheita, os lucros auferidos com a venda das sacas de café seriam divididos entre os imigrantes e o proprietário da fazenda. No entanto, o contrato incluía uma série de exigências que indicavam a exploração da mão de obra, clausulas típicas de uma época na qual os trabalhadores braçais não contavam com nenhum tipo de garantia e estavam sob o jugo dos grandes proprietários de terras.

O regime de semi-escravidão ficava evidente no compromisso de cada família imigrante em pagar os custos da sua viagem com um acréscimo de juros à taxa de 6% ao ano. Adicionalmente, os imigrantes contratados pelo senador ficavam responsáveis por cuidar de cafezais localizados em áreas de baixa produtividade e só podiam comprar gêneros alimentícios fornecidos pela própria fazenda, aumentando por um longo período os vínculos com o proprietário. Através desse contrato, nós imigrantes fomos reduzidos a uma condição similar a dos escravos negros.

Esses últimos mantinham-se cativos pela força do seu dono, enquanto que nós havíamos perdido a liberdade pela obrigação jurídica totalmente desigual entre as partes.

O nosso grupo era integrado por um mestre-escola, Thomaz Davatz, que tinha como missão oficial enviar à Suíça um relatório acerca das condições de vida e trabalho na colônia, que servisse de orientação às autoridades suíças quanto à política de emigração. Também ministrava aulas e realizava cerimônias religiosas nos cultos protestantes.

Não demorou muito tempo para percebemos os problemas do dia a dia no “novo eldorado”. O clima quente, os insetos, os desconforto causado por uma cultura tão diferente da nossa, na qual a educação e a discrição nos cultos presbiterianos eram prioritários, contrastando o modo inculto de viver dos brasileiros da época.

Dia após dia o nosso entusiasmo inicial com a nova terra ia diminuindo e percebíamos que estávamos numa terra onde não se respeitavam os contratos firmados.

Em virtude das arbitrariedades e da interpretação pessoal da lei pelos proprietários e os seus prepostos, havíamos nos tornado tão escravos como os próprios negros.

Não demoraria muito para começarem as agressões corporais, já nos castigavam com multas, prisões, restrições de liberdade, etc.

E Davatz acrescentava: será exagero entender que os colonos estão sujeitos a novas formas de escravidão?

Os próprios filhos de certo fazendeiro não hesitaram em apoiar essa convicção, dizendo que: os colonos eram os escravos brancos (de seu pai), e os pretos seus escravos negros.

E outro fazendeiro enunciou a mesma crença, quando declarou abertamente aos seus colonos: comprei-os ao Sr. Vergueiro. Os senhores me pertencem?

Em virtude de a situação ter se tornado insuportável, Thomaz Davatz conseguiu, através de manobras – já que toda correspondência era censurada pelo todo poderoso senador Vergueiro – enviar um relatório ao cônsul suíço no Rio de Janeiro uma carta destinada às autoridades suíças explicando a situação dos colonos, denunciando o engodo representado pelo sistema de parceria.

Exposto ao publico e, portanto ao senador Vergueiro, Thomaz Davatz foi chamado, na manhã de 24 de dezembro de 1856, à sede da fazenda Ibicaba para dar explicações, através de um intérprete, pois só falava alemão. Nessas circunstâncias, totalmente descontentes com a dura realidade em que vivíamos e ainda muito mais com o pagamento do primeiro ano trabalhado, decidimos reagir em apoio ao mestre-escola. No levante armado somente dois tiros foram disparados sem que houvesse mortes, mas a repercussão foi tamanha que as autoridades suíças proibiram novas emigrações e acabou fazendo com que o império do Brasil viesse a remodelar as relações entre grandes propriedades e os imigrantes.

Thomaz Davatz voltou para a Suíça, já com a saúde bastante abalada. Mas muitos de nós permanecemos no Brasil, na esperança de nos tornarmos pequenos proprietários de terras ou praticamos livremente os nossos ofícios. Casei com Christine Beck, que conheci na viagem da Suíça ao Brasil e, no ano de 1877 em que escrevo essas memórias, já temos seis filhos brasileiros e vemos que o nosso trabalho e cultura influenciaram positivamente o futuro do pais que escolhemos para viver.

Fonte: www.faap.br/www.suicosdobrasil.com.br/www.almacarioca.net/deportesus.terra.com

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