História da População Brasileira

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Até 1872 existem apenas estimativas sobre a população brasileira feitas por diversos autores e baseadas nas fontes disponíveis: registros paroquiais, listas de moradores das capitanias, censos provinciais, entre outras.

De 1872 em diante é possível contar com os dados oficiais dos recenseamentos gerais, depois chamados de censos demográficos, realizados regularmente a cada década, exceto nas de 1910 e 1930. O estudo dos censos permite acompanhar o processo histórico da população brasileira e avaliar as tendências demográficas atuais do país.

História da População Brasileira
População Brasileira

População colonial

A população brasileira começa a ser constituída durante o período da colonização. Na sua origem, além dos colonos portugueses, estão os índios americanos e os negros africanos. As principais estimativas referentes à população indígena época do descobrimento são muito diversas entre si, variando de 1 milhão a 3 milhões de indivíduos.

O certo é que essa população declina rapidamente com a colonização, em função das doenças, da fome e das guerras de extermínio. Supõe-se que, até a independência, dois terços dos nativos já haviam sido eliminados. Quanto aos negros, as estimativas também são variadas. Calcula-se entre 3,5 milhões e 4 milhões de indivíduos trazidos da África para o Brasil pelo tráfico de escravos, sendo 1,5 milhão na sua última fase, entre 1800 e 1850.

Dois aspectos se destacam na evolução demográfica brasileira nesse período. O primeiro é o grande salto da população no século XVIII, decorrente do incremento da imigração colonial portuguesa e do tráfico africano provocado pela mineração de ouro e diamante no Sudeste e Centro-Oeste.

O segundo é o crescimento da população mestiça gerado pela miscigenação de brancos e índios e de brancos e negros, decorrente da alta taxa de masculinidade da imigração colonial e do tráfico africano, estimulada pela política natalista da metrópole interessada em ocupar mais rapidamente o território da colônia.

Calcula-se que por volta de 1800 os mestiços (mulatos e caboclos) já representam de 20% a 30% da população total.

Crescimento acelerado

Ao longo do século XIX, a população aumenta 4,8 vezes, passando de cerca de 3,5 milhões de habitantes em 1800 para 17 milhões em 1900. E no século XX aumenta 9 vezes, aproximando-se hoje de 160 milhões de habitantes.

Durante todo o século XIX e primeira metade do século XX, os fatores desse crescimento acelerado continuam sendo principalmente externos: o tráfico de escravos africanos até 1850 e a forte imigração entre 1870 e 1960. Nesse período vêm para o país cerca de 5 milhões de estrangeiros. Portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses são os grupos mais numerosos, atraídos para a lavoura cafeeira do Sudeste e para as áreas de colonização pioneira do Sul.

A partir das décadas de 50 e 60, com o encerramento da grande imigração européia e asiática, os fatores do crescimento populacional passam a ser basicamente internos: manutenção de taxas elevadas de fecundidade e natalidade e declínio acentuado da taxa de mortalidade. Em 1900, a mortalidade é de 29 por mil habitantes e o crescimento natural, de 1,6%; em 1960, a mortalidade cai para 14 por mil e o crescimento natural sobe para 2,9%.

Essas taxas são resultado de melhores condições de vida e saúde pública da população (principalmente saneamento básico e vacinação preventiva) que fazem também com que a esperança de vida média do brasileiro passe dos 33 anos do início do século para 55 anos entre 1960 e 1970.

Com esse crescimento demográfico, o Brasil entra para a lista dos países mais populosos do mundo.

O aumento acelerado reflete-se ainda nos índices de densidade demográfica. Se em 1800 a densidade demográfica brasileira era de 0,4 hab./km², hoje a média é de 18,4 hab./km². Enquanto na Região Norte, por exemplo, a densidade demográfica permanece abaixo de 3 hab./km², na Região Sudeste ela está acima de 70 hab./km².

Urbanização

Outro aspecto determinante do crescimento e da formação da população brasileira é o alto grau de urbanização que ela adquire nos últimos 50 anos. Em 1940, a população urbana representa 30% da população total; em 1970, ela já alcança 55%; hoje passa de 75%. Esses números indicam que o aumento da população urbana vem sendo ainda mais acelerado que o do conjunto da população. As origens do fenômeno estão ligadas ao processo geral da industrialização, intensificada a partir dos anos 40 e 50.

O incremento das atividades industriais faz crescer o mercado de trabalho urbano e leva para as cidades médias e grandes boa parte da força de trabalho ociosa ou subocupada nas áreas rurais e semi-rurais. A indústria dá impulso ao êxodo rural e direciona as grandes correntes migratórias do Norte e Nordeste para o Sudeste.

As cidades incham com esse afluxo populacional – caso de São Paulo, que de 1,5 milhão de habitantes em 1940 passa a 10 milhões em 1990, além de outros 9 milhões que gravitam à sua volta nos 39 municípios da área metropolitana.

