Minas Gerais

O ESTADO

Perfil

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Região brasileira: Sudeste

Paralelos: 14º 13′ 58″ e 22º 54′ 00″ de latitude sul e os meridianos de 39º 51′ 32″ e 51º 02′ 35″ a oeste de Greenwich.

Área: 586.529,293 Km²
7% do território nacional

Distância linear entre pontos extremos: Norte-sul – 986Km

Leste-oeste: 1.248Km

Municípios: 853

Distritos: 1.626

Capital: Belo Horizonte

Sede Administrativa

Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/nº – Serra Verde
Cidade Administrativa – Belo Horizonte – 31630-901
31 3224-6469

Limites geográficos

São Paulo – sul e sudoeste
Rio de Janeiro – sul e sudeste
Espírito Santo – leste
Bahia – norte e nordeste
Goiás – oeste e noroeste
Mato Grosso do Sul – oeste
Distrito Federal – noroeste

Regiões Metropolitanas

1.Região Metropolitana de Belo Horizonte – 34 municípios – Pop: 4.934.210
2.Região Metropolitana do Vale do Aço – 14 municípios – Pop: 515.874

Mesorregiões

1. Campos das Vertentes
Principais cidades: Barbacena, São João Del Rei, Tiradentes

2. Central Mineira
Principais cidades: Bom Despacho, Curvelo, Três Marias

3. Metropolitana de Belo Horizonte
Principais cidades:Belo Horizonte, Betim,Brumadinho, Conceição do Mato Dentro,Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Contagem, Itabira, Mariana, Ouro Preto, Pará de Minas, Sete Lagoas, Vespasiano

4. Noroeste de Minas
Principais cidades: Paracatu, Unaí, João Pinheiro

5. Norte de Minas
Principais cidades: Bocaiúva, Grão Mogol, Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora, Salinas

6. Oeste de Minas
Principais cidades: Campo Belo, Divinópolis, Formiga, Oliveira, Piumhi

7. Sul/Sudoeste
Alfenas, Andrelândia, Itajubá,Passos, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, São Lourenço, São Sebastião do Paraíso, Varginha

8. Triangulo/Alto Paranaíba
Principais cidades: Araguari, Araxá, Ituiutaba,Patos de Minas, Patrocínio,Uberaba, Uberlândia

9. Vale do Jequitinhonha
Principais cidades: Almenara, Araçuaí, Diamantina, Jequitinhonha, Minas Novas,Pedra Azul, Serro

10. Vale do Mucuri
Principais cidades: Nanuque, Teófilo Otoni

11. Vale do Rio Doce
Principais cidades: Aimorés, Caratinga, Coronel Fabriciano, Governador Valadares, Guanhães, Ipatinga, Mantena, Peçanha

12. Zona da Mata
Principais cidades: Cataguases, Juiz de Fora, Manhuaçu, Muriaé, Ponte Nova, Ubá, Viçosa

Microrregiões: 66

Regiões Administrativas

1. Alto Paranaíba
2. Central
3. Centro-Oeste de Minas
4. Jequitinhonha/Mucuri
5. Noroeste de Minas
6. Norte de Minas
7. Rio Doce
8. Sul de Minas
9. Triângulo Mineiro
10. Zona da Mata

Regiões Culturais

1. Café Oeste Sul
2. Mineração
3. Nordeste
4. Sanfranciscana Mineira
5. Triângulo Mineiro
6. Zona da Mata

Ecossistemas

1. Caatinga
2. Cerrado
3. Mata Atlântica

Bacias Hidrográficas – principais

1. Rio Doce
2. Rio Grande
3. Rio Jequitinhonha
4. Rio Mucuri
5. Rio Paraíba do Sul
6. Rio Paranaíba
7. Rio Pardo
8. Rio São Francisco
9. Rio São Mateus

Serras – principais

Mantiqueira
Espinhaço

Principais picos

Pico da Bandeira – 2.892,0 metros (MG/ES)
Pedra da Minas – 2.798,4 metros (MG/SP)
Pico das Agulhas Negras – 2.791,5 (MG/RJ)
Pico do Cristal – 2.769 metros
Pico do Calçado – 2.766 metros
Pico do Itambé – 2.044 metros
Pico do Itacolomi – 1.722 metros
Pico do Itabirito – 1.568 metros

DDD

31 – Metropolitana de Belo Horizonte
32 – Campo das Vertentes / Zona da Mata
33 – Leste / Vale do Rio Doce
34 – Alto Paranaíba / Triângulo Mineiro
35 – Sul de Minas
37 – Centro-oeste
38 – Norte de Minas

Principais rodovias federais que cortam o Estado

BR 040 – Brasília – Rio de Janeiro (RJ)
BR 050 – Brasília – Santos (SP)
BR 116 – Fotaleza (CE) – Jaguarão (RS)
BR 135 – São Luis (MA) – Belo Horizonte (MG)
BR 262 – Vitória (ES) – Corumbá (MS)
BR 381 – São Mateus (ES) – São Paulo (SP)

Datas cívicas e religiosas

21 de abril
Dia da entrega da medalha da Inconfidência

16 de julho
Dia de Minas Gerais

15 agosto
Dia da padroeira do Estado – Nossa Senhora da Piedade

Fontes
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INDI – Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais
FJP – Fundação João Pinheiro
DER/MG – Departamento de Estradas de Rodagem
Governo de Minas – www.mg.gov.br

AS CAPITAIS

Minas Gerais
Entrada de Piranguinho

Algumas cidades mineiras possuem atividades econômicas tão marcantes, na escala de produção e qualidade, que ganharam o título de “capital”, referente a sua vocação. Apresentamos abaixo, em ordem alfabética, as “capitais” mineiras.

Belo Horizonte – Capital dos Botecos

Região cultural: Mineração
Região turística: Central
População: 2.452.617 (IBGE 2009)

Os quase doze mil bares espalhados por todas as regiões da cidade motivaram a criação de uma lei que declarou Belo Horizonte como “capital mundial dos botecos”.

A tradição dos botecos á tão grande que um dos eventos de maior sucesso na capital mineira é o “Comida di Buteco”, que premia os melhores tira-gostos anualmente. Durante os meses de abril e maio, os frequentadores de botecos fazem uma maratona para provar e votar no melhor petisco e na cerveja mais gelada.

Lei Municipal nº 9.714
Art. 1º – Fica o Município de Belo Horizonte declarado Capital Mundial dos Botecos.

Parágrafo único – Para os fins desta lei, entendem-se como botecos os bares, restaurantes e assemelhados.

Art. 2º – Fica instituído o Dia Municipal dos Botecos, a ser comemorado, anualmente, no terceiro sábado do mês de maio.

Parágrafo único – A data instituída no caput deste artigo constará do Calendário Oficial de Festas e Eventos do Município de Belo Horizonte.

Art. 3º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Belo Horizonte, 24 de junho de 2009.

Márcio Araujo de Lacerda
Prefeito de Belo Horizonte

Borda da Mata – Capital do Pijama

Região cultural: Café Oeste Sul
Região turística: Sul de Minas
População: 15.507 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 410 km

Às margens da Rodovia MG-290, estão localizadas oito das nove lojas da cidade. Para o município, o pijama é um “produto turístico” que atrai compradores do varejo e atacado.

Oitenta por cento da economia de Borda da Mata provém das confecções de pijamas e dos teares. A Associação Comercial e Industrial da cidade contabiliza 3.700 pessoas envolvidas nas atividades de confecção de pijamas e tecelagens.

Estiva – Capital do Morango

Região cultural: Café Oeste Sul
Região turística: Sul de Minas
População: 11.426 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 409 km

As plantações de morango se iniciaram no início da década de 60 do século 20. Os morangueiros se adaptaram tão bem ao clima que o município se tornou o maior produtor de morango de Minas Gerais. Hoje Estiva produz 13.000 toneladas/ano, ocupando 260 ha – 50.000 kg por hectare. São 2.578 agricultores familiares envolvidos na produção de morangos.

Desde 1999, acontece no mês de julho a ExpoFest Estiva, que apresenta aos participantes muitas delícias feitas com morango, além de shows e do baile da Rainha do Morango.

Jacutinga – Capital das Malhas

Região cultural: Café Oeste Sul
Região turística: Sul de Minas
População: 21.424 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 490 km

O turismo de compras é o forte do município. Hoje, Jacutinga é conhecida em todo o País como pólo de fabricação de malhas de tricô, sendo responsável por 25% da produção nacional do setor. São produzidos dois milhões de peças/mês, em um parque industrial de microempresas, que utilizam tecnologia de primeira geração.

Juruaia – Capital da Lingerie

Região cultural: Café Oeste Sul
Região turística: Sul de Minas
População: 8.684 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 508 km

A cidade é hoje referência na produção e no comércio de lingerie, já que são mais de 70 lojas e confecções. Anualmente são realizados dois eventos, que fazem parte do calendário da moda íntima no País. Em maio acontece a Feira de Lingerie de Juruaia (Felinju), e em setembro é a vez da Fest Lingerie.

Monte Sião – Capital Nacional da Moda Tricô

Região cultural: Café Oeste Sul
Região turística: Sul de Minas
População: 8.684 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 470 km

A principal atividade econômica de Monte Sião é a confecção de malhas. A comercialização é feita através de cerca de 2.000 estabelecimentos, entre malharias e lojas comerciais.

A Feira Nacional do Tricô (Fenat) acontece entre os meses de abril e maio.

Nova Serrana – Capital dos Calçados Esportivos

Região cultural: Mineração
Região turística: Central
População: 67.967 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 133 km

Os primeiros calçados produzidos em Nova Serrana eram artesanais. Apenas em 1948, foi implantada a primeira fábrica de botinas, registrada por Geny José Ferreira.

São produzidos no município e cidades do entorno mais de 77 milhões de pares/ano de calçados esportivos, criando aproximadamente 21 mil empregos diretos e 20 mil indiretos; esse segmento dos calçados esportivos representa 55% da produção nacional.

A Secretaria de Cultura de Nova Serrana está atualmente (ago. 2010) organizando o Museu do Calçado.

Piranguinho – Capital do Pé de Moleque

Região cultural: Café Oeste Sul
Região turística: Sul de Minas
População: 8.227 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 436 km

Considerado identidade cultural de Piranguinho, o pé de moleque do município é tão importante e famoso que se tornou símbolo gastronômico do Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas. A Prefeitura de Piranguinho instituiu o selo de qualidade municipal para atestar a procedência do doce e evitar as falsificações.
O evento marcante na cidade é a Festa do Maior Pé de Moleque do Mundo.

Salinas – Capital da Cachaça

Região cultural: Nordeste Mineiro
Região turística: Norte de Minas
População: 38.789 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 640 km

Atualmente, a produção anual de cachaça no município é de cerca de cinco milhões de litros por ano, sendo comercializada sob mais de 50 marcas em todo o País e no exterior. A economia da região gira em torno do produto.

Entre as dezenas de marcas de cachaça produzidas no município, a mais tradicional é a Havana, marca símbolo da região e reconhecida pelo Patrimônio Cultural Imaterial de Salinas, por meio do Decreto Municipal nº. 3.728/2006.

Santo Antônio do Monte – Capital dos Fogos de Artifício

Região cultural: Central
Região turística: Centro-Oeste
População: 25.899 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 185 km

Foguetes de todos os tipos e cores são produzidos em Santo Antônio Monte, produtos de sucesso que são responsáveis por mais de 80% da produção nacional. Gerador de mais de 15 mil empregos diretos e indiretos, Santo Antônio do Monte abastece todo o território nacional e exporta para o mercado internacional.

No maior evento da cidade, a Festa do Foguete mostra o que existe de melhor na pirotecnia, oportunidade em que as fábricas da cidade oferecem novidades e produtos de qualidade. A Rodada de Negociação proporciona bons negócios para produtores e compradores do Brasil e do exterior. O melhor da festa são os shows pirotécnicos, quando cada fábrica apresenta produtos da mais alta qualidade.

Para fortalecer a produção, foi criado o Centro Tecnológico Oscar José do Nascimento, que fornece apoio técnico e científico às indústrias.

Santa Rita do Sapucaí – Capital dos Eletrônicos

Região cultural: Café Oeste Sul
Região turística: Sul de Minas
População: 36.150 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 406 km

Todas as urnas eletrônicas utilizadas nas eleições brasileiras são produzidas em Santa Rita do Sapucaí, hoje conhecida como “Vale da Eletrônica”. Famosa pela qualidade de seus produtos, que são exportados para vários países, Santa Rita é um dos principais polos de desenvolvimento tecnológico do Brasil.

A renda per capta atual da cidade é uma das mais altas do interior do País, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). São 134 empresas de pequeno e médio portes, que juntas, em 2008, faturaram cerca de R$ 1 bilhão.

Timóteo – Capital do Aço Inox

Região cultural: Central
Região turística: Rio Doce
População: 79.813 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 196 km

Em 1944, foi instalada em Timóteo a Companhia de Aços Especiais Itabira (Acesita). Ao longo dos anos, a empresa passou a produzir vários tipos de aço, batendo recordes na produção e iniciando o processo de exportação para mais de 30 países. Em 1988, cerca de 40% da sua produção é exportada. Nesse mesmo ano, iniciou-se o processo de privatização da Acesita, ação que terminou em 1992.

Na primeira década do século 21, a Acesita passou a ser comandada pela Arcelor Mittal. A Usina Siderúrgica da Arcelor Mittal Inox Brasil, localizada em Timóteo, na região conhecida como Vale do Aço, tem a capacidade instalada da ordem de 900 mil toneladas/ano de aço líquido e é a única produtora integrada de aços planos inoxidáveis e elétricos da América Latina.

Ubá – Capital Moveleira

Região cultural: Zona da Mata
Região turística: Zona da Mata
População: 99.708 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 392 km

A fabricação moveleira de Ubá é destaque no Brasil e vem ganhando espaço no mercado internacional. É o primeiro polo moveleiro de Minas e o terceiro do Brasil. São produzidos sala de jantar, estofados, camas, guarda-roupas, cômodas e criados.

Uberaba – Capital do Zebu

Região cultural: Triângulo
Região turística: Triângulo
População: 296.261 (IBGE 2009)
Distância de Belo Horizonte: 489 km

Todos os anos, no mês de maio, Uberaba se torna a “Capital Mundial do Zebu”. Mais de US$ 100 milhões em negócios são movimentados na Expozebu. Uberaba é hoje o maior centro de referência em embriões bovinos e maior centro mundial de melhoramento genético de raças zebuínas.

A importância e tradição do zebu para a economia da cidade resultou na criação do Museu do Zebu, que conta a trajetória dessa raça no Brasil. O acervo do museu é constituído por peças, fotos, livros e documentos. Há exposição permanente e mostras anuais temporárias.

A sede nacional da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ACBZ) está instalada em Uberaba.

CIDADES MINEIRAS COM NOMES INDÍGENAS

Acaiaca
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
acaiacá – designação da árvore também conhecido como cedro brasileiro

Aimorés
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
aymoré, guaimuré, guay-mur-ré – aquele que é povo ou nação diferente

Aiuruoca
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
ajuru – os papagaios
oca – casa, morada
Casa de papagaios

Araçaí
Região cultural: Mineração

Etimologia
araçá-g-y – o rio dos araçás

Aracitaba
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
ara-cya – mãe do dia, a aurora – taba – a aldeia

Araçuaí
Região cultural: Norte de Minas

Etimologia
araçá-g-y – rio dos araçás

Araguari
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
araguá-r-y – a água ou o rio da baixada dos papagaios

Araponga
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
Ara-ponga / guirá-ponga – o pássaro martelante, como a pancada de um martelo, ferrador

Araporã
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
1. ará – o dia;
porã – bonito
O dia bonito, o tempo bonito

2. ará-piranga – o papagaio vermelho / A barra do dia

Arapuá
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
ira-poã- arapoá – o mel redondo, o ninho de abelhas arredondado


Araxá

Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
ará-cha, ará-echá, ará-çá – vista do mundo, lugar de onde se pode ver o mundo

Aricanduva
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
airican-dyba – sítio dos airis ou das palmas airis

Baependi
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. bae pendy – que nação é a sua?- essa coisa é sua?
2. maependi , baependi – limpo, a clareira, clareira na mata
3. mbaependi – baependi
mbae – pender, dependurar
pé – caminhos
ndi – muitos
lugar com ladeiras fortes

Bambuí
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. bambu-y – o rio do bambu
2. ambu – barulho, ruído, grito
hy – rio
rio roncador

Bocaiuva
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
macá-yba – a árvore da macaba, um tipo de palmeira

Botumirim
Região cultural: Norte de Minas

Etimologia
ybytu – o vento, a aragem, a nuvem

Braúnas
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
ybirá-una – madeira preta

Buritis
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
mbiriti – árvore que salta líquido, a palmeira

Buritizeiro
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
o mesmo que mbiriti

Caeté
Região cultural: Mineração

Etimologia
caá-etê – a mata real, mata virgem, folha larga

Cajuri
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
1. caju-r-i – o rio do caju

2. caá-juru – a boca da mata

3. (a)caju, (a)cayu – a fruta, caju
ru, run – negro
O caju preto

Camanducaia
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
cama – andá – ocaia – fruto do alto da queimada

Cambuí
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. caá-mboy – planta ou folha que se desprende

2. camby-y – o rio de leite

Caparaó
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
1. yg-apara-og – a casa do rio torto

2. caá-apara – o pau torto

3. yg-apara – o rio torto

Caraí
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
1. carahi – espécie de macaco (nyctipithecus vociferans)

2. carahy – o rio dos acarás

Caranaíba
Região cultural: Mineração

Etimologia
Caraná-yba – a palmeira da carnaúba

Carandaí
Região cultural: Mineração

Etimologia
carandá-y – o rio das carnaúbas / bica, cano / carandaizinho

Caratinga
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
cará-tinga – cará branco

Careaçu
Região cultural: Café Sul Minas

Etimologia
Uma tentativa de traduzir o termo “volta grande” para o tupi

Cataguazes
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
Nome de um a nação indígena

Catuji
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
catú-g-y – o rio bom, aguada boa

Caxambu
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. caça, caaça – rompe ou vara mato
mbu,mpu – estrondo, eco no mato

2. Instrumento musical, tambor, bumbo – Origem africana que possivelmente foi assimilada pelos índios

Coroaci
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
1. co-ara-cy – a origem deste tempo, a mãe deste dia

2. co-ara-cy – nome dado ao sol

Douradoquara
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
Termo híbrido, português-tupi
dourado – peixe d’água doce
quara – o buraco, a toca
A toca dos dourados

Grupiara
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
Curu-piara – o que fica entre seixos

Guanhães
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
gua-nhã – aquele que corre

Guapé
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. guá-pé – o que serve de caminho, folhas que cobrem a superfície da água e dão caminho às aves
2. gua-peba – o que chato ou plano

Guaraciaba
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
guaracy-aba – os cabelos ou raios de sol, o cabelo louro.

Guaraciama
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
guaracy – o sol
ama, amaná – a chuva
Chuva em dia de sol

Guaranésia
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
Termo híbrido – tupi-greco

guará – pássaro
nésia – ilha
O pássaro da ilha

Guarani
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
guarini – o guerreiro, o lutador

Guarará
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
1. Tambor usado pelos nativos
2. O manhoso, o investigador
3. Furta-cor ou cambiante
4.
nome de um peixe do mar

Guaxupé
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
gua-exú-pé – um tipo de abelha que faz o ninho dentro da terra

Guiricema
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
Guiri – o bagre
(A)cema – a saída
Saída do bagre

Gurinhatã
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
guir-enhè-atá – a ave que canta muito

Iapu
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
1. iapeyu, yapó-yu – pantanal, estagnado
2. japu – yapu – ave

Ibiá
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
yby-ã – a terra alta, a chapada, o planalto

Ibiaí
Região cultural: Mineira Sanfranciscana

Etimologia
1. yby-ã – planalto
y – rio
O rio do planlato
2. ybyã-i – o pequeno planalto

Ibiracatu
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
ibirá – pau
catu – bom, boa
Madeira boa, madeira de lei

Ibiraci
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. ybyrá – o pau, a árvore
ci – mãe
A mãe da árvore
2. ybyrá-ycica – a resina de pau, almácega

Ibirité
Região cultural: Mineração

Etimologia
1. yby-retê – terra firme
2. ybyiyretê – serra

Ibituruna
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
Ibitu-runa – o morro negro, serra negra

Icaraí de Minas
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
y-caray – água santa, água benta

Igarapé
Região cultural: Mineração

Etimologia
ygara-pé – caminho da canoa, canal que só dá passagem a canoa

Igaratinga
Região cultural: Mineração

Etimologia:
ygara-ytinga – o pano branco da canoa, a vela

Iguatama
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
yguá-terama – enseada, referente a curva do rio São Francisco

Ijaci
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
yaci – mãe dos frutos, a lua

Imbé de Minas
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
y-mbé – planta rasteira

Indaiabira
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
indaiá – palmeira
bira – alto, elevado
Palmeira alta

Ingaí
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. y-igá – o que é embido e úmido
2. ingá-yba – a árvore do ingá, a ingazeira

Inhapim
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
1. iãpir – cabeceira do rio, de onde vem o rio
2. yapi / y-apira – nascentes ou cabeceiras dos rios

Inhaúma
Região cultural: Mineração

Etimologia
nhae-u – barro, barro de panela

Inimutaba
Região cultural: Mineração

Etimologia
inymbo – fio de algodão
taba – aldeia
A cidade do fio de algodão, alusiva à industria de tecelagem

Ipanema
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
y- água – ruim, rio sem peixe, ruim para pesca

Ipatinga
Região cultural: Mineração

Etimologia
ypé-tinga – casca branca

Ipiaçu
Região cultural:Triângulo

Etimologia
1. iby-açu – terra grande
2. ipu-açu – fonte grande, olho d’água grande
3. y-piahú – o rio novo

Ipiuiúna
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. ipu-i-uma – o olho d’água escuro ou água preta
2. y-piuna – água preta

Iraí de Minas
Região cultural:Triângulo Mineiro

Etimologia
yra – o mel
y – água
Rio do mel


Itabira

Região cultural: Mineração

Etimologia
1. itá-bira – pedra levantada ou empinada
2. itabira – pedra fulgurante, pedra flamejante
3. itabira – moça de pedra

Itacambira
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
1. ita-acambira – o forcado de ferro, o compasso
2. ita-cam-bir – pedra de dorso empolado
3. ita-caã-bir – a pedra pontuda que sai do mato

Itacarambi
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
itá-carambui – pedra redondinha ou miúda, pedra pequena


Itaguara

Região cultural: Mineração

Etimologia
1. ita -gyaba – a comida de pedra, o barro com salitre que os animais comem
2. ita-yguara – o poço das pedras

Itaipé
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
ita-y-pé – no rio das pedras


Itajubá

Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. itayub-á – extração de ouro, mineração
2. itá-juba – pedra amarela, alusivo a um rochedo existente nessa cor
3. itá-i-abae – rio das pedras que cai de cima, cachoeira do rio das pedras

Itamarandiba
Região cultural: Nordeste Mineira

Etimologia
1. itá-marã-dyba – local das pedras desordenadas
2. itamirindiba – local dos seixos arredondados
3. ita-mirim-di-ba – pedra miúda
4.ita – pedra
5.mara, mirá – pau, madeira
6.ndiba, ndyba – sítio, jazida
7.Abundância de pau ferro, madeira rija


Itamarati de Minas

Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
1. ita-marã-ty – corrente por entre pedras soltas
2. itá-moroti – as pedras alvíssimas
3. itamará, ytamirá, ti, tim – pau ferro, branco, madeira duríssima e alva, o pau marfim

Itambacuri
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
itambaqui-r-y – rio dos montes de cascas de mexilhões, sambaqui


Itambé do Mato Dentro

Região cultural: Mineração

Etimologia
ita-aimbé , aembé – pedra afiada

Itamogi
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
ita – pedra
mboy-gy – rio das cobras, a pedra do rio das cobras

Itamonte
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
Vocábulo híbrido – tupi / português
ita-monte – monte da pedra

Itanhandu
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
itá – pedra
nhã-d-u – corre com estrépito, a corredeira, ema
A ema de pedra

Itanhomi
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
itá – pedra
nhu, nhum – campo
y – pequeno
O campinho de pedra

Itaobim
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
ita – pedra
obi – verde
A pedra verde, a esmeralda

Itapagipe
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
itapé-gy-pe – o rio da laje

Itapecerica
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. itapé-cerica – a laje escorregadia
2. itapé-cyryka – corredeira que forma um lençol úmido por cima da pedra

Itapeva
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
ta-peba – pedra rasteira, a laje

Itatiaiuçu
Região cultural: Mineração

Etimologia
itátiâi-uçú – o grande penhasco cheio de pontas, a grande crista eriçada,a grande pedra que sua


Itaú de Minas

Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
itá-u – a pedra preta

Itaúna
Região cultural: Mineração

Etimologia
itá-una – a pedra preta, o ferro

Itaverava
Região cultural: Mineração

Etimologia
itá-beraba – a pedra resplandecente, a pedra que reluz

Itinga
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
y-tinga – a água branca, o rio branco


Itueta

Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
y-tu – queda-d’água, o salto, a cachoeira
etá – sinal de plural, muitas quedas d’água, corredeira

Ituiutaba
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
y-tuyuc-taba – aldeia de água fria

Itumirim
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
ytu-mirim – pequeno salto ou pequena cachoeira


Iturama

Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
yty-terma – região da cachoeira


Itutinga

Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
ytu-tinga – salto branco, cachoeira de águas claras

Jacuí
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. yacú-y – o rio dos jacus
2. y-acui – o rio enxuto, o rio temporário

Jacutinga
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
yacú-tinga – jacu branco, nome de uma rocha friável e argilosa servindo de jazida ao ouro entre a rocha de itabirito


Jaguaraçu

Região cultural: Mineração

Etimologia
ya-guara, açu – onça grande

Jaíba
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
y-ayba – a água ruim, o rio mau

Jampruca
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
Existe uma dúvida se o termo é de origem indígena ou africana
Segunda Nelson de Sena – o vocábulo tem origem tapuia

Janaúba
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
yandi-yba – árvore ou pau d’óleo, a planta do visgo ou do grude


Japaraíba

Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
yapar-yba – o pau d’arco, madeira rija de que os índios faziam os seus arcos

Jeceaba
Região cultural: Mineração

Etimologia
yecêaba – confluência de rios. Alusiva à confluência dos rios Camapuã e Paraopeba


Jequeri

Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
1. jequeri – arbusto espinhoso de folhas miúdas
2. yu-keri – o espinho propenso a dormir
3. jequir, yquyr, i, y – água, água de sal, água salgada, fermento salgado.

Jequitaí
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
1. yiquitai-y – o rio das jequitaias ou formigas irritantes, que queimam
2. jequi, yequi – molho condimento
tai – acre, ácido, picante,
O molho acre, o condimento picante


Jequitibá

Região cultural: Mineração

Etimologia
yiki-t-y-bá
o fruto de jequi, o fruto com forma de côncava

Jequitinhonha
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
yiki-tinhonhe – tipo de cesto de pesca mergulhado ou assentado n’água

Joaima
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
Nome de um chefe indígena


Juatuba

Região cultural: Mineração

Etimologia
a-yú-á – fruta colhida do espinho
tuba – de
tyba – o sítio dos juás


Juruaia

Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
yury-á – boca aberta ou ampla, embocadura larga

Lambari
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
aramberi – peixinho de água doce


Manhuaçu

Região cultural: Zona da mata

Etimologia
1. amaná-açu – chuva forte, tempestade
2. manhu, mañu – molhe de erva, feixe de feno
uaçu, guaçu – veado
o molho ou feixe de erva dos veados


Manhumirim

Região cultural: Zona da Mata
Etimologia
1. mandi-yuba – mandi amarelo
miri – pequeno
Mandi amarelo pequeno
2. aman’y – rio da chuva
miri – pequeno
Pequeno rio da chuva

Maripá de Minas
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
mbaerup – apoio para coisas, aparador

Matipó
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
mati, matii – pequenino
pó, (m)bó – mão, cipó, fibra
a mão pequenina, o cipozinho, a fibra delgada

Machacalis
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
Nome de uma nação indígena

Minduri
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. mandori, manda-r-i – o pequeno ninho, o pequeno feixe
2. abelha silvestre


Miraí

Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
myrá – gente, pessoa
y,i – rio
rio da gente

Muriaé
Região cultural: Zona da mata

Etimologia
1. muri, m(b) ury – cana de açúcar
aê – ter sabor, gostoso
cana de açucar doce, cana de açúcar saborosa
2. muri, m(b)eru – mosca, mosquito
aê, ahêi – farto
cheio de mosquistos
3. muru-aé, meru-aé – moscas afligem ou atacam

Mutum
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
my-t-u, motum – pele negra
ave com penas negras comuns na região


Nanuque

Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
nak-nanuks – povo indígena do vale do Mucuri

Naque
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
referência a um povo indígena

Paracatu
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
pará-catu – o rio bom, rio navegável


Paraguaçu

Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. pará-guaçu – o mar grande, o oceano
2. paraguá-açu – a coroa, grande cocar

Paraopeba
Região cultural: Mineração

Etimologia
pará-u-peba, pará-y-peba – o rio da água rasa, rio chato


Patis

Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
1. upá-ty, paty – que serve para prender o leito do rio
2. upá-ty, paty – palmeiras que se tiram cordas para atar as redes

Pequeri
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
1. pê – casca
quiri – um pouco, delgado, franzino
um pouca da casca, casca tenra
2. pqui, pyquy – marrequinhas
ri, ry – rio
rio das marrequinhas
3. pequir – peixinho, pequira
i,y – rio, rio pequira

Pequi
Região cultural: Mineração

Etimologia
pyqui, piqui – casca áspera, áspera

Piau
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
py-yáu – pele manchada, peixinho de água doce

Piracema
Região cultural: Mineração

Etimologia
pirá- acema – a saída do peixe, cardume, ocasião da desova

Pirajuba
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
pirá-yuba – peixe amarelo, o dourado

Piranga
Região cultural: Mineração

Etimologia
piranga – vermelho, corado, ruivo, pardo

Piranguçu
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
piranga – vermelho
açu – grande
Vermelhão, vermelho grande

Piranguinho
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
Diminutivo em português de piranga

Pirapetinga
Região cultural: Zona Sul

Etimologia
pirá – peixe, pé
peba – chato
tinga – branco
peixe branco e chato
espécie de peixe de água doce

Pirapora
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
pirá-porá – a morada do peixe, o que contém peixe, o peixe que salta

Piraúba
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
pirá-yu – forma contrata de pirá-yuba – peixe amarelo, o dourado

Pitangui
Região cultural: Mineração

Etimologia
pitang-y – rio das pitangas
mitang-y – rio das crianças

Piumhi
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. pium-y – rio dos mosquitos
2. peú, mbeú – podre, lodo, lama – rio lodoso

Pocrane
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
nome próprio de um indígena

Poté
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
1. nome próprio de um indígena
2. potum, pitu, potim – camarão de água doce
3. pitum – fumo, tabaco

Sapucaí- Mirim
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
1. çapucaí-y – rio das sapucaias

Sertinga
Região cultural: Café Oeste Sul

Etimologia
ciriyba-tinga, ciry-tinga – o mangue branco

Taiobeiras
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
tayá-oba – folha de taiá
plantas que produzem taiobas

Taparuba
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
1. ta-pará – rio preso, água que permanece estagnada
2. yba, ubá – fruto ou a canoa fabricada com casca de árvore
fruto ou canoa do rio preso, da água estagnada

Tapira
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
tapiira – anta

Taquaraçu de Minas
Região cultural: Mineração

Etimologia
taquaruçu – cana grande, taquara grossa

Tarumirim
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
tory-mirim, taru-mirim – a espiga pequena, facho pequeno, fogueira pequena

Tumiritinga
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
itu-mirim-tinga – cachoeira de águas claras

Tupaciguara
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
tupã-ci-guara – a morada da mãe de Deus

Ubá
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
ybá – o fruto, canoa feitas com um tronco

Ubaí
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
1. uybá-y – o rio das flechas
2. ybá-y – rio das frutas

Ubaporanga
Região cultural: Zona da Mata

Etimologia
ubá-poanga – canoa bonita

Uberaba
Região cultural: Triângulo Mineiro

Etimologia
y-beraba – água brilhante, clara, transparente

Umburatiba
Região cultural: Nordeste Mineiro

Etimologia
Umburamas
ymbú-rama – imbu falso, semelhante ao imbu
umburatiba – sítio das umburamas

Unaí
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
1. uná-i – pequeno grão
2. una-í – pretinho, moreninho

Urucuia
Região cultural: Sanfranciscana Mineira

Etimologia
1. urú – prato, vasilha,
cuia – coité
receptáculo feito com o fruto do coitezeiro
2. urú – cesto,cofo
cuia – folha , a filha do uru
a palha com quem fazem cestos ou cofos
3. urú – continente
cuia – ao longo,distante, longe
ao longo do continente

Fonte de pesquisa

Costa, Joaquim Ribeiro. Topomínia de Minas Gerais. Belo Horizonte, BDMG Cultural,1997

Brabosa, Waldemar de Almeida. Dicionário Histórico Geográfico de Minas Gerais, Editora Itatiaia, 1995

DIA DE MINAS GERAIS – 16 DE JULHO

Minas Gerais
Câmara Municipal ( antiga cadeia )

O dia “Dia de Minas Gerais” foi instituido em 1979 pela lei nº 561.

