Revolta da Armada

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Revolta da Armada O que foi

Revolta da Armada, foi uma revolução liderada pelo audacioso baiano Custódio José de Mello, contra a permanência no poder, do governo do vice-presidente Floriano Peixoto, que os revoltosos declarando ilegítimo, exigiam uma presidência interina até a convocação de novas eleições.

Contudo, interpretando as disposições transitórias da Constituição de 1891, o autoritário e imprevisível Floriano Peixoto dispunha-se a completar o mandato de seu antecessor, como de fato o fez.

Em verdade, o governo de Floriano era inconstitucional: o artigo 42 dizia que, se o presidente não completasse a metade do mandato, novas eleições deviam ser convocadas.

Mas com o apoio do Partido Republicano Paulista e da classe média urbana, Floriano sentiu-se à vontade no papel de consolidador da República e lançou as bases de uma ditadura de salvação nacional.

Em outras palavras, sendo vice-presidente de Deodoro da Fonseca (que havia renunciado após nove meses de governo) Floriano deveria assumir interinamente a presidência porque, conforme previa a Constituição, seriam convocadas novas eleições e no máximo, em dois anos.

Porém ao fim do prazo estipulado, Floriano passou a ser acusado pela oposição de tentar se manter ilegalmente no poder e assim começou os movimentos oposicionistas para depô-lo, que culminou com a célebre revolta, que apesar do nome com que ficou na História, não envolveu totalmente a Armada, sendo relativamente pequeno o número de oficiais que a ela aderiram.

A maioria da oficialidade ou se decidiu por Floriano, guarnecendo os navios adquiridos por ele, ou manteve-se em posição discordante em relação à revolta, mas sem demonstrar cabalmente desejo de combatê-la.

Revolta da Armada aliou-se à Revolução Federalista, generalizando o conflito e conflagrando, além do Rio de Janeiro, os três estados do Sul. A adesão, após alguns meses, do almirante monarquista Luís Felipe de Saldanha da Gama, comandante da Escola Naval, acentuou cores ideológicas a esse triste acontecimento que seria desastroso para a Marinha e para o Brasil.

O país encontrava-se, portanto, numa guerra civil que durou meses, com grandes perdas humanas e materiais. E o ponto alto da revolução ocorreu em fins de 1893, quando colunas de maragatos apelido dados aos federalistas – avançaram sobre Santa Catarina, juntando-se aí aos integrantes da Revolta da Armada.

Essa se iniciara nos navios militares estacionados no Rio de Janeiro, onde também fora incorporado um grupo de barcos mercantes, uns armados como cruzadores-auxiliares e outros mantidos como transportes.

Em fins de setembro de 1893, uma força naval dos revolucionários deslocou-se para o Sul e ocupou Desterro (atual Florianópolis).

E ali, precisamente no dia 16 de abril de 1894 se daria um combate, onde o caça-torpedeiro Gustavo Sampaio com seus torpedos viria desbaratar o poderoso encouraçado Aquidabã, dando fim a Revolta da Armada.

Na história mundial dos combates navais, esse seria o terceiro lançamento eficaz de torpedos.

O primeiro torpedeamento com êxito ocorreu na guerra russo-turca em 1898 e no segundo, o encouraçado Blanco Encalada, foi atingido pelo caça-torpedeiro Almirante Lynch, na revolta chilena em 1891.

No Sul do Brasil, os combates em terra prosseguiram até a deposição das armas pelos revolucionários, em agosto de 1895.

A rendição resultou de um acordo que teve a mediação do então presidente Prudente de Morais, sucessor de Peixoto. Dessa guerra civil de grandes proporções, resultou milhares de mortos.

Muitos deles não morreram em combate, mas foram degolados após terem caído prisioneiros. Nas chacinas, a degola era regra geral.

Das companhias Lloyd brasileiro, Laje e Frigorífica, foram incorporados navios às forças navais rebeldes na Revolta da Armada (alguns dos navios foram armados com canhões antigos encontrados na Ponta da Armação).

Entre os navios mais importantes se encontravam: Júpiter, Mercúrio, Marte, Paraíba, Vênus, Uranus, Palas, Meteoro, Esperança, Íris, Laguna, Adolfo de Barros, Gil Blas, Luci, Guanabara, Standard, Vulcano, Glória e Bitencourt.