Apesar do agravamento dos problemas das cidades, a urbanização traz benefícios econômicos e sociais, como a melhora dos serviços de infra-estrutura e a ampliação dos serviços de saúde e educação para maiores parcelas da sociedade. Dessa forma, acaba contribuindo para a queda da mortalidade – inclusive infantil -, para o aumento da expectativa de vida, hoje em torno de 67 anos, e para a elevação do crescimento natural da população.

Tendências demográficas atuais

Nas duas últimas décadas, porém, o crescimento da população brasileira vem dando sinais de desaceleração. Entre 1980 e 1991, segundo os censos, o crescimento foi de 23% (119 para 146 milhões de habitantes), enquanto entre 1960 a 1970 tinha sido de 32% (de 70 milhões para 93 milhões de habitantes).

Também a taxa de crescimento anual vem caindo: passa de quase 3% na década de 50 para 1,6% na década de 90.

Com isso, a população vem envelhecendo: diminui o grupo etário de 0 a 10 anos (de 38% para 34% entre 1980 e 1991) e aumenta o de 65 anos e mais (de 4% para 4,8% no mesmo período).

Do ponto de vista demográfico, a desaceleração do crescimento e a recomposição etária da população brasileira decorrem da menor fecundidade das mulheres, que geram menos filhos, e do declínio continuado da taxa de mortalidade. Assim, estreita-se a base e alarga-se o vértice da pirâmide demográfica, enquanto a população absoluta tende a crescer em ritmo menor a cada ano.

De um ponto de vista mais amplo, essas tendências demográficas resultam de transformações econômicas, sociais e culturais profundas: mudança na estrutura familiar (famílias com menor número de filhos, mas com maiores encargos familiares), inserção cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, mais tempo dedicado à preparação profissional, maiores exigências pessoais de atividades culturais e de lazer, entre outras.

Essas mudanças apontam para a consolidação de padrões de comportamento típicos das sociedades e culturas urbanas, o que indica que as atuais tendências demográficas brasileiras devem continuar a prevalecer nos próximos anos.

Fonte: EncBrasil

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As raças formadoras da população brasileira

Viajando pelo mundo, em contato com tantas gentes, fica fácil notar como a humanidade é composta de muitas populações (raças) que habitam regiões diferentes e se distinguem pela freqüência com que nelas ocorrem certos traços hereditários. Em cada nação as pessoas possuem aspectos físicos característicos e definidores daqueles que nascem ali.

E, embora se observe nos tipos humanos feições físicas similares, não se pode dizer que exista um grupo racialmente puro. Isso porque as populações contemporâneas são o resultado de um prolongado processo de miscigenação, cuja intensidade variou ao longo do tempo.

No Brasil, entre o século XVI ao XVIII, em aproximadamente 15 gerações, consolidou-se a estrutura genética da população brasileira, com o entrecruzamento de africanos, europeus e índios. Ainda, no período colonial, franceses, holandeses e ingleses tentaram se estabelecer em território brasileiro e deixaram alguma contribuição étnica, embora restrita. Assim, de uma mistura de raças, em clima tropical, têm-se os povos do Brasil, uma gente bem diferente daquelas outras do resto do mundo.

As três raças básicas formadoras da população brasileira são o negro, o europeu e o índio, em graus muito variáveis de mestiçagem e pureza.

A miscigenação no Brasil deu origem a três tipos fundamentais de mestiço: Caboclo = branco + índio; Mulato = negro + branco; Cafuzo = índio + negro.

Indagam-se, agora, quem eram os povos que formaram a população brasileira?

Eles eram assim:

Brancos

São povos europeus, na maior parte portugueses, que trouxeram um complicado caldeamento de lusitanos, romanos, árabes e negros, que habitaram Portugal.

Os demais grupos, vindos em grande número para o Brasil, em diversas épocas italianos, espanhóis, alemães, eslavos, sírios também tiveram mestiçagem semelhante.

A partir de então, a migração tornou-se mais constante. O movimento de portugueses para o Brasil foi relativamente pequeno no século XVI, mas cresceu durante os cem anos seguintes e atingiu cifras expressivas no século XVIII. Embora o Brasil fosse, no período, um domínio de Portugal, esse processo tinha, na realidade, sentido de imigração. Assim, o Brasil é o país de maior população branca do mundo tropical.

Negros

Povos africanos trazidos para o Brasil como escravos, do século XVI até metade do século XIX (1850). Vieram destinados à lavoura canavieira, à mineração e à lavoura cafeeira.

Pertenciam a dois grandes grupos: os sudaneses e os bantos. Os primeiros, geralmente altos e de cultura mais elaborada, foram, sobretudo, para a Bahia.

Os bantos, originários de Angola e Moçambique, predominaram na zona da mata nordestina, Rio de Janeiro, Minas Gerais. Por fim, os africanos espalharam-se por todo o território brasileiro, em engenhos de açúcar, fazendas de criação, arraiais de mineração, sítios extrativos, plantações de algodão, fazendas de café e áreas urbanas. Sua presença projetou-se em toda a formação humana e cultural do Brasil, com técnicas de trabalho, música e danças, práticas religiosas, alimentação e vestimentas.