Por que 16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo, foi escolhido para comemorar o dia de Minas Gerais?

A bandeira chefiada pelo Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça chegou à região onde hoje está a cidade de Mariana no dia 16 de julho 1696. Para se instalarem o grupo escolheu as margens de um ribeirão, que recebeu o nome de ribeirão do Carmo, justamente por ser aquele o dia dedicado a Nossa Senhora do Carmo. O ribeirão se revelou pródigo em ouro e ali se iniciaram os trabalhos de mineração.

Mariana hoje é chamada de “berço da civilização mineira”, foi a 1ª capital (1709), a 1º vila (1711), a 1ª sede de bispado (1745) e a 1ª cidade de Minas Gerais (1745). Devido ao pionerismo de Mariana, o dia 16 de julho, marco do seu povoamento, foi escolhido para ser o dia de Minas Gerais.

A cidade é guardiã de uma importante parte do patrimônio cultural e histórico de Minas Gerais. Nada melhor do que andar por suas ruas para descobrir o discreto charme desta cidade setecentista através de seus casarões, cada um mais bonito que o outro.

A casa do Barão do Pontal, por exemplo, encanta a todo visitante com suas belas sacadas em pedra sabão. A Catedral da Sé e a Igreja de São Francisco de Assis guardam primorosos trabalhos da arte colonial mineira.

Minas Gerais
Bandeira do Estado de Minas Gerais

Que bandeira se desdobra?
Com que figura ou legenda?
Coisas da Maçonaria –
do paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?

Cecília Meireles

A bandeira do Estado de Minas Gerais foi oficializada pela Lei nº. 2.793, de 8 de janeiro de 1963, e sancionada pelo governador José de Magalhães Pinto.

O Triângulo

O triângulo da bandeira de Minas Gerais estava na bandeira idealizada pelos inconfidentes mineiros. Existem duas correntes de pensamento para explicar a forma geométrica triangular. Com base em depoimentos de Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes – nos Autos da Devassa, o triângulo é uma referência à Santíssima Trindade.

“Assentou-se mais na dita conversação, que José Alvares MacieI faria a pólvora, e estabeleceria algumas manufaturas pelo tempo adiante, que o vigário da Vila de S. José capacitaria gente para entrar na sedição, e motim, e o mesmo havia de fazer ele respondente por onde pudesse, que o Coronel Ignácio José de Alvarenga daria gente da companhia, e o Padre José da Silva de Oliveira Rolim do Serro Frio, no que convieram os sobreditos: e falando ele respondente, em que a nova República que se estabelecesse devia ter bandeira disse que como Portugal tinha nas suas armas as cinco chagas, deviam as da nova República ter um triângulo, significando as três pessoas da Santíssima Trindade; ao que o Coronel Ignácio José de Alvarenga disse que não, e que as armas para a bandeira da nova República deviam ser um índio desatando as correntes com uma letra latina, da qual ele respondente se não lembra, e que tudo ficasse sopito, e em suspenso até se lançar a derrama, se achassem que com ela ficava o povo disposto para seguir à sedição, e motim; estando ele respondente, e os sobreditos nesta conversação chegou o Desembargador Tomás Antônio Gonzaga, e com a sua vinda todos se calaram, e se foram embora.”

Existem os que acreditam ser o triângulo uma conexão com a maçonaria e dentro dos ideais iluministas – Liberdade, Igualdade e Fraternidade -, que contagiou o mundo ocidental no século 18. Lembrando que não existe nenhuma comprovação histórica que os inconfidentes pertenciam à maçonaria.

Hoje o desenho do triângulo é definido pela Lei nº 2.793, de 8 de janeiro de 1963 . Diz o art. 2º: “A Bandeira do Estado de Minas Gerais tem os seguintes desenho e forma: um retângulo em branco com 20 (vinte) módulos de comprimento e 14 (quatorze) módulos de largura; ao centro, um triângulo eqüilátero em vermelho com 8 (oito) módulos de cada lado, tendo no lado superior esquerdo a palavra ‘LIBERTAS’, no lado superior direito as palavras ‘QUAE SERA’ e na base a palavra ‘TAMEN’, as quais palavras são em TIPO ROMANO, com letras de 2/3 de módulo em altura e separadas do triângulo por 1/3 do módulo, formando no conjunto a frase ‘Libertas quae será tamen’, que é a divisa da Inconfidência Mineira”.

A cor

Alguns pesquisadores acreditam que a cor original do triângulo era verde. Depois de adotada na República como bandeira de Minas Gerais, o triângulo passou para a cor vermelha, por ser símbolo universal das revoluções.

A inscrição

Os inconfidentes e os poetas Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e José Ignácio de Alvarenga Peixoto cultuavam a antiguidade clássica e seus poetas, daí a escolha por Alvarenga Peixoto do lema da bandeira – “Libertas quae sera tamen” – ter sido escolhido da primeira égloga de Públio Virgílio Marão (70-19 a.C) que faz ela parte do diálogo entre Meliboeus a Tityrus.

Traduzida como Liberdade ainda que tardia, na verdade a frase foi mutilada, e, para os latinistas, é errada a sua tradução. A frase correta no texto original de Virgílio é: “Libertas, quae sera tamen, respexit inertem”. As opções de tradução são:

“A Liberdade, que embora tardia, contudo, olhou favoravelmente para mim, inerte.”

“A Liberdade que, mesmo tardia, olhou, contudo, inerte para mim.”

“A Liberdade que, embora tardia, contudo olhou favoravelmente para mim,
que nada fiz.”

“A Liberdade que tardia, todavia, apiedou-se de mim, na minha inércia.”

O que, provavelmente, ocorreu foi uma liberdade poética por parte dos inconfidentes; como bons latinistas, não teriam incorrido em um erro tão grosseiro.

BRASÃO

Minas Gerais
Brasão de Minas Gerais

O brasão do Estado de Minas Gerais foi criado pela Lei nº. 1, de 14 de setembro de 1891, e aprovado pelo Decreto nº. 6.498, de 5 de fevereiro de 1924.

Descrição

Forma uma estrela de cinco pontas, contornada por filetes de cor vermelha; em seu centro figuram duas picaretas de mineração, cruzadas e sobre elas uma lanterna de mineiro. De cada lado da estrela, há dois ramos grandes de café, na parte exterior, e dois ramos pequenos de fumo, a partir dos vértices de baixo da estrela, de cor verde e com flores vermelhas e arroxeadas.

Na parte inferior do escudo, corre uma faixa com o nome do Estado de Minas Gerais, e, em um laço, abaixo dela, a data de 15 de junho de 1891, que é a data da primeira Constituição do Estado.

Contornando a ponta superior da estrela, a divisa: Libertas quae será tamen.

Símbolos

Instrumentos do mineiro, ramos de tabaco e café simbolizam as principais riquezas do Estado na época da Proclamação da República.

HINO DE MINAS GERAIS

O Hino

Oh! Minas Gerais
Oh! Minas Gerais
Quem te conhece
Não esquece jamais
Oh! Minas Gerais

Tuas terras que são altaneiras
O teu céu é do puro anil
És bonita oh terra mineira
Esperança do nosso Brasil
Tua lua é a mais prateada
Que ilumina o nosso torrão
És formosa oh terra encantada

Oh! Minas Gerais
Oh! Minas Gerais
Quem te conhece
Não esquece jamais
Oh! Minas Gerais

Teus regatos a enfeitam de ouro
Os teus rios carreiam diamantes
Que faíscam estrelas de aurora
Entre matas e penhas gigantes
Tuas montanhas são peitos de ferro
Que se erguem da pátria ao cantil
És altar deste imenso Brasil

Oh! Minas Gerais
Oh! Minas Gerais
Quem te conhece
Não esquece jamais
Oh! Minas Gerais

Hino de Minas Gerais

A Constituição Estadual de 1989 estabeleceu pelo art. 7: “São símbolos do Estado a bandeira, o hino e o brasão, definidos em lei.”

Mas Minas Gerais não possui um hino oficial. Para que uma música se torne o hino oficial é necessário que essa seja aprovada em concurso público ou por decreto do governador.

A Secretaria de Estado de Cultura organizou em 1985 um concurso público para a escolha de um hino. Por decisão do corpo de jurados, nenhuma das 72 composições inscritas foi escolhida.

Em 1992, a Assembléia Legislativa organizou um novo concurso com o tema “Inconfidência Mineira”. A comissão julgadora avaliou que “todas as músicas foram desclassificadas porque algumas fugiram do tema Inconfidência Mineira, outras por falta de respeito à métrica e outras por falta de qualidade”. Foram inscritas 570 músicas.

Duas músicas em homenagem ao Estado se tornaram populares. Uma chamada Hino a Minas, letra de João Lúcio Brandão, e música do Padre João Lehmann, muito cantada nas escolas nas décadas de 1920 e 1930 por fazer parte do hinário distribuído nas escolas.

Outra, a conhecida “Oh, Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais”. Esse refrão pertence à mais popular e conhecida música sobre Minas Gerais em todo o Brasil, e que muitos pensam ser o hino oficial do Estado.

A música da canção “Oh, Minas Gerais” é de uma valsa italiana chamada Viene Sul Mare, que se popularizou no Brasil através das companhias líricas que se apresentavam no final do século 19 e início do século 20.

Os compositores José Duduca de Morais – De Moraes e Manoel Araújo fizeram uma letra enaltecendo Minas Gerais para a já conhecida música italiana que foi gravada em 1942.

De Moraes
José Duduca de Morais

Cronologia

Nascimento: 1912
Falecimento: 25 de novembro 2002 – Juiz de Fora
Natural de Santa Maria do Itabira

Atividades

Compositor, cantor e violinista

Trajetória de vida

Sua vida artística começou na Rádio PRC-7. Depois foi trabalhar na Rádio Tamoio, na cidade do Rio de Janeiro. Um de seus programas de sucesso foi a “Hora Sertaneja”. Entre 1943 e 1950, com o parceiro Xerém, formou uma das duplas sertanejas de maior sucesso no Brasil. Entre os anos de 1950 a 1962, formou dupla com a cantora Doquinha – Hermelinda Afonso dos Santos.

Foi autor de mais de 200 músicas, entre valsas, marchinhas, quadrilhas, modas e rasqueados.

Quando De Moraes faleceu, por falência respiratória, vivia de uma pensão de R$ 590,00 e morava em uma simples casa.

‘O falecimento, em Juiz de Fora, do compositor itabirano De Moraes comove a gente mineira. Devemos a ele a criação de “Oh! Minas Gerais”, hino do Estado pela vontade popular. Desde que foi gravada pela primeira vez, há sessenta anos, a canção passou a ser entoada em louvor a Minas, a fim de expressar o júbilo da terra natal e os valores da nossa cultura. Tentativas de se escolher e oficializar outro hino contribuíram para fixar, definitivamente, no sentimento geral, os versos de De Moraes, agregados à valsa Viene Sul Mare.

De Moraes deixa obra expressiva que críticos abalizados inscrevem no melhor repertório da música popular brasileira, merecendo respeito e interesse. “À família e aos amigos do ilustre compositor, quero manifestar o pesar e a solidariedade do Povo e do Governo do Estado. Ele será sempre lembrado por ter dado aos mineiros o mais querido símbolo sonoro das Minas Gerais’. Itamar Franco

Principais composições

Linda Curitibana
Mulher Que Não Me Dá
Adeus Mãezinha (c/ Antenógenes Silva)
Adeus Mariquinha
Adeus Moreninha (c/ Antenógenes Silva)
Agradeço a Lembrança (c/ J. R. de Oliveira)
Ai São João (c/ Floriano Rios e César Cruz)
Amor de Vaqueiro (c/ Jeová Rodrigues Portela)
Amor Perfeito (c/ Zequinha Torres)
Arrasta o Pé (c/ Xerém)
Balão Cruz-de-Malta (c/ Vargas Jr.)
Brincando com os Dedos
Cabeça do Janjão (c/ Elpídio Viana)
Caboclo Violeiro (c/ J. Portela)
Carioquinha (c/ César Lúcio da Cruz)
Casamento de Juaninha (c/ Antônio P. Marçal)
Chega de Tanto Sofrer
Chegou Meu Fim
Dança do Calango (c/ J. R. Oliveira)
Dói, Dói, Coração (c/ Antenógenes Silva)
Esperando Meu Benzinho
Eu Sou Marinheiro
Eu Tenho Paixão por Você (c/ Antenógenes Silva e Geraldo Costa)
Gavião do Mar (c/ Manezinho Araújo)
Levanta, Balbina
Meu Balão (c/ Zé Praxedes)
Meu Boi Maiado (c/ Pereira do Carmo)
Meu Nordeste
Meu São João (c/ José Casimiro)
Minha Viola (c/ Marques da Silva)
Não Posso Esquecer (c/ Antenógenes Silva)
Não Posso Viver Sem Ti
Nunca Mais Te Verei (c/ João Bastos Filho)
Partida Cruel (c/ Antenógenes Silva)
Partiu Meu Benzinho (c/ Izari)
Passa pro Lado de Cá (c/ Antenógenes Silva)
O Pau Rolou (c/ Xerém)
Perdoa Mãezinha
Remorso de Caboclo
Santo Antônio Dá um Jeito (c/ Oldemar Magalhães)
São João no Rio (c/ J. Mendonça)
Saudade de Minha Mãezinha
Saudades de Marianinha
Saudades de Minas Gerais (c/ Carlos Filho)
Sonora Saudade (c/ Marinho Silva)
Tirei a Aliança
Triste Caminho (c/ Geraldo Costa)
Triste Fiquei (c/ Antenógenes Silva)
Uma Mulher para Mim (c/ Antenógenes Silva)
Vai-se Embora Saudade
Vamos ao Circo (c/ Lúcio Sampaio)
Vida de Carreiro (c/ Zequinha Torres)
Vida de Roceiro
Viola Entristecida
Zulmira
Zum-Zum no Mar (Motivo popular/Arranjo De Moraes)

Homenagem: Cidadão honorário de Juiz de Fora –1998

Minas em números

Evolução do Número de Municípios

2009: 853
1992: 756
1988: 723

Os Maiores Municípios em Área

João Pinheiro – 10.716,960 Km²
Unaí – 8.463,579 Km²
Paracatu – 8.232,233 Km²

Os Menores Municípios em Área

São José da Lapa – 48,636 Km²
Bandeira do Sul – 46,917 Km²
Confins – 42,008 Km²
Ribeirão Vermelho – 40,210 Km²
Mário Campos – 35,155 Km²
Santa Cruz de Minas – 2,859 Km²

Os 20 Mais Populosos

Município – População (IBGE – 2010)
Belo Horizonte – 2.375,151
Uberlândia – 604.013
Contagem – 603.442
Juiz de fora – 516.247
Betim – 378.089
Montes Claros – 361.915
Ribeirão das Neves – 296.317
Uberaba – 295.988
Governador Valadares – 263.689
Ipatinga – 239.468
Sete Lagoas – 214.152
Divinópolis – 213.016
Santa Luiza – 202.942
Ibirité – 158.954
Poços de Caldas – 152.435
Patos de Minas – 138.710
Teófilo Otoni – 134.745
Pouso Alegre – 130.615
Barbacena – 126.284
Sabará – 126.269

Município com a Menor População

Serra da Saudade – 815 Habitantes

Distritos: 1.624

As regiões de Planejamento

Região Central – 158 municípios
Região Mata – 142 municípios
Região Sul – 155 municípios
Região Triângulo – 35 municípios
Região Alto Paranaíba – 31 municípios
Região Centro Oeste – 56 municípios
Região Noroeste – 19 municípios
Região Norte de Minas – 89 municípios
Região Jequitinhonha – 66 municípios
Região Rio Doce – 102 municípios

Principais bacias hidrográficas dos rios federais

Rio São Francisco – 235.442 Km²
Rio Grande – 86.347 km²
Rio Doce – 71.468 km²
Rio Paranaíba – 70.833 km²
Rio Jequitinhonha – 65.852 km²
Rio Paraíba do Sul – 20.776 km²
Rio Mucuri – 14.859 km²
Rio Pardo – 12.763 km²
Rio São Mateus – 5.683 km²

Extensão dos doze maiores rios mineiros
Rio das Velhas – 802,3 Km
Nascente: Ouro Preto – Foz:Rio São Francisco, município: Várzea da Palma

Rio Paraopeba – 546,5 Km
Nascente: Cristiano Otoni – Foz:Represa Três Marias, município: Felixlândia

Rio Paracatu – 542,7 Km
Nascente: Lagamar – Foz: Rio São Francisco, município:Buritizeiro

Rio Araguari – 520,5 Km
Nascente: São Roque de Minas – Foz:Represa de Itumbiara, município: Araguari

Rio Urucuia – 461,8 Km
Nascente: Buritis – Foz:Rio São Francisco, município: São Romão

Rio Manhuaçu – 333,3 Km
Nascente: Luisburgo – Foz:Rio Doce, município: Aimorés

Rio Suaçuí Grande – 330,9 Km
Nascente:Serra Azul de Minas – Foz:Rio Doce, município: Governador Valadares

Rio Araçuaí – 319,2 Km
Nascente:Senador Modestino Gonçalves – Foz:Rio Jequitinhonha, município: Araçuaí

Rio Tijuco – 311,8 Km
Nascente: Uberaba – Foz:Represa de São Simão, município: Ituiutaba

Rio Piranga – 310,9 Km
Nascente: Ressaquinha – Foz:Rio Doce, município: Ponte Nova

Rio Pará – 310,6 Km
Nascente: Resende Costa – Foz:Rio São Francisco, município: Pompeu

Rio Abaeté – 306,6 Km
Nascente: São Gotardo – Foz:Rio São Francisco, município:São Gonçalo do Abaeté

Extensão dos doze maiores rios federais que nascem ou passam por Minas Gerais
Rio Grande – 1.432,5 km
Nascente: Bocaina de Minas – Foz:Rio Paraná, município: Santa Clara d’Oeste (SP)

Rio São Francisco – 1.206,1 km
Nascente: São Roque de Minas – Foz:Oceano Atlântico, município: Piaçabuçu (AL)

Rio Paraíba do Sul – 1.150,0 km
Nascente: Guaracema (SP) – Foz:Oceano Atlântico, município:São João da Barra(RJ)

Rio Paranaíba – 1.148,7 km
Nascente:Rio Paranaíba – Foz:Rio Paraná, município:Aparecida do Taboado (MS)

Rio Jequitinhonha – 876 km
Nascente:Serro – Foz:Oceano Atlântico, município:Belmonte(BA)

Rio Verde Grande – 569,5 km
Nascente:Montes Claros – Foz:Rio São Francisco, município: Matias Cardoso

Rio São Marcos – 498,4 km
Nascente:Cristalina (GO) – Foz:Represa de Emboarcação, município:Ouvidor(GO)

Rio Sapucaí – 482,2 km
Nascente:Campos do Jordão (SP) – Foz:Represa de Furnas, município:Paraguaçu

Rio Carinhanha – 468,2 km
Nascente:Formoso – Foz:Rio São Francisco, município:Juvenília

Rio Doce – 410,5 km
Nascente:Santa Cruz do Escalvado – Foz:Oceano Atlântico, município:Linhares (ES)

Rio Pardo – 384,0 km
Nascente:Montezuma – Foz:Oceano Atlântico, município:Canavieiras (BA)

Rio Preto – 332,2 km
Nascente: Brasília – Foz: Rio Paracatu, município: Unaí

História

1573 – Sebastião Fernandes Tourinho, em expedição pelo interior da Colônia, encontra pedras preciosas e o Rio Jequitinhonha.

1660 – Expedição de Martinho Carvalho parte do litoral em direção ao interior em busca de esmeraldas.

1672/ 2 Out. – Fernão Dias Paes recebe a carta patente que o nomeava chefe e governador de sua leva e terra das esmeraldas.

1674 – A bandeira de Fernão Dias começa sua expedição. Adentrando pelo sertão, atinge o território que seria a futura Capitania das Minas. Surge o primeiro arraial ‘ o mais antigo lar da pátria mineira’ em Ibituruna.

1683 – Garcia Rodrigues, filho de Fernão Dias, recebe ordens de Portugal para retornar ao local onde tinham sido encontradas as jazidas de topázio. Retornaram em 1687 sem terem encontrado o caminho para as jazidas.

1692 – Antônio Rodrigues Arzão, com cinqüenta homens, parte em direção à região do Pico do Itaverava.

1696/ 16 jul. – O Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça descobre ouro no Ribeirão do Carmo, local da futura cidade de Mariana.

1698/24 jun. – A bandeira de Antonio Dias avista o Pico do Itacolomi. Lá, aos seus pés, no Córrego Tripui, estava o “ouro preto”.

1700/1701 – Os anos da fome. “O flagelo da fome produziu na Serra de Ouro Preto a debandada dos moradores, igualmente cegos pelo ouro, esquecidos dos comestíveis. Alguns retiraram-se para São Paulo…”(Diogo Vasconcelos).

1701/Fev. – Em carta, Sua Majestade ordena ao governador, Artur de Sá, que não permita a entrada de mais gente para as Minas. Os infratores desta, se achados em caminho, deveriam ser prendidos e punidos com as penas severíssimas de cárcere e deportação.

1702 – O ouro é descoberto no Rio das Mortes pelo bandeirante João de Siqueira Afonso.

1708/1709 – A região das minas é tomada pelo conflito que ficou conhecido como Guerra dos Emboabas. Paulistas, portugueses e “brasileiros” confrontam-se pelo direito do comércio e da mineração. Foi o primeiro conflito armado da Capitania.

1709 – Chega à região das minas o primeiro governador da Capitania de São Paulo e das Minas, D.Antônio Albuquerque e Carvalho, que se estabeleceu no Arraial do Ribeirão do Carmo.

1711 – É editado na Europa o Livro Cultura e Opulência do Brasil, escrito pelo padre italiano André João Antonil. Por ensinar o caminho para as minas, D.João V mandou queimar o livro. “A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos como os das minas, que dificultosamente se poderá dar conta do número das pessoas que atualmente lá estão.” (Antonil,J.)

1711 – D. Antônio de Albuquerque, por ordem de João V, cria as três primeiras vilas de Minas.

8 de Abril – Vila Real de Nossa Senhora do Carmo (Mariana)

8 de Julho – Vila Rica do Pilar do Ouro Preto.

17 de Julho – Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará.

1711/ Mar.- Um alvará proíbe a importação de livros na Capitania das Minas.

1713 – Criação da Vila de São João del-Rei.

1713 – A Capitania é obrigada pagar 30 arrobas de ouro “pelo quintos”. “O quinto do ouro é um direito senhorial devido a Sua Majestade como fruto das terras de que a mesma senhora tem o domínio, para usar dela como com bem lhe parecer… Neste Reino, temos lei que determina que todos os metais que se tirarem, após fundidos e apurados, se pague a Sua Majestade o quinto…” (João T.Coelho-1780).

1714 – Criação da Vila do Príncipe (Serro) e da Vila Nova da Rainha (Caeté).

1715 – Criação da Vila de Nossa Senhora da Piedade (Pitangui).

1717 – Toma pose o governador D.Pedro de Almeida Portugal, o Conde de Assumar. Criação da Vila de São José do Rio das Mortes (Tiradentes).

1720/Jun. – Sedição de Vila Rica. Mineradores se revoltam contra a cobrança do Quinto do Ouro e a instalação das Casas de Fundição. Domingos Pascoal Silva teve sua propriedade incendiada e Felipe dos Santos foi enforcado em Vila Rica. A Capitania de São Paulo é separada da Capitania das Minas.

1720/Mar. – O Conde de Assumar proíbe na Capitania das Minas a prática de Rifas e Ações entre Amigos, em defesa dos interesses econômicos dos habitantes da Capitania.

1720 – Motim de Pitangui. Domingos Rodrigues Prado lidera o movimento contra a cobrança do quinto do ouro.

1725 – Instalação das Casas de Fundição. Proibição da circulação do ouro em pó e da profissão de ourives.

1726 – Jan. – Por ordem régia, o governador estabelece severas e drásticas restrições aos homens negros, ou de origem africana, vedando cargos e funções públicas.

1727 – Por carta régia, é proibida a abertura de estradas entre Minas e Goiás e entre Minas e Mato Grosso, inclusive sob pena de morte para quem abrisse tais caminhos.

1727/Jul. – O Conde de Bobadela ordena a expulsão dos ourives das capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, a apreensão das ferramentas e fechamento das oficinas.

1729/ 5 Jun. – Nasce, em Mariana, Cláudio Manoel da Costa.

A Coroa Portuguesa é comunicada oficialmente sobre a descoberta dos diamantes.

1731/Fev. – Por ordem régia, é autorizada a pena de morte na Capitania das Minas Gerais.

1733 – Acontece em Vila Rica a mais pomposa procissão realizada em Minas, a procissão do Triunfo Eucarístico.

“Para à tarde de 23 de maio, que se cumpria em um sábado, estava destinada a solene pompa da Transladação … Amanheceu o dia seguinte, vinte e quatro de maio, e as ruas destinadas à procissão prevenido todo o obséquio de festividade e magnificência…” (Simão F.Machado).

1734 – É criado no Arraial do Tijuco a Intendência dos Diamantes.

1735/1739 – A produção aurífera alcança 10.637 quilos.

1740 – Inicia-se no Arraial do Tijuco o Sistema de Contratos, que durou 31 anos. Os dados oficias registram para esse período uma produção de 1.354.770 quilates.

1742 – Nasce, no Rio de Janeiro, Inácio José de Alvarenga Peixoto.

1744/11 Ago. – Nasce, na cidade do Porto, Tomás Antonio Gonzaga.

1745 – Por carta régia, de 23 de abril, a Vila Real de Nossa Senhora do Carmo é elevada à cidade, com o nome de Mariana. Foi a primeira e única cidade de Minas no período Colonial.

O nome foi uma homenagem de D.João V a sua esposa, D.Maria Ana da Áustria.

Mariana se torna sede do primeiro bispado de Minas Gerais.

1746 – Nasce, na Fazenda do Pombal, situada na Vila de São João del-Rei, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

1748/15 Out. – D.Frei Manuel da Cruz, o primeiro bispo a tomar posse no recém criado bispado, entra em Mariana montado em um cavalo branco coberto com um caro tecido adamascado. Tem início a magnífica festa do Áureo Trono Episcopal.

1763/8 Nov. – Nasce, em Vila Rica, Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a famosa Marília de Dirceu, musa do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga.

1771 – Início do sistema da Real Extração no Distrito Diamantino.

1789/14 Mar. – O Visconde de Barbacena envia uma carta à Câmara de Vila Rica comunicando a suspensão da derrama, ou seja, a cobrança dos impostos atrasados.

1789/15 Mar. – Joaquim Silvério dos Reis apresenta sua carta delação ao Visconde de Barbacena.

1789/4 Jul. – É encontrado morto em sua cela, na Casa dos Contos, em Vila Rica, o advogado Cláudio Manuel da Costa.

1792/21 Abr. – É enforcado no Rio de Janeiro Joaquim José da Silva Xavier.