Passaria 16 anos, para a Marinha ser sacudida novamente por outra revolta. Trata-se da rebelião de simples, mas indignados marinheiros, contra o uso corrente de castigos corporais através da chibata, com todo o humilhante cerimonial que os rodeava. Em outras palavras, em 22 de novembro de 1910, por causa do rígido, imoral e anacrônico regime disciplinar baseado nos castigos corporais, a preconceituosa elite branca da Marinha seria atingida em suas bases, dura e profundamente por outra revolução, que teve como líder principal, o marinheiro semi-analfabeto João Cândido Felisberto.

Revolta da Armada – Rebelião

Revolta da Armada

Revolta da Armada foi uma rebelião promovida por algumas unidades da Marinha brasileira contra o governo de Floriano Peixoto.

Começa no Rio de Janeiro em setembro de 1893, estende-se à Região Sul e prolonga-se até março de 1894.

Com a renúncia de Deodoro da Fonseca à Presidência da República em 23 de novembro de 1891, passados nove meses de governo, o vice-presidente Floriano Peixoto assume o cargo.

A Constituição, no entanto, prevê nova eleição caso a Presidência ou a Vice-Presidência fiquem vagas antes de decorridos dois anos de mandato.

A oposição acusa Floriano de manter-se ilegalmente à frente da nação. Em 6 de setembro de 1893, um grupo de altos oficiais da Marinha exige a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes.

Entre os revoltosos estão os almirantes Saldanha da Gama, Eduardo Wandelkok e Custódio de Melo, ex-ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano.

Sua adesão reflete o descontentamento da Armada com o pequeno prestígio político da Marinha em comparação ao do Exército.

No movimento encontram-se também jovens oficiais e muitos monarquistas.

A revolta consegue pouco apoio no Rio. Sem chance de vitória, os revoltosos dirigem-se ao sul. Alguns efetivos desembarcam em Desterro (atual Florianópolis) e tentam, inutilmente, articular-se com os federalistas gaúchos.

Floriano adquire novos navios no exterior e com eles derrota a Revolta da Armada em março de 1894.

Revolta da Armada – História do Brasil

Revolta da Armada

Um dos vultos mais importantes da primeira fase republicana, à parte seu lado psico-patológico, é o coronel de Infantaria do Exército Antônio Moreira César, único comandante de expedição a morrer durante assalto à fortaleza dos jagunços do Belo Monte de Antônio Conselheiro.

Nasceu Antônio Moreira César na cidade de Pindamonhangaba, estado do São Paulo, no dia 7 de julho do 1850. Moreira César nomeou seus pais, na fé de oficio, como tendo sido desconhecidos, ou incógnitos.

Sabe-se, contudo, que ele era filho do padre Antônio Moreira César de Almeida (1814-1860), e de Francisca Correa do Toledo (1818-1895), falecida solteira e irmã de Maria Bernardina Correa de Toledo, que foi casada com o capitão Bento Moreira César do Almeida, irmão do mencionado padre.

Moreira César sentou praça em 1869. Encontramo-lo, em 1874, como alferes-aluno. Em dezembro postula permissão para ausentar-se. Não lhe é concedida.

Estava na Escola Militar. Insiste. O capitão do serviço faz advertência. Ainda assim, o alferes de 24 anos sai, por sua conta e risco.

Ao voltar é punido: oito dias de prisão.

Em 1877 é promovido a alferes da Arma do Infantaria. No mesmo ano ascende ao posto de tenente, por estudos. No fim do ano conclui o curso de artilharia1878 é matriculado no 4º ano do curso superior.

Em dezembro conclui o curso do estado-maior de 1ª classe.. Em

Como se observa, Moreira César não negligencia sua formação profissional. Esforça-se para manter atualizados, sempre, seus conhecimentos. Designado para a Escola de Tiro de Campo Grande, sediada em Realengo, Rio, nesta aguarda-o nova punição. É repreendido por se haver dirigido, sem intermediário, em memorando, ao ministro da Guerra.

Em curto espaço ascende a ajudante-de-ordens do ministro da Guerra, em 1881. Por estudos é promovido, aos 31 anos, a capitão.