Índios

Os indígenas brasileiros pertencem aos grupos chamados paleoameríndios, que provavelmente migraram em primeiro lugar para o Novo Mundo. Estavam no estádio cultural neolítico (pedra polida).

Agrupam-se em quatro troncos lingüísticos principais:

1 – tupi

2 – jê ou tapuia

3 – caraíba ou karib

4 – aruaque ou nu-aruaque.

Há, além disso, pequenos grupos lingüísticos, dispersos entre esses maiores, como os pano, tucano, bororo e nhambiquara. Atualmente os índios acham-se reduzidos a uma população de algumas dezenas de milhares, instalados, sobretudo, nas reservas indígenas da Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste.

Os principais grupos de imigrantes no Brasil são portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses, que representam mais de oitenta por cento do total. Até o fim do século XX, os portugueses aparecem como grupo dominante, com mais de trinta por cento, o que é natural, dada sua afinidade com a população brasileira.

São os italianos, em seguida, o grupo que tem maior participação no processo migratório, com quase trinta por cento do total, concentrados, sobretudo, no estado de São Paulo, onde se encontra a maior colônia italiana do país. Seguem-se os espanhóis, com mais de dez por cento, os alemães, com mais de cinco, e os japoneses, com quase cinco por cento do total de imigrantes. Toda essa gente também participa do processo de mistura racial no Brasil.

Assim, nós brasileiros, segundo o mestre Darcy Ribeiro, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado.

Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Do branco, negro e do índio juntaram-se os mestiços na composição étnica da população brasileira, representados pelos caboclos (descendentes de brancos e ameríndios), mulatos (de brancos e negros) e cafuzos (de negros e ameríndios). E essa mistura de raças resultou, como se vê, a composição do povo brasileiro.

E este povo está assim distribuído: predomina no litoral o tipo mulato e, no interior, o branco e vários mestiços.

A população é mais índia no Norte, menos branca no Nordeste, mais índia e mais branca no Centro-Oeste e menos negra no Sul. No Sudeste, historicamente a área de maior desenvolvimento, há um pouco de todas as raças. Assim é o país, um mosaico de cor e raça, enchendo os olhos e encantando todos que aqui chegam.

Fonte: www.gostodeler.com.br

História da População Brasileira

CONSTITUIÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

A população brasileira foi formada a partir de três grupos fundamentais: o branco europeu, o negro africano e o ameríndio.

Antes da chegada dos portugueses, o território era habitado por milhares de povos indígenas (sobretudo dos grupos tupi e jê ou tapuia).

A partir da colonização, a maior parte da população indígena foi exterminada, dela restando hoje apenas alguns milhares de indivíduos, aproximadamente 250 mil índios.

Os negros africanos, pertencentes sobretudo aos grupos bantos e sudaneses, foram trazidos como escravos para trabalhar na agricultura (cana-de-açúcar, café) e na mineração (ouro e diamantes). Além dos portugueses, outros europeus também contribuíram para a formação da população brasileira , através da imigração, principalmente a partir de 1850 (alemães, italianos, espanhóis).

A miscigenação desses três grupos étnicos deu origem aos mestiços: mulatos (descendentes de brancos e negros), caboclos (de brancos e ameríndios) e cafuzos (de negros e ameríndios). Há ainda uma parte formada por descendentes de povos asiáticos, especialmente japoneses.

Para a formação do contingente populacional do país, a imigração em si pouco representou (pouco mais de cinco milhões de indivíduos, desde a Independência, dos quais 3,5 milhões permaneceram no país) e praticamente cessou a partir do final da segunda guerra mundial.

Língua

Apesar da enorme extensão territorial, o português firmouse como a língua falada no Brasil, embora com ligeiras variações do português falado em Portugal.

Levando em conta as condições naturais e históricas, e as diferenciações resultantes das características culturais regionais, o português falado no Brasil é basicamente o mesmo em todo o território nacional, não se verificando a ocorrência de dialetos, mas tão-somente de variações regionais, como, por exemplo, o português falado no Rio Grande do Sul ou em algum estado do Nordeste.

Densidade Populacional

Estrutura demográfica

O Brasil é o país mais populoso da América Latina e um dos dez mais populosos do mundo (aproximadamente 193 milhões de habitantes em 2007).

A população brasileira está distribuída desigualmente: a densidade demográfica da região Sudeste é mais de onze vezes maior que a da região Centro-Oeste; e a da região Sul é quase quinze vezes maior que a da região Norte. Até a década de 1950, a maior parte da população se encontrava no campo, dedicada às atividades agropecuárias.

A partir dessa época, com a crescente industrialização, a tendência se inverteu, e, atualmente, mais de setenta por cento concentra-se nas cidades, principalmente as litorâneas como retrata o mapa a seguir, o litoral é densamente povoado,enquanto o interior é fracamente povoado.