1792/5 Mai. – São enviados presos para a África os seguintes réus civis da Inconfidência Mineira: Tomás Antônio Gonzaga, Vicente Viera da Mota, José Aires Gomes, João da Costa Rodrigues, Antônio Oliveira Lopes, Vitorino Gonçalves Veloso, Salvador Carvalho do Amaral Gurgel.

1792/22 Mai. – São enviados presos para a África os seguintes réus civis da Inconfidência Mineira: José Martins Borges, José de Resende Costa, pai, José de Resende Costa, filho, Domingos Vidal de Barbosa, João Dias da Mota.

1792/24 Jun. – Os réus eclesiásticos seguem presos para Lisboa.

1792/24 Jun. – São enviados presos para a África os seguintes réus civis da Inconfidência Mineira: Inácio José de Alvarenga Peixoto, Luis Vaz de Toledo Piza, José Álvares Maciel, Francisco Antônio de Oliveira Lopes.

1805 – Antônio Francisco Lisboa termina as obras das Capelas de Passos e Profetas para a Basílica de Bom Jesus do Matozinhos, em Congonhas.

1808 -Começa a funcionar a fábrica de ferro do Morro do Pilar.

1812 – Barão de Eschewege começa suas experiências siderúrgicas na Usina Patriótica, em Congonhas

1814/18 Nov. – Falece em Vila Rica Antônio Francisco Lisboa. “Aos dezoito de novembro de mil oitocentos e quatorze faleceu Antônio Francisco Lisboa, pardo, solteiro. De setenta e seis anos, com todos os sacramentos, encomendado e sepultado em cova de Boa-Morte, e para clareza fiz passar este assento em que me assino. o coadjutor José Carneiro de Morais.’

1816 – As terras entre o rio Grande e o rio Paranaíba (Triângulo Mineiro) são anexadas a Capitania de Minas Gerais.

1821 – D. João VI autoriza a entrada e o estabelecimento das ordens religiosas na Capitania das Minas.

1823/24 Fev. – Por ordem de D. Pedro I, Ouro Preto é elevada à Imperial cidade de Ouro Preto.

1824/Jan. – Entra em circulação o primeiro jornal editado em Minas Gerais, com o nome de Abelha do Itacolomi. O periódico circulava em Ouro Preto três vezes por semana.

1826/16 Set. – Decreto autorizando o estabelecimento de companhias estrangeiras na Província de Minas Gerais.

1830 – Início das atividades da Companhia St. John d’el Rey Mining Limited.

1831/ 22 Fev. – Chega a Ouro Preto D.Pedro I acompanhado de sua esposa D.Amélia de Leuchtenberg.

1832/24 Out. – Um decreto da Assembléia Geral Legislativa manda que se restitua, a quem pertençam, os bens dos inconfidentes que ainda estejam incorporados ao tesouro nacional.

1835/Jan. – Instala-se em Ouro Preto a 1ª Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

1842 – A Província de Minas Gerais é agitada pela Revolução Liberal.

1853/9 Fev. – Falece em Ouro Preto, aos 86 anos, Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a Marília de Dirceu.

1873 – A população escrava de Minas Gerais é 381.893 negros.

1875/6 Nov. – Cria-se, pelo Decreto Imperial nº 6.026, a Escola de Minas de Ouro Preto.

1876/12 Out. – É inaugurada, em Ouro Preto, pelo engenheiro francês Henri Gorceix, a Escola de Minas.

1881/Mar. – Chega a Ouro Preto o Imperador D. Pedro II.

1888/Nov. – Acontece em Ouro Preto o primeiro Congresso do Partido Republicano Mineiro. Instalado o primeiro alto forno em Minas para a redução do ferro na Usina Esperança em Itabirito.

1889/23 Jul. – É inaugurado oficialmente o tráfego ferroviário em Ouro Preto. D.Pedro II, a Princesa Isabel e o Príncipe Pedro Augusto chegaram no primeiro trem.

1889/15 Nov – É proclamada a República no Brasil.

1889/Nov. – Por decreto do Governo Provisório, é nomeado governador de Minas Gerais o Sr. José Cesário Alvim.

1890 – O censo registra uma população de 3.184.099 habitantes no Estado de Minas Gerais.

1891/15 Jun. – Em sessão solene, em Ouro Preto, é promulgada a Constituição Política do Estado de Minas Gerais.

1892 – Fundação da Escola de Direito em Ouro Preto.

1893/17 Dez. – É assinado o decreto deliberando a transferência da capital de Ouro Preto para Belo Horizonte.

1897/12 Dez. – Com o nome de “Cidade de Minas”, é inaugurada a nova capital. Em 1901,o nome foi mudado novamente para Belo Horizonte.

1902/12 Set. – Nasce, em Diamantina, Juscelino Kubitschek.

1903 – Realizado o primeiro Congresso Agrícola, Industrial e Comercial de Minas Gerais.

1904 – Chegam a Minas Gerais, importadas da Índia, as primeiras cabeças de gado Zebu.

1906 – Afonso Augusto Moreira Pena assume o cargo de Presidente da República.

1910 – No XI Congresso Geológico Internacional ,em Estocolmo, é revelado o alto teor de ferro do minério das jazidas mineiras. Venceslau Brás Pereira Gomes é eleito Vice-Presidente na chapa do Marechal Hermes.

1914 – Wenceslau Bráz assume a Presidência da República.

1918 – Delfim Moreira da Costa Ribeiro assume a Presidência da República devido à morte de Rodrigues Alves.

1921 -Criação da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira.

1922 – Artur da Silva Bernardes toma posse como Presidente da República.

Criação da Escola Superior de Agricultura e Veterinária, em Viçosa.

1924 – O Decreto 4081 previa a concessão de empréstimos pela União exclusivamente às empresas nacionais organizadas com o objetivo de instalar usinas.

1926 – Fernando de Melo Viana assume o cargo de Vice-Presidente do Brasil.

1927 -Pela lei nº 956, o Presidente de Estado, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Filho, funda a Universidade de Minas Gerais.

1933/12 Jul. – Ouro Preto é declarada Cidade Monumento Nacional. Benedito Valadares Ribeiro é nomeado por Getúlio Vargas interventor para o Estado de Minas Gerais. Ocupou o cargo até 1945.

1936 – Rodrigo de Melo Franco de Andrade recebe o convite para ser diretor do recém-criado Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional. Ocupou a função por 31 anos.

1938/2 Dez. – Pelo Decreto-Lei nº144, foi criado o Museu da Inconfidência em Ouro Preto.

1941/20 Mar. – É criada a Cidade Industrial no município de Contagem.

1942 – Decreto-lei nº 4.352, de 1º de junho, lança as bases para a organização da Companhia Vale do Rio Doce.

1944 – Criação da Escola Municipal de Belas Artes (atual Escola Guignard) por Alberto da Veiga Guignard.

1945 – Carlos Drummond de Andrade publica o livro Rosa do Povo.

1946 – Guimarães Rosa publica o livro Sagarana.

1949 – A Universidade de Minas Gerais passa a ser vinculada ao governo federal pela lei nº 971, transformando-se na atual Universidade Federal de Minas Gerais.

1951 – O Governador Juscelino Kubitschek assume o governo de Minas, tendo como meta de governo o binômio “Energia e Transporte. “

1952 – Inauguração das Centrais Elétricas de Minas Gerais – CEMIG. Inauguração da Manesmann na Cidade Industrial.

1955/Abr. – Acontece o Primeiro Festival de Arte de Ouro Preto.

1956 – Juscelino Kubitschek assume a Presidência do Brasil.

1957 – As Centrais Elétricas de Furnas são criadas pelo Presidente Juscelino Kubitschek, com o objetivo de evitar um colapso energético da região centro-sul do Brasil.

1959 – Início da construção da Acesita, no município de Timóteo.

1961 – Inauguração da Usina de Três Marias, no rio São Francisco. Tancredo de Almeida Neves assume a função de Primeiro Ministro no governo do Presidente João Goulart.

1963 – O governador José de Magalhães Pinto participa da articulação do movimento político-militar que culminou no golpe militar de 1964.

1967/16 Nov. – João Guimarães Rosa é eleito para a Academia Brasileira de Letras.

1972 – Criação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA.

1976 – Início da construção da Aço Minas, em Ouro Branco.

1979 – Antônio Aureliano Chaves de Mendonça toma posse como Vice-Presidente no governo do Presidente General João Batista de Figueiredo.

1980 – Ouro Preto é a primeira cidade brasileira a ganhar o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

1980 – Visita do Papa João Paulo II a Belo Horizonte.

1984/15 Jan. – Tancredo de Almeida Neves é eleito presidente do Brasil pelo Colégio Eleitoral.

21 Abr. – Falece em São Paulo o Presidente Tancredo de Almeida Neves.

1989 – Itamar Franco é eleito Vice-Presidente do Brasil.

1991 – Belo Horizonte é apontada pelo Population Crisis Commitee como a melhor metrópole brasileira do ponto de vista do bem-estar populacional.

1992 – Acontece em Belo Horizonte o Encontro Internacional de Imprensa Meio-Ambiente e Desenvolvimento -Green Press.

1992 – Devido à renúncia do Presidente Fernando Collor de Melo, Itamar Franco assume a Presidência da República.

1997 – Belo Horizonte sedia o Terceiro Encontro das Américas – ALCA.

2000 – Criação da Secretaria de Estado do Turismo.

2001 – A população de Minas Gerais chega a 17.891.494 habitantes.

2004 – A Estrada Real, uma dos caminhos históricos mais importantes do Brasil, transforma-se em rota turística e é cantada no carnaval carioca pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.

2006 – Reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID em Belo Horizonte

2009 – Belo Horizonte é escolhida como uma das cidades sedes da Copa do Mundo de 2014

2009 – O Toque dos Sinos em Minas Gerais é registrado como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan
nos livros de Forma de Expressão e dos Saberes.

2010/04 Mar – Inaugarada a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, no bairro Serra Verde em B. Horizonte

BIBLIOGRAFIA – HISTÓRIA DE MINAS

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GOVERNADORES DE MINAS

Capitania do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais

1693 – Antônio Pais de Sande
1695 – Sebastião de Castro Caldas
1697 – Artur de Sá e Menezes
1702 – D. Álvaro da Silveira e Albuquerque
1705 – D. Fernando Martins Mascarenhas de Lencastro
1709 – Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho

Capitania de São Paulo e Minas Gerais

1710 – Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho
1713 – D. Brás Baltasar da Silveira
1717 – D. Pedro de Almeida, Conde de Assumar

Capitania de Minas Gerais

1720 a 1732 – D. Lourenço de Almeida
1732 a 1735 – André de Melo e Castro, Conde de Galveias
1735 a 1736 – Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela (primeira vez)
1736 a 1737 – Martinho de Mendonça de Pina e Proença
1737 a 1752 – Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela (segunda vez)
1752 a 1758 – José António Freire de Andrade
1759 a 1763 – Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela (terceira vez)
1763 a 1763 – António Álvares da Cunha, Conde da Cunha (interino)
1763 a 1768 – Luís Diogo Lobo da Silva
1768 a 1773 – José Luís de Menezes Abranches Castelo Branco, Conde de Valadares
1773 a 1775 – António Carlos Furtado de Mendonça
1775 a 1775 – Pedro António da Gama Freitas (interino)
1775 a 1780 – Antônio de Noronha
1780 a 1783 – Rodrigo José de Menezes e Castro
1783 a 1788 – Luís da Cunha e Menezes, Conde de Lumiares
1788 a 1797 – Luís António Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, Visconde de Barbacena
1797 a 1803 – Bernardo José Maria Lorena e Silveira
1803 a 1810 – Pedro Maria Xavier de Ataíde e Melo, Conde de Condeixa
1810 a 1814 – Francisco de Assis Mascarenhas
1814 a 1821 – Manuel Francisco Zacarias de Portugal e Castro

Província de Minas Gerais

1824 a 1826 – José Teixeira de Fonseca e Vasconcellos, Visconde de Caeté
1831 a 1833 – Manuel Inácio de Melo e Sousa, Barão de Pontal
1833 a 1833 – José de Araújo Ribeiro, Visconde de Rio Grande
1833 a 1834 – António Paulino Limpo de Abreu
1834 a 1836 – Manuel Dias de Toledo
1836 a 1837 – Antônio da Costa Pinto
1837 a 1839 – José Cesário de Miranda Ribeiro, Visconde de Uberaba
1839 a 1840 – Bernardo Jacinto da Veiga (primeira vez)
1841 a 1841 – Manuel Machado Nunes
1842 a 1842 – Carlos Carneiro de Campos, Visconde de Caravelas (primeira vez)
1842 a 1842 – Herculano Ferreira Pena (primeira vez)
1842 a 1843 – Bernardo Jacinto da Veiga 9segunda vez)
1843 a 1844 – Francisco José de Sousa Soares de Andréa, Barão de Caçapava
1844 a 1847 – Quintiliano José da Silva
1847 a 1848 – José Pedro Dias de Carvalho
1848 a 1848 – Bernardinho José de Queiroga
1848 a 1849 – José Ildefonso de Sousa Ramos
1850 a 1850 – Alexandre Joaquim de Sequeira
1850 a 1852 – José Ricardo de Sá Rego
1852 a 1853 – Luís Antônio Barbosa
1853 a 1853 – José Lopes da Silva Viana (vice-presidente)
1853 a 1856 – Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos (primeira vez)
1856 a 1857 – Herculano Ferreira Pena (segunda vez)
1857 a 1857 – Joaquim Delfino Ribeiro da Luz
1857 a 1860 – Carlos Carneiro de Campos, Visconde de Caravelas (segunda-vez)
1860 a 1860 – Manuel Teixeira de Sousa, Barão de Camargos (primeira vez) (vice-presidente)
1860 a 1860 – Joaquim Delfino Ribeiro da Luz (vice-presidente)
1860 a 1861 – Vicente Pires da Mota (Padre)
1861 a 1861 – Manuel Teixeira de Sousa, Barão de Camargos (segunda vez) (vice-presidente)
1861 a 1862 – José Bento da Cunha Figueiredo
1862 a 1862 – Joaquim Camilo Teixeira da Mota (vice-presidente)
1862 a 1862 – José Joaquim Fernandes Torres (vice-presidente)
1862 a 1863 – Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos (segunda vez)
1863 a 1864 – José Crispiniano Soares
1864 a 1864 – Fidelis de Andrade Botelho (vice-presidente)
1864 a 1865 – Pedro Alcântara Cerqueira Leite
1865 a 1867 – Joaquim Saldanha Marinho
1867 a 1868 – José da Costa Machado de Sousa
1868 a 1868 – Manuel Teixeira de Sousa, Barão de Camargos (terceira vez)
1868 a 1869 – Domingos de Andrade Figueira
1869 a 1870 – José Maria Correia de Sá e Benevides
1870 a 1870 – José Agostinho Ferreira Bretãs
1870 a 1871 – Antônio Luís Afonso de Carvalho
1871 a 1871 – Francisco Leite da Costa Belém (primeira vez)
1871 a 1872 – Joaquim Pires Machado Portela
1872 a 1872 – Francisco Leite da Costa Belém (segunda vez)
1872 a 1873 – Joaquim Floriano de Godói
1873 a 1873 – Francisco Leite da Costa Belém (terceira vez)
1873 a 1874 – Venâncio José de Oliveira Lisboa
1874 a 1874 – Francisco Leite da Costa Belém (quarta vez)
1874 a 1875 – João Antônio de Araújo Freitas Henriques
1875 a 1875 – Francisco Leite da Costa Belém (quinta vez)
1875 a 1876 – Francisco Bonifácio de Abreu, Barão da Villa da Barra
1876 a 1877 – Manuel Teixeira de Sousa, Barão de Camargos
1877 a 1878 – João Capistrano Bandeira de Melo
1878 a 1878 – Elias Pinto de Carvalho
1878 a 1878 – Francisco de Paula da Silveira Lobo
1878 a 1879 – Joaquim José de Sant´Anna (primeira vez)
1879 a 1879 – Manuel José Gomes Rebelo Horta
1879 a 1880 – Joaquim José de Sant´Anna (segunda vez)
1880 a 1880 – Graciliano Aristides do Prado Pimentel
1880 a 1881 – José Francisco Neto
1881 a 1881 – João Florentino Meira de Vasconcelos
1881 a 1882 – Joaquim José de Sant´Anna (terceira vez)
1882 a 1882 – Teófilo Benedito Ottoni
1882 a 1883 – José Joaquim de Sant´Anna (quarta vez)
1883 a 1884 – Antônio Gonçalves Chaves
1884 a 1884 – José Antônio Alves de Brito (primeira vez)
1884 a 1885 – Olegário Herculano d´Aquino e Castro
1885 a 1885 – José Antônio Alves de Brito (segunda vez)
1885 a 1886 – Manuel do Nascimento Machado Portela
1886 a 1887 – Francisco de Faria Lemos
1887 a 1887 – Antônio Teixeira de Sousa Magalhães, Barão de Camargos (primeira vez)
1887 a 1887 – Carlos Augusto d´Oliveira Figueiredo
1887 a 1887 – Antônio Teixeira de Sousa Magalhães, Barão de Camargos (segunda vez)
1887 a 1888 – Luís Eugênio Horta Barbosa
1888 a 1888 – Antônio Teixeira de Sousa Magalhães, Barão de Camargos (terceira vez)
1888 a 1889 – Antônio Gonçalves Ferreira
1889 a 1889 – Antônio Teixeira de Sousa Magalhães, Barão de Camargos (quarta vez)
1889 a 1889 – João Baptista dos Santos, Barão de Ibituruna.

Governo Provisório Republicano

17 de novembro de 1889 a 24 de novembro de 1889 – Antônio Olinto dos Santos Pires
25 de novembro de 1889 a 10 de fevereiro de 1890 – José Cesário de Faria Alvim (primeira vez)
11 de fevereiro de 1890 a 20 de julho de 1890 – João Pinheiro da Silva (primeira vez) (vice-governador)
20 de julho de 1890 a 23 de julho de 1890 – Domingos José da Rocha
24 de julho de 1890 a 11 de fevereiro de 1891 – Crispim Jacques Bias Fortes (quatro exercícios consecutivos)
12 de fevereiro de 1891 a 17 de março de 1891 – Frederico Augusto Álvares da Silva
18 de março de 1891 a 16 de Junho de 1891 – Antônio Augusto de Lima

Presidentes do Estado de Minas Gerais

16 de junho de 1891 a 18 de junho de 1891 – Eduardo Ernesto da Gama Cerqueira (primeira vez)
18 de junho de 1891 a 9 de fevereiro de 1892 – José Cesário de Faria Alvim (segunda vez)
9 de fevereiro de 1892 a 13 de julho de 1892 – Eduardo Ernesto da Gama Cerqueira
14 de julho de 1892 a 7 de setembro de 1894 – Afonso Augusto Moreira Pena
7 de setembro de 1894 a 7 de setembro de 1898 – Crispim Jacques Bias Fortes (segunda vez)
7 de setembro de 1898 a 21 de fevereiro de 1902 – Francisco Silviano de Almeida Brandão
21 de fevereiro de 1902 a 7 de setembro de 1902 – Joaquim Cândido da Costa Sena
7 de setembro de 1902 a 7 de setembro de 1906 – Francisco Antônio de Sales
7 de setembro de 1906 a 25 de outubro de 1908 – João Pinheiro da Silva (segunda vez)
27 de outubro de 1908 a 3 de abril de 1909 – Júlio Bueno Brandão (primeira vez)
3 de abril de 1909 a 7 de setembro de 1910 – Venceslau Brás Pereira Gomes
7 de setembro de 1910 a 7 de setembro de 1914 – Júlio Bueno Brandão (segunda vez)
7 de setembro de 1914 a 7 de setembro de 1918 – Delfim Moreira da Costa Ribeiro
7 de setembro de 1918 a 7 de setembro de 1922 – Artur da Silva Bernardes
7 de setembro de 1922 a 4 de agosto de 1924 – Raul Soares de Moura
4 de agosto de 1924 a 21 de dezembro de 1924 – Olegário Dias Maciel (primeira vez)
21 de dezembro de 1924 a 7 de setembro de 1926 – Fernando de Melo Viana
7 de setembro de 1926 a 7 de setembro de 1930 – Antônio Carlos Ribeiro de Andrada
7 de setembro de 1930 a 5 de setembro de 1933 – Olegário Dias Maciel (segunda vez)
5 de setembro de 1933 a 15 de dezembro de 1933 – Gustavo Capanema Filho

Interventores federais no Estado de Minas Gerais

15 de dezembro de 1933 a 4 de novembro de 1945 – Benedito Valadares Ribeiro
4 de novembro de 1945 a 3 de fevereiro de 1946 – Nísio Batista de Oliveira (Presidente do Tribunal de Justiça)
3 de fevereiro de 1946 a 14 de agosto de 1946 – João Tavares Correia Beraldo
14 de agosto de 1946 a 16 de novembro de 1946 – Júlio Ferreira de Carvalho
17 de novembro de 1946 a 20 de dezembro de 1946 – Noraldino Lima
21 de dezembro de 1946 a 19 de março de 1947 – Alcides Lins

Governadores do Estado de Minas Gerais

19 de março de 1947 a 31 de janeiro de 1951 – Milton Soares Campos
31 de janeiro de 1951 a 31 de março de 1955 – Juscelino Kubitschek de Oliveira
31 de março de 1955 a 31 de janeiro de 1956 – Clóvis Salgado da Gama
31 de janeiro de 1956 a 31 de janeiro de 1961 – José Francisco Bias Fortes
31 de janeiro de 1961 a 31 de janeiro de 1966 – José de Magalhães Pinto
31 de janeiro de 1966 a 15 de março de 1971 – Israel Pinheiro da Silva
15 de março de 1971 a 15 de março de 1975 – Rondon Pacheco
15 de março de 1975 a 5 de julho de 1978 – Antônio Aureliano Chaves de Mendonça
5 de julho de 1978 a 15 de março de 1979 – Levindo Ozanan Coelho
15 de março de 1979 a 15 de março de 1983 – Francelino Pereira dos Santos
15 de março de 1983 a 14 de agosto de 1984 – Tancredo de Almeida Neves
14 de agosto de 1984 a 15 de março de 1987 – Hélio de Carvalho Garcia (primeira vez)
15 de março de 1987 a 15 de março de 1991 – Newton Cardoso
15 de março de 1991 a 1 de janeiro de 1995 – Hélio de Carvalho Garcia (segunda vez)
1 de janeiro de 1995 a 1 de janeiro de 1999 – Eduardo Brandão de Azeredo
1 de janeiro de 1999 a 1 de janeiro de 2003 – Itamar Augusto Cautiero Franco
1 de janeiro de 2003 a 1 de janeiro de 2007 – Aécio Neves da Cunha
1 de janeiro de 2007 a 31 de março de 2010– Aécio Neves da Cunha
1 de abril de 2010 a – Antônio Augusto Junho Anastásia

PERÍODO COLONIAL

Compilação de textos da obra: Três Séculos de Minas
Professor Francisco Iglesias

1674, data referencial

A vida de Minas já decorreu sob o signo da mineração. O desejo de pedras e metais preciosos é que levou à procura e ao devassamento de seu território, desde o século 16; o encontro, no fim do século seguinte, provocou a vinda de muita gente e a concentração populacional ao longo do setecentos, a rápida montagem da máquina administrativa e sua projeção entre as outras capitanias; a natureza da atividade que se praticava trouxe a rápida decadência.

O Brasil é então eminentemente litorâneo, com populações e administradores apenas em alguns pontos. Tenta-se o sertão, mas as experiências são tímidas e sem continuidade. O que explica o movimento é o desejo de achar pedras e metais preciosos – esmeraldas, diamantes, prata, ouro. Daí as entradas de Vasco Rodrigues Caldas, Martim de Carvalho, Sebastião Fernandes Tourinho, Antônio Dias Adorno, seguidas de outras, como as de Robério Dias e Marcos de Azevedo, em busca de prata e esmeraldas, de roteiro discutível ou mesmo de existência duvidosa.Tornaram-se, sobretudo, tema de ficção.

O governo português incentiva essas penetrações, que partem da Bahia, Porto Seguro e Espírito Santo, ou de São Paulo para o Sul. Forma-se mesmo na época a idéia de que riqueza é metal precioso, uma das fontes do pensamento econômico mercantilista, que domina o Ocidente do século 15 ao 18, imprimindo a marca ao período que se convencionou chamar Idade Moderna. O que se encontra no Brasil é pouco, mas não desanima o administrador, que prossegue na busca no século 17.

Os reis e autoridades escrevem aos senhores abastados, com o incentivo à aventura. O mais contemplado com esses apelos reais e de governantes, que tanto deviam falar ao orgulho paulista, foi Fernão Dias Pais, que recebeu pedido para ajudar Barbalho Bezerra em 1664 e depois outros, para que ele mesmo organizasse expedições.

O sertanista convence-se de que deve sair em buscadas esmeraldas, preparando a entrada, que deve contar com sua enorme parentela, amigos e agregados, além de índios e mamelucos. O preparo é longo, com sacrifícios para armar a expedição. A primeira parte sai em 1673, sob o comando de Matias Cardoso. A principal, dirigida por Fernão Dias Pais, deixa São Paulo em 21 de Julho de 1674.

Assinale-se aqui sua importância, pelo fato de que é verdadeira abertura do território mineiro à exploração. Fernão Dias tornou-se mesmo o símbolo do entradista na área: constituiu arraiais, fez plantações percorreu longo trecho do território. Depois de andanças, estabeleceu “o primeiro arraial na Ibituruna (Serra negra), o mais antigo lar da pátria mineira”, segundo Diogo de Vasconcelos.

Fixado alguns anos no sumidouro, foi mais para o norte, até Itacambira, onde teria encontrado as pedras verdes,que supôs fossem esmeraldas. No regresso, morreu de febre próximo ao rio das Velhas, quase à chegada ao Sumidouro, em que se estabelecera. As pedras que supunha preciosas, convenientemente examinadas, viu-se que eram destituídas de valor.

É decisiva na história de Minas, portanto, a bandeira de Fernão Dias Pais: daí a apresentação de 1674 como data referencial.

A capitania e a mineração

Há vagas notícias de achados de ouro por gente de bandeira de Fernão Dias. Só tem segurança, porém,oficialmente, na última década do século 16, talvez em 1693, pelo trabalho de Antônio Rodrigues Arzão. A data e o nome pouco importam: o que conta é que na última década se acha ouro e começa a corrida para as minas, de gente que vem de todos os pontos. Em poucos anos, o território, então habitado apenas por índios, tem procura intensa. É tal o número que logo se formam núcleos.

O que importa é a riqueza, nada mais. Não há lei a respeitar, princípio a seguir, autoridade a impor-se. Vêm homens da Bahia, do Rio de Janeiro, aumenta a vinda de portugueses, quase todos para as terras centrais.

Há crises de todo tipo, com falta de alimentos, que provocam a carestia, as fomes as epidemias, pela ausência de cuidados e poder constituído. Forma-se logo o conflito: os paulistas, primeiros povoadores, que acharam ouro, supõem-se donos de tudo, tratando como inimigos os demais – os “emboabas” são os que vêm de outras terras, portugueses ou brasileiros que não de São Paulo. Trava-se terrível conflito, entre 1707 e 1709, conhecido por guerra dos emboabas.

O resultado da luta, fatal, foi a derrota paulista: o adversário era mais numeroso e tinha aparelhamento e recursos. Derrotado, o paulista tem que ir para outras áreas. O principal é que a autoridade, até aí falha, tenta princípio de organização, criando em 1709 a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro.

O principal conflito é contra o pagamento do imposto na forma prevista, ou seja, o quinto nas casas de fundição, que eclode na chamada rebelião de Vila Rica, em 1720,asperamente reprimida pelo governador, Conde de Assumar. Foi uma sedição de portugueses contra o fisco, não mais. O principal resultado da luta é a criação da Capitania de Minas Gerais, em 1720, separada de São Paulo, para o êxito na administração.

Com policiamento severo, autoridades rigorosas, que o patrimônio a defender é o que preocupa a Coroa. Esta passa mesmo a girar em torno de Minas, que se torna a unidade importante do Império: se o fato lhe valeu a organização político-administrativa e até o aumento de território.

O que Minas apresenta de singular é a economia, como se estuda a seguir. Esta condiciona sociedade característica, diversa da de outros pontos e que vai marcar a política, como notas peculiares. Daí dizer-se que o século 18 é das Minas.

Economia

Explora-se o que se encontra na superfície – o ouro aluvional -, que é fácil: o de mina requer técnica e capital. Nos primeiros anos tudo é viável, depois vai sendo difícil. Entretanto,não se cogita de melhorar a tecnologia: se há atenções para as encostas – grupiaras – e, abertura de minas, tudo é rudimentar. Nunca veio de Portugal um engenheiro, um geólogo, um mineralogista, mas só agente do fisco.

Aqui está anota decisiva: para a Metrópole, conta é a atividade fiscal; quer arrecadar, sem perceber que forma superior de trabalho aumentaria seus rendimentos. Tanto é verdade o fato que a grande entidade do século é o imposto, sobretudo o quinto:pelo direito português , o sub-solo é da Coroa, toda exploração mineral deve ser feita pelo governo. Como este não tem recursos para a tarefa, permite que o particular o faça, reservando-se vinte por cento de tudo – ou seja, o quinto.

Melhor meio de obediência era o das casas de fundição, pelo qual se bateu o administrador: o ouro colhido, levado a esses postos, seria reduzido a barras, sistema que facilita a cobrança e incide sobre os que dedicam ao labor.

Em 1725, é que são realidade as casas de fundição, com alto aumento na cobrança, que chega a cem arrobas. A solução, como as anteriores, não evitava o contrabando, realidade comum. Calculava-se que o extravio fosse igual ou superior aos pagamentos. Para evitá-lo é que se instalavam os postos de fiscalização, os registros, ou se evitava o movimento para o norte ou se proibia a construção de estradas para o leste, onde se refugia o índio.

Proíbe-se o ouro em pó, bem como a profissão de ourives. Desde o fim de 1763/64 que não se atinge o exigido. Apela-se, como se fizera já algumas vezes, para a derrama; ainda assim, apesar do rigor, não se consegue a quota. E o declínio é crescente e irremediável. Evita-se a derrama, pela insatisfação geral que pode conduzir a lutas, como se dá com suspensão da medida em 1788 – seria o pretexto para a imaginada conjuração.