Breve encontrá-lo-emos instrutor e professor-adjunto do Deposito de Aprendizes Artilheiros, na fortaleza de São João. Tem sua competência posta em relevo pelos superiores quando o ministro quer transferi-lo 0 comandante geral de Artilharia consigna ser difícil ter-se “um professor tão dedicado e instrutor tão hábil que tanto gosto tenha pela Arma de Infantaria como o oficial de que se trata”. Todavia, logo em seguida, é afastado de suas funções para tratamento de saúde, durante três meses.

Em 1883 o capitão César está no Rio, servindo no 10 BI. Nesse ano é um dos protagonistas de drama que abaIará a quietude do Império, o selvagem e covarde assassinato do jornalista Apulcro de Castro.

Apulcro de Castro praticava, profissionalmente, no Rio de Janeiro, tempo do império um tipo de jornalismo à época denominado de “escândalo e cavação”, modernamente tratado por “imprensa marrom”.

Não está bem claro se chegava a chantagear as vítimas de suas calúnias e diatribes. Vivia a atassalhar a vida alheia através das páginas do periódico O Corsário. O verumoso homem de imprensa não vacilava em atingir, com suas garras aquilinas e virulentas, figuras da maior honorabilidade na sociedade. Enquanto sua pena esteve convertida em cólera contra elementos da comunidade carioca, não pesou contra a editorialista senão algumas ameaças de quebrar-lhe os ossos em praça pública, fazê-lo engolir, sem caldo, toda urna tiragem da gazeta maldita, dar-lhe corretivo em regra para que ele definitivamente se emendasse. Mas em certa ocasião o linguareiro direcionou, por motivos não muito claros, ataques contra o Exército e elementos notáveis de suas fileiras.

E citava nomes, o endiabrado escrevinhador. Tomara tal corpo as incriminações que entre oficiais que se sentiram ofendidos, avultou a decisão de Ir à forra.

Foi em 1883. 0 hediondo crime de que foi vítima o redator-chefe de O Corsário teve ruidosa repercussão. Foi matéria de primeira página do jornais brasileiros.

Aconteceu em uma das tradicionais vias públicas do Rio do Janeiro, a machadiana Rua do Lavradio.No dia 25 do outubro do 1883 o famigerado disseminador de notícias tendenciosas e abomináveis, terror da sociedade carioca, apresentou-se à repartição de Polícia alegando estar ameaçado de morte. Pediu garantias de vida.

Enquanto Apulcro de Castro estava asilado na chefatura, começaram a formar-se suspeitas aglomerações nas circunvizinhanças.

Foi solicitado ao ministro da Guerra recomendação para que o ajudante-general do Exército, capitão Ávila tudo fizesse para que os ânimos fossem contidos, antes que tivesse lugar a fatalidade.Ávila dirigiu-se à súcia de aguerridos oficiais, pediu que as malquerenças serenassem, o Exército estava atento, cuidando do caso, o senhor Apulcro de Castro iria ser severamente admoestado, chamado à responsabilidade e, caso não se emendasse, processado, condenado, encarcerado.

Na Rua do Lavradio, a pouca distância da redação da gazeta de Apulcro e das oficinas tipográficas de O Corsário, existia repartição central de Polícia.

Mas nem esta ou a presença da autoridade do um capitão do Exército se impuseram moral e hierarquicamente perante os extremados oficiais. 0 carro no qual iam a capitão do Exército e a jornalista de má fama foi assaltado por grupo de onze oficiais, todos disfarçados com grandes barbas postiças. Armados de punhais e revólveres, acirradamente, covardemente, lincharam o redator da imprensa boquirrota. Instaurado o inquérito policial, ficou provado que, entre os figurantes do atentado, constava o nome do capitão Antônio Moreira César, de 33 anos de idade.

SEDIÇÃO BAIANA de 1891

Em fins de 1891 encontramos o tenente-coronel Antônio Moreira César envolvido na derrubada do primeiro governador constitucional da Bahia, José Gonçalves da Silva (1838-1911).

Era então em Salvador comandante do Nono Batalhão de Infantaria, do qual tomara posse no dia 14 de novembro daquele ano, transferido de Sergipe, onde estivera na chefia do 33° BI. Em novembro de 1891 o país enfrentava crise política que o Marechal Deodoro da Fonseca, presidente da República, julgou poder extinguir desfechando, a 3 daquele mês, um golpe de estado. Mal aconselhado pelo barão de Lucena, Deodoro dissolve o Congresso Nacional com o qual não conseguia se entender. 0 desfecho da crime teve profunda repercussão em todo o pais.