O crescimento demográfico também aconteceu de forma desigual. No final do século XVIII, o Brasil possuía pouco mais de dois milhões de habitantes. Na época da Independência, cerca de 4.500.000, para chegar a sete milhões em 1850. O primeiro censo demográfico realizado no país revelava uma população de 9.930.478 habitantes. No final do século XIX, pouco mais de quatorze milhões e, em 1900, exatos 17.438.434 habitantes.

No século XX, o ritmo do crescimento aumentou: de acordo com os censos demográficos, 30.635.605, em 1920; 41.236.315, em 1940; 51.944.397, em 1950; 70.070.457, em 1960; 93.139.037, em 1970; 119.002.706, em 1980; 146.825.475 habitantes em 1991. Para 1993, a população estimada era de 151.571.727 habitantes. A dinâmica demográfica do país, que vinha se caracterizando por uma alta taxa de crescimento, na década de 1990 já apresentava uma tendência declinante.

Em 1800, os negros eram 47% da população, contra 30% de mulatos e 23% de brancos. Fatores como, por exemplo, a proibição do tráfico de escravos (1850), a elevada mortalidade da população negra, o forte estímulo à imigração européia (expansão cafeeira), além da intensa miscigenação entre brancos e negros, alteraram profundamente a composição étnica da população brasileira .

Em 1880, os negros estavam reduzidos a 20% da população, contra 42% de mulatos e 38% de brancos. Daí em diante, ocorreu a diminuição constante da população negra e aumento progressivo da população branca (intensificação da imigração européia, após a Abolição da Escravidão). Em 1991, os negros eram apenas 4,8% da população total, contra 55,2% de brancos e 39,2% de mestiços.

Os dados estatísticos fornecidos pelo recenseamentos gerais são relativamente precários e, até mesmo, omissos. No censo demográfico de 1970, por exemplo, no auge de regime militar, não há nada relativo aos negros e aos índios. Por quê? Manobra estratégica do governo para impedir a conscientização ou atuação de grupos étnicos minoritários?

Os números oficiais, principalmente os que se referem a brancos e negros, são passíveis de questionamento.

O primeiro recenseamento oficial no Brasil só foi realizado em 1872, ou seja, 372 anos após a chegada dos portugueses e cinqüenta anos após a Independência do país.

Há muita controvérsia com relação ao número de negros que entraram no Brasil, o mesmo ocorrendo com relação à população indígena que habitava o país na época da chegada dos colonizadores.

A ideologia do branqueamento, imposta pelo europeu, apregoando a superioridade do branco (quanto mais branco, melhor) fez com que muitos indivíduos de ascendência negra passassem por brancos nos recenseamentos, a fim de obter maior aceitação social.

Fatos como esse permitem supor que os números mostrados são exagerados para mais, em relação aos brancos, e para menos, em relação aos negros.

A ideologia do branqueamento nada mais é que um modelo discriminatório, de natureza racista, criado pelas elites dominantes para marginalizar os negros, impedindo-os de obter ascensão social, econômica e cultural. O branqueamento teve importância decisiva no processo de descaracterização (enquanto raça) e no esvaziamento da consciência étnica dos negros.

O mulato, produto da miscigenação entre brancos e negros, constitui importante exemplo do poder de influência da ideologia do branqueamento. Por mais claro e mais bem-aceito socialmente que o negro, o mulato passou a se considerar superior ao negro, assimilando, com isso, a ideologia do branqueamento.

Crescimento da população em 2020

O Brasil deve chegar ao ano de 2020 com uma taxa média de crescimento populacional de apenas 0,71% ao ano.

A constatação faz parte da publicação Estatísticas do Século XX, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o documento, desde 1970, quando o Censo revelou que a população brasileira era de 93,1 milhões de habitantes, houve crescimento de 82%.

Ao longo do Século XX, a população tornou-se quase dez vezes maior. O Censo de 1900 contou mais de 17,4 milhões de pessoas. Em 1950, a população triplicou, passando a 51,9 milhões e, na segunda metade do século, mais que triplicou.

Em 2000, havia 169,5 milhões de brasileiros. De acordo com a publicação, a taxa média de crescimento da população no século passado foi de 2,91% ao ano, nas duas primeiras décadas, caindo para 1,49% nas duas décadas seguintes.

A partir da década de 40, o ritmo de crescimento da população voltou a se intensificar, chegando a um pico histórico de 2,99% ao ano entre 1950 e 1960, antes de declinar para o seu valor mínimo de 1,63%, na década de 90.

Segundo o IBGE, responsável pelo estudo, tudo indica que a trajetória descendente deverá permanecer no futuro, até chegar à taxa de crescimento populacional projetada para 2020: 0,71% de média anual.

Fonte: www.portalimpacto.com.br

História da População Brasileira

A invasão do Brasil

A revolução mercantil em Portugal e Espanha estimularam à procura por novas terras, onde extraíssem matéria-prima e riquezas. Tal expansão recebeu o apoio da Igreja Católica (1454), que via aí a oportunidade de expandir o catolicismo, tarefa que Deus teria dado ao homem branco.