Lembre-seque o fisco não se resume ao quinto, pois ainda há outros tributos, como os direitos de entradas e passagens, eventuais para a reconstrução de Lisboa ou dotes de príncipes – eufemisticamente chamados “subsídios voluntários” – e depois o que se destina à educação – “subsídio literário”..

Além do ouro, contou o diamante. Encontrado em ribeirões da Comarca do Serro Frio, o Tejuco e adjacências foram pontos dessa exploração que se fez em condições particularíssimas. Para eficiência administrativa, cria-se em 1734 a Intendência dos Diamantes. Se Minas se distinguia por ser a mais atingida pelo despotismo, o Tejuco será a mais castigada.

A demarcação dá origem ao Distrito Diamantino, como Tejuco como centro. Os terrenos foram evacuados, a mineração proibida. A Intendência dispunha de liberdade absoluta, ligando-se a Lisboa – o que gera conflitos de autoridade com o governo de Minas. Severamente patrulhado, era um estado dentro do Estado, pondo em risco a unidade da Capitania.

O intendente resolveu a exploração pela forma de contratos. Desde 1739 aparecem os contratadores, chegam a criar lendas, muito do agrado romântico. Depois, a exploração passa à Coroa, 1771, época da Real Extração, monopólio régio – parte do programa de restauração econômica traçado e conduzido por Pombal. Se as condições eram duras, passam a ser duríssimas. É a vez do ‘Regimento Diamantino”, ou “Livro da Capa Verde”, como designou o povo. Fortalece-se de vez o terror naquelas terras.

No Brasil se colhia a pedra, para lapidação na Europa – e não em Portugal, mas em Amsterdã.Só houve oficina de lapidação em Minas bem avançado o século 19. Quem mais lucrou foi quem fez o trabalho final e colocou a pedra no mercado. Portugal, o Brasil e Minas ganharam menos.

O mesmo problema pode ser levantado a respeito do ouro, que foi dar maiores lucro sobretudo a outros – no caso a ingleses. É que Portugal estava preso à Inglaterra, por compromissos formais, situação que vinha de séculos anteriores,como se poderia demonstrar com vários Tratados. Agora, é o de 1703, conhecido como de Methuen, que estabelece que Portugal “para sempre” importaria manufaturas e exportaria vinhos, em renúncia a ser país industrial para ser agrícola.

É curioso que o acordo fosse feito quando se descobria o ouro no Brasil, a poucos anos de seu encontro. Assim, pelos tecidos, instrumentos simples, artigos de luxo e até gêneros alimentícios, devido a compromissos e à falta de senso administrativo, Portugal trocou o seu ouro.

Quanto ao Brasil, senão trouxe maior desenvolvimento e prosperidade, o ouro significou muito: despertou as atenções para atividade não agrícola; deslocou o eixo econômico do nordeste para o sul, o que leva à mudança da Capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763; foi o primeiro relacionamento entre as partes, até então isoladas: para Minas vêm mercadorias de São Paulo, do Rio de Janeiro, da Bahia, do Rio Grande do Sul.

Sociedade

É confusa a sociedade mineira, de difícil domínio, o que se explica pelo caráter de aventura que é típico da mineração. Ela não forma ordem estável como na zona agrícola,que exige tranqüilidade para sobrevivência: agricultura é segurança,estabilidade, labor contínuo e em terras contíguas, enquanto mineração,sobretudo em moldes primitivos, como se praticava, é insegurança, movimento – acata impõe a mobilidade, vai-se onde há riqueza: logo esgotada, procura-se outra terra.

O que há mais digno de nota na sociedade mineira que a distingue do resto do país, são alguns traços aos quais se sobrepõem dois: urbanização e menos estratificação. De modo resumido, pode-se dizer que Minas é a primeira parte do Brasil que tem processo de urbanização apreciável.

A atividade econômica é exclusivista: o mineiro vive em função da busca, tem de comprar quanto necessita. Estabelecem-se pois inúmeros centros para o comércio, que é preciso adquirir tudo.Terá sido o comércio o principal fator urbanizante: em torno da venda, como de capelas, ajuntam-se casas e surgem arraiais. Ao lado do comércio, a Igreja: as funções religiosas, com missas, batizados, casamentos,exéquias, festas atraíam os povos. Alguma capela é sempre ponto de referência na origem de cidades.

O governador era a maior autoridade, representante do rei. Teve muito poder, apesar de sérias limitações quanto à justiça e aos assuntos da Igreja. Não foi fácil o exercício pela dispersão dos núcleos, que afrouxava o poder, ou pelo desencontro com funcionários, quando o burocrata era intransigente na observância dos deveres e o governador arbitrário,fato comum.

Entre os nomes que governaram Minas houve militares experientes, de prestígio anterior ou posterior – caso de Assumar; diplomatas, como André de Melo e Castro, Conde das Galveias; nobres de alta linhagem,como o Conde de Valadares, investindo com a idade de vinte e seis anos. O nome de mais relevo foi Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela, que governou por mais tempo.

Se à desordem dos primeiros decênios sucedeu a relativa ordem depois, houve sempre o desajuste, com os conflitos que se multiplicam e já referidos. A contestação foi a norma. Relembre-se Assumar; ”o clima de rebelião é como que o oxigênio que se respira nestas Minas.”

Entre os muitos movimentos, um se sobrepõe: a chamada conjuração de 1788-89. A decadência econômica,população considerável e processo social diversificado levam às confabulações. Minas tem grande número de pessoas ilustradas, que haviam estudado em Coimbra e trazem a pregação do Enciclopedismo – filosofia dominante na Europa e com seguidores na América, entre intelectuais.

Ao lado da pregação das idéias francesas,consigne-se a influência da liberdade das colônias inglesas, que formam a República dos Estados Unidos. A pobreza de Minas e também de todo o Brasil é clima favorável à adoção das novas idéias, como se dá também nas colônias espanholas. Minas tem quadro propício à revolução: massa populacional, diversificação de grupos, certa vitalidade urbana, culminando na crise financeira.

Com a decadência, é impossível pagar os impostos devidos, o que leva à dívida de 59 arrobas de ouro em 1788. Para cobra-la, através da derrama, é que vem o Visconde de Barbacena. O povo não pode pagar, o que dá aos conspiradores, o pretexto para o movimento.

Trama-se há algum tempo, entre magistrados, escritores, militares, comerciantes, padres, o povo em geral. A todos sobrepõe-se a figura do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que vive o propósito emancipador. Já estudantes brasileiros na Europa – Joaquim José da Maia, por exemplo – pensavam na Independência, chegando ingenuamente a pedir apoio do embaixador dos Estados Unidos na França.

Um deles, José Álvares Maciel, de volta, formado, encontra-se com Tiradentes: nessas conversações é que as idéias adquirem consistência. Dos encontros, no Rio, e em Minas, chega-se à programação de uma República, com capital em São João del-Rei e Universidade em Vila Rica. Desenhou-se a bandeira, com o lema “libertas quae sera tamen.” Não houve unanimidade quanto à forma de trabalho, que alguns conjurados eram ricos senhores de escravos. Os recursos naturais seriam bem aproveitados, com os conhecimentos mineralógicos de Álvares Maciel, que visitara a Inglaterra, inteirando-se do nascente industrialismo.

Tramou-se muito, sem a devida cautela, em Vila Rica, ao longo do caminho para o Rio, no Rio. A idéia não demorou a ser conhecida das autoridades, para o que contribuiu a denúncia de muitos dos que participavam das articulações. Viam assim modo de se livrarem de dívidas – caso de Joaquim Silvério dos Reis, o principal -, ou da condenação – caso de outros, que no desespero escrevem denúncias.

O Visconde de Barbacena suspende a derrama, tirando o pretexto para o movimento.Inicia-se o processo, com a prisão dos indicados, em inquéritos longos, em Minas e no rio, como se lê nos Autos da Devassa. O planejamento era débil, o êxito impossível. O comportamento de quase todos é de indecisão ou mesmo fraqueza extrema.

O resultado foi a condenação à morte dos principais, transformada, por ordem da rainha, em degredo para África ou outras penas. A de morte,por enforcamento, coube ao chefe Joaquim José, que teve atitude admirável,responsabilizando-se por tudo. A execução teve lugar dia 21 de abril de 1792. Apesar de objeto de muitos estudos, a vulgarmente chamada Inconfidência ainda apresenta problemas a serem esclarecidos.

A conjuração é o momento mais expressivo da história de Minas no século 18; tornou-se mesmo o símbolo da região, no que tem de mais nobre. Se não teve êxito, que não havia condições e foi fraco o plano geral, não se pode negar o papel que representou no encaminhamento do processo da independência, que se verificaria trinta anos depois. Foi o principal antecedente da emancipação, que teve ainda outros, em conjurações no Rio, na Bahia e em Pernambuco.

Artes

A exploração mineral, gerando sociedade numerosa e diversificada, apreciável vida urbana, provocou a construção de muitas obras de arte, desde os primeiros anos.São sobretudo capelas, igrejas e chafarizes.

A construção foi sendo depurada, das formas simples das capelas do início do século à importância e refinamento das igrejas de meados e fim do 17 e início do 19: lembre-se, como ilustração,a mais bela de todas, a São Francisco de Assis de Ouro Preto, projeto do Aleijadinho e que também aí produziu algumas das suas melhores esculturas, completada com a pintura do teto por Ataíde, talvez o que de mais alto se fez no gênero no Brasil antigo. Pela sua leveza, é a menos barroca no conjunto. São mais barrocas as do Pilar, Conceição, em Ouro Preto, as matrizes de Cachoeira do campo e São José del-Rei, bem como outras igrejas e capelas da primeira metade.

As artes plásticas, como escultura, atingem o ponto alto no adro de Congonhas , com os passos e os profetas, com algumas figuras que se colocam no plano da melhor produção universal (Daniel, por exemplo, ou certos Cristos dos Passos).

Não se pode deixar de referir que houve, para tantas construções, centenas de artistas, entalhadores,escultores, pintores, mestres. Portugueses alguns, que traziam técnicas e conhecimentos superiores, brasileiros o maior número. Muitos são conhecidos, a pesquisa atenta revelará outros, bem , como a formação que tiveram e as influências recebidas.

Entre todos, avulta um nome que não pode ficar sem referência – Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), que nasceu em Ouro Preto, trabalhou em vários lugares, produziu centenas de obras, em que deixou a marca de gênio criador que o coloca no plano dos grandes escultores.

1711 – 2011 – MARIANA, OURO PRETO,
SABARÁ – 300 ANOS DE HISTÓRIA

Minas Gerais
Igreja de São Pedro dos Clérigos
Minas Gerais
Igreja de Santa Ifigênia
Minas Gerais
Rua Pedro II

300 anos de elevação de seus povoados iniciais à categoria de vila.

Mariana
8 de abril de 1711 – criação da Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo e Albuquerque

14 de abril 1712 – aprovação por D. João V com modificação do nome para Vila de Nossa Senhora do Carmo

Ouro Preto
8 de julho de 1711 – criação da Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar e Albuquerque

15 de dezembro de 1712 – aprovação por D. João V com modificação do nome para Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto.

Sabará
17 de julho de 1711 – Criação da Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará.

9 de janeiro de 1715 – confirmada por provisão do conselho real

No final da primeira década do século 18 a Coroa Portuguesa tinha uma certeza – a promissora riqueza da Capitania das Minas. O afluxo de homens de toda espécie era imenso, a região vivia sem ordem e sem lei e o primeiro movimento armado eclodiu entre os anos de 1708 e 1709, na chamada Guerra dos Emboabas.

Para que a Coroa pudesse usufruir de toda a riqueza – em formas de taxas e impostos – que brotava do solo do recém descoberto território, havia a urgência da organização política administrativa da capitania.

As primeiras medidas foram: criação da capitania de São Paulo e Minas do Ouro através da Carta Régia de 9 de novembro de 1709, sendo Antônio de Albuquerque seu primeiro governador; elevação da vila de São Paulo à cidade em 11 de julho de 1711; instalação do governo na região das minas. O governador foi transferido da Vila de São Paulo para a Capitania da Minas e o arraial do Ribeirão do Carmo, futura cidade de Mariana, passou a sediar a capital. O governador tinha a missão de organizar a capitania – política, administrativa e economicamente.

No início de 1711 o governador D. Antônio de Albuquerque Coelho e Carvalho, recebeu a ordem para escolher três povoados para serem elevados a vila.

O primeiro povoado escolhido foi o do Ribeirão do Carmo, no qual D. Antônio residia. Em 8 de abril de 1711 o governador convocou uma junta de moradores e comunicou a decisão de dar o título de vila ao povoado. A junta declarou que “queriam viver em república sob as leis comuns do Reino e obediência a Sua Majestade e se obrigaram por termo aos gastos da instalação na vila.” (História Antiga das Minas Gerais, 2º vol. Diogo de Vasconcelos. 1974)

No mesmo dia o governador erigiu a Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque. Surgia da primeira vila da Capitania das Minas.

Em 14 de abril de 1712 D. João V aprovou a criação da vila, mas simplificou o nome para Vila de Nossa Senhora do Carmo.

No local onde hoje está Ouro Preto pessoas afluíam de todas as partes, do reino e da colônia. A região era extremamente rica. Povoados foram surgindo ao longo dos riachos, arraial da Boa Morte, arraial do Bom Sucesso, arraial de Antônio Dias e outros. Em 8 de julho de 1711, todos esses arraiais foram unificados na Vila Rica do Pilar do Ouro Preto

Era grande o numero de paulistas e errantes que chegavam ao local seduzidos pelas notícias da descoberta de ouro. Devido à generosidade das reservas auríferas, o arraial de Sabará tornou-se populoso, o que lhe valeu, em 1711, a elevação à vila – a Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Sabará abarcando também os outros arraiais.

“Aos dezessete dias do mês de julho, de mil setecentos e onze, neste Arraial da Barra do Sabará e casa em que se acha o Senhor Governador e Capitão-general Antônio de Albuquerque Coelho e Carvalho, achando-se presentes em uma Junta Geral, que o dito Senhor ordenou para este mesmo dia, as pessoas e moradores principais do dito arraial e distrito dele, e do Rio das Velhas, lhes fazem presentes, o dito senhor, que na forma das ordens de S.M. que Deus Guarde, determinado levantar uma povoação e Vila neste dito distrito e arraial, que compreendesse os arraiais sobreditos, por ser o sítio mais capaz e cômodo para ela, e que como para esta se erigir, era conveniente e preciso, concorrerem os ditos moradores para as fábricas de igrejas e Casa de Câmara e cadeia…e desejavam que esta sua nova Vila intitulasse Vila Rela de Nossa Senhora da Conceição por ser padroeira de sua paróquia. E de como assim se ajustou, mandou o dito Senhor Governador, fazer aqui este termo, que todos assinaram.”

GUERRA DOS EMBOABAS

Época
Fins do século 17 e primeira década do século 18
1707 a 1709 – pela historiografia tradicional

Local
Região do rio das Velhas – Arraial de Caeté – Arraial de Sabará
Serra de Ouro Preto
Região do rio das Mortes – Arraial da Ponta Morro (Tiradentes), Porto Real da Passagem (São João del-Rei)

Envolvidos

Reis de Portugal

D. Pedro II
D. João V

Governadores da Capitania do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo
D. Fernando Martins Mascarenhas de Lencastre – 1705-1709
D. Antonio de Albuquerque Coelho e Carvalho – 1709-1713

Paulistas
No grupo dos paulistas, destacaram-se:
Manuel de Borba Gato
Domingos da Silva Monteiro

Emboabas
No grupo dos emboabas, destacaram-se:
Manuel Nunes Viana (popular, carismático, líder natural)
Bento do Amaral Coutinho
Frei Francisco de Meneses
Frei Simão de Santa Rita
Antônio Francisco da Silva
Francisco Antônio do Amaral Gurgel

O momento

O final do século 17 trouxe novas expectativas para a Coroa Portuguesa, ávida de descobertas de metais preciosos; rios e ribeirões fartos em ouro começavam a ser descobertos por paulistas vindos de Taubaté e da Vila de São Paulo. No ano de 1694, a bandeira de Fernão Dias Paes percorreu vastas regiões do território que formaria no futuro as Minas Gerais; os primeiros indícios de ouro foram encontrados, e os primeiros núcleos de povoamento estavam se estruturando.

A partir de Fernão Dias, o “caminho estava aberto”, e bandeiras começam a percorrer o Sertão dos Cataguás, primeira denominação das novas terras. Os achados do precioso metal se multiplicam, e os povoados surgem na mesma proporção.

As bandeiras que participaram desse primeiro momento, todas oriundas de São Paulo, foram: José Gomes de Oliveira (1691), Antônio Rodrigues Arzão (1692), Bartolomeu Bueno de Siqueira (1694), Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça (1695), Antônio Dias (1698) e Padre João de Faria Bicalho (1698).

Nos primeiros anos do século 18, novas bandeiras continuam se aventurando, mais descobertas são realizadas, novos povoados surgem, e os antigos povoados se estruturam. Esse cenário era dominado pelos paulistas, mas as notícias das descobertas atraíram todo tipo de aventureiros da Colônia e de Portugal.

A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos como são os das minas, que dificultosamente se poderá dar conta do número das pessoas que atualmente estão lá… A mistura é de toda a condição de pessoas: homens e mulheres, moços e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, seculares e clérigos de diversos institutos, muitos dos quais não têm no Brasil convento nem casa(A. J. ANTONIL, 1711).

A atividade mineradora dos paulistas se concentrava principalmente no rio das Velhas, em Ouro Preto, em Mariana e no rio das Mortes. Uma carta régia datada de 18 de março de 1694 garantia aos descobridores a posse das minas; em troca, deveria ser pago à Real Fazenda o quinto pelos mineradores. “Foram os descobridores e conquistadores das ditas minas a custa de suas vidas e gasto de sua fazenda sem dispêndio da fazenda real” assim justificava a petição enviada a Lisboa pela Câmara da Vila de São Paulo, em 7 de abril de 1700.

Essa atitude confirmava a aspiração do monopólio das minas pelos paulistas e prenunciava iminentes conflitos. Artur de Sá e Menezes, governador da capitania do Rio, São Paulo e Minas, recebeu do rei o pedido que opinasse a respeito da situação e a ordem para não conceder sesmarias nas terras auríferas antes de elaborar um regimento. A partir de então, as terras só poderiam ser distribuídas de acordo com as determinações do regimento.

A nova resolução deixou os paulistas profundamente desgostosos ao perceberem que forasteiros, assim eram vistos os portugueses, seriam beneficiados pelo regimento. Os ricos negociantes portugueses do Rio de Janeiro aproveitaram a oportunidade para se estabelecerem na região das Minas.

Os protestos paulistas logo surgiram. Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão e responsável pela abertura do Caminho Novo, hoje Estrada Real, que ligava a região das Minas ao Rio de Janeiro, considerava a medida abusiva e injustificada.

A cada dia aumentava o número de forasteiros na região, que chegavam de todas as partes da colônia e da metrópole portuguesa. Nos primeiros anos que se seguiram às descobertas, o ouro era de fácil extração; o chamado ouro de lavagem exigia pouco esforço, mas essa fase foi breve.

Na metade da década de 10 do século 18, a atividade mineradora passou a exigir técnicas mais aprimoradas e mão-de-obra em grande número. Eram necessários instrumentos para o trabalho hidráulico de desmonte de terras e escravos. Difícil para os inexperientes e descapitalizados paulistas adaptarem às novas exigências.

O abastecimento de gêneros alimentícios sempre foi um dos graves problemas da região das minas. O ano de 1701 é conhecido como o ano da fome, quando paulistas foram obrigados a abandonar as minas. Na tentativa de organizar o abastecimento, a administração portuguesa autorizou a capitania da Bahia a enviar gado de corte. Através do rio São Francisco, criou-se um caminho natural entre os sertões baianos e a região das minas. Os paulistas, ao retornarem aos pontos de mineração, encontraram-nos já de posse dos emboabas.

O caminho da Bahia se tornou também uma via de contrabando, principalmente de escravos que eram deslocados dos engenhos de açúcar do Nordeste em crise.

O termo emboaba

A rivalidade entre forasteiros e paulistas era cada vez mais latente, e inevitável se tornou o embate. O grupo dos forasteiros era formado por portugueses e brasileiros, principalmente baianos, que eram chamados pelos paulistas de emboabas. Existem algumas versões sobre o vocábulo; para J. Soares de Melo e Taunay, emboaba significa estrangeiro, forasteiro ou inimigo.

Para outros, é a designação de uma espécie de ave que tinha as pernas cobertas de penas, uma alusão aos portugueses que calçavam botas. É bom lembrar que a realidade era bem diferente da iconografia tradicional que mostra bandeirantes usando botas; na verdade, eles andavam descalços. Daí a utilização do termo emboaba para identificar o grupo antagônico.

Segundo Teodoro Sampaio, o vocábulo tem origem na corruptela de amoába ou amboába, que servia para designar forasteiro ou português. Mas também aceita a versão de mboába, corruptela boava, que significa vestido, coberto, alusão às longas botas que eram calçadas pelos portugueses.

O historiador Diogo de Vasconcelos dizia que o termo significava “pinto-calçudo”; pinto-calçudo é um pinto que tem as pernas revistas de plumagem. Novamente uma insinuação aos calçados dos forasteiros.

Para o estudioso da língua portuguesa Macedo Soares, emboaba nunca significou calçudo, pernivestido ou expressão de desprezo. Mas apenas estrangeiro, homem de fora, inimigo de outra raça.

O conflito

Hoje, primeira década do século 21, o conflito entre paulistas e forasteiros vem ganhado novos estudos e abordagens. Historiadores que se dedicam às recentes interpretações afirmam que a “guerra” na verdade foi uma série de incidentes.

O termo “Guerra dos Emboabas” começou a ser utilizado pela historiografia do século 19 e assim continuou ao longo do tempo, além do episódio ter sido pouco estudado. A escassa documentação de época se refere a levante ou levantamento.

Na verdade, o termo ‘guerra’ acaba por ocultar o fato de que foram os emboabas que insurgiram contra o domínio paulista, ao que sucedeu uma tentativa malograda de expulsá-los da região mineradora. Tratou-se, portanto, de uma rebelião, e não do embate simultâneo de dois grupos rivais (Guerra dos Emboabas: novas abordagens e interpretações, Adriana Romeiro, 2007).

A tensão entre os dois grupos acabou gerando algumas mortes; definitivamente os paulistas não aceitavam a ascensão dos emboabas. Uma ocorrência grave foi o contrato para estabelecimento dos açougues na região, arrematado por Frei Francisco de Menezes e Francisco do Amaral Gurgel.

Uma das mais sérias dificuldades encontradas pelos residentes das minas era a questão dos gêneros alimentícios – difícil de ser encontrados e com preços elevados. O preço da carne monopolizada pelos dois arrematantes era exorbitante; assim, o descontentamento era geral, principalmente por parte dos paulistas.

Incidentes graves

O assassinato de um negociante português casado com uma paulista que morava na região do rio das Mortes inflamou os ânimos dos moradores, uns diziam que o ato fora cometido por índios carijós, outros alegavam que o assassino era um paulista. Temerosos pediram ao governador garantias para segurança local. O governador tentou amenizar a situação nomeando em junho de 1706 Pedro de Morais Raposo, um paulista de prestígio para regente do Rio das Mortes. Enquanto isso o emboaba Francisco do Amaral Gurgel foi nomeado capitão-mor de Ouro Preto.

Outro incidente ocorreu provavelmente no final de 1707. Um português foi acusado pelo paulista Jerônimo Pedroso de Barros de roubar uma espingarda. Os ânimos ficaram alterados, mas não chegou a acontecer mortes.

O terceiro acidente exaltaria os ânimos definitivamente. Um mameluco bastardo do rico paulista José Pardo assassinou um português; a reação foi rápida, os emboabas encolerizados se reuniram na porta da casa de Pardo exigindo que o mameluco fosse entregue, mas este já havia fugido; a casa foi invadida, e José Pardo, morto.

Manuel Nunes Viana

Manuel Nunes Viana, português, carismático e rico, estabeleceu-se na região das minas como comerciante de gado e gêneros alimentícios. Antonil, que passou pela região das Minas na primeira década do século 18, diz em seus relatos que a fortuna de Manuel Nunes era calculada em 50 arrobas de ouro. Possuía fazendas na região do São Francisco, lavras em Caeté. Sua aptidão para liderança o fez chefe dos emboabas. Os incidentes entre os dois grupos exacerbaram os ânimos, e os emboabas alvoroçados aclamaram Manuel Nunes Viana governador das Minas.

As opiniões sobre Manuel Nunes Viana se dividem; o conde de Assumar, governador de Minas no período de 1717 a 1720, inimigo de Nunes Viana, em carta ao vice-rei Marquês de Angeja, datada de 6 de junho de 1717, trata-o como com “facinoroso caudilho, autor de levantamentos e desordens”.

Doutor Cláudio Manoel da Costa, o inconfidente, escreveu:
Fazendo justiça é certo que entre os rebeldes e levantados daquele tempo tinha melhor índole, que todos, o suposto governador Manuel Nunes Viana; não consta cometesse por si ou por algum de seus confidentes positivamente alguma ação nociva ao próximo: desejava reger com igualdade o desordenado corpo que se lhe juntou; acolhia afavelmente a uns e outros; socorria-os com seus cabedais; apaziguava-os, compunha-os e os serenava com bastante prudência; ardia porém por ser Governador das Minas e, se tivesse letras, se poderia dizer, que trazia em lembrança a máxima de César: Si violandum est jus, gratia regnandi violandum est.

A obra Instruções para o governo da Capitania, de 1780, escrita pelo desembargador José João Teixeira Coelho, traz o comentário:Manuel Nunes Viana arrogou a si o governo e a administração da Real Fazenda, em que não houve descaminho, o que é bem glorioso para o mesmo Viana, do qual não consta que cometesse por si ou por seus confidentes alguma ação prejudicial. Ele regia com igualdade os povos, ele os socorria com seus cabedais, ele finalmente apaziguava as contendas.

O início do conflito

Com a eleição de Nunes Viana e o estabelecimento do seu governo em Caeté, os paulistas, muito temerosos da nova situação, refugiaram-se no arraial do Sabará. Os emboabas, acreditando que esses receberiam auxílio e armas vindos de outros povoados, resolveram atacar primeiro. Índios e mamelucos do grupo emboaba lançaram flechas de fogo nas casas do arraial; os paulistas desnorteados fugiram e assim teve fim a primeira tentativa de resistência aos emboabas.

Em Cachoeira do Campo

No arraial de Cachoeira, hoje distrito de Ouro Preto, travaram-se conflitos violentos. Mais uma vez os emboabas demonstraram superioridade estratégica em combates, e muitos paulistas foram feitos prisioneiros. Nunes Viana os liberou perante juramento que retornariam a São Paulo e jamais voltariam as armas contra os emboabas.

A ação não agradou a um grupo que desejava uma ação mais violenta e isso trouxe um abalo para a liderança do chefe emboaba. A solução foi encontrada pelos frades. Na capela de Nossa Senhora de Nazaré, Manuel Nunes Viana foi consagrado durante uma missa cantada. No altar ele foi ungido e sagrado, revestido da espada e das insígnias do governo.

Depois jurou que governaria as Minas, segundo as leis do Reino, e faria respeitar o direito de cada um. Após o juramento “os sacerdotes convidaram o povo a prestar por sua vez o seu de fidelidade ao governo, o que logo se fez com toda a solenidade” (História Antiga das Minas Gerais, 1974).

Região do rio das Mortes

Lutas foram travadas entre os dois grupos no Arraial do Ribeirão do Carmo, a futura Mariana, e se estenderam até o Arraial da Ponta do Morro, região do rio das Mortes.

Os paulistas fugidos da região do Sabará, da Serra do Ouro Preto e do Ribeirão do Carmo se concentraram na região do rio das Mortes. Aí aconteceu o episódio mais famoso do conflito. Os paulistas, desgastados pelas fugas, sem alimentos, com poucas armas e praticamente sem munição, foram cercados pelos emboabas, comandados por Bento do Amaral Coutinho.

Um acordo foi feito entre Bento e João Antunes, representante dos paulistas, qual seja, esses entregariam as armas e se retirariam da região. Após a entrega das armas, o grupo foi atacado covardemente pelos emboabas, e o episódio ficou conhecido como Capão da Traição. Para o historiador Diogo de Vasconcelos, o fato aconteceu sem o conhecimento de Nunes Coutinho, que desaprovou com veemência o ato de Amaral Coutinho.

O fim do conflito

Em março de 1709, o governador oficial, D. Fernando Martins Mascarenhas de Alencastro, chegou à região do rio das Mortes para instalar uma devassa sobre o epsódio do Capão da Traição. A chegada do governador pegou os emboabas de surpresa e lhes trouxe o medo de severíssimas punições; seriam inclusive acusados do crime de lesa-majestade por terem constituído um governo paralelo e sagrado um governador.

Mas a superioridade em número de homens e armas motivou D. Fernando a retornar para o Rio de Janeiro. Para acalmar a provável ira do rei e obter clemência, Manuel Nunes Viana mandou recolher o quinto do ouro, e generosos donativos voluntários foram feitos. Frei Francisco de Menezes foi enviado a Lisboa para realizar a entrega da pequena fortuna junto dos votos de lealdade a el-rei. Em setembro de 1709, o frei chegou a Lisboa, e a tática deu certo. D. João assinou o alvará que dizia:

Eu El-Rei… faço saber aos que este meu alvará virem, que tendo visto a representação, que me fizeram os moradores das Minas Gerais do nascente e do poente do Rio das Velhas, por seu procurador Frei Francisco de Menezes religioso da Santíssima Trindade, em razão da causa que tiveram para pegar em armas contra os paulistas, com quem se acham na maior desunião e perturbação, e grande dano do meu real serviço, e da conservação de meus vassalos; e ser conveniente usar com eles de toda a piedade por não se arriscar em negócio de alta conseqüência, que pode haver, e principalmente recorrendo a mim um grande número dos principais das Minas, com toda humildade, protestando-me a sua obediência: em consideração de tudo: hei por bem conceder um indulto geral não só aos que constituíram o tal religioso por seu procurador, mas a todos os mais de inferior condição daí para baixo que se submeterem à minha obediência e serviço. Pelo que mando ao Governador capitão-general de São Paulo e Minas do Ouro, e mais ministros a quem tocar, cumpram e guardem este meu alvará e o façam cumprir e executar inteiramente, como nele se contém, e sem dúvida alguma, o qual valerá, como carta, e não passará pela chancelaria, sem embargo da Ordenação L. 2 Tít. 39 e 40 em contrário, e se passou por duas vias. Teotônio Pereira de Castro o fez em Lisboa Ocidental, a 27 de novembro de 1709.