A imprensa e a grande maioria dos políticos opuseram-se ao ato e protestaram com veemência. A maior parte dos governadores, porém, deu apoio ao golpe, entre os quais na Bahia, José Gonçalves da Silva.

Todavia o presidente da República recuou e abandonou em definitivo o governo, assumindo-o o marechal Floriano Peixoto, vice-presidente, que convoca o congresso e restabelece a ordem institucional.

Políticos baianos afastados da situação, inconformados com o apoio de José Gonçalves a Deodoro, decidiram que o chefe do Executivo baiano teria que deixar o governo. 0 movimento e encabeçado pelo deputado federal César Zama. A volta à legalidade com a renúncia de Deodoro e a promessa de José Gonçalves de que oportunamente faria o mesmo não interessavam aos golpistas.

César Zama havia sido encarregado pelo marechal Floriano e Custódio de Melo para que entrasse em entendimento, na Bahia, com o tenente-coronel Antônio Moreira César para que, no dia 27 de novembro, quando irrompesse, na capital Federal, o movimento contra o fechamento do Congresso, fosse José Gonçalves deposto.A renúncia de Deodoro obrigou, todavia, os amotinados a mudarem de tática.

José Gonçalves não cede, inicialmente, às pressões dos exaltados adversários. Tenta passar o cargo ao sucessor legal, Luiz Viana, presidente do Senado que não o aceita, sob a alegação de que “não compreendo governo sem força. Desde que a força não garante o governo, o governo que seja a força.”

A capital da Bahia é sublevada por tumultos que deixam no rastro mortos e feridos. Mas José Gonçalves não renuncia formalmente. Entrega o governo ao general Tude Soares Neiva, comandante do Terceiro Distrito Militar.Crise que culmina com a derrubada do primeiro governador constitucional da Bahia dura até os últimos dias do ano, quando composição política elege governador o contra-almirante Joaquim Leal Ferreira, em sessão de 22 de dezembro de 1891, do Senado estadual.

Como resultado da ativa participação nos incidentes daqueles dias, o tenente-coronel Antônio Moreira César ocupa a cargo de chefe de Polícia do estado, função na qual se manteve do 24 de novembro a 22 de dezembro do mesmo ano.

Antes de haver sido designado para comandar corpo de tropas na Bahia o tenente-coronel Antônio Moreira César estivera alguns meses em Aracaju, à frente do 33° BI.

Recentemente foi enviado do Manaus documento assinado no dia 25 de abril de 1891 pelo tenente-coronel Moreira César. 0 autor da revelação de tal documento, coronel reformado da PM, Roberto Mendonça, prometeu ao autor destes dados biográficos, levar a cabo pesquisa nos arquivos da capital do Estado do Amazonas na tentativa de descobrir pormenores sobre a estada, ali, do célebre oficial pindamonhangabense, à frente do 36 BI.

SUBLEVAÇÃO DE NITERÓI

0 coronel César, como era tratado par seus companheiros do caserna, toma posse na condição de Comandante do 70 Batalhão de Infantaria em abril de 1892.

Em dezembro do mesmo ano a batalhão embarca para Niterói onde tinha lugar sublevação do corpo policial, tendo aclamado governador Francisco Portela.

Portela hipotecara fidelidade ao marechal Deodoro quando do golpe de Estado de novembro de 1891. Como muitos do seus colegas, fora destituído. Agora tentavam reimpossá-lo, à força. Acompanham a 7° BI uma ala do 1° BI elementos da Artilharia do 2° Regimento e um contingente de Cavalaria.

As tropas haviam sido solicitadas polo titular do cargo, José Tomás do Porciúncula. Com a tomada do quartel do regimento Policial, por ala chefiada pelo major Edmundo Maia Bittencourt, na noite de 14 para 15, é restabelecida a ordem. Os amotinados rendem-se, o governador Porciúncula, reconduzido ao posto, dissolve a força Pública.

A REVOLTA DA ARMADA

A historicamente chamada revolta da Armada foi rebelião promovida por algumas unidades da Marinha contra o governo do marechal Floriano Peixoto (1839-1895). Tem início no Rio de Janeiro em setembro de 1893 e se estende em direção à região Sul, chegando ao fim em março de 1894.

Com a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), à presidência da República, em 23 de novembro de 1891, após nove meses de governo, o vice-presidente Floriano Peixoto assume o cargo.