Portugal e Espanha gastaram gente aos milhões, acabaram com florestas, desmontam morros a procura de minerais (estima-se que foram levados para Europa 3 milhões de quilates de diamantes e mil toneladas de ouro), só a classe dirigente permanece a mesma, predisposta a manter o povo gemendo e produzindo , não o que os povos colonizados querem ou precisam, mas o que eles impõem à massa trabalhadora, que nem mesmo participa da prosperidade.

Para os índios aqueles homens brancos eram gente do Deus-Sol (o criador ou Maíra), mas esta visão se dissipa: como o povo predileto sofre tantas privações?, se referindo às doenças que os europeus lhe trouxeram, coqueluche, tuberculose e sarampo, para as quais não tinham anticorpos. Assim, muitos índios fogem para dentro da mata e outros passam a conviver com os seus novos senhores.

Outros, deitavam em suas redes e se deixavam morrer ali. Aos olhos dos índios, por que aqueles oriundos do mar precisavam acumular todas as coisas? Temiam que as florestas fossem acabar? Em troca lhes davam machados, canivetes, espelhos, tesouras, etc. Se uma tribo tinha uma ferramenta, a tribo do lado fazia uma guerra pra tomá-la.

No ventre das mulheres indígenas começavam a surgir seres que não eram indígenas, meninas prenhadas pelos homens brancos e meninos que sabiam que não eram índios… que não eram europeus. O europeu não aceitava como igual. O que eram? Brasilíndios, rejeitados pelo pai, europeu, filhos impuros desta terra, e pela mãe, índia.

São também chamados de mamelucos, nome que os jesuítas deram aos árabes que tomavam crianças dos pais e as cuidavam em casa. Esses filhos das índias aprendem o nome das árvores, o nome dos bichos, dão nome a cada rio… Eles aprenderam, dominaram parcialmente uma sabedoria que os índios tinham composto em dez mil anos. Estesmamelucos eram caçadores de índios, para vender ou para serem seus escravos.

A grande contribuição da cultura portuguesa aqui foi fazer o engenho de açúcar… movido por mão-de-obra escrava. Por isso, começaram a trazer milhões de escravos da África. Metade morria na travessia, na brutalidade da chegada, de tristeza, mas milhões deles incorporaram-se ao Brasil. O custo do tráfico de escravos nos 300 anos de escravidão foi de 160 milhões de libras-ouro, cerca de 50% do lucro obtido com a venda do ouro e do açúcar .

Os escravos negros vinham para o Brasil e eram dispersados por esta terra, evitando que um mesmo povo (ou etnia) permanecesse unido. Embora, iguais na cor, falavam línguas diferentes, o que os força a aprender o português, o idioma do seu capataz. Em geral, aos 15 anos eram aprisionados como escravos, trocados por tabaco, aguardente e bugigangas, trabalhavam por 7 a 10 anos seguidos e morriam de cansaço físico. Sofria vigilância constante e punição atroz.

Havia um castigo pedagógico preventivo, mas também mutilação de dedos, queimaduras, dentes quebrados, 300 chicotadas para matar ou 50 por dia, para sobreviver. Se fugia, era marcado a ferro em brasa, cortado um tendão, tinha uma bola de ferro amarrada ao pé ou então, era queimado vivo. Eles fizeram este país, construíram ele inteiro e sempre foram tratados como se fossem o carvão que você joga na fornalha e quando você precisa mais compra outro.

Todos nós somos carne da carne daqueles pretos e índios (torturados)e a mão possessa que os supliciou… A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida/ sofrida … Estima-se que em 3 séculos, o Brasil importou entre 4 a 13 milhões de africanos. Um e cada quatro, eram mulheres eram o luxo que se davam os senhores e o capatazes, as mucamas, que até se incorporavam à família (ex : Chica da Silva), como ama de leite.

Chegavam a provocar ciúme nas senhoras brancas, que mandavam arrancar seus dentes.

Em 1823, em uma revolta em Pernambuco, organizada por barbeiros, boticários, alfaiates, artesãos, ferradores, etc, armados de trabucos, uma multidão de gente livre e pobre cantava assim: marinheiros (portugueses) e caiados (brancos). Todos devem se acabar, porque os pardos e o pretos, o país hão de habitar.

As classes sociais no Brasil lembram um funil invertido e não uma pirâmide, como em outros países. O Patronato, o Patriciado e o Estamento gerencial são as classes dominantes. O Patronato, empresários que exploram economicamente empregados, O Patriciado, tem poder de mando devido a seu cargo, como generais, deputados, bispos, líderes sindicais, O Estamento gerencial de empresas estrangeiras, tecnocratas competentes que controlam a mídia, forma a opinião pública, elege políticos. Abaixo desta cúpula, estão as classes intermediárias ou os setores mais dinâmicos, são propensas a prestar homenagem às classes dominantes, mantém a ordem vigente e são constituídas de pequenos oficiais, profissionais liberais, policiais, professores, baixo-clero, etc. A seguir, vem as classes subalternas ou núcleo mais combativo, composta por operários de fábricas, trabalhadores especializados, assalariados rurais, pequenos proprietários, arrendatários, etc. Preocupam-se em proteger o que conquistaram.