Houve a intenção do envio de uma segunda remessa, mas, em 1709, desembarcou no Rio de Janeiro o governador mestre-de-campo general Antônio de Albuquerque Coelho e Carvalho. A Carta Régia de 22 de agosto de 1709 ordenava que o novo governador se mudasse para a capitania das Minas para “sossegá-las”.

Com o cuidado de não desfalcar a guarnição do Rio de Janeiro por ser “esta cidade muito apetecida pelos estrangeiros”. A carta também autorizava indultar os emboabas com exceção de Manuel Nunes Viana e Bento do Amaral Coutinho.

Essa carta régia acabou sendo substituída pelo alvará de 27 de novembro, que concedia indulto a todos os participantes. O frei, após seu indulto, foi proibido de residir na capitania das Minas e com ordens de expulsão em caso de desobediência.

Quando D. Antônio de Albuquerque já nas Minas encontrou com Nunes Viana, o emboaba apresentava sinais de esgotamento e estava decidido a ir viver nas suas fazendas na região do São Francisco.

O governador tinha a missão de organizar a capitania – política, administrativa e economicamente. Entre as medidas estavam: criação da capitania de São Paulo e Minas através da Carta Régia, de 9 de novembro de 1709, sendo Antônio de Albuquerque seu primeiro governador; elevação da vila de São Paulo à cidade em 11 de julho de 1711; instalação do governo na região das minas; criação das três primeiras vilas mineiras – Ribeirão do Carmo (Mariana), Vila Rica (Ouro Preto), Nossa Senhora da Conceição do Sabará.

“O novo governador não disfarçou sua simpatia pelos emboabas, nomeando-os para os principais cargos políticos das vilas recém-criadas, apesar de seguir com ordens expressas do Conselho Ultramarino para reconciliar os dois partidos. A composição entre emboabas e paulistas revelou-se uma ilusão, e os paulistas, espaventados da estrutura administrativa, retiraram-se para seus arraiais, enquanto muitos, desgostosos, lançaram-se aos novos descobrimentos, na região de Goiás e Mato Grosso”(Guerra dos Emboabas: novas abordagens e interpretações, Adriana Romeiro, 2007).

INCONFIDÊNCIA MINEIRA

“A Capitania de Minas Gerais…é pela situação, e pelas suas produções, uma das mais importantes de todas as outras capitanias de que se compõe os domínios do Brasil e da América portuguesa”(Instruções do primeiro-ministro Martinho de Melo e Castro para o governador da Capitania, Visconde de Barbacena – 1788).

Época
1788 a 1792

Local
Capitania das Minas Gerais

Envolvidos: Coroa portuguesa

Rainha de Portugal: D. Maria I (1734 – 1816). Maria Francisca Isabel Josefa Antonia Gertrudes Rita Joana.

Primeiro-Ministro de Portugal: Martinho de Melo e Castro (1716 – 1795)

Governador da Capitania de Minas Gerais: 6º visconde de Barbacena e 1º conde de Barbacena (1754 – 1830). Luís Antônio Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro.

Os Inconfidentes

Ao longo do processo da Inconfidência Mineira, dezenas de pessoas foram indiciadas para depor e muitas chegaram a ser presas, mas a historiografia tradicional considera como inconfidentes os 24 condenados ao final do processo em 1792.

O grupo era dividido em ideólogos, ativistas e interessados diretos.
Os ideólogos tinham como objetivo elaborar as leis e a constituição do novo Estado e preparar a justificativa ideológica do rompimento com a metrópole portuguesa.

Atrair simpatizantes para a causa, fazer contatos, iniciar o levante armado, prender e executar o visconde de Barbacena, seria de responsabilidade dos ativistas.

Os outros são considerados interessados diretos nos benefícios econômicos e fiscais que a separação acarretaria.

Ativistas

Francisco de Paula Freire de Andrada
Inácio José de Alvarenga Peixoto
Joaquim José da Silva Xavier
José Álvares Maciel
Padre José da Silva de Oliveira Rolim
Padre Carlos Correia de Toledo e Melo

Ideólogos

Cláudio Manoel da Costa
Padre Luiz Vieira
Thomaz Antônio Gonzaga

O grupo

Militares


Alferes

1. Joaquim José da Silva Xavier (São João del-Rei/MG 1746? – Rio de Janeiro/RJ 1792)

Tenente-Coronel
2. Francisco de Paula Freire de Andrada (Rio de Janeiro/RJ 1756 – Luanda/ África 1809)

Civis

Advogados
3. Thomaz Antônio Gonzaga (Cidade do Porto/Portugal 1744 – Moçambique/África 1810)
4. Cláudio Manoel da Costa (Mariana/MG 1729 – Ouro Preto/MG 1789)
5. Inácio José de Alvarenga Peixoto (Rio de Janeiro/RJ 1742 – Luanda/África 1789)

Agrimensor e carpinteiro
6. Antonio de Oliveira Lopes (Vila de Abranches/Portugal 1726 – Moçambique 1794)

Alfaiate
7. Vitoriano Gonçalves Veloso (Tiradentes/MG 1738 – Moçambique/África 1803)

Comerciante
8.Domingos de Abreu Vieira (S. João do Concieiro/Portugal 1724 – Muxima/África 1792)

Contador
9. Vicente Vieira da Mota (Cidade do Porto/ Portugal 1735 – Moçambique/África 1798)

Engenheiro
10. José Álvares Maciel (Ouro Preto/MG 1760 – Massangano/África 1804?)

Estudante
11. José de Rezende Costa Filho (Resende Costa/MG 1765 Rio de Janeiro/RJ 1841)

Fazendeiros
12. Francisco Antônio de Oliveira Lopes (Barbacena/MG 1750 – Bié/África 1800)
13. José Aires Gomes (Paula Lima/MG 1734 – Moçambique/África 1794)
14. José de Resende Costa (Arraial da Laje/MG 1730 – Cabo Verde/África 1798)
15. João Dias da Mota ( Ouro Preto 1743 – Cabo Verde/África 1793)

Médicos
16. Salvador Carvalho do Amaral Gurgel (Parati/RJ 1762 – Inhambane/África 1813)
17. Domingos Vidal de Barbosa Laje (Capenduva? 1761 – Ilha de São Tiago/África 1793)

Minerador
18. Luiz Vaz de Toledo e Piza (Taubaté/SP 1739 – Angola/África 1807)

Proprietário de Hospedaria
19.João da Costa Rodrigues (Ouro Preto/MG 1748 – Moçambique ?)

Eclesiásticos
20. Padre Luis Vieira da Silva (Congonhas/MG 1735 – Parati? 1805?)
21. Padre Carlos Correia de Toledo e Melo (Taubaté/SP 1731 – Portugal 1803?)
22. Padre José da Silva e Oliveira Rolim (Diamantina/MG 1747 – Diamantina/MG 1835)
23. Padre Manoel Rodrigues da Costa (Lima Duarte/MG 1754 – Barbacena/MG 1844)
24. Padre José Lopes de Oliveira (Barbacena/MG 1740 – Portugal 1796)

Delatores

Comerciante/ Contratador
1. Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Guites (Monte Real/Portugal 1755? – São Luis/Maranhão 1819)

Fazendeiro
2. Inácio Correia Pamplona (Ilha Terceira/Portugal 1731 – São João del-Rei/MG 1810

Militar
3. Tenente-coronel Basílio Brito Malheiro do Lago (Vila da Ponte de Lima/Portugal – Sabará/MG 1808)

O momento

A Capitania de Minas Gerais havia sido prodigiosa na produção de ouro e diamante durante algumas décadas do século 18. A administração portuguesa possuía um pesadíssimo esquema de cobrança de impostos e que sofria alterações de tempos em tempos e era controlada por um rígido sistema administrativo-tributário.

Vinte por cento da população da colônia brasileira estava concentrada em Minas Gerais na década de 1770. Dos mais de 300 mil habitantes da capitania, 50% eram negros que trabalhavam nas minas. A outra parcela era constituída de brancos e mulatos.

Atividades econômicas fora da mineração eram coibidas pela administração portuguesa temerosa que trabalhos na agricultura, engenhos e manufaturas pudessem prejudicar a extração do ouro e do diamante. Mas o caráter essencialmente urbano das Minas Gerais demandou trabalhos agrícolas para abastecer vilas e povoados.

Na década de 1780 a situação econômica da capitania é grave. O ouro já não era extraído em grandes quantidades, e as dívidas eram vultosas. Os contratadores João Rodrigues de Macedo e Joaquim Silvério dos Reis deviam mais de 600 mil réis aos cofres portugueses, cerca de ¼ da dívida da capitania.

Em julho de 1788, o visconde de Barbacena assumiu o governo da capitania. Na bagagem trazia ordens severas do primeiro-ministro Martinho de Melo e Castro. O documento elaborado pelo ministro constava de 123 parágrafos e mais de 20 anexos explicativos.

As medidas que causaram maior impacto foram: o término dos contratos, a transferência da administração, que passa a ser feita pela Coroa portuguesa e a cobrança dos impostos atrasados – 538 arrobas de ouro – a odiada derrama. Cinco dias após sua posse, o novo governador iniciou uma investigação no tesouro da capitania e comunicou as novas ordens que causaram uma profunda insatisfação, principalmente entre a elite.

Martinho de Melo e Castro não aceitava a desculpa da decadência do ouro, para ele os motivos do atraso dos impostos estavam na corrupção e nas fraudes. “Huma rezidencia de contrabandistas e ladroens dos mesmos diamantes, que escandalosa, e impunemente nella gozão com todo socego do fructo dos seus crimes”. Assim o ministro falava do Distrito Diamantino.

D. Rodrigo José de Meneses, governador do início da década de 80 em seu relatório desaconselhava a derrama, em razão da consciência da crise econômica que já se instalara na capitania.

A trama

“A inconfidência Mineira não foi produto da mente de ninguém em particular. Nasceu das condições estruturais da sociedade brasileira.” (Márcio Jardim)

No início da década de 1780, o padre Carlos Correia e Toledo já falava sobre uma revolução; Tiradentes revelou nos Autos da Devassa que, em 1785, foram iniciados os primeiros preparativos, mas o governador Luís da Cunha Menezes (1783 -1788) não deu atenção à pregação revolucionária de Joaquim José da Silva Xavier.

Thomaz Antônio Gonzaga escreveu na obra “Cartas Chilenas” todo o desmando do governo de Luís da Cunha Menezes.

Domingos Vidal Barbosa Laje, José Mariano Leal, José Joaquim da Maia e Barbalho, José Álvares Maciel fazem parte de uma geração que teve oportunidade de estudar na Europa. Cláudio Manuel da Costa, Thomaz Antônio Gonzaga e Inácio José de Alvarenga Peixoto também haviam freqüentado a Universidade de Coimbra.

Todos tiveram acesso às idéias dos iluministas franceses, às pregações dos ideais de liberdade, igualidade e fraternidade e às informações sobre os Estados Unidos, que se constituíam como nação a partir de 1776, rompendo a unidade do sistema colonial e abalando o Antigo Regime.

José Joaquim da Maia e Barbalho, carioca, estudante de medicina em Montpellier, enviou sua primeira correspondência ao embaixador dos Estados Unidos na França, Thomas Jefferson, em 2 de outubro de 1786.

Em sua correspondência com o embaixador, José Joaquim, que utilizou o pseudônimo de Vendek, relatou que o Brasil sofria sob o peso da escravidão de Portugal, “todos os dias mais insuportável depois da vossa gloriosa independência”, escreveu que os Estados Unidos da América era a nação “mais própria para ajudar”. A aproximação de José Joaquim da Maia com Thomas Jefferson foi um acordo do estudante brasileiro com os comerciantes cariocas.

Entre os dias 20 e 23 de março de 1787, “Vendek” e Thomas Jefferson se encontraram na cidade mediterrânea de Nimes. A posição final dos Estados Unidos sobre o caso foi que só apoiariam o Brasil após a independência.

Na mesma época, José Álvares Maciel entrou em contato na Inglaterra com comerciantes que tinham interesse na abertura dos portos brasileiros.

Mas foi no segundo semestre de 1788 que os planos começaram a tomar forma.

Agosto de 1788

Reunião na residência do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade.
Participantes: Inácio José de Alvarenga Peixoto, José Álvares Maciel, padre José da Silva Oliveira Rolim, Joaquim José da Silva Xavier, padre Carlos Correia de Toledo e Melo e o proprietário da casa, Francisco de Paula Freire de Andrade.

Nessa reunião pensou-se na estratégia do movimento. O alferes Silva Xavier era o responsável por iniciar o levante em Vila Rica. Padre Rolim tomaria o Distrito Diamantino e forneceria armas e munição; Alvarenga Peixoto haveria de se responsabilizar pela comarca do rio das Mortes; José Álvares Maciel supervisionaria a exploração do ferro, salitre e jazidas de sal e a instalação de uma fábrica de pólvora. Foram previstos três anos de luta.

Várias reuniões foram realizadas, entre 15 a 26 de dezembro, nas residências de João Rodrigues de Macedo, Domingos de Abreu Vieira, tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, Thomaz Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa.

Com a presença dos principais líderes, aconteceu no dia 26 de dezembro a reunião mais importante, quando várias ações foram decididas.

Os planos

* Regime republicano unitário
* Redação da Constituição; as leis ficariam sobre a responsabilidade de Thomaz Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Cláudio Manoel da Costa e Luís Vieira da Silva
* Implantação da Junta Governativa Provisória enquanto durasse a guerra,prevista para dois ou três anos.
* Posse da “Caixa Real” – tesouro público
* A capital do novo Estado seria São João del-Rei.
* Criação da casa da moeda
* Liberação das restrições da legislação do distrito diamantífero
* Implantação de manufaturas
* Exploração dos depósitos de minério de ferro
* Criação de uma fábrica de pólvora
* Criação de uma universidade em Vila Rica (Ouro Preto)
* Separação Estado e Igreja
* Criação dos símbolos nacionais – bandeira e armas da República.
* Os padres das paróquias poderiam recolher dízimos com a condição de manterem professores, hospitais e casas de caridade.
* Mulheres que gerassem determinado número de filhos receberiam um prêmio pago pelo Estado.
* Não haveria exército permanente, os cidadãos deveriam usar armas e servir, quando necessário, na milícia nacional
* Instalação de um parlamento em cada cidade subordinado a um parlamento principal.
* Não seriam admitidas distinções ou restrições no vestuário, e os ricos seriam forçados a usar produtos manufaturados em Minas Gerais.
* Todos os devedores da Fazenda Real seriam perdoados.
* Quanto à questão da Abolição da Escravatura, não houve consenso.

A delação

Para se iniciar o levante, era necessário uma boa desculpa para obter a adesão da população, já que os planos haviam sido decididos pela elite. A cobrança da “derrama” era a situação ideal, visto que afetaria a todos os habitantes da capitania.

O levante haveria de se iniciar quando o governador, visconde de Barbacena, anunciasse a cobrança do derrama. Para que os inconfidentes tomassem seus postos, havia sido combinada uma frase senha –“tal dia é o batizado”.

No mês de fevereiro de 1789, o governador adiou a cobrança e em março foi anunciada sua suspensão. “A ocasião para isso perdeu-se”, disse Doutor Thomaz Gonzaga ao cônego Luiz Vieira.

Em uma carta datada de 25 de março de 1789, o visconde de Barbacena comunicou ao seu tio, o vice-rei Luis de Vasconcelos e Sousa, que uma conspiração organizada “entre os poderozos, e magnates do Paiz… são os mais capazes e próprios que aqui conheço para tão grande maldade…

As pessoas de alguma importância ou de mayor representação desta Capitania são quasi todas devedoras de tudo quanto possuem a Sua Magestade, e só huma revolução destas lhe pode ajustar as contas no conceito delas, alem da vaidade e liberdade que he também a balda de quase todos… Tomei a resolução de dicimular, e de fazer de alguma forma o meu partido enquanto aguardo a ajuda e o conselho do vice-rei”.

O governador também divulgou ao vice–rei os seguintes nomes: Thomaz Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto, José da Silva Oliveira Rolim, Domingos de Abreu Vieira, Carlos Correia de Toledo e o alferes Joaquim da Silva Xavier.

As informações haviam sido obtidas pelas denúncias do contratante Joaquim Silvério dos Reis. A denúncia foi feita verbalmente no dia 15 de março de 1789.

De março, após a suspensão da derrama, a maio os inconfidentes viveram em um clima de suspense. Freire de Andrade retirou-se de Vila Rica; padre Rolim voltou para o Tejuco; Alvarenga Peixoto manteve-se firme às idéias separatistas afirmando “Aut libertas aut nihil”. Tiradentes, então no Rio de Janeiro, foi avisado que estava sendo seguido.

A situação se agravou quando souberam que Silvério havia viajado para o Rio de Janeiro com intenções de “cumprimentar” o vice-rei. O governador havia ordenado que Silvério dos Reis fizesse a denúncia por escrito e se apresentasse ao vice-rei no Rio de Janeiro. Basílio Brito Malheiros e Inácio Correia Pamplona também se tornaram informantes do governador.

Após receber Silvério dos Reis, Luís de Vasconcelos decidiu por uma investigação oficial e instaurou uma devassa.

No dia 17 de maio, Cláudio Manoel da Costa recebeu o aviso de uma pessoa encapuzada que deveria queimar os papéis incriminadores. No dia 20 de maio, chega a notícia que prisões estavam sendo realizadas no Rio de Janeiro e que os dragões do rei invadiriam a Capitania.

Primeiras prisões: Thomaz Antônio Gonzaga, padre Carlos Correia, Alvarenga Peixoto foram presos e levados imediatamente para o Rio de Janeiro.

Domingos de Abreu Vieira foi preso na cadeia de Vila Rica e obrigado a escrever uma carta denúncia. Logo depois, aconteceriam as prisões de Oliveira Lopes e Luis Vaz. O padre Rolim conseguiu escapar ao cerco, e Joaquim José da Silva Xavier foi o primeiro a ser interrogado, no dia 22 de maio, na Ilha das Cobras.

O Dr. Cláudio Manoel da Costa, preso na Casa dos Contos, residência de João Rodrigues de Macedo, em Vila Rica, foi interrogado pelo juiz e escrivão da devassa aberta em Minas no dia dois de julho; apenas dois dias depois, o advogado foi encontrado morto em sua cela. A conclusão do relatório foi suicídio.

Em setembro, aconteceram as prisões de Álvares Maciel e Freire de Andrade, que foram mandados para o Rio de Janeiro junto com os prisioneiros que estavam em Vila Rica.

Em dezembro, o desembargador José Pedro Machado Torres, em uma frase de seu relatório, diz: “O alferes Silva Xavier foi quem espalhou a sediciosa proposição, de que podiam as Minas ser independentes, livres, da Sujeição Real, e uma Republica porque tinham em si todas as riquezas, todas as produções, e que toda a América podia ser livre…o desembargador Gonzaga, o coronel Alvarenga, o Cônego Luis Vieira e Cláudio Manoel da Costa se presumem sócios e os diretores do sistema, e da legislação.”

O alferes Joaquim José da Silva Xavier confessou a participação, a propaganda realizada na Capitania de Minas e do Rio de Janeiro e assumiu toda a responsabilidade como o único idealizador dos planos. “Fizera isto por desespero, afirmou, por sido “quatro vezes preterido na promoção.” (A devassa da devassa, Kenneth Maxwell).

No final do ano de 1790, o presidente do Tribunal de Alçada, o desembargador Sebastião Xavier de Vasconcelos Coutinho, chegou ao Rio de Janeiro. Em fevereiro de 1791, ordenou que os prisioneiros que ainda estavam em Minas fossem levados para o Rio, e pouco depois recebeu a documentação da devassa instalada em Minas Gerais. Foram feitas as últimas prisões, do guarda-livros Vicente Vieira da Mota e de José Aires Gomes.

Durante seis meses, Vasconcelos Coutinho trabalhou no relatório e lavrou a sentença. José de Oliveira Fagundes, brasileiro, graduado em Coimbra, foi o defensor dativo do grupo. Enquanto a Alçada teve dois anos para a elaboração do processo, o Dr. Fagundes teve 21 dias para apresentar a defesa. Foi nomeado dia 31 de outubro de 1791, no dia 2 de novembro recebeu o processo em mãos, e no dia 23 apresentou a defesa. Seus honorários foram pagos exatamente um ano depois.

A leitura da sentença aconteceu no dia 18 de abril de 1792 e teve a duração de dezoito horas. A sentença condenou à morte por enforcamento e após decapitação e esquartejamento os réus, Joaquim José da Silva Xavier, Francisco de Paula Freire de Andrade, José Álvares Maciel, Inácio José da Silva Alvarenga, Domingos Abreu Vieira, Antônio de Oliveira Lopes e Luiz Vaz De Toledo e Piza, Salvador Carvalho do Amaral Gurgel, José de Resende Costa, pai, José de Resende Costa, filho, Domingos de Vidal Barbosa, enforcamento com direito a sepultamento.

Aos outros o degredo. “Depois de quatro horas de recriminações recíprocas os presos foram postos sob pesadas correntes ligadas às janelas da sala. Então, dramaticamente como fora planejada, a leitura da carta de clemência da rainha transformou a situação. Todas as sentenças, salvo a do alferes Silva Xavier, foram comutadas em banimento.” (A devassa da devassa, Kenneth Maxwell).

No dia 21 de abril de 1792, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi executado no Largo da Lampadosa, onde hoje está o Teatro João Caetano. Foi construída uma nova forca, com 23 degraus, para que todo o povo presenciasse o espetáculo – era aplicado o castigo exemplar.

O corpo foi levado ao Arsenal da Cavalaria e lá esquartejado, o tronco possivelmente foi enviado para a Santa Casa de Misericórdia para ser sepultado junto com indigentes. A cabeça, os braços e as pernas foram salgados e colocados em sacos de couro para serem expostos nos locais públicos segundo a determinação da sentença. A cabeça chegou a Vila Rica no dia 13 de maio.

Os réus civis seguiram para o degredo na África, e a sentença dos réus eclesiásticos não foi lida, por ser secreta e esses foram enviados para Portugal.

Sentenças

Degredo para toda a vida
1. Inácio José de Alvarenga – Ambaca
2. Luis Vaz de Toledo e Piza – Cambebe
3. José Álvares Maciel – Massangano
4. Francisco Antônio de Oliveira Lopes – Bié
Os quatro embarcaram para Angola, em 5 de maio de 1792, na corveta Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora de Brotas.
5. Salvador Carvalho do Amaral Gurgel – Catalã
Embarcou para Moçambique, no dia 22 de maio de 1792, no navio Nossa Senhora da Conceição – Princesa de Portugal.
6. José de Resende Costa, pai – Bissau
7. José de Resende Costa, filho – Cabo Verde
8. Domingos Vidal de Barbosa – Ilha de Santiago
Embarcaram para Lisboa, na fragata Golfinho, no dia 24 junho de 1792
9. Domingos de Abreu Vieira – Muxima
10. Francisco de Paula Freire de Andrade – Pedra do Encoje
Embarcaram na corveta Nossa Senhora da Conceição e Santa Rita, em 25 de junho de 1972.

Degredo por 10 anos
1. Thomaz Antônio Gonzaga – Moçambique
2. Vicente Vieira da Mota – Rio de Sena
3. João da Costa Rodrigues – Mossuril
4. Antônio de Oliveira Lopes – Mucuá
5. Vitoriano Gonçalves Veloso – Cabeceira Grande
Embarcaram para Moçambique, no dia 22 de maio de 1792, no navio Nossa Senhora da Conceição – Princesa de Portugal.
6. João Dias da Mota – Cachéu
Embarcou para Lisboa, na fragata Golfinho, no dia 24 junho de 1792

Degredo por 8 anos
1. José Aires Gomes – Inhambaré
Embarcou para Moçambique, no dia 22 de maio de 1792, no navio Nossa Senhora da Conceição – Princesa de Portugal.

Para as galés
1. José Martins Borges
Embarcou para Lisboa, na fragata Golfinho, no dia 24 junho de 1792

Réus eclesiásticos
1. Padre Luis Vieira da Silva – Lisboa
2. Padre Carlos Correia de Toledo e Melo – Lisboa
3. Padre José da Silva e Oliveira Rolim – Lisboa
4. Padre Manoel Rodrigues da Costa – Lisboa
5. Padre José Lopes de Oliveira – Lisboa
Embarcaram para Lisboa, na fragata Golfinho, no dia 24 junho de 1792

Os originais dos Autos da Devassa e as sentenças, inclusive a dos réus eclesiásticos, hoje se encontram sob a proteção do Museu da Inconfidência em Ouro Preto. O processo dos padres ficou desaparecido durante 155 anos, mas foi reencontrado e publicado em 1950. Em 1980, o governo brasileiro adquiriu os documentos em um leilão na casa Sotheby’s em Londres.

PERÍODO IMPERIAL

No fim do período colonial a decadência da região mineradora é irreversível. As minas de ouro estão praticamente esgotadas. A pedido da administração portuguesa, o mineralogista José Vieira Couto prepara um relatório sobre a situação das minas na capitania. A presença da corte portuguesa no Brasil acabou gerando muitas mudanças.

Com uma política econômica mais liberal, as antigas proibições foram suspensas; estradas puderam ser abertas; a mineração começa a ter o apoio de técnicos como o barão de Eschwege, o Intendente Câmara e Vieira Couto, que foram os responsáveis pelo início da siderurgia em Minas Gerais.

A situação econômica geral da capitania, que nessa época contava com cerca de 433.049 habitantes, era de pobreza generalizada. A população se dividia entre pequenos comerciantes, mineradores, funcionários públicos, fazendeiros, oficiais mecânicos e escravos. “A capitania se acha em estado de pobreza e de miséria … Toda (exceto poucas pessoas) é povoada de negociantes, mineiros e fazendeiros falidos, ou quase a falir, conservados por indústria, ou manha; e uma multidão de povo de mulatos, e pretos forros sem ofício e sem aplicação, vadios e com mais vícios, que a este andam unidos”. (Basílio Teixeira de Sá Vedra, 1805).

Em 1808, a Capitania das Minas contava exclusivamente com uma cidade, Mariana, e quinze vilas apenas, apesar das centenas de concentrações populacionais. Essas quinze vilas eram: Vila Rica, Sabará, São João del-Rei, Serro, Caeté, Pitangui, Minas Novas, Itapecerica, Barbacena, Queluz, Campanha, Paracatu, São Sebastião do Paraíso e Baependi.

O mapa da Capitania era diferente: não se tinha o Triângulo Mineiro e, ao norte, a divisa era com Pernambuco. Com a criação da capitania de Minas e São Paulo, em 1709, foram definidos os limites com o Rio de Janeiro. Com a separação da capitania de Minas da Capitania de São Paulo, em 1720, são estabelecidos os limites com São Paulo.

A fronteira com o Espírito Santo foi estabelecida oficialmente em 1800. O Triângulo foi incorporado à Capitania em 1816 e a margem norte do Rio São Francisco, que pertencia a Pernambuco, é transferida para Minas em 1824. Ao iniciar o primeiro império no Brasil, a então Província de Minas tinha seu mapa bem distinto da sua configuração no período colonial.

Dois movimentos que marcaram Minas no período imperial foram a Sedição Militar de 1833 e a Revolução Liberal de 1842. A Sedição de 1833, para o historiador Francisco Iglesias, foi um movimento sem consistência, resultado das intermináveis lutas entre os defensores e inimigos da regência. Havia um grupo que se manifestava favorável a volta de D.Pedro I , que havia abdicado em 1831.

Conhecido como Restauração, o movimento não tinha a menor possibilidade de sucesso, pois não havia a mínima chance de D.Pedro I retornar ao Brasil. O grupo, pegando-se a uma causa perdida, acrescentava às suas queixas questões como: aumento de impostos sobre a produção da aguardente e a proibição do sepultamento nas igrejas.

O movimento foi energicamente abafado pelo vice-presidente Bernardo Pereira de Vasconcelos. O governo da província ganhou o apoio das localidades como Queluz (hoje Conselheiro Lafaiete), Barbacena e São João del-Rei.

A capital, inclusive, foi transferida para São João del-Rei enquanto Ouro Preto estava sob o controle dos revoltosos. Após dois meses, o presidente da província, Manuel Inácio de Melo e Souza, o Barão de Pontal, retorna a Ouro Preto. Em 1835, o grupo de revoltosos foi anistiado.

Com a justificativa de “livrar nosso adorado monarca da coação em que o tem posto a oligarquia dominante”, principia, em Minas, a Revolução Liberal de 1842. Em 1840, devido os conservadores estarem no poder, os liberais tramam o golpe da maioridade que foi bem sucedido. A partir de então, liberais e conservadores se revezam no poder.

Com os interesses políticos contrariados e contra leis aprovadas pelos conservadores, os liberais paulistas propõem uma reação armada. Minas Gerais manifesta seu apoio aos paulistas. O movimento paulista foi reprimido por Caxias, mas, Minas, devido ter se comprometido com sua palavra aos paulistas, entra em luta.

Quinze dos quarenta e dois municípios que a Província possuía na época aderiram ao movimento liberal. “Se para os rebeldes os legalistas são os defensores de uma oligarquia que espezinha as liberdades e vive de ambições, o ministério é infame, corrupto, traidor, para os legalistas os rebeldes pretendem a anarquia e a desordem, constituem oposição desvairada e frenética, são “uma infame horda de anarquistas e canibais sedentos de sangue”, depravados e outras palavras fortes, como se vê na farta documentação deixada pelas facções.” (Francisco Iglesias).

As lutas em Minas Gerais tiveram início tendo como um dos líderes, Teófilo Otoni, que tinha sido eleito em 1838 para a Assembléia Geral. Os revolucionários tiveram a pronta adesão de São João Del-Rei, Queluz (Conselheiro Lafaiete) e outras cidades do sul de Minas, do norte, do leste e de Ouro Preto.