A Constituição Federal de 1891, no entanto, previa nova eleição caso a Presidência ou vice-presidência ficassem vagas antes de decorridos dois anos de mandato.

A oposição acusa Floriano Peixoto de manter-se ilegalmente à frente da nação.

Em 6 de setembro de 1893 um grupo de altos oficiais da Marinha exige a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. Entre os revoltosos estão os almirantes Luiz Felipe de Saldanha da Gama, Eduardo Wandenkolk e Custódio José de Melo, ex-Ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano. No movimento encontram-se também jovens oficiais e muitos monarquistas.

A adesão destes reflete o descontentamento da Armada com o pequeno prestigio da Marinha em comparação ao Exército. A revolta atrai muito pouco apoio no Rio de Janeiro. Sem oportunidade de saírem vitoriosos, os amotinados dirigem-se para o Sul do país. Alguns efetivos desembarcam em Desterro (atual Florianópolis), e tentam inutilmente articular-se com os federalistas gaúchos.

Floriano Peixoto adquire novos navios de guerra no exterior e com eles derrota a Revolta da Armada.

Quando estes acontecimentos têm lugar, o próprio coronel Moreira César traça pessoalmente planos para desfechar ataque contra a Ilha de Villegaignon, no Rio de Janeiro, e pontos outros em áreas ferozmente ocupada e defendida pelos rebeldes. 0 7° BI também participa da vigilância na região portuária na Baía de Guanabara e atua com desenvoltura na retomada da Ilha do Governador, base logística onde se suprem os revoltosos.

Tendo efetivado a ocupação da Ilha do Governador, o 7° BI lá permanece até 9 de fevereiro de 1894, quando recebe ordens para regressar ao Morro do Santo Antônio, onde era sediado.

Moreira César havia passado a comando de seu batalhão ao capitão Augusto Frederico Caldwell do Couto e assumira o comando da brigada, como o fará em outras oportunidades. Fica o batalhão interinamente sob as ordens do capitão Caldwell do Couto até 19 de outubro de 1894, enquanto Moreira César permanece no comando das forças em operação nas Ilhas de Paquetá e Governador.

Sua obtenção e retomada da Ilha do Governados não passa desapercebida do marechal Floriano Peixoto, vice-presidente no exército da Presidência da República – “pelos relevantes serviços prestados, tendo sustentado tão importante posição e obrigado, com tiros de canhão, os navios dos insurretos a mudarem de ancoradouro em busca do fundo da baía, danificando-os seriamente”.

REVOLUÇÃO FEDERALISTA

Pode-se didaticamente definir a Revolução Federalista como um movimento sedicioso que envolveu as principais facções políticas do Rio Grande do Sul. Tem início em 1893 e dura até 1895.

Dois partidos disputavam o poder. De um lado o Partido Federalista reúne a velha e carcomida elite do Partido Liberal do Império, sob a liderança de Gaspar da Silveira Martins. Do outro, o Partido Republicano Rio-Grandense agrupava os republicanos históricos que haviam tornado parte na proclamação da República, liderado pelo governador Júlio de Castilhos.

Ancorados em bases eleitorais nas cidades do litoral e da serra, os republicanos queriam, a todo custo, manter a poder. Já os federalistas, que representavam os interesses dos grandes estancieiros da campanha, lutam contra a que chamam de “tirania castilhista” e exige a reforma da Constituição do Estado com vistas a impedir a perpetuação dos rivais no poder.

Em fevereiro de 1893, ano da campanha eleitoral para o governo estadual, os federalistas, tratados por maragatos, iniciam sangrento conflito com os republicanos, apelidados chimangos ou de pica-paus.

Os combates espalham-se pelo estado e se transformam em guerra civil, com milhares de vítimas. Os maragatos pedem a intervenção no Estado, mas o presidente Floriano Peixoto prefere apoiar os pica-paus.

Entre fins de 1893 e começo de 1894, os maragatos avançam sobre Santa Catarina e unem-se aos rebeldes da Revolta da Armada, que ocupam a cidade do Desterro. Em seguida entram no Paraná e tomam Curitiba.

Mas, sem recursos humanos e materiais suficientes, recuam. Concentram suas atividades em território gaúcho, mantendo o aceso da luta até meados de 1895. No dia 10 do julho o novo presidente da República, Prudente do Morais, consegue acordo de paz. O governo central garante o poder a Júlio Castilho e o Congresso anistia os participantes do movimento.