Depois, há uma grande massa de oprimidos, o componente majoritário (que predomina), enxadeiros, bóias-frias-, empregadas domésticas, serviços de limpeza, pequenas prostitutas, biscateiros, delinqüentes, mendigos, etc, em geral, analfabetos. Para Darcy Ribeiro, os escravos de hoje são essas pessoas subassalariados, que infundem, com sua presença, pavor e pânico pela ameaça de insurreição (revolução) social e só são capazes de explosões de revolta, mas, em geral, aceitam seu destino de miséria, pois são incapazes de se organizarem politicamente, como em sindicatos.

Houve um conflito entre os jesuítas e os mercadores que escravizavam os índios, como gado humano, quase um bicho: e da ameaça de extinção dos índios, jesuítas construíram missões onde poderiam ensinar o catolicismo. Para Darcy Ribeiro, as missões foram uma primeira experiência socialista.

Com o desemprego na Europa, no século XIX, vêm para cá 7 milhões de pessoas. Quando da chegada de outros povos imigrantes como italianos alemães, japoneses, etc, a população brasileira já era numericamente maciça (quatorze milhões de brasileiros) e definida etnicamente quando absorveu a cultura e a raça dos imigrantes, diferente dos europeus que foram para a Argentina caíram em cima do povo argentino, paraguaio e uruguaio que haviam feito seus países, que eram oitocentos mil, e disso saiu um povo europeizado.

Só não ocorreu secessão (fragmentação, independência dos estados) do Brasil, porque em cada unidade regional, havia representações locais da mesma camada dirigente (classe social)… Tal é o Brasil de hoje, na etapa que atravessamos na luta pela existência. Já não há índios ameaçando seu destino. Também negros desafricanizados se integraram nela com um contingente diferenciado, mas que não aspira a nenhuma autonomia étnica. O próprio branco vai ficando cada vez mais moreno e até se orgulha disso.

Pergunta Darcy Ribeiro: Por que alguns povos, mesmo pobres na etapa Colonial, progrediram aceleradamente, integrando-se à revolução industrial, enquanto outros se atrasam?.

Sua explicação: os povos transplantados, como os norte americanos que vieram da Inglaterra, já se encontram prontos, mas, os povos novos, que vão se construindo mais lentamente, como o Brasil, com a mistura de índios, negros e brancos. … Um aglomerado de índios e africanos, reunidos contra a vontade e a administração local, sob controle dos neo- brasileiros, filhos de europeus e índias ou negras, dependentes da metrópole (Portugal).

Os três séculos de economia agrária no Brasil moeram e fundiram as matrizes indígena, negra e européia em uma nova etnia.

O povo brasileiro tem erupções de criatividade: no culto a Iemanjá, que se cultuava no dia 2 de fevereiro na Bahia e 8 de março em São Paulo, no RJ, foi alterado para 31/dezembro. À Iemanjá não se pede a cura da Aids, mas um amante carinhoso ou que o marido não bata tanto. O negro guardou sobretudo sua espiritualidade, sua religiosidade, seu sentido musical. (O brasileiro é) um povo singular, capaz de fazer coisas, por exemplo, a beleza do Carnaval carioca, que é uma criação negra, a maior festa da Terra!.

O antropólogo identificou nas regiões do Brasil 5 tipos de mestiços ainda existentes hoje.

O Brasil Crioulo

Representado pelos negros e mulatos na região dos engenhos de açúcar no nordeste brasileiro, nas terras de Massapé e no recôncavo baiano. Depois da abolição, o ex-escravo ganhava um pedaço de terra (fica como um agregado da fazenda, em terra dos outros) para produzir comida e comprar sal, panos e satisfazer necessidades mais elementares.

No século 19, a roda d ´água e a tração animal são substituídas pela máquina a vapor e os senhores de engenho são substituídos por empresas bancárias. Em 1963, com a ditadura militar, houve o retorno ao antigo poder dos senhores das fazendas (patronato), que reagiram ao projeto de pagamento de salário mínimo, através da elevação do preço do açúcar.

O Brasil Caboclo

No século 19 e últimas décadas do séc. 20, foram para a Amazônia 500 mil nordestinos (fugindo da seca) para trabalhar com extração de látex (borracha) das seringueiras e, por isso, mais da metade dos caboclos que já viviam deste trabalho, foram desalojados para as cidades de Belém e Manaus, perdendo-se a sabedoria milenar de viver nas florestas que eles herdaram dos índios.

Em cada seringal, os mestres ensinam a sangrar a árvore sem matá-la, colher o látex e depois defumá-lo em bolas de borracha. Em cada 10-15 km raramente se encontra 200 seringueiras.