O governo imperial, preocupado com os rumos que iria tomar o movimento, tornou obrigatório o salvo conduto para viagens a Minas. Direcionou para Minas guardas nacionais e unidades do exército, ordenando a prisão dos líderes do Partido Liberal.

A principal vitória dos rebeldes foi em Queluz, no dia 26 de julho. Mas, por erros táticos, os rebeldes começaram a sofrer diversas derrotas. Caxias chegou a Ouro Preto em 06 de agosto para pacificar a Província. Sua fama fez com que os revolucionários desistissem de atacar Ouro Preto e evacuarem Queluz.

A última batalha foi em 20 de agosto, em Santa Luzia, que foi vencida, mas com dificuldades, pela Força Legal comandada por Caxias. Terminou assim, depois de 2 dois meses e 10 dias, a revolta de 42. Caxias chega vitorioso a Ouro Preto no dia 10 de setembro, já com a nova patente de Marechal-de-Campo graduado (hoje General de Divisão). Em 1848 os revoltosos foram julgados e absolvidos.

A economia mineira, durante o império, evidência experiências expressivas revelando que foi precoce em comparação a outras províncias.

No campo da siderurgia, em 1853, segundo o relatório de Jean Monlevade, existia em Minas Gerais 84 oficinas com uma produção anual de 150 mil arrobas de ferro. Os irmãos Mascarenhas inauguraram em 1868 a primeira fábrica de tecidos. E uma década depois, em várias localidades, como Curvelo, Pitangui e Pará de Minas, funcionavam fábricas têxteis.

Também funcionavam no território mineiro fábricas de laticínios, vinhos, alimentos, louças, cerâmicas. Em 1851, Juiz de Fora foi ligada à Corte pela estrada União-Industria. Nesse nome, a expectativa de desenvolvimento para a região. Na mesmo lugar, Juiz de Fora, foi instalada em 1889 a Companhia Mineira de Eletricidade, primeira a operar comercialmente na América do Sul.

O café aparece pela primeira vez na pauta das exportações mineiras no ano de 1819 com uma produção de 9.707 arrobas. Em 1879 esse número alcança 4 milhões de arrobas. Mas, a produção mineira nunca conseguiu igualar a produção paulista e nem alcançou o nível de desenvolvimento econômico que São Paulo atingiu a partir desse período.

Os motivos foram vários. A qualidade da famosa terra roxa paulista é sempre apontada como o principal motivo. Fatores econômicos e administrativos foram vitais e fizeram a diferença entre o desenvolvimento mineiro e paulista no século 19 e suas conseqüências para o próximo século.

Com o declínio da mineração, umas das alternativas foram as “fazendas patriarcais mineiras”, com economia de subsistência, tendo, assim, um baixo grau de mercantilização. A mão-de-obra utilizada nas fazendas era a escrava, resultante de um estoque da região mineradora. Como em São Paulo a disponibilidade da mão-de-obra escrava era baixa, a opção recaiu no trabalho livre. Assim, nos cafezais de São Paulo utilizou-se o sistema colono – remuneração.

Em Minas, após a abolição, o sistema passa a ser o de meação que, a partir de 1860, sistema que já havia sido abolido em São Paulo desde 1860. “Em São Paulo, a fazenda cafeeira, além de ser em média 3 vezes maior que a mineira,acrescida de uma produtividade 3 vezes maior, atribuía-lhe maior capacidade de acumulação.

Essas fazendas tendiam para o monocultivo, fornecendo condições para o desenvolvimento paralelo de uma agricultura mercantil de alimentos. Enquanto isso, em Minas as fazendas tendiam para a auto-suficiência, o que impedia o desenvolvimento da produção mercantil na cultura de alimentos.“ ( Dinz, Célio).

São Paulo, com uma agricultura mercantilizada, trabalho assalariado e um sistema organizado de exportação gerou condições para a sustentação do processo de acumulação. Em Minas as fazendas praticavam auto-suficiência, o que impedia o desenvolvimento de outras atividades.

A mão-de-obra não assalariada, o não interesse pela mão-de-obra imigrante, a falta de um centro comercial exportador para articular a negociação da produção, uma pecuária que empregava pouca mão-de-obra e era era geograficamente dispersa justificam o atraso da economia mineira no fim do século 19 e princípio do século 20.

Na área da mineração do ouro, o período imperial é marcado pela presença das companhias inglesas que se estabelecem em Minas a partir das décadas de 20 e 30.

Seis companhias mineradoras são formadas na Inglaterra para explorar as jazidas auríferas de Minas Gerais:

– a Imperial Brazilian Mining Company(1824) começa a operar na Mina do Gongo Soco, em Santa Bárbara. Até os meados da década de 30 foi explorada cerca de uma tonelada de ouro por ano. Em 1856, por problemas de inundação, a mina é abandonada.

– a General Mining Association(1828) explorava 4 minas em São João del-Rei.

– a Saint John Del Rey Mining Company(1830) começou suas atividades em São João del-Rei. Em 1834 transfere as operações para a Mina do Morro Velho, em Nova Lima, tornando-se o investimento inglês mais lucrativo na América Latina, no século 19. Em 1850 atingiu a produção de 1 tonelada e manteve essa produção até 1867. Em 1879 produziu 83% de todo o ouro explorado em Minas.

– a Brazilian Company(1832) atuou em Itabira do Campo (Itabirito), explorando o ouro na Mina da Cata Branca. Durante o período teve uma produção de 1.181.300 quilos de ouro.

– a National Brazilian Mining Association(1833), em comparação a outras companhias,
teve baixa produtividade.

– a Serra da Candonga Gold Company(1823) explorara a Mina da Candonga, no Distrito de São Miguel e Almas, município do Serro.

Apesar das companhias inglesas reduzirem o ritmo da queda do setor aurífero, nunca foi possível reverter o declínio da mineração. Os ingleses exploraram as melhores minas, mas nunca alcançaram as altas expectativas que se tinha para o setor. Hoje, questiona-se a competência técnica, administrativa e até a idoneidade dessas companhias. Um historiador, recentemente, concluiu que o sucesso da exploração na Mina do Morro Velho se deve mais à organização racional dos recursos humanos do que seu avanço tecnológico.

Embora os ingleses não estivessem na ponta da tecnologia da mineração do ouro no século 19, com certeza estavam em um nível acima da mineração exercida pelos mineiros. O atraso era tão grande que as inovações trazidas por eles resultaram em ganhos de produtividade. As modificações técnicas que trouxeram para o setor foram : a pólvora, amalgamação por mercúrio, ventilação no interior das minas, transporte do minério por vagonetes e caçambas movidas por roda d’água, redução do minério por pilões movidos por força hidráulica .

Na segunda metade do século 19, devido o sucesso da Morro Velho, oito novas companhias inglesas são formadas na Inglaterra, mas apenas duas tiveram sucesso comercial e aconteceram casos de companhias organizadas apenas com a intenção de enganar o investidor.

A atividade mineradora contribuiu para movimentar a economia local, pois, para sustentar as atividades, eram necessários: madeira para escoramento, carvão, pólvora, tecido de algodão, óleo e velas para a iluminação, couro, tijolos, lenha, cal, sabão, alimentos e instrumentos como ferragens, brocas, cravos, cabeças de pilão, fornecidos pela fundição dirigida por Jean Monlevade, que foi a mais bem sucedida fábrica de ferro durante o período. A fábrica começou a funcionar em 1827, no Distrito de São Miguel do Piracicaba, então pertencente ao município de Santa Bárbara.

O Brasil foi o maior produtor mundial de ouro durante o século 18, com a soma de 60% do ouro minerado no mundo. No século 19, perde a posição pelas descobertas das minas na Califórnia, Austrália, África do Sul e Alasca. De 1801 a 1850 a produção brasileira foi de 18,6% da produção mundial e de 1851 a 1900 caiu para 1,6%.

John Mawe, John Luccock, Martius, Spix, Pohl, Sir Richard Burton, Saint-Hilaire são alguns dos viajantes estrangeiros que passaram por arraiais, vilas e cidades de Minas Gerais no século 19. Registraram suas impressões em fantásticos relatos que são hoje preciosos documentos sobre diversos aspectos da vida na Província. É importante lembrar que durante o período colonial os estrangeiros não tinham permissão de visitar o Brasil.

Em 1888 Minas Gerais alncançou a marca de 3.040.627 habitantes.

Ainda temos de citar a criação da Escola de Farmácia e da Escola de Minas, na então capital da Província, Ouro Preto.

PERÍODO REPUBLICANO

Política e Economia

Ao iniciar a República, Minas Gerais era o estado mais populoso do Brasil, com cerca de mais de três milhões e cem mil habitantes. O novo sistema federativo de governo havia transformado as antigas províncias em estados.

A transição não foi um período que se possa chamar de tranqüilo. De 15 de novembro de 1889 a 15 de junho de 1891, quando foi aprovada a primeira constituição, o País passou por 14 períodos administrativos e sete autoridades se revezaram no poder. “…Estado mais populoso, contava na política nacional, por ter representação parlamentar maior e certo comportamento conciliador e até maneiroso, que chegou a virar folclórico.” (Iglésias, Francisco).

A República veio trazer o fortalecimento das oligarquias e um governo centralizado que se assinalava em distribuição de favores e poderes entre o chefe do Estado e as chefias locais, o que ficou conhecido como “política dos Estados” ou “política dos governadores”. Um federalismo parcial, onde os grandes favorecidos eram São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Os mineiros mantiveram-se sempre fiéis ao federalismo. Ocuparam a cadeira presidencial por três vezes e deleitavam-se na participação de “criar reis”. “Habilíssimos no jogo dos legisladores de transigências e manobras, os mineiros dirigiram o Congresso durante quase todo o período.” (Love, Joseph). Além do peso político, a importância econômica do Estado em ser o segundo produtor de café no País.

Na década de 1890, os políticos mineiros se dedicaram a: resolver problemas internos, reorganizar o governo estadual e os locais, à questão da construção da nova capital do estado e sua transferência de Ouro Preto para a Cidade de Minas (Belo Horizonte). A partir de 1898, com a “casa organizada”, Minas Gerais estava pronta para entrar no cenário político nacional e assumir seu papel de um dos lideres durante a Velha República . Bias Fortes, Francisco Sales, Silviano Brandão, Artur Bernardes e Raul Soares eram os homens fortes do PRM (Partido Republicano Mineiro). O partido era poderoso, controlava nomeações políticas, intimidava a imprensa, cooptava clubes cívicos e os produtores de café.

Até o final da década de 20, o Estado manteve sua posição consolidada. A Revolução de 30 trouxe profundas mudanças nessa ordem. Determinados a alijar São Paulo para impedir um segundo presidente paulista consecutivo a assumir o poder, Minas apoiou Getúlio Vargas. “Aos olhos dos mineiros, a velha ordem era muito boa, contanto que o seu Estado mandasse.” (Seeds, W).

Mas não foi o que aconteceu. Com Getúlio Vargas no poder, a Velha República feneceu e Minas Gerais perdeu seu poder político. Não havia mais espaço para as velhas alianças, os velhos coronéis se adaptaram ao novo estado que, inclusive, promoveu o fortalecimento dos chefes locais.

As circunstâncias econômicas dentro de Minas se modificavam devido às sucessivas crises no setor cafeeiro, na década de 20, que chegaria ao seu ápice em 29 com a crise da bolsa de New York. Os cafeicultores estavam arruinados. A zona da mata, a principal zona cafeeira do Estado, começou a entrar em decadência enquanto o triângulo mineiro e as novas cidades do leste começavam suas ascensões. A pecuária se desenvolvia rapidamente no triângulo, incluindo a criação de uma nova raça, a “Indu – Brasil”, que fez sucesso em outras partes do País.

O projeto da grande siderurgia não tinha sido abandonada. No XI Congresso Geológico e Mineralógico realizado em Estocolmo, no ano de 1910, revelava o alto teor de ferro do minério das jazidas mineiras e a avaliação de uma reserva de 2 bilhões de toneladas!

Na primeira metade do século, a grande questão que mobilizou o estado foi o caso da Itabira Iron . Antes do valor das jazidas de minério serem anunciadas em Estocolmo, os ingleses já haviam adquirido grandes extensões de terra, na região de Itabira, com ricas jazidas de minério de ferro. A Brazilian Hematite Syndicate foi fundada para explorar minério em Itabira.

Em 1911, o governo concede licença para a Iron Ore Co., comandada pelo empresário americano Percival Farquhar, que havia, então, adquirido os direitos das minas da Brazilian Hematite Syndicate. ”O plano de Farquhar era grandioso. Após consultar o Presidente Epitácio Pessoa, Faquhar propôs a exportação de minério de ferro de Itabira e a simultânea instalação de uma moderna usina siderúrgica em condições de fabricar produtos básicos de aço.

O norte-americano desejava mineirar milhões de toneladas anuais de hematita de alta qualidade e embarcar esse minério via Santa Cruz (ES), designada para se tornar porto de escoamento e local para uma usina de aço. Trilhos, perfis, chapas e vigas encabeçavam a lista de produtos importados que a nova siderúrgica de 150.000 toneladas iria substituir. Na viagem de retorno, os navios cargueiros de Farquhar trariam carvão norte-americano e europeu de alta qualidade para a usina” ( Wirth, John).

O chamado “Contrato de Itabira” chamou a atenção da opinião pública que ficaria dividida por quase 20 anos , já que levantava a questão dos futuros caminhos do desenvolvimento brasileiro. O capital proposto de investimento por Farquhar era de 80 milhões de dólares. A Itabira Iron proveria tudo: uma moderna ferrovia industrial (e teria sobre ela o monopólio), instalações portuárias e uma linha de navegação. Na realidade, a siderurgia ficaria em segundo plano.

A instalação da siderúrgica era sempre protelada. Os interesses internacionais estavam no minério de ferro e no manganês. Instalação de indústrias siderúrgicas em áreas subdesenvolvidas não interessava aos grupos estrangeiros.

O projeto recebeu o veto e uma forte oposição do Presidente do Estado, Artur Bernardes. Na República Velha, os estados eram “soberanos”. Assim, o veto de Bernardes se sobrepunha à aprovação do Presidente da República, Epitácio Pessoa. Percival Farquhar tinha interesse na exportação do minério e Bernardes em construir um “império siderúrgico”. Quando Artur Bernardes chegou à presidência da República, aumentaram os obstáculos para os planos da Itabira Iron, incluindo uma lei que cobrava 3.000 reis por tonelada de minério exportado. Isso tornava qualquer atividade exportadora proibitiva.

A situação se arrastou até 1939 quando o contrato caducou. Em 1942, Getúlio Vargas criou a Companhia Vale do Rio Doce que passou a explorar as minas da Itabira Iron.

Em 1917 , Cristiano Guimarães, Amaro Lanari, Gil Guatimozim, Ovídio de Andrade e Augusto de Lima fundaram, em Sabará, a Companhia Siderúrgica Mineira. Quando o rei Alberto I, da Bélgica, visitou Minas Gerais, em 1920, Artur Bernardes, no seu desejo de criar o “império siderúrgico”, propôs ao rei a aplicação de capitais belgas na siderurgia mineira.

Assim, a Companhia dos engenheiros mineiros foi encampada pela grande aciaria belgo-luxemburguesa – Aciéries Reunies de Bubach-Eich-Dudelange. Surgia uma das mais bem sucedidas empresas de Minas Gerais, a Belgo Mineira.

“Em 1940, lançou a primeira experiência brasileira de montagem de cidade industrial , construindo Contagem. Assimilou o debate sobre planejamento, que se travava a nível nacional na década de 1940, e elaborou seu plano de governo, na sua convicção de que a industrialização era a única saída para superar o atraso econômico e que essa só poderia a ser orientada e promovida, através de uma ação coordenada do setor público.” (Diniz, Célio).

Devido os anos de guerra na Europa e as conseqüências que trouxeram para a economia mundial, a Cidade Industrial só começaria funcionar em 1946. As conseqüências para Belo Horizonte foram inevitáveis. De cidade administrativa passa a ser o centro econômico do Estado, atraindo um fluxo de migração das centenas de cidades do interior mineiro para a capital.

Na década de 50, o governador Juscelino Kubitschek lançou o binômio – “Energia e Transporte”. Era a criação de uma infra-estrutura de serviços para propiciar a instalação de novas industrias.Assim, são instaladas a Mamesmann, em 1952, e a Usiminas, em 1956, lembrando que em 1944 já tinha se instalado no Estado a Companhia Aços Especiais de Itabira – Acesita. Mas, o fato marcante do programa “Energia e Transportes” foi a criação da Cemig, que se transformou em um ponto de referência no Brasil para o setor energético.

Na década de 60, a criação do Instituto de Desenvolvimento Industrial-INDI e da Companhia de Distritos Industriais-CDI contribuiu para criar uma forte política de industrialização do Estado, com expressiva participação do capital estrangeiro.

De 1970 a 1977, Minas absorveu 25% dos investimentos na área industrial. ”Minas Gerais apresentou-se como localização industrial privilegiada, através da ação simultânea de um conjunto de fatores de atração locacional, cujo resultado se traduz no volume de projetos industriais, nacionais e estrangeiros, que optaram pela localização em Minas Gerais.” (Diniz, Célio).

A partir de 78, a crise econômica brasileira afetou intensamente a economia mineira, causando um declínio no crescimento industrial mineiro.

A industrialização mineira teve como suporte: os investimentos do Estado, com uma participação de 20%; o capital estrangeiro, com 64%; e o capital privado colaborou com apenas 16%. A última grande indústria estrangeira a se instalar no estado foi a Mercedes-Benz, em 1999, no município de Juiz de Fora.

O século começou apático nas artes, mas seria por muito pouco tempo. Minas Gerais foi pródiga em intelectuais, escritores e artistas plásticos no século 20. O destaque, ao iniciar o século, é para o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens, autor de Kyriale, Dona Mística e outros.

A partir da década de 20, há um revigoramento cultural que se inicia com uma exposição modernista da artista plástica belorizontina Zina Aita, em 1920. Dois anos depois, Zina participou da semana de 22, em São Paulo. As publicações jornalísticas que traziam poesias dos modernistas chegaram a irritar os conservadores mineiros.

Hoje, Minas Gerais é o segundo estado mais industrializado do país. As exportações alcançaram 7,6 bilhões de dólares e os produtos mais comercializados são: minério de ferro, café, pedras preciosas, veículos e autopeças. Metade da safra brasileira de café sai de Minas Gerais, que é também o segundo maior produtor de feijão e de milho. Possui o segundo maior rebanho bovino do país, sendo responsável por 27,5% da produção leiteira, o que significa 6 bilhões de litros de leite. É, ainda, o quarto maior produtor brasileiro de carne, com uma produção de 606 mil toneladas.

As Artes

Humberto Mauro foi um grande precursor do cinema nacional. Em 1925 lançava seu primeiro filme, Valadião , o Cratera. Depois, viriam grandes sucessos: Na Primavera da Vida, Ganga Bruta ,Braza Dormida, Symphonia de Cataguases.

Em 1928, Carlos Drummond de Andrade escandalizou os leitores brasileiros com o poema No meio do Caminho, publicado na Revista Antropofágica. De Minas para o Brasil, um dos maiores poetas nacionais de todos os tempos.

Em 1936, o artista Genesco Murta organizou a primeira exposição coletiva de arte moderna, em Belo Horizonte. Aníbal Mattos agitava o ambiente cultural na capital, organizando exposições. Fundou a Sociedade Mineira de Belas Artes e dirigiu a Escola de Belas Artes de Minas Gerais.

A década de 30 foi a era da informação. Entraram em operação: a Rádio Mineira (1931), Rádio Guarani (1936) e a Rádio Inconfidência (1936). Novos jornais começaram a circular, Diário do Comércio (1932), a Folha de Minas (1934), o Diário (1935), a Revista Alterosa (1938). Esses jornais inauguravam um novo tipo de imprensa, com informações objetivas e uma linguagem mais ágil.

Foi também na década de 30 a revelação do grande escritor João Guimarães Rosa, que ganhou o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras pela coletânea de poemas Magma . “Vivo no infinito; o momento não conta. Vou lhe revelar um segredo: creio já ter vivido uma vez. Nesta vida também fui brasileiro e me chamava João Guimarães Rosa.”

Começa, então, a fabulosa carreira de escritor que revelaria ao mundo, o sertão, o universo e a alma mineira. ”Minas está presente nessa obra, que exprime sua terra e sua gente, seu modo de ver e ser. Feliz a região que tem artista que a traduza com tal profundidade”. (Iglésias, Francisco).

A primeira Exposição de Arte Moderna de Minas Gerais, reunindo Anita Malfati, Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Portinari, Di Cavalcanti e Lasar Segall, foi apresentada em Belo Horizonte no ano de 1944. Nesse mesmo ano, o prefeito Juscelino Kubitschek assinava um decreto criando o Curso de Belas Artes, organizado e desenvolvido por Alberto da Veiga Guignard, que formou uma importantíssima geração de artistas plásticos como: Amílcar de Castro, Chanina, Maria Helena Andrés, Sara Ávila, Yara Tupinambá, Wilde Lacerda.

Na literatura, as década de 40 e 50 projetaram: Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Helio Pellegrino, Autran Dourado, Murilo Rubião, Silviano Santiago, Afonso Ávila, Lúcia Machado de Almeida.

Em 1955, uma espetacular inovação chega a Minas, a televisão! A partir de então, faria parte da vida dos mineiros. Inaugura-se a TV Itacolomi -o terceiro canal de televisão do Brasil – com um elenco de atores mineiros.

Época de grandes mudanças no cenário político brasileiro, a década de 60 revelou o Clube da Esquina com Milton Nascimento, Fernando Brant, Lô e Márcio Borges, Beto Guedes, Toninho Horta. Na literatura, era a vez de Roberto Drummond, Olavo Romano e Oswaldo França Junior revelarem todo seu potencial. O Festival de Inverno de Ouro Preto foi a grande concepção da UFMG para inovar o panorama cultural mineiro em 1967. E o Brasil se deleitava com o humor ferino das charges do Henfil, que criticava ferozmente a ditadura militar.

As últimas décadas foram marcadas pelo surgimento de grupos como: Uakti, um marco na música instrumental brasileira.O Skank, Pato Fu, Virna Lisi e o internacional Sepultura.

Nas artes plásticas têm que ser citados os nomes de Marcos Benjamim, Fernando Lucchesi, Marco Túlio Resende, Ana Horta e Mônica Sartori, Carlos Bracher que já representaram Minas na Bienal de São Paulo. Éolo Maia, Sylvio Podestá e Gustavo Penna dominam o cenário na área da arquitetura, com o que há de melhor na arquitetura de vanguarda.

Festivais de música, dança, teatro e outras modalidades são constantemente organizados em todo o Estado, divulgando a cultura mineira e revelando novos talentos. O destaque é para o FIT -Festival Internacional de Teatro de rua e palco.

Hoje, Minas Gerais tem uma área de 588 mil km². Ocupando 7% do território brasileiro, é o 4º estado em extensão. Os mineiros representam 10% da população brasileira com cerca de 16 milhões e 500 mil habitantes, distribuídos em 853 municípios. Nos anos 90, a população alfabetizada já representava 74% do total e a expectativa de vida chegou aos 64 anos. Em 1988, Minas alcançou a marca de 71% de domicílios servidos por água tratada e 81% de domicílios servidos por energia elétrica.

PERSONALIDADES

Desde o início da formação da “pátria mineira” as primeiras gerações já se destacavam: Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho, Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes, Manuel da Costa Athaíde e Cláudio Manuel da Costa. A partir daí, os mineiros não pararam mais.

Esta seção é dedicada a algumas personalidades que marcaram a vida mineira e, também, a nacional. Nossa gente tem se destacado, ao longo da história, nas mais diversas atividades: política, literatura, artes plásticas, esportes, música, ciências e outras. Inventivos e laboriosos, os mineiros, durante os três séculos de história, sempre colaboraram para o desenvolvimento do Estado e do Brasil.

Não apenas aqueles que a história oficial elegeu como “vultos históricos” são responsáveis pela construção da história de um povo. As atitudes e atividades das pessoas no cotidiano é que tecem a história. Assim, milhões de mineiros contribuíram e contribuem para a formação social, política, econômica, artística e folclórica do Estado. Todos nós, mineiros, sejamos de que origem for, somos agentes dessa história e não simples observadores de fatos.

No início, os escravos mineraram o ouro, ergueram casas, igrejas e vilas. Os tropeiros alargaram as fronteiras, os vaqueiros geraram riquezas. Hoje, milhares de mineiros continuam no trabalho anônimo, contribuindo para o desenvolvimento da ‘pátria mineira’: o educador alfabetizando e formando o futuro cidadão; o operário transformando o minério em aço; o agricultor, na luta do dia-a-dia, explorando a fertilidade da terra; e o artesão exaltando a criatividade. Assim, todos os que trabalham, produzem, estudam e criam, todos são personalidades dessas Minas Gerais.

TEXTOS HISTÓRICOS DE MINAS GERAIS

Sentença Condenatória de Tiradentes

Rio de janeiro, 21-04-1792 – Mandado para execução de pena de morte contra José Joaquim da Silva Xavier.

Justiça que a Rainha Nossa Senhora manda fazer a este infame réu Joaquim José da Silva Xavier, pelo horroroso crime de rebelião e alta traição de que se constitui chefe e cabeça, na Capitania de Minas Gerais, com a mais escandalosa temeridade contra a real soberania, e suprema autoridade da mesma Senhora que Deus guarde.

Mande que, com baraço e pregão, seja levado pelas ruas públicas desta cidade ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que separada a cabeça do corpo seja levada a Vila Rica, onde será conservada em poste alto junto ao lugar da sua habitação, até que o tempo a consuma; que seu corpo seja dividido em quartos, e pregados em iguais postes pela entrada de Minas, nos lugares mais públicos, principalmente no da Varginha e Cebolas; que a casa da sua habitação seja arrasada e salgada, e no meio de suas ruínas levantado um padrão em que se conserve para a posteridade a memória de tão abominável réu e delito, e ficando infame para seus filhos e netos, lhe sejam confiscados seus bens para a Coroa e Câmara Real.

Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792. Eu o Desembargador Francisco Luís Álvares da Rocha, Escrivão da Comissão que o escrevi.

GEOGRAFIA

Minas Gerais
Serra do Espinhaço

Assim como a sua história, a geografia de Minas Gerais varia muito de uma região para outra. Planaltos, depressões, vales, serras, picos, cavernas, rios e cachoeiras alternam-se com bonitos campos ondulados, lagos, florestas, afloramentos minerais e coberturas vegetais as mais diversas.

Belas paisagens, terras férteis e generosas, habitadas por um povo hospitaleiro. Assim é Minas Gerais, este rico estado situado na porção noroeste da região Sudeste do Brasil, entre os paralelos de 14º 13’ 58” e 22º 54’ 00” de latitude sul e os meridianos de 39º 51’ 32” e 51º 02’ 35” a oeste de Greenwich. Nesta região, concentram-se 43% da população do país, cerca de 60% do PIB nacional e a parcela mais significativa do mercado consumidor brasileiro.

Estado de maior extensão da região Sudeste, Minas possui uma área total de 586.552,4 km2, que corresponde a 7% do território nacional, aproximadamente. Da área total, 5.030 km2 são constituídos de lagos e rios. Desfrutando de uma privilegiada centralidade geográfica, limita-se com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e com o Distrito Federal. Esses limites perfazem 4.727 km de extensão da linha divisória do Estado, dos quais 1.300 km somente com São Paulo.

Com 18 milhões de habitantes, aproximadamente, Minas Gerais é o estado brasileiro que tem o maior número de municípios: são 853 agrupados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – em doze mesorregiões geográficas que se subdividem em microrregiões homogêneas.

Sua capital é Belo Horizonte, concebida e planejada para substituir Ouro Preto, então superada em sua capacidade infra-estrutural. Inaugurada em 12 de dezembro de 1897, hoje é uma moderna metrópole extremamente bem localizada na região central do Estado, com 2,3 milhões de habitantes. Entretanto, a região metropolitana, constituída de 34 municípios, já totaliza uma população de 4 milhões de habitantes aproximadamente.

O Estado se orgulha de possuir muitos municípios expressivos, seja no contexto industrial e tecnológico, no comercial ou no agropecuário, seja pelas riquezas naturais e culturais. Em muitos deles, a atividade turística vem recebendo uma maior atenção por parte das administrações municipais, de segmentos empresariais e das comunidades locais.

A infra-estrutura existente torna Minas Gerais a principal intersecção rodoviária e ferroviária do país, cuja logística permite rápido acesso aos mercados nacional e internacional, já que dispõe de cinco estações aduaneiras do interior e do Aeroporto Internacional de Confins, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, além de vários outros com pistas pavimentadas espalhados pelo interior.

Apesar de mediterrâneo, o Estado está unido por eficiente sistema rodoferroviário aos três principais portos brasileiros: Rio de Janeiro, Vitória e Santos. Além de conter 1/5 do sistema ferroviário nacional, possui extensa malha rodoviária (264.898 km de estradas, das quais 19.266 km são pavimentadas) e é rota inevitável dos grandes fluxos comerciais nos sentidos norte-sul e leste-oeste. Estrategicamente, possui quatro grandes eixos rodoviários que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, a São Paulo, Vitória e à região Centro-Oeste, passando pelo Triângulo Mineiro.

Dentre as políticas estaduais em vigor para o turismo, uma importante diretriz é a regionalização. Assim, o setor público, visando o desenvolvimento turístico de Minas, vem investindo em seus municípios, organizando-os em conjuntos denominados Circuitos Turísticos.

O descubraminas.com, atuando em consonância com esta diretriz, apresenta os municípios turísticos e os de potencial turístico do Estado agrupados por circuitos e também isoladamente como destinos. Portanto, é importante salientar que existem diversos municípios mineiros com potencial turístico que ainda não fazem parte de nenhum desses circuitos. Nesse caso, a busca por informações inerentes neste Portal deve ser realizada através da seção Destinos Turísticos.

Para uma melhor visualização de Minas no que se refere ao Turismo, o Estado é apresentado aqui dividido também em seis Regiões Culturais , definidas em função dos diferentes processos históricos que ocorreram em cada uma delas concomitantemente com as peculiaridades de seus aspectos físico-geográficos.