Assim é que, originalmente sem vínculos, os dois movimentos – Revolta da Armada e Revolução Federalista – terminam por se unir, tendo por base a cidade Desterro, então capital do Estado de Santa Catarina. O porto da Ilha de Santa Catarina pela sua localização geograficamente estratégica, foi escolhido para servir de elo com o Sul amotinado, pelo almirante Custódio de Melo. Ali com efeito, instala-se o governo rebelde.

Após vários entendimentos e discussões, a capitulação da guarnição militar foi proposta pelo comandante Frederico Guilherme de Lorena, capitão-de-mar-e-guerra, coordenada pelo marechal de campo reformado Manoel de Almeida Gama Lobo d’Eça, Barão de Batovi.

A imprensa federalista regozijou-se com os sucessos. Em 4 de outubro do 1893, a Assembléia solidariza-se com os revoltosos e declara Santa Catarina “Estado separado da União”, enquanto Floriano Peixoto permanecesse presidente da República. A pacata e diminuta Desterro entra para a lista negra do marechal-de-ferro.

Os federalistas, depois do sucessivas lutas e atos de heroísmo, são derrotados. Vingativo, Floriano nomeia e manda para Santa Catarina, no dia 19 de abril de 1894, armada de poderes discricionários, o impetuoso coronel de Infantaria do Exército Antônio Moreira César, com a finalidade do levar a cabo o “ajuste de contas”. 0 delegado do governo federal desembarca em Desterro à frente de quinhentos militares do 7° e 23° batalhões de infantaria.

De seu corpo de auxiliares faziam parte os seguintes elementos: Alferes João Lopes de Oliveira e Sousa, assim coma Malaquias Cavalcante – secretários; tenente Manuel Belerofonte de Lima – chefe da Polícia e tenente Hermínio Américo Coelho dos Santos – comandante da Polícia Militar.

No governo de Santa Catarina Moreira César promove o “ajuste de contas”, para usar expressão cunhada par Osvaldo Cabral.

Prisões e fuzilamentos sumários de militares e civis foram praticados em represália à rebeldia federalista, promotora da guerra civil centralizada em Santa Catarina. Como observou a historiador catarinense Jali Meirinho “na interpretação justa forma atos criminosos”. E acrescenta: “Não se concebem prisões e execuções sem julgamento”. No entanto, diz ainda Meirinho que “recorrendo-se à legislação pertinente vinda do Império, os crimes cometidos em guerra, mesmo que interna, eram passíveis de pena de morte”.

Não se pode deixar de considerar que o “ajuste de contas” foi resposta à crueldade federalistas particularmente aquela perpetrada pelos guerrilheiros de Gumercindo Saraiva, cuja prática corriqueira era a degola dos prisioneiros.

Em Santa Catarina os fuzilamentos ocorreram na Fortaleza de Santa Cruz do Anhatomirim. 0 número exato dos executados é até hoje polêmico e controvertido. De acordo com Osvaldo Cabral, teriam sido 185. Cabral não menciona as fontes, tampouco o nome dos sacrificados.

Duarte Paranhos Schutel, político, ex-liberal, simpatizante da causa federalista, em notas manuscritas, relaciona apenas 34 prisioneiros, possíveis fuzilados ou jogados no mar a caminho da fortaleza.

O historiador Lucas Alexandre Boiteux, republicano que em 1934 foi encarregado de promover o translado dos restos mortais dos fuzilados para mausoléu no cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, relaciona 42 vitimas.

Valiosa contribuição, contudo, para se compreender e interpretar o governo rebelde que se estabeleceu na Ilha de Santa Catarina contra o governo constitucional da República, deve-se a Carlos Humberto Correa.

O caso dos fuzilamentos tem sido motivo de sérias investigações, embora ainda permaneçam controvérsias.

Estudando documentos conclui Correa que a elevado número de mortes, apontado por precedentes investigadores, não pode ser levado em consideração, vez que muitos nomes que constavam em lista de fuzilados, tempos depois apareceram vivos, o que contraria os números apontados por seus predecessores, lançando incógnita sobre a exata quantidade de sacrificados.

Entre os fuzilados na Fortaleza de Santa Cruz do Anhatomitim estava um baiano, o médico Alfredo Paulo de Freitas, que servia como major-médico em Desterro.