Percorre-se, ainda hoje, duas vezes por dia uma mesma estrada: de madrugada para sangrar as árvores e ajustar as tigelas ao tronco e na segunda vez, para vertê-las num galão que levará para o rancho. Depois, trabalha na tarefa de coagulação do látex. Além de coletor, dedicava-se à caça e à pesca e protegia-se das flechas dos índios.

Nos primeiros anos da presença dos portugueses na Amazônia, índios são escravizados para buscarem na mata as drogas da mata, as especiarias, os produtos que a floresta oferece, como cacau, cravo, canela, urucum, baunilha, açafrão, salsa parrilha, sementes, casacas, tubérculos, óleos e resinas – eles foram o saber, o nervo e o músculo dessa sociedade parasitária. E isto porque nenhum colonizador sobreviveria na mata sem esses índios que eram seus olhos, mãos e pés.

Há também a extração de minérios como manganês, no Amapá, e Cassiterita, em Rondônia e na Amazônia, exploradas por uma multinacional americana a Bethlehem Steel, cujo custo pago por ela é apenas aquele que ela gasta para extrair e transportar o minério. Militares alemães sugeriram a Hitler que a conquistasse, como importante ponto para a expansão germânica. Os Estados Unidos propuseram ditadura militar brasileira o uso da Amazônia por 99 anos para estudos.

O Brasil Sertanejo

No sertão encontra-se uma vegetação rara confinada de um lado pela floresta da costa do atlântico, pela Amazônia e ao sul pela zona da mata. Nas faixas de florestas, há palmeiras de buriti, carnaúba, babaçu, pastos raros e arbustos com troncos tortuosos devido a irregularidade das chuvas.

A criação de gado nesta região fornece carne, couro e bois para serviço e transporte, animais trazidos de Cabo Verde, pelos portugueses, pertencendo inicialmente aos engenhos e depois a criadores especializados. Os vaqueiros naquela época davam conta do rebanho e como pagamento separavam 1 cabeça de gado para ele e três para o dono.

O trabalho de pastoreio moldou o homem e o gado da região: ambos diminuíram de tamanho, tornando-se ossudos e secos de carne. Hoje, enquanto o gado cresce, alcançando ossatura mais ampla e recebe tratamento, o vaqueiro e sua família, não. Apesar das enormes somas de dinheiro que vem do governo federal, para ajudar os flagelados pela seca, são os coronéis (fazendeiros que monopolizam a terra) que se apropriam dos recursos, mais comovido pela perda dos eu gado… do que pelo trabalhador sertanejo. Estas somas de dinheiro vão para a construção de estradas e para açudes para o gado passar e beber água.

Os sertanejos permanecem itinerantes, pois vivendo por dez anos em uma propriedade, eles teriam direito a ela, mas dependeriam de um registro no cartório, que fica distante e caro. Em contraste, políticos estaduais concedem facilmente milhões de terras a donos que nunca as viram e que um dia desalojam sertanejos que viviam nelas (isto chama-se grilhagem).

Diante de tanta miséria, o sertanejo que vive isolado no interior (diferente do que vive no litoral), tem uma visão fatalista e conservadora sobre sua vidaPeriodicamente, anunciavam a vinda do messias diziam o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão. Um dos acontecimentos mais trágicos ocorreu em Canudos, sob a liderança de Antônio Conselheiro, um profeta e reformador social, era visto pelos fazendeiros como subversivo, que poderia estimular a mão-de-obra a abandonar as fazendas e reivindicar a divisão das terras. Lá chegaram a 1000 casas.

Outro fenômeno que surge no sertão é o cangaço: uma forma de banditismo, formado por jagunços, que surgiu nas fazendas.

O Brasil Caipira

São os homens que dirigiam as bandeiras (exploração que adentrava ao interior do Brasil), e a população paulista (mamelucos). Cada um deles possuía uma indiada cativa para o cultivo da mandioca, feijão, milho, abóbora, tubérculos, tabaco, urucu, pimenta, caçadas e pesca. Lá só se falava a língua tupi. Dormiam em redes, usavam gamelas, porongos, peneiras como as que os índios usavam, além de armas, candeias de óleo. Consumiam rapadura e pinga. Cada família fiava e tecia algodão para as roupas de uso diário e para os camisolões e ceroulas, para os homens e blusas largas e saias compridas, para as mulheres. Andavam descalços, de chinelas ou de alpargatas. Não queriam apenas existir, como os índios, mas estabelecer vínculos mercantis externos e aspirar a se tornar uma camada dominante, adquirindo artigos de luxo e poder de influência e mando. Por um século e meio venderam mais de 300 mil índios para os engenhos de açúcar.

As bandeiras serviam, também, mas para explorar ouro e diamantes. O padre Calógeras avalia que 1400 toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de diamantes foram levados do Brasil-Colônia. Do ouro extraído por Portugal quase todo foi para a Inglaterra, para pagar as suas importações, ouro que financiou a indústria inglesa.

Um novo tipo social surgia: o garimpeiro, que explorava clandestinamente o diamante, monopólio de Portugal.