A POPULAÇÃO INDÍGENA DE MINAS GERAIS

Minas Gerais
Povos Indígenas em Minas Gerais

Eram mais de cem os grupos indígenas que viviam em Minas Gerais. Ao longo dos anos, eles foram sendo dizimados pelo homem branco, que os escravizava, matava, ocupava suas terras e lhes transmitia suas doenças. Os Carijós, ou índios escravos, como eram chamados pelos colonizadores, foram pouco a pouco perdendo seu espaço. Com o tempo desapareceram os Puris do Sul de Minas, os Caiapós e os Bororós do oeste e muitos outros.

População quase em extinção, os índios do Estado estão reduzidos a cinco grupos: Xacriabá, Krenak, Maxacali, Pataxó e Pankararu. Esses grupos, que ainda sobrevivem em algumas reservas, continuam a praticar seus cultos e atividades primitivas, ainda preservam usos e costumes, mas são pobres e doentes, habitam choças, sofrem muita pressão de fazendeiros e recebem pouca assistência dos governos e da sociedade.

A maior concentração é dos Xacriabá, com pouco mais de 6.000 índios, que vivem em São João das Missões, numa reserva de 46 mil hectares (ha). Um pequeno grupo dos Pankararu vive em Coronel Murta, Vale do Jequitinhonha, numa reserva de 62 ha. Pouco mais de 200 índios Pataxó vivem em 3.200 ha, em Carmésia, no Vale do Aço e um grupo aproximado de 150 Krenak disputam com posseiros a posse de 4.000 ha de sua reserva, que tem 3.871 ha invadidos. Os Maxacali, estimados em 811 índios, também disputam a posse e a preservação de suas terras no Vale do Mucuri.

ASPECTOS ECONÔMICOS

A história econômica de Minas Gerais teve início com a exploração de ouro e diamantes. A descoberta do ouro no final do século 17 atraiu grandes contingentes de exploradores e deu origem a inúmeros povoados nas regiões auríferas.

Após o apogeu, a atividade mineradora entrou em progressivo declínio por volta de 1750, em decorrência do esgotamento das reservas, sem que houvesse gerado expansão econômica. Seu legado mais importante foi um rico acervo de arte colonial mineira, mundialmente conhecido.

Encerrada essa fase, a política de isolamento, antes imposta à região mineradora como forma de exercer maior controle sobre a produção de pedras e metais preciosos, ainda inibia o desenvolvimento de outras atividades econômicas de exportação, forçando a população a se dedicar a atividades agrícolas de subsistência.

Por decênios, apesar dos avanços alcançados na produção de açúcar, algodão e fumo para o mercado interno, Minas Gerais continuou restrito às grandes fazendas auto-suficientes, autárquicas e independentes. A estagnação econômica de Minas, como a de todo o Brasil, somente foi rompida no Primeiro Império com o surgimento de uma nova e dinâmica atividade exportadora, o café.

A introdução da cafeicultura em Minas Gerais ocorreu no início do século 19. Localizou-se inicialmente na Zona da Mata, onde se difundiu rapidamente, transformando-se na principal atividade da província e agente indutor do povoamento e do desenvolvimento da infra-estrutura de transportes. A prosperidade trazida pelo café ensejou um primeiro surto de industrialização, reforçado, mais tarde, pela política protecionista implementada pelo Governo Federal após a Proclamação da República.

As indústrias daí originárias eram de pequeno e médio portes, concentradas principalmente nos ramos de produtos alimentícios (laticínios e açúcar), têxteis e siderúrgicos. No setor agrícola, em menor escala, outras culturas se desenvolveram, como o algodão, a cana-de-açúcar e cereais.

O predomínio da cafeicultura só vai se alterar, gradualmente, no período de 1930/50, com a afirmação da natural tendência do Estado para a produção siderúrgica e com o crescente aproveitamento dos recursos minerais. Nesse particular, merecem destaques a construção da Cidade Industrial entre os limites de Belo Horizonte e Contagem e a criação da Cia. Vale do Rio Doce em 1942 por Getúlio Vargas.

Ainda na década de 50, no processo de substituição de importações, a indústria ampliou consideravelmente sua participação na economia brasileira. Um fator que contribuiu para essa nova realidade foi o empenho governamental na expansão da infra-estrutura – sobretudo na área de energia e transportes – cujos resultados se traduziram na construção da barragem de Três Marias; na criação, em 1952, da Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG e na expansão da malha rodoviária estadual, com destaque para a inauguração da Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo, no fim da década.

Nos anos 60, a ação do Governo cumpriu papel decisivo no processo de industrialização, ao estabelecer o aparato institucional requerido para desencadear e sustentar o esforço de modernização da estrutura fabril mineira.

A eficiente e ágil ofensiva de atração de investimentos, iniciada no final da década de 60, encontrou grande ressonância junto a investidores nacionais e estrangeiros. Já no início dos anos 70, o Estado experimentou uma grande arrancada industrial, com a implantação de inúmeros projetos de largo alcance sócio-econômico. O parque industrial mineiro destacou-se nos setores metal-mecânico, elétrico e de material de transportes.

Entre 1975 e 1996, o Produto Interno Bruto (PIB) mineiro cresceu 93% em termos reais. Em igual período, o País registrou um crescimento de 65%. Esse relevante desempenho verificou-se, sobretudo, no setor de transformação e nos serviços industriais de utilidade pública. Na indústria extrativa mineral, a supremacia mineira perdurou até 1980, quando o País passou a explorar, entre outras, as jazidas do complexo Carajás. Entretanto, em 1999, o Estado ainda respondia por 53% do valor da produção mineral brasileira do setor de metálicos.

A estrutura econômica atual (2003) do Estado é bastante influenciada pelo setor industrial, responsável por 42,8% do PIB de Minas Gerais, enquanto a agropecuária contribui com cerca de 8,5% e o setor de serviços, com 48,7%.

Esses indicadores caracterizam a grande transformação ocorrida nas últimas décadas.

O estado de Minas Gerais disputa com o Rio de Janeiro o segundo lugar em importância econômica no país, após São Paulo. Participa com 10% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) e se destaca no cenário nacional em diversos setores industriais: 30% da produção nacional de automóveis; 38% da produção de aço; 53% da produção nacional de ferro gusa; e 25% da produção de cimento. A agropecuária de Minas Gerais, que mantém a liderança nacional, ocupa quase 70% do território, principalmente no Triângulo Mineiro, Sul e Sudeste do Estado.

Sua participação é relevante em diversos segmentos: possui o maior rebanho bovino do país, com 22 milhões de cabeças (13% do total); é o maior produtor de leite (32% da produção nacional); responde por metade da produção nacional de café; e se destaca ainda entre os principais estados produtores de abacaxi (34%), batata (27%), alho (21%) feijão (12%) e milho (10%), entre vários outros produtos agrícolas.

No setor de mineração, destaca-se como grande reserva mineral do país: o valor de sua produção corresponde a 1/3 do total brasileiro.

As exportações do estado representam cerca de 13% do total nacional, ressaltando-se que entre os principais produtos exportados por Minas Gerais estão automóveis, autopeças, minério de ferro, produtos de aço e café.

As regiões central, do sul de Minas, do Triângulo Mineiro, do Rio Doce e a Zona da Mata são as de maior relevância econômica do estado, sendo responsáveis por 76% do PIB. Os municípios que mais contribuíram para a geração do PIB estadual, em 1995, foram Belo Horizonte (24,3%), Contagem (4,2%) e Betim (3,6%).

Fonte: Itamaraty – Ministério das Relações Exteriores

Minas Gerais

ASPECTOS FÍSICOS

Cerca de 30% do imenso território mineiro é ocupado por lagos e rios, e 1.252 km2 por áreas de preservação ambiental, entre parques estaduais e federais. Se o mar não está em nenhuma das divisas, a natureza soube compensar o Estado com suas 16 bacias fluviais que irrigam distintas formações vegetais. Dentre os inúmeros rios, destaca-se o São Francisco, cuja bacia drena 40% do território mineiro. Também são significativos os rios Jequitinhonha, Doce, Grande, Paranaíba, Mucuri e o Pardo.

Terras planas, vales, colinas e montanhas definem o relevo fortemente acidentado com altitude média de 700 m. Minas integra o Planalto Atlântico, com destaque para as serras da Mantiqueira e do Espinhaço, e apresenta altitudes que variam entre 79 m, no município de Aimorés, a 2.890 m, no Pico da Bandeira, na Serra do Caparaó.

Minas Gerais
Rio São Francisco

Dos oito ecossistemas brasileiros, três estão em Minas – Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. Eles abrigam diferentes características de vegetação, clima e relevo, sendo habitat para numerosas espécies de aves, répteis, anfíbios, peixes, mamíferos não-aquáticos, insetos, entre outras.

A floresta tropical rasgada por faixas de Cerrado, predomina na paisagem com clima tropical de altitude, apresentando em média 24°C, com mínimas de 9°C na região sul e máxima de 33°C no norte do Estado.

As diferentes formas de relevo e tipos de clima de Minas propiciam, assim, uma vegetação diversificada, tornando possível a existência de flora e fauna muito ricas.

CLIMA

Minas Gerais
Clima de Minas Gerais

O clima de Minas Gerais pode ser definido como ameno e agradável. Nunca experimenta variações extremas tão comuns em outras regiões do País, nem mesmo nos pontos que sofrem as maiores incidências.

Das secas prolongadas no tropical semi-árido às temperaturas mais baixas no tropical de altitude, passando pelos verões chuvosos do tropical semi-úmido, não sofre alterações significativas que o levem a extremos exagerados.

Três são os tipos básicos de clima que ocorrem em Minas, conforme a região:

· tropical semi-árido, ao norte;
· tropical semi-úmido, no centro-sul;
· tropical de altitude, nas regiões mais altas. (Perfil de Minas Gerais 2001)

Dos três tipos de clima, o tropical de altitude, que é o dominante, é o que mais favorece o desenvolvimento turístico no Estado.

No âmbito do turismo terapêutico, as estâncias climáticas de Monte Verde e Maria da Fé, cujas temperaturas médias anuais são de 19°C, são exemplos significativos de cidades que se tornaram turísticas em decorrência do clima. As próprias cidades históricas, situadas nas partes altas do Quadrilátero Ferrífero, apresentam um clima ameno, que fica ainda mais agradável no inverno.

Assim, este tipo de clima favorece o desenvolvimento de atividades econômicas como o artesanato específico de crochet, tricot e malhas, bebidas quentes e destiladas, e estimula outros segmentos do turismo como os serviços de hospedagem, gastronomia e eventos.

HIDROGRAFIA

Minas Gerais é um estado muito rico em nascentes de água. As grandes bacias hidrográficas do país têm suas origens no território mineiro, como é o caso das bacias do São Francisco, do Paraná e a do Leste.

A bacia do Rio São Francisco tem como principais componentes os rios São Francisco, das Velhas e Paracatu. O Rio São Francisco, considerado como o rio da integração nacional, nasce na Serra da Canastra e desempenha papel fundamental na vida de milhões de brasileiros, percorrendo grande extensão do território mineiro, e partes dos Estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas, onde deságua no oceano atlântico.

A bacia do rio Paraná banha parte do oeste, o Triângulo Mineiro e o Sul de Minas, e é composta das sub-bacias dos rios Paranaíba e Grande.

A bacia do Leste tem várias nascentes em Minas Gerais. Elas dão origem a bacias menores, cujos rios correm nas seguintes direções: para a Bahia, correm os rios São Francisco, Pardo, Jequitinhonha, Buranhém, Jucuruçu, Itanhém / Alcobaça, Mucuri e Peruípe; para o Espírito Santo, correm o Rio Itaúnas – quase na divisa com a Bahia – e os rios São Mateus, Doce e Itapemirim; também no sentido leste, separando o Espírito Santo do Rio de Janeiro, corre o Rio Itabapoana; para o Rio de Janeiro, corre o Paraíba do Sul; e para São Paulo, o Rio Jaguari.

São essas inúmeras nascentes que conferem ao Estado o título de Caixa D’Água do Brasil. Esses recursos hídricos são amplamente utilizados pelas usinas hidrelétricas e represas, nos açudes e canais para irrigação, nas atividades de Turismo e lazer, etc.

No entanto, grande parte dos rios de Minas se encontra ameaçada pela exploração desordenada feita pelo homem, de maneira predatória e inconseqüente, tanto em decorrência do desmatamento das áreas das nascentes e das matas de galeria, quanto do lançamento de lixo e esgoto, sobretudo aqueles produzidos nos centros urbanos e pelas grandes unidades industriais.

O baixo nível de consciência da sociedade em relação à preservação ambiental também contribui para a degradação desses mananciais. Por outro lado, os turistas que deixam lixo de todo tipo nas trilhas, cachoeiras e praias fluviais, as pessoas que jogam lixo nas ruas, lotes vagos ou nas estradas através das janelas dos veículos e os responsáveis pelos lixões ignoram que as águas das chuvas, ao arrastarem esse material para os rios e lagoas, acabam comprometendo ainda mais os ecossistemas regionais.

Felizmente, apesar de toda essa degradação, diversas empresas e ongs de Minas vêm implementando inúmeros projetos com o objetivo de minimizar os impactos sobre a natureza das ações equivocadas produzidas pelo homem. São bons exemplos: o projeto Manuelzão, desenvolvido pela UFMG, que visa a revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas; os projetos da Usina Termoelétrica de Igarapé / piracema e da Represa do Peti, dentre outros desenvolvidos pela Cemig; e os projetos do Parque Florestal da Serra do Rola Moça, da Reserva Florestal do Mutuca e da Reserva Florestal do Rio Manso, implementados pela Copasa, estes últimos com proibições severas, tentando salvar o que restou.

Para se ter uma idéia, apresenta-se, a seguir, por região e numa abordagem mais genérica, a situação dos rios de Minas Gerais:

Os rios Grande, Paranaíba e Araguari percorrem o sul, o oeste e o Triângulo Mineiro, formando a bacia do Paraná. Além de serem aproveitados para várias usinas hidrelétricas, a fertilidade do solo em seus vales muito beneficia a atividade agropecuária.

Região Noroeste

A rede hidrográfica que banha a região noroeste de Minas é constituída de afluentes do rio São Francisco, como os rios Paracatu, Urucuia e Pardo, dentre outros que são aproveitados para o transporte fluvial, escoando produtos agrícolas regionais.

Região Norte

No norte do Estado, o rio São Francisco e seus afluentes banham uma região muito seca e pobre. Para piorar a situação, o processo de poluição das suas águas está em níveis alarmantes. Rejeitos de várias áreas urbanas são levados até o Velho Chico, principalmente através do rio das Velhas e do Paraopeba.

Mas, já se percebe também nessa região a execução de alguns projetos agropecuários e industriais da Sudene como o cultivo da uva, de frutas tropicais – como a manga e a pinha – e a produção de cana-de-açúcar com seus respectivos alambiques. A Represa de Três Marias, além de produzir energia elétrica, tem proporcionado o desenvolvimento do Turismo em seu entorno, já que suas águas são um convite às atividades náuticas, à pesca e aos esportes aquáticos.

Região Centro-Oeste

Esta região do Estado também possui inúmeras nascentes. O destaque fica para a nascente do rio São Francisco, onde as comunidades regionais e ongs lutam para protegê-la e para amenizar o grau de poluição das águas ao longo do rio.

Em Formiga, por exemplo, o Projeto da Codema coordena junto aos presidiários um viveiro de mudas de plantas típicas da região. Lagoa da Prata, por sua vez, desenvolveu um importante projeto para resgatar o ecossistema local. O município foi submetido a um amplo reflorestamento para recompor o desgaste do solo e dos mananciais. Milhares de mudas nativas foram replantadas ali, culminando numa das maiores concentrações de árvores replantadas em um mesmo município.

Região Nordeste

O clima quente e seco do nordeste mineiro, o desmatamento em larga escala e as dragas de garimpos vêm comprometendo o volume de água do histórico rio Jequitinhonha, tanto que seus afluentes chegam a secar nos períodos de estiagem, fazendo desta região uma das mais castigadas e miseráveis do país.

Região Leste

A bacia do Mucuri e a bacia do rio Doce, com suas várzeas úmidas, férteis e de tamanhos significativos, por banharem áreas industriais, também estão afetadas pela poluição e pelo assoreamento. Em decorrência, as comunidades de muitos dos municípios ribeirinhos acabam sendo vítimas das freqüentes inundações. Destaca-se, ainda, aqui, a pequena bacia do rio Piracicaba, que deságua no rio Doce.

Região Sudeste

Nesta região de Minas, onde a agropecuária é bastante desenvolvida, os rios Piranga e Manhuaçu – afluentes do rio Doce – e os rios Paraibuna, Pomba e Muriaé – afluentes do rio Paraíba do Sul – também passam pelos mesmos problemas do leste.

Região Sul

Os rios Grande e Sapucaí correm em uma região agroindustrial de planalto ondulado, que faz parte da Serra da Mantiqueira. É a região de Minas que concentra o maior número de circuitos turísticos, a maioria deles voltada para o Ecoturismo e o Turismo Rural. Mas, as chuvas e enchentes também afetam muito as cidades e estradas e comprometem o desenvolvimento do Turismo.

Região Centro-Sul

Nesta região, os rios são de menor porte, afinal, grande parte das nascentes está nas áreas mais montanhosas como o Maciço do Espinhaço, as serras da Moeda, do Cipó e do Caraça. Chamam a atenção, dentre outras, a bacia do rio das Velhas e a do Paraopeba. Grande parte de seus percursos está em áreas industriais e de intensa atividade mineradora. Em conseqüência, as águas estão comprometidas para o abastecimento das áreas urbanas.

Enfim, mesmo com uma natureza tão generosa, o assoreamento, os lixões, a poluição, a falta de consciência da própria população e o descaso do poder público são fatores que interferem muito negativamente na preservação desse imenso potencial hídrico de Minas Gerais.

AS ÁGUAS

Minas Gerais
Rio Manso

Onde nascem as águas dos rios?

As águas das chuvas, ao caírem na superfície da Terra, tomam três direções: uma parte evapora e vai construir as nuvens; outra escoa pelas costas, forma as enxurradas e pode provocar a erosão do solo,e a terceira parte infiltra-se no solo e vai constituir o lençol d´água subterrâneo. Esse lençol d´água subterrâneo, ao brotar na superfície, forma a fonte, que é a nascente. Os cursos d´água vão se encontrando e podem constituir rios volumosos.

Porque conservar as nascentes?

Uma nascente de onde brota muita água dá origem a rios volumosos. Se o volume de água que brota da nascente diminui, o nível da água do rio também irá diminuir. Muitos rios podem até secar quando suas nascentes não são protegidas. Para conservar as nascentes é importante manter a vegetação em suas proximidades.

As árvores dificultam a ação das enxurradas e suas raízes favorecem a infiltração das águas da chuva.

Para que servem as águas dos rios?

A vida brota nos rios. São fungos, bactérias, algas, plantas aquáticas, insetos, sapos,rãs, cobras e peixes. Indiretamente, os rios também são responsáveis pela vida de muitas plantas terrestres.

Como são utilizadas as águas captadas dos rios?

As águas captadas dos rios são usadas no abastecimento doméstico, público e industrial, na agricultura e também em atividades de lazer (piscinas e parques). Além disso, as águas dos rios representam importantes vias de transporte, fornecem energia elétrica e formam locais de lazer com suas cachoeiras e praias.

Principais ameaças às águas

Lançamento, nelas, de esgoto doméstico sem nenhum tratamento; depósitos de lixo às margens dos rios; uso indiscriminado de agrotóxicos nas plantações, contaminando o solo, as águas subterrâneas e, conseqüentemente, o próprio rio; incêndios florestais e queimadas para plantio de lavouras; assoreamento causado por terra e areia e lançamento de efluentes industriais.

O que é uma bacia hidrográfica?

Todo rio nasce pequeno. Próximo à nascente, é apenas um pequeno córrego. À medida que vai ganhando água de outros riachos e ribeirões, vai crescendo, até tornar-se um rio. Cada rio, por sua vez, lança suas águas em um rio maior, ou segue seu curso até desaguar no mar. É assim que se formam os rios que integram as grandes bacias hidrográficas, a partir da contribuição dada por seus afluentes. Grande ou pequeno, cada um dos seus afluentes é muito importante para que o rio maior conserve a qualidade e o volume de suas águas. São os afluentes que alimentam e fortalecem o rio com água limpa ou que contribuem com sua degradação, ao lançar os poluentes que receberam ao longo de seu curso.

Da mesma maneira, cada bacia hidrográfica é composta de várias bacias menores, denominadas sub-bacias. Cada sub-bacia abrange uma área específica, para onde convergem as águas de todos os rios pequenos e médios da região, que podem ou não ser afluentes ciretos do rio principal. Assim, uma bacia hidrográfica é o conjunto das terras que drenam suas águas para um mesmo rio, abrangendo todas as sub-bacias formadas por seus afluentes e rios menores.

A ÁGUA É UM BEM DE TODOS E NÓS PODEMOS COLABORAR DE VÁRIAS FORMAS PARA PRESERVÁ-LA. A SUA PARTICIPAÇÃO É MUITO IMPORTANTE. VEJA O QUE VOCÊ PODE FAZER.

– Proteger as matas ciliares, conservar matas, rios, córregos e lagoas da sua cidade.

– Evitar incêndios florestais, não jogando vidros, latas, pontas de cigarro acesas.

– Não acender velas ou fogueiras próxima à vegetação e nunca soltar balões.

– Ter cuidado para não jogar matérias que possam entupir tubulações.

– Não Jogar lixo em vias públicas, parques, áreas de lazer, etc.

– Consertar vazamentos de torneiros e descargas.

– Fazer manutenção constantes das caixas d´água e de gordura.

– Evitar o desperdício ao consumir água.

– Participar de eventos comemorativos ligados à água, difundir informação e debates relativos ao tema.

Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte

Minas Gerais

RIO DAS VELHAS

Bacias

Rio das Velhas
Rio São Francisco

Nascente: Área de Proteção Ambiental da Cachoeira das Andorinhas

Extensão: 761km

Desaguadouro: Rio São Francisco / Distrito de Barra do Guaicuí, município de Várzea da Palma

Principais municípios banhados pelo rio das Velhas

Baldim
Itabirito
Jaboticatubas
Jequitibá
Lassance
Nova Lima
Rio Acima
Sabará
Santa Luzia
Santana de Pirapama
Santo Hipólito
Várzea da Palma

Histórico do nome

Pelos indígenas, o rio era chamado pelo nome de Guaicuí. Segundo o livro Toponímia de Minas Gerais, o vocábulo é originário de guaimi – mulher velha. O historiador Diogo de Vasconcelos explica que a palavra se originou de Uaimi-i, que significa rio das velhas. No caso, então, aconteceu uma tradução literal para o português.

De acordo com a lenda, o nome teve origem no fato de os bandeirantes terem encontrado, no final do século 17, muitos indígenas idosos vivendo às margens do rio, na região onde hoje se encontra a cidade colonial de Sabará.

Mais informações

A bacia do rio das Velhas possui aproximadamente 28.173 km2 e 51 municípios total ou parcialmente abrangidos. Nos trechos do alto e médio da bacia, estão 15 municípios que pertencem à Região Metropolitana de Belo Horizonte. É nessa região que se concentram 86% da população da bacia, com cerca de 4,4 milhões de habitantes.

Essa região da área metropolitana de Belo Horizonte, por ter alto índice de urbanização e expressiva atividade industrial, é responsável pela degradação que o rio das Velhas vem passando ao longo das últimas décadas.

Em defesa da bacia e com a filosofia de “trazer o peixe de volta ao Rio das Velhas”, surgiu o Projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais para “[…] promover a revitalização da bacia do Rio das Velhas”. Suas atividades tiveram início em 1997, na Faculdade de Medicina, pela iniciativa de um grupo de professores que perceberam que saúde não é apenas uma questão médica: ela está diretamente relacionada às condições sociais e ao meio ambiente em que as pessoas vivem.

Dessa forma, o projeto tem como eixo de atuação a promoção da saúde, do ambiente e da cidadania. A volta do peixe ao rio é o símbolo de sua luta. Para traduzir sua causa, o projeto buscou inspiração em uma figura simples, grande conhecedora do sertão mineiro: o vaqueiro Manuel Nardi, que foi imortalizado na obra do escritor Guimarães Rosa como Manuelzão.

Com atuação nos 51 municípios da bacia, o projeto incentiva a participação e o comprometimento das pessoas, constrói relações com o poder público e o empresariado, atua na educação ambiental e na pesquisa. Tudo isso é feito para que, em cada canto da bacia, as pessoas atuem pelas questões locais e se percebam parte de um sistema em que cada ação, positiva ou negativa, reflete no todo. É o que o projeto chama de pertencimento de bacia.” (Disponível em: www.manuelzao.ufmg.br . Acesso em: 4 set. 07)

Entre os anos de 1850 e 1856, o naturalista Johannes T. Reinhardt, em sua estada em Lagoa Santa à convite de Dr. Lund, realizou as primeiras pesquisas científicas no rio.

O rio das Velhas foi de grande importância para o povoamento da região das minas. No final do século 17, Borba Gato, integrante da bandeira de Fernão Dias, fixou-se com outros integrantes às suas margens, em um trecho onde o rio era pródigo em ouro. O povoado originário desse assentamento se tornou a terceira vila de Minas – A Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, depois elevada à sede da comarca do Rio das Velhas – uma das cinco regiões administrativas da Capitania das Minas. Um dos resultados da bandeira de Fernão Dias foram as descobertas do precioso metal no rio das Velhas. No censo de 1776, a comarca do Rio das Velhas possuía 99.500 habitantes.

META 2010

A partir da constatação de que era preciso revitalizar o rio das Velhas o Projeto Manuelzão/UFMG propôs e o Governo do Estado de Minas Gerais assumiu o compromisso com META 2010: navegar, pescar e nadar no rio das Velhas, em sua passagem pela Região Metropolitana de Belo Horizonte, até 2010.

O foco da Meta 2010 é a região mais poluída da bacia do Velhas, que vai da foz do rio Itabirito até o ribeirão Jequitibá. As ações de revitalização neste trecho são fundamentais para a recuperação de toda a bacia.

Em 2007, a Meta 2010 passou a ser um dos Projetos Estruturadores do Governo de Minas, que por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD, tem articulado ações com vários parceiros: prefeituras municipais da bacia, CBH Velhas, COPASA, secretárias de Estado, ONGs, Projeto Manuelzão/UFMG, comunidades e empresas.

A Meta 2010 foi a base para elaboração do Plano Diretor do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, aprovado em outubro de 2004, no qual estão definidas várias ações específicas de saneamento e recuperação ambiental, visando alcançar a melhoria da qualidade das águas da bacia e o retorno do peixe ao rio.

RIO DOCE

Minas Gerais
Lago – Parque Estadual do Rio Doce

Bacia: Rio Doce

Nascentes

Ribeirão do Carmo, Mariana/MG
Rio Piranga, Ressaquinha/MG

O rio Piranga é considerado o principal formador do rio Doce, que recebe esse nome quando do encontro do rio Piranga com o rio do Carmo.

Extensão: 853 km

Desaguadouro: Oceano Atlântico – localidade de Regência, Linhares/ES

Principais municípios banhados pelo rio Doce

Em Minas Gerais
Aimorés
Conselheiro Pena
Galiléia
Governador Valadares
Ipatinga
Itueta
Perequito
Resplendor
Tumiritinga

No Espírito Santo
Baixo Guandu
Colatina
Linhares

Principais afluentes
Margem esquerda em Minas Gerais
Piracicaba
Santo Antônio
Suaçuí Grande

Margem esquerda no Espírito Santo
Pancas
São José

Margem direita em Minas Gerais
Caratinga-Cuietê
Casca
Manhuaçu
Matipó

Margem direita no Espírito Santo
Guandu

Limites da bacia
Sul

Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul

Oeste
Bacia do rio São Francisco, e, em pequena extensão, com a do rio Grande

Norte
Bacia dos rios Jequitinhonha e Mucuri

Noroeste
Bacia do rio São Mateus

Principais peixes do rio Doce: Robalo, traíra, acará, piabanha, morobá, jundiá, curimba, bagre-africano, carpa, tilápia, pitu, cascudo, moréia.

Histórico

Os colonizadores portugueses encontraram a foz do rio Doce em 13 de dezembro de 1501. Como era o dia dedicado a Santa Luzia, o rio ganhou o nome da santa protetora da visão.

Nas primeiras décadas da colonização, o rio Doce se tornou uma via importante para os entradistas que buscavam conhecer o interior da Colônia. Sebastião Fernandes Tourinho, em 1573, foi oficialmente o primeiro a se orientar pelo Santa Luzia para sua expedição em busca de riquezas. Seguir a partir da foz não foi possível, mas, já no interior, a navegação se tornou praticável. Foi nessa época que o largo curso de água passou a se chamar rio Doce.

“A certeza inabalável dos tesouros minerais, progressivamente aumentada por estas expedições, sugeriu a famosa exploração de Sebastião Fernandes Tourinho, sobrinho do donatário de Porto Seguro, moço de grandes espíritos.

Tomado conhecimento mais completo, e combinando as indicações comuns dos roteiros, deliberou resolver o problema pela diretriz do rio Doce, evitando assim o país dos aimorés, que dominavam a serra e as paisagens de Porto Seguro. Com os elementos de que dispunha, organizou uma tropa de 400 sequazes, bem municiados, e, vindo para a foz do rio Doce, tentou invadi-lo; mas a força da correnteza, em luta com o mar, não só o repeliu, mas causou-lhe danos irreparáveis…buscando as águas navegáveis do Manhuaçu; e deste então passou-se para o rio Doce, entrando por aí em leito apaziguado acima das cachoeiras” (História Antiga das Minas Gerais, Diogo de Vasconcelos, 1974).

Mas o rio não se transformou em uma rota de entrada para a capitania das Minas. Até o século 19, os “Sertões Rio Doce” eram temidos e evitados por causa dos índios botocudos, que formaram uma barreira para o assustador descaminho do ouro e povoamento da região. Na obra História Antiga das Minas Gerais, Diogo de Vasconcelos faz algumas referências à questão:

“[…] Ao povoado que hoje tem o nome de Alvinópolis, arraial que, em outros tempos, foi útil, e serviu de fortaleza para conter os selvagens ferozes do rio Doce.”