Foi o médico chamado de sua casa e depois de apresentar-se, embarcaram-no na corveta Niterói.Dele não obtendo notícias, sua esposa algumas vezes foi ao palácio do Governo em busca de informações.

Numa dela se fez acompanhar de filha menor e consta Ter sido recebida por Moreira César em pessoa. Ao tomar conhecimento de quem era a mulher, o comandante César se teria mostrado solicito e explicou que o marido dela com efeito fora preso e enviado ao Rio de Janeiro para ser julgado. Ela porém não temesse, em breve o marido estaria de volta.

Ao diálogo têm acrescentado ato que aponta o coronel Moreira César como homem frio e calculista.

Moreira César teria tomado a criança no colo e dito, apontando para a mar, entrevisto da janela: “Papai está bem longe, mas voltará logo.” O governador militar de Santa Catarina, no entanto, sabia que o doutor Alfredo não retornaria, pois ele mesmo mandara que o fuzilassem em Anhatomirim.

GUERRA DE CANUDOS

Manoel Vitorino, baiano, vice-presidente da República em exercício, nomeou o coronel Antônio Moreira César para comandar a III Expedição Militar contra Canudos, após a fracasso de duas incursões militares, a primeira das quais chefiada pelo tenente Manuel da Silva Pires Ferreira (1859-1925), e a segunda pelo major-fiscal Febrônio de Brito (1850). A primeira brigada recuou de Uauá em novembro de 1896; a segunda, de Tabuleirinho em janeiro de 1897.

Moreira César partiu para a Bahia, do Rio de Janeiro, a 3 de fevereiro de 1897, aportando em Salvador no dia 6 do mesmo mês. Dia seguinte, 7, partiu para Queimadas, onde chegou no dia 8, pela manhã, em trem expresso. Temendo que as jagunços abandonassem o arraial sedicioso, intensificou os preparativos para a partida em direção a Monte Santo. Compunha a III Expedição 1300 homens, 6 canhões Krupp, 5 médicos, 2 engenheiros militares, ambulâncias e um comboio cargueiro com munições de guerra e de boca.

Antes de arribar em Monte Santo, segunda base de operações militares, Moreira César sofreu crise epiléptica, insulto que uma vez mais iria ocorrer, de forma mais suave embora, na fazenda Lajinha, entre Monte Santo e a Cumbe, hoje Euclides da Cunha.

No Cumbe demonstração de séria perturbação psíquica: O comandante manda prender o padre Vicente Sabino dos Santos, vigário local, sob a acusação de conselheirista. Adiante o padre é solto, por interferência do estado-maior.

Próximo ao arraial sagrado a expedição é atacada por piquetes de jagunços, sem que tenha havido enfrentamento.

O desafio para os seguidores de Antônio Conselheiro iria ser as tropas em condições desfavoráveis por causa da superioridade dos invasores tanto em homens quanto em armas.

No dia 2 de março a coluna avança sobre o Rancho do Vigário, a 19 quilômetros de Canudos. Pretendia o comandante aproximar-se do arraial sedicioso, permanecer um dia nas vizinhanças das margens do Rio Vaza-Barris, bombardear a povoação e em seguida conquistá-la com a Infantaria.

Na manhã do dia 3 Moreira César, subitamente, muda de idéia. Opta pelo ataque imediato, o arraial é duramente castigado pelos 4 canhões que dispararn inúmeros tiros. Tem início o assalto após o meio-dia.

Os combatentes jagunços defendem-se com tiros que partem das igrejas velha e nova. Nos primeiros momentos o Exército consegue invadir o reduto sagrado e conquistar algumas casas. São, contudo, obrigados a recuar pela escassez de munição.

Após cerca de cinco horas de combate, Moreira César é ferido no ventre, quando se preparava para ir à frente de batalha dar brios a seus homens em luta. Atendido pelos médicos, estes verificam tratar-se de ferimento mortal. O comando é transferido ao coronel Pedro Tamarindo, que não possuía o carisma, o talento organizativo, a coragem e o espírito de liderança do chefe baleado.

Passadas mais de sete horas de luta encarniçada, o coronel Tamarindo resolve recuar, abandonando sítios conquistados a troco de ferimentos e vidas. Moreira César morre doze horas após haver sido atingido, na madrugada de 4 de março de 1897, protestando que Canudos fosse uma vez mais atacado, contava-se ainda com a maioria absoluta do efetivo. Em reunião de oficiais, às 23 horas da noite anterior, fora decidida a retirada, dado o grande números de feridos. Moreira César manda constar em ata que se saísse vivo da guerra pediria exoneração do Exército.