Quando Monteiro Lobato (além do sítio do pica-pau amarelo) criou o personagem Jeca Tatu , o fez como um piolho da terra, uma praga incendiária que atiçava fogo à mata, destruindo as riquezas florestais para plantar roçados, uma caricatura do caipira, destacando a preguiça, a verminose e o desalento que o faz responder sempre: não paga a pena a qualquer proposta de trabalho que lhe faziam (ou entregava 50% da produção ao patrão ou trabalhava por conta própria, pagando pelo uso da terra, com 1/3 da colheita.

Outra saída: ir para as cidades, marginalizando-se lá). O que Lobato fez foi descrever o caipira sob o ponto de vista de um intelectual e fazendeiro, diante da experiência amarga de encaixar os caipiras no seu sistema. O que Monteiro Lobato não viu foi o traumatismo cultural, o caipira marginalizado pelo despojo de suas terras, como um produto residual natural do latifúndio agro-exportador.

Somente mais tarde é que o escritor compreendeu e defendeu a reforma agrária.

Outro tipo humano surgido foi o dos bóias-frias que vivem em condições piores do que as que vivem os caipiras, cerca de 5 milhões de pessoas à espera da posse de terras em que possam trabalhar. Eles estão presentes mais nos canaviais do que nas fazendas de café, isto porque os cafezais precisam de muita gente apenas na derrubada da mata e nos 4 primeiros anos. Depois, só nas colheitas.

O Brasil Sulino

Foi a expansão dos paulistas ocupando a região sul do Brasil, antes dominada pelos espanhóis, a causa que anexou esta região ao Brasil. No começo do século 18, paulistas e curitibanos vêm para cá, instalarem- se como criadores de cavalos e muares e recrutam os gaúchos para o trato do gado. Sobre os gaúchos (população de mestiços), estes surgem, segundo Darcy Ribeiro, dos filhos e filhas entre espanhóis e portugueses com as índias guaranis.

Havia um dito popular: esta indiada é toda gaúcha.

Dedicavam-se ao gado que se multiplicava naturalmente nas duas margens do rio da prata e que foram trazidos pelos jesuítas. Com o esgotamento das minas de ouro e diamante e a pouca procura por gado do Sul, foi introduzida aqui a técnica do charque, trazida pelos cearenses. Já a imagem do gaúcho montado em cavalo brioso, com bombacha, botas, sombreiro, pala vistosa, revolver, adaga, dinheiro na guaiaca, boleadeiras, lenço no pescoço, faixa na cintura e esporas chilenas, diz Darcy Ribeiro, ou é a imagem do patrão, fantasiado de homem do campo, ou é de alguém que integra algum clube urbano (centro nativista) e não passa de folclore.

Já o gaúcho novo, será o peão empregado que cuida do gado, agora, mal pago, come menos e vive maltrapilho. Apesar disso, o peão de estância é um privilegiado em comparação com os biscateiros, os que vivem em terrenos baldios, os subocupados, que arranjam trabalhos esporadicamente, em tosquias ou esticar os arames, todos eles chamados de gaúchos-a-pé. Já os que vivem como autônomos rurais, lavram o terreno dos outros, pelo regime de parceria.

Mas, não se pode dizer que o povo do Sul tivesse origem apenas paulista.

Havia, também lavradores vindos das ilhas dos Açores em Portugal, que ocuparam a região litorânea, com lavoura: milho, mandioca, feijões, abóboras, etc, enquanto outros fugiram desta caipirização cultivando trigo, os gaúchos, nos campos da fronteira, com o pastoreio e os gringos, descendentes dos imigrantes europeus, viviam isolados do resto da sociedade, o que fez com que o governo brasileiro exigisse o ensino do idioma e os recrutasse os gringos para o exército.

Com a distribuição legal de terras (sesmarias), em Rio grande, Pelotas, Viamão e missões, as invernadas se tornam estâncias e o estancieiro se faz caudilho, contra ataque dos castelhanos, acrescentando gado de outras bandas. Mais tarde, o estancieiro se tornará patrão, dono de matadouros e frigoríficos. Os imensos campos livres do passado, agora, são retângulos, todos com donos. Entre as instâncias há imensos corredores de aramados divisórios.

Nosso destino é nos unificarmos com todos os latino-americanos por nossa oposição comum ao mesmo antagonista, a América anglo-saxônica, para fundarmos, tal como ocorre na comunidade européia, a nação latino-americana sonhada por Bolívar. Hoje somos quinhentos milhões, amanhã seremos um bilhão, contingente suficiente para encarar a latinidade em face dos blocos chineses, eslavos, árabes e neobritânicos.

Somos povos novos ainda na luta para fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, com magnitude populacional e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização, para se fazer potência econômica, de progresso auto- sustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma, mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidade, mais generosa, porque aberta à convivência com todas as nações e todas as culturas e porque está assentada na mais bela e luminosa província da terra.

Fonte: www.scribd.com

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