“O rio Doce era em verdade magnífico e populoso, mas intratável, assim por efeito das febres terríveis, que assaltavam a todo e qualquer ádvena; como dos canibais, acaso mais intolerantes, botocudos ferocíssimos, última expressão dos aimorés decadentes.”

Nas primeiras décadas do século 19, os aguerridos e valentes botocudos foram expulsos de suas terras e dizimados. O desbravamento era feito pelos rios, em canoas, única forma de vencer a mata fechada e as longas distâncias. E foram os canoeiros que deram partida ao comércio, transformando o rio Doce na ligação entre Minas Gerais e Espírito Santo e em uma importante via mercantil.

Mais informações

Cerca de 3,1 milhões de pessoas vivem hoje na bacia do rio Doce, que compreende 230 municípios, sendo 202 mineiros e 28 espírito-santenses. Desses municípios 90% possuem menos de 20 mil habitantes. O Vale do Aço tem o maior adensamento populacional da bacia, e o fluxo migratório direciona-se, sobretudo, para as maiores cidades, como Ipatinga e Governador Valadares. Em decorrência, há uma tendência de diminuição populacional nos municípios com população de até 20.000 habitantes, que representam cerca de 93% dos municípios da bacia do rio Doce.

As nascentes dos formadores do rio Doce estão em altitudes superiores a 1.000 m. Ao longo de seu curso, sobretudo a partir da cidade de São José do Goiabal, o rio Doce segue em altitudes inferiores a 300 m.

A economia da região da bacia do rio Doce está baseada principalmente nas seguintes atividades:

Agricultura: Pecuária de leite e corte, suinocultura, café, cana-de-açúcar, hortifrutigranjeiros e cacau.

Indústria: Siderurgia, metalurgia, mecânica, química, alimentícia, álcool, têxtil, curtume, papel e celulose.

Mineração: Ferro, ouro, bauxita, manganês, rochas calcáreas e pedras preciosas.

Vegetação na área da bacia do rio Doce

“Originalmente coberta por Mata Atlântica, a intensa devastação restringiu o revestimento florístico originário basicamente à área do Parque Estadual do Rio Doce. As demais matas correspondem a uma vegetação que sofreu influência antrópica intensa, constituindo-se em vegetação secundária.

Estima-se que menos de 7% da área possui hoje cobertura vegetal (FONSECA, 1.983 e 1.985, in UFMG/PADCT, 1.997). Desses, menos de 1% encontra-se em estágio primário (MITTERMEIER et al., 1982; FONSECA, 1985 – in UFMG/PADCT, 1997).

Segundo pesquisas realizadas pela Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), 95% das terras da bacia constituem pastos e capoeiras, demonstrando a predominância da atividade pecuária.

As espécies mais difundidas na formação de pastagens são o capim-gordura (Melinis minutiflora), em áreas situadas acima da cota altimétrica de 800 m, e o colonião (Panicum maximum), abaixo dessa altitude. As florestas plantadas, constituídas principalmente por espécies do gênero Eucaliptus, são expressivas no médio rio Doce.

Quase todos os reflorestamentos pertencem às siderúrgicas Acesita e Belgo Mineira ou à Cenibra; produtora de cultivadas apresentam-se em menores proporções (Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce).

Atualmente, existem sete comitês de bacias hidrográficas de rios afluentes do Doce em funcionamento. Seis comitês estão sediados em Minas Gerais, em regiões hidrográficas chamadas Unidades de Planejamento e Gestão (DO1 a DO6), e um no Espírito Santo, onde existem também um comitê em fase de instalação e uma comissão pró-comitê. Eles atuam na gestão das águas, buscando integrar-se ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, de âmbito federal.

Projeto Águas do Rio Doce

Foi criado em outubro de 2004 para sensibilizar e informar os vários segmentos da sociedade da bacia hidrográfica do rio Doce sobre a importância da água como fator determinante do desenvolvimento e da qualidade de vida. Atua na mobilização e articulação de pessoas e instituições e na divulgação de ações e projetos bem-sucedidos, de iniciativas governamentais, não governamentais e privadas.

O Projeto Águas do Rio Doce tem a preocupação de não exercer o papel de outras instituições e não sobrepor ações, mas sim multiplicá-las e ampliá-las. Realiza atividades de informação, educação, treinamento e capacitação, mobilização e sensibilização pública, articulação e marketing, além de estimular o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos acadêmicos (www.aguasdoriodoce.com.br).

Fontes

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Disponível em: http://www.riodoce.cbh.gov.br/bacia/caracterizacao.asp. Acesso em: 14 out. 2008.
Projeto Águas do Rio Doce. Disponível em: http://www.aguasdoriodoce.com.br/inst_proj_apre.asp. Acesso em: 14 out. 2008.

RIO JEQUITINHONHA

“A principal porção de diamantes, tem sido sempre fornecida pelos dois rios principais do Distrito Diamantino, o Rio Jequitinhonha e o Rio Pardo. Nasce o primeiro na serra do Gavião, a sueste do Tejuco, faz uma grande curva em torno desse lugar, corre rápido, engrossado pelo Itacambiruçu, o Araçuaí e diversos outros rios, rumo nordeste da costa montanhosa, e acima, de Porto Seguro, na Província de igual nome, sob a denominação de Rio Belmonte, lança-se no oceano por diversas embocaduras “(Spix e Martius)

Bacia do Jequitinhonha
Área: 70.315 km2. Desta área, 66.319 km2 situam-se em Minas Gerais, ao passo que 3.996 km2 pertencem à Bahia. A bacia do Jequitinhonha abrange o vale do mesmo nome e engloba 82 municípios.

O Vale do Jequitinhonha, no Nordeste de Minas Gerais, divide-se em Alto Jequitinhonha (região da nascente, em Diamantina), Médio (região de Araçuaí) e Baixo (região de Almenara, próximo à foz, no litoral-sul da Bahia).

Nascente: Município do Serro – nos arredores da localidade de Capivari, sopé do Morro Redondo.

Extensão: 1.100 quilômetros

Principais municípios da bacia do Jequitinhonha: Araçuaí, Itinga, Jequitinhonha, Almenara, Pedra Azul, Itaobim, Joaíma.

Deságüe: Depois de atravessar o Nordeste de Minas, deságua no Oceano Atlântico – Município de Belmonte na Bahia.

Nome
O nome do rio Jequitinhonha se originou do nome da cidade. O termo era usado pelos índios botocudos e, segundo o estudioso Teodoro Sampaio, significava “rugido de onça”. Existe também a versão que Jequitinhonha significa Armadilha de peixe, onha, peixe, Jequi: armadilha de pesca feita de bambu, de forma a aprisionar o peixe atraído por uma isca.

Características
A maior parte do solo é árida, sendo castigada regularmente por secas e enchentes. Apesar desse problema, a agropecuária é uma das principais atividades econômicas da região. “O Vale do rio Jequitinhonha, apesar de ser uma das regiões mais pobres do Brasil, abriga uma cultura peculiar, que se releva nas manifestações populares únicas, ligadas aos mitos da natureza, à navegação e às lendas; e se manifestam no rico artesanato de barro, nas expressões musicais e folclóricas” (Wikipédia).

RIO SÃO FRANCISCO

Minas Gerais
Rio São Francisco

Bacia
São Francisco

Nascente
Parque Nacional da Serra da Canastra – São Roque de Minas/ MG

Extensão
2.700 km

Desaguadouro
Divisa dos estados de Alagoas e Sergipe

Principais municípios banhados pelo rio
Em Minas Gerais

Januária
Matias Cardoso
Pirapora
São Romão
Três Marias

Na Bahia
Bom Jesus da Lapa
Juazeiro
Paulo Afonso
Petrolina

Em Alagoas
Penedo

Principais afluentes
Abaeté
Carinhanha
Corrente
Grande
Jequitaí
Paracatu
Paraopeba
Velhas
Verde Grande
Urucuia

Histórico
O Rio São Francisco esta ligado ao processo de povoamento e valorização da terra pelos europeus, desde o inicio da colonização. No dia 04 de outubro de 1501, a expedição exploradora de André Gonçalves e Américo Vespúcio, descendo o litoral brasileiro a partir do Rio Grande do Norte, descobriu a foz de um caudaloso rio, ao qual, por se encontrarem no dia de São Francisco, deram o nome de Rio São Francisco.Durante todo o século 16, várias expedições exploradoras vasculharam o vale do São Francisco, partindo ora de Olinda, ora de Salvador. A região constituía passagem para o gado e mercadorias diversas que se destinavam aos sertões do Piauí e as demais terras próximas. Surgiram então pequenos centros urbanos. A partir do século 17, iniciou-se o povoamento sistemático do Vale do São Francisco , realizado principalmente por Pernambucanos, Baianos e Paulistas. Na Bacia superior os paulistas descobriram grandes riquezas minerais, sobretudo o ouro.

A região logo se tornou densamente povoada, transformando-se assim, em importante centro consumidor. Com o desenvolvimento da criação de gado no médio Vale São Francisco, completou-se mutuamente a civilização das minas e do couro, efetivando-se a integração econômica de uma área cujo povoamento se fez em diversos pontos. Por esse motivo o Rio São Francisco ficou conhecido como o “Rio da Unidade Nacional” pelo traço de união que representou no passado e ainda hoje continua a representar, entre o Sudeste e o Nordeste Brasileiro.

Descrição
O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, Minas Gerais, no município de São Roque de Minas, e uma altitude de aproximadamente 1.200 metros. Percorre 2.700 Km, recebendo vários afluente e tornando-se cada vez mais caudaloso ate desaguar no Oceano Atlântico, entre os Estados de Alagoas e Sergipe. Sua largura varia entre 500 e 1000m e apresenta uma profundidade média de 6 m.

Seus trechos principais são classificados em três partes:

Baixo São Francisco– Trecho de 270 km entre a foz e a cachoeira de Paulo Afonso;

Médio São Francisco– parte compreendida entre a cachoeira de Paulo Afonso e a cidade de Pirapora, com cerca de 1.800 km e;

Alto São Francisco– Trecho de 630 km, compreendido entre Pirapora e suas cabeceiras. Essa divisão é explicada por diferenças de condições geológicas e climáticas, de revestimento vegetal e das formas de organização realizadas pelo homem.

As áreas mais povoadas da Bacia do São Francisco encontram-se nos vales inferior e superior, nos territórios de Alagoas, Sergipe e Minas Gerais. Estima-se que a população do vale que abrange 422 municípios, é de 20 milhões de habitantes, infelizmente com baixos níveis de educação, saúde e saneamento básico.

A Bacia média ainda está no conjunto relativamente pouco povoada, o que se explica pela baixa densidade da maior parte de Pernambuco, Bahia e alguns pontos de Minas Gerais. De modo geral, é na Bahia que se encontram os maiores vazios demográficos. No vale superior, as cidades são maiores e mais numerosas.

Cerca de 70% do volume de suas águas são gerados no estado de Minas Gerais, sendo o restante dividido em 20% no trecho que compreende a fronteira de Minas e Bahia ate Juazeiro, e outros 10% entre Juazeiro e a foz. É um rio típico de Planalto, atravessando áreas semi-áridas e agropastoris.

Embora corresponda a apenas 7% do território nacional – 630.000km² – a bacia do Rio São Francisco ocupa um lugar de destaque: é a mais extensa das bacias exclusivamente brasileiras.

Em Minas Gerais recebe os seguintes afluentes: Pará, Paraopeba, Velhas e Jequitaí, na margem direita; Bambuí, Indaiá, Borrachudo, Abaeté, Paracatu e Urucuia, na margem esquerda.

Na Bahia, recebe os Rios Carinhanha, Corrente e Grande na margem direita: Rãns , Santo Onofre, Pará-Mirim, Jacaré a Salitre na margem esquerda.

Em Pernambuco recebe os rios Ponta, Jacaré, Jequi e Pajeú.

Em Sergipe recebe na margem direita os rios Ouro Fino e Betume.

Do percentual de 70% das águas geradas em Minas Gerais, grande parte deve-se afluentes abaixo de Três Marias principalmente no período de chuvas, quando os rios Abaeté, das velhas, Urucuia e Paracatu, exercem papel relevante ao regime de cheias, quer em termos de quantidade de água ou em termos de variações bruscas registradas em períodos de curta duração.

A área total de drenagem, isto é, a área abrangida pela sua bacia a que canaliza água,para seu leito é de cerca de 641 mil quilômetros quadrados. Toda esta área conta com dois reservatórios – Três Marias e Sobradinho – para regularizar as vazões e amortecer as cheias. Em Minas Gerais a bacia drena 243.000 Km² , o que representa 41% da área do Estado.

O Rio São Francisco caracteriza-se por apresentar cheias no verão e estiagens no inverno, sendo que as vazões médias são de 707 m³ por segundo em Três Marias, 768 em Pirapora, 1.520 em São Romão, 2.168 em Januária, 2.731 em Juazeiro-BA e 2.980 em Traipu-AL, entretanto essas vazões poder ser cinco vezes maiores em épocas de grande cheias. A água do Rio São Francisco é usada basicamente para a geração de energia elétrica, abastecimento industrial e urbano, a navegação. O potencial de energia elétrica, é de cerca de 17.500 MW e as usinas em funcionamento apresentam uma capacidade instalada de 8.500 MW. Quanto à irrigação, estima-se a possibilidade de aproveitamento da ordem de 1,5 milhões de hectares. O Vale também é rico em depósitos minerais, apresentando reservas de Zinco, Chumbo, Cromo, Diamante, Ardósia, Ferro, Ouro, Calcário, Quartzo, Gipsita, Cobre, Manganês, Fosfatos e Argilas, além de petróleo (Alagoas e Sergipe). Alem disso , o Rio é navegável numa extensão de 1.600 Km, mais 800 Km em afluentes.

Ictiofauna da Bacia do Rio São Francisco
A literatura registra um total de 155 espécies de peixes para a Bacia do São Francisco. Destes, 85 apresentam o corpo coberto por escamas, e 70 revestidos por couro ou placas.Praticamente todos os peixes foram identificados no século XIX por estrangeiros e documentos em revistas cientificas européias e norte-americanas. Somente mais recentemente foi editado o “Manual de Identificação de Peixes da Região de Três Marias” (Britski, SATO e ROSA – 1984, 1ª edição, publicação CODEVASF/CAMARA DOS DEPUTADOS; Brasília), contendo chaves para identificação dos peixes da Bacia do Rio São Francisco a descrição de 73 espécies coletadas na região de Três Marias. Até o presente, já foram amostrados um total de 100 tipos diferentes de peixes, sendo que 23 deles nunca haviam sido identificados, sendo portanto espécies novas. Varias espécies são exclusivas da bacia originalmente, como o Pacamã e o Pirá. Sobre o Pirá, pode-se afirmar que não existe nada parecido em outra bacia hidrográfica brasileira ou estrangeira. Pode-se com isso, adotar o Pirá como símbolo da ictiofauna da bacia do Rio São Francisco.

A população em geral e mesmos pescadores mais experientes normalmente conhecem em torno de 30 espécies de peixes, sendo que os mais comuns recebem as denominações populares de Surubim (Moleque, Loango e Pintado); Dourado (Dourado-Verdadeiro, Tubarana); Curimatã-Pacu (Zuiega, Xira, Bamba, Papa-Terra); Piau-Verdadeiro (Piau-Legítimo, Piapara); Piau-Três-Pintas , Piau-Gordura, Piau – Jejo (Timbore); Piau-Rola, Piau-Branco (Piau-do-Cheiro, Piau-ampineiro , Taquara); Piranha, Pirambeba. (Piranha-Branca, Piranha-Falsa; Cavalo); Corvin (Sofia); Mussum, Mandi-Amarelo, Cascudo-Preto (Acari); Mandiaçy (Caboje); Serrudo (Bozo); Cangati (Vovo); Sarapó (Tuvira, Peixe-Espada); Traíra, Trairão, Dourado-Branco (Tabarana); Piaba-do-Rabo-Amarelo e (Lambari-.do-Rabo-Vermelho); Piaba-Facão (Sardinha-de-Água-Doce); Piaba-Rapadura (Maria Zoiúda); Manjuba (Branquinha); Mandí-Branco (Mandí-Chorão) e Peixe Cachorro. Assim, uma determinada espécie pode receber diferentes nomes populares, que são em geral denominações regionais. O que não muda é o nome científico de uma espécie, isto porque é baseado em várias características biológicas definidas como contagem do número de raios nas nadadeiras, quantidade de escamas na linha lateral – aquela com as escamas perfuradas – o número e tipo de dentes, proporções corporais e o número de rastros nas guelras. Os nomes são designados em latim, como por exemplo: o Dourado recebe o nome científico de Salminus Brasiliensis (Cuvier, 1817), isto é, a espécie foi identificada pelo Barão de Cuvier em 1817.

Outros exemplos: Matrinchã Brycon Lundii, Reinhardt, 1874; Curimatá – Pacu – Prochilodus Margfravii (Walbaum, 1792); Surubim – Pseudoplatistoma Coruscans (Agassiz, 1829).

O POVO

Minas Gerais
Mineiro típico do interior

Talvez por estarem as montanhas mais perto do céu, talvez pela bagagem cristã trazida pelos portugueses, que adotaram Minas como pátria, a questão é que a religiosidade sempre foi elemento muito presente na história deste Estado. O ouro abundante só contribuiu para isso, erguendo-se com opulência os templos para os santos e santas de devoção.

A reverenda começava quando era feito o singelo altar de madeira em agradecimento à sorte na mineração. Evoluía rapidamente para um oratório e uma capela, conforme aumentavam as posses do fiel. O costume de erguer uma construção no mesmo padrão de uma igreja de Portugal resultou em semelhanças como a da capela de São José do Rio das Mortes, em Tiradentes, recordando a de São Francisco de Tibães. O oratório, por sua vez, também criou uma identidade própria na tradição do povo mineiro. Ricos ou pobres, todos queriam ostentar o símbolo de sua devoção e para isso adaptavam-se vários formatos e tamanhos. Há antigos oratórios mineiros para serem carregados no lombo dos animais, transportados em procissões ou até no bolso dos viajantes. O mais significativo deles tem uma peculiaridade: conhecido como “santo do pau oco”, tratava-se de uma imagem de madeira vazia por dentro, usada pelos escravos para contrabandear ouro.

A mão-de-obra escrava influenciou de forma significativa para a formação religiosa de Minas Gerais, trazendo da África (bantos e guineanos) seus próprios costumes, que encontraram na sociedade aurífera um campo fértil para se disseminar. Veio contribuir para isso a forte miscigenação entre portugueses e escravas. De acordo com o historiador Diogo de Vasconcelos, nos primeiros anos do século 18, os registros das antigas paróquias acusavam a proporção de dez nascimentos legítimos para cem ilegítimos. A população mestiça e negra era praticamente maioria: em 1720, a Capitania de Minas Gerais abrigava cerca de 250 mil habitantes, calculando-se 100 mil brancos, 100 mil mulatos e 50 mil escravos.

Aos mulatos pobres cabiam ocupações como a pintura, a música, a escultura – tidas como menores. Documentos históricos do século 18 falam em festas de rua, danças e cavalhadas com a presença de negros tocando flautas, oboés, órgãos e violinos, numa mistura de música sacra e profana, ou como sugerem os relatos “cousas da alegria”. Essas experiências de sincretismo religioso podem ser observadas até hoje nas festas folclóricas de dezenas de municípios mineiros, em danças como o candombe (origem do candombe) e a cavalhada, por exemplo.

A Minas colonial foi praça de encontro para diversas culturas e religiosidades – o negro, o português, o judeu habitante do Norte de Portugal, o baiano e o pernambucano, órfãos das lavouras de cana-de-açúcar, o bandeirante paulista, o sulista com suas tropas de alimentos. Todos estavam de passagem e acabaram deixando heranças. Traços de mineirice que se perpetuam. Da influência estrangeira, a dos ingleses teve grande repercussão na época da implantação das usinas de ferro, principalmente nos municípios de Nova Lima, Itabirito, Caeté, Barão de Cocais, Ouro Preto, São João del-Rei e Santa Bárbara. Porém as influências dos saxões ficaram mais concentradas nas edificações e na fabricação de móveis, embora há quem diga que o inseparável “uai” do mineiro quando fala deriva da interrogação inglesa why.

Lendas e superstições são comuns a este povo disperso pela imensidão do Estado. Para isso, a paisagem sempre contribuiu: sejam as terras planas, as colinas ou montanhas de quase 3.000 m de altitude, como na Serra do Caparaó, os mistérios da fauna e da flora inspiraram o homem de Minas e criaram personagens populares do Brasil.

Hoje, Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do Brasil. Em 2000, conforme o Censo Demográfico do IBGE, o Estado possuía 17.866.402 habitantes, com densidade demográfica de 30,46 habitantes por Km2.

O povo mineiro vive em povoados, vilas, cidades pequenas, médias e grandes, espalhadas numa área semelhante à da França. No campo há menos gente desde 1970. Em 1940, quatro entre cinco mineiros moravam no campo. Hoje, o progresso tornou os mineiros muito mais urbanos e quase 75% da população mora nas cidades, em decorrência, sobretudo, do forte processo de industrialização ocorrido na década de 70.

Cercados por serras, os mineiros “são conhecidos como povo montanhês. Muita coisa da vida mineira se explica pelo fato de Minas ser um estado central. Isolar Minas do mar foi idéia do governo português para esconder o ouro da província, impedir o contrabando desse metal e evitar a saída dos lucros da mineração para outra parte que não fosse Portugal” (Maria Helena T. Polastri). Isso explica também a formação étnica do povo mineiro, que se deu pela miscigenação dos índios que habitavam a região das minas com os portugueses, os primeiros que para lá acorreram em busca de metais preciosos. Mais tarde, com outros estrangeiros que a eles vieram se juntar. Depois, com os negros e com brasileiros de outros estados (cearenses, baianos, pernambucanos etc), que também iam sendo atraídos pela possibilidade de riqueza.

Assim, “brancos e negros, índios e mestiços, senhores e escravos, sobre o mesmo pedaço de terra e falando a mesma língua, constituíram o território nacional. Em Minas a civilização urbana se formou estimulada pelos signos da grandiosidade: a fartura de riquezas naturais, a eloquência da luta pela liberdade e a força da fé” (Guia de Turismo Ecológico de Minas Gerais).

Dessa miscigenação resultou uma sociedade culturalmente muito rica. Com traços físicos muito diversos, esse povo, em geral, tem em comum uma personalidade forte, idealismo, coragem, espírito de liderança, alma sensível e religiosa. A criatividade é uma qualidade histórica, acompanha a trajetória desse povo e está presente na música, na literatura, nas artes plásticas e cênicas, na arquitetura, na culinária, nas manifestações populares e folclóricas.

A imensidão do Estado permite uma caracterização regional das qualidades do mineiro. Para Gustavo Capanema, “no do sul, a calma, a paciência, a serenidade; no da Zona da Mata, a bravura, a dureza, a teimosia, a energia, a pugnacidade; no das montanhas e da mineração, o idealismo, o sonho, a filosofia, o quixotismo”.

Todas estas qualidades conferem a essa gente tão especial um forte referencial – o ser mineiro. Seja o sertanejo das gerais, o barranqueiro do Rio São Francisco, o índio e todo esse povo que conquistou serras e vales, rios e planaltos.

OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO

Minas Gerais
Vista panorâmica de Ouro Preto e Pico do Itacolomi

“No início, eram as montanhas um obstáculo. Fronteira natural que nem a ganância dos mais empenhados colonizadores conseguiu ultrapassar. Ávidos pelo ouro, os europeus desconheciam as riquezas também ignoradas pelos índios caiapós – nativos no território há 11 mil anos. E, assim, por obra do destino e da natureza, Cataguás, como eram chamadas as Minas Gerais, permanecia adormecida, esquecida, resignada a ser terra sem valor. Intacta com suas matas e montanhas sem-fim.

A região demarcada em Minas compreendia o que hoje corresponde a Cachoeira do Campo, Ouro Preto e Mariana, e assim permaneceu durante todo o século 15, pois a Coroa não designou nenhum fidalgo para ser donatário e avançar com a colonização. Nem ocupação oficial nem clandestina, já que também pirata algum achou interesse em aventurar-se naquelas fronteiras. Pode-se dizer que Minas Gerais só nasceu de fato no século 17, pela ação dos bandeirantes paulistas à caça de índios e minérios.

A partir dessas bandeiras em busca de ouro formaram-se as três rotas de penetração que mais tarde dariam origem a novos núcleos de povoamento. Tratava-se do Caminho Velho de São Paulo, acompanhando a rota do rio Paraíba e atravessando a Serra da Mantiqueira; o Caminho Velho da Bahia – também chamado de Caminho dos Currais, seguindo o rio São Francisco até o Caminho Novo do Rio de Janeiro no Vale do Rio Paraibuna, abrindo passagem do Rio de Janeiro até as minas de Ouro Preto.

Abertos os caminhos, rapidamente se transformaram em passagens para os homens que buscavam o ouro: imigrantes da Europa, aventureiros de São Paulo, comerciantes do Nordeste e centenas de escravos. A partir da segunda metade do século 17, todos os destinos convergiam para onde houvesse ouro – e esse eldorado era Minas Gerais. Em 1775, a região já era a mais populosa do Brasil: o país tinha então 3.300.000 habitantes, 319.739 em Minas, de acordo com o censo oficial da Corte.

Diferentemente da ocupação dispersa observada nas fazendas de cana-de-açúcar, a urbanização no território mineiro se deu de forma concentrada. Rapidamente os acampamentos à beira dos córregos que tinham ouro se transformavam. No lugar onde era achada a primeira pepita erguia-se um altar para o santo de devoção, segundo a tradição mineira, e fundava-se um arraial. Com o tempo e a necessidade de se organizar a sociedade, todo um contingente de militares, funcionários civis, comerciantes, artesãos e intelectuais se deslocou para o local. A partir dessa fusão de personagens, culturas e papéis sociais, estava montada a vila mineira que depois daria origem às cidades.

Por esse conjunto de características peculiares, que se estendeu durante os séculos 17 e 18, diz-se que Minas Gerais já nasceu urbana, diferentemente dos outros centros populacionais no Brasil que se organizavam inicialmente a partir de uma atividade agrária. Atividade relegada a segundo plano, a agricultura mineira teria expressão a partir do século 19, com o plantio de café, sobretudo na área Sudeste do Estado. Já a pecuária surge antes no cenário econômico da região, por volta do século 18, segundo documentos históricos que descrevem as lutas de fazendeiros com tribos indígenas e quilombolas – exércitos de escravos fugidos.

O ouro e o diamante explorados de Minas Gerais conduziram o estilo da colonização no Estado e, além disso, influenciaram diretamente a formação da nacionalidade brasileira sob os aspectos políticos e culturais. Se foi o ouro de Minas que fez o Brasil despontar no mercado mundial e impulsionou a modernização do capitalismo europeu, foi ele também que alimentou a intensa produção cultural no país durante todo o período Imperial e financiou os estudos da elite local, fortalecendo as bases políticas nacionais que culminariam com a Inconfidência Mineira. Sua herança na produção artística e cultural do Brasil pode ser observada na opulência das igrejas e construções da época e na grandiosidade das pinturas e esculturas que caracterizaram o período Barroco e deram reconhecimento internacional para artistas como Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho.

O Ciclo do Ouro – como se convencionou chamar esse período histórico – não deixou apenas marcas significativas em Minas Gerais, mas traçou uma importante trajetória para toda a nação brasileira. Brancos e negros, índios e mestiços, senhores e escravos, sobre o mesmo pedaço de terra e falando a mesma língua, constituíram o território nacional. Em Minas a civilização urbana se formou estimulada pelos signos da grandiosidade: a fartura de riquezas naturais, a eloqüência da luta pela liberdade e a força da fé”. (Turismo Ecológico: Minas Gerais)

RECURSOS MINERAIS

Minas Gerais
Pedras preciosas

A origem do nome do Estado está diretamente associada à atividade mineradora, em função dos primeiros núcleos instalados pelos bandeirantes em todo o território. O mais antigo documento que registra o nome Minas Gerais é de 1700, quando o jesuíta Codeo faz, em seu mapa, referência à região do Quadrilátero Ferrífero com o nome Minas Gerais dos Cataguás. Mas, a oficialização do nome se dá por volta de 1732, através de uma carta régia.

As descobertas de minerais de alto valor na região das Minas foram significativas desde o final do século 17, quando o ouro e, um pouco mais tarde, o diamante passam a ser a causa do povoamento do território e da formação de uma sociedade com características muito peculiares, que ainda hoje dão ao povo mineiro uma distinção no cenário nacional.

A busca pelas riquezas minerais, em especial, por ouro e pedras preciosas, ganhou tanta intensidade que se transformou em uma verdadeira corrida, principalmente com a divulgação da lenda da Serra Resplandecente, do Sabarabuçu, onde estariam as cobiçadas esmeraldas.

Esmeraldas não foram encontradas, mas as expedições que encerraram o ciclo exploratório com a bandeira Fernão Dias, além de consolidarem o território estadual, em seus contornos e limites, fizeram grandes descobertas. Permitiram o surgimento das chamadas “eras” do ouro e do diamante, reconhecidamente de larga repercussão em Minas, no país e no exterior. O ouro, sem embargo das fases de expansão e decadência, foi decisivo em todos os aspectos, incluindo a formação da civilização mineira, nas suas múltiplas manifestações.

No século 19, a exploração das pedras preciosas, as águas minerais, a agropecuária e a produção do café deram novo impulso ao povoamento das demais áreas de Minas Gerais. A indústria do ferro vem contribuir nesse período com a economia da província, tanto que em 1864 já existiam 120 fábricas de artefatos ferro de pequeno porte na região. A fundação da Escola de Minas de Ouro Preto, em 1876, formando engenheiros geólogos, engenheiros de minas e engenheiros metalúrgicos, muito contribuiu para as descobertas de grandes jazidas de minerais ferrosos, não ferrosos e materiais industriais, e também para a implantação de várias indústrias de transformação não só em Ouro Preto, mas também em cidades como Congonhas, Caeté, Sabará, Itabirito, dentre outras.

Grandiosos são