A retirada, autêntica fuga, é uma das situações mais dolorosas em que esteve envolvido o Exército brasileiro, Os fugitivos tendo que percorrer os cerca de 200 quilômetros que separam Canudos de Queimadas, primeira base de operações militares.

Revolta da Armada – O que foi

As Revoltas da Armada, foram motins armados promovidos principalmente pelos Almirantes Custódio José de Melo e Saldanha Da Gama e sua frota de navios da Marinha do Brasil contra a alegada permanência inconstitucional no poder do governo central no Rio de Janeiro.

Promovida por unidades da Marinha em oposição ao governo Floriano Peixoto, começou em setembro de 1893 no Rio de Janeiro, propagando-se para a região sul e prolongando-se até março do ano seguinte.

Vice de Deodoro da Fonseca, que renunciou ao cargo após nove meses de governo, Floriano deveria assumir interinamente porque, conforme previa a Constituição, seriam convocadas novas eleições presidenciais em no máximo dois anos.

Próximo ao fim do prazo estipulado, Floriano passou a ser acusado pela oposição de tentar se manter ilegalmente no poder.

No dia 6 de setembro de 1893 um grupo de oficiais graduados da Marinha tentaria depor o presidente. Agregando jovens oficiais e até monarquistas, o movimento era liderado pelos almirantes Saldanha da Gama e Custódio de Melo, ex-ministro da Marinha e candidato preterido à sucessão de Floriano.

Refletindo o descontentamento da Marinha com o pequeno espaço político que ocupava em relação ao Exército, a rebelião obtém escasso apoio no Rio de Janeiro.

Os revoltosos dirigem-se então para o sul, e alguns efetivos desembarcam em Desterro (atual Florianópolis), onde tentam, sem sucesso, articular-se com os rebeldes federalistas gaúchos.

Com navios adquiridos no exterior, Floriano derrotaria a Revolta da Armada em março de 1894.

Ocorreu em duas fases:

Primeira Revolta Armada

Aconteceu no ano de 1891, em represália à maneira de atuar do então presidente da República Marechal Deodoro da Fonseca que, ao ver-se diante de sérios problemas para lidar com os partidos políticos contrários ao governo  representados pela nata cafeicultora -, resolveu tomar uma atitude radical, fechar o Congresso, transgredindo a Constituição de 1891. Uma ação coletiva por parte de alguns centros da marinha, entre eles o da Baía de Guanabara, que se revoltaram e prometeram atacar a cidade do Rio de Janeiro, então capital da República.

Para evitar o pior, Deodoro da Fonseca, então com apenas nove meses de gestão, decidiu renunciar. Seu vice, Floriano Peixoto, assume provisoriamente, pois segundo a Constituição, no prazo sumo de dois anos seriam chamadas novas eleições presidenciais. Quando se aproximava o fim de seu mandato a oposição começou a alardear que Floriano pretendia continuar no governo ilicitamente.

Segunda Revolta Armada

Teve início com uma agitação encabeçada por alguns generais, que enviaram uma carta ao presidente Floriano Peixoto ordenando-lhe que convocasse imediatamente novas eleições, em obediência à Constituição.

O presidente coibiu severamente a insubordinação, ordenando a prisão dos condutores do levante.

O golpe era comandado pelos oficiais superiores da armada Saldanha da Gama e Custódio de Melo, que ambicionava substituir Floriano Peixoto.

O movimento retratava a insatisfação da Marinha, que se sentia politicamente inferior ao Exército. O levante não encontra apoio necessário no Rio de Janeiro, migrando então para o Sul.

Algumas tropas se aquartelaram na cidade de Desterro Atual Florianópolis e tentaram um acordo com os gaúchos partidários do federalismo, porém sem êxito. Em março de 1894 o Presidente da República, amparado pelas forças do Exército brasileiro, pelo Partido Republicano Paulista e contando com uma nova frota de navios obtida com urgência no exterior, abafou o movimento.

Fonte: br.geocities.com/www.projetomemoria.art.br/www.nomar.org/www.portfolium.com.br(Oleone Coelho Fontes)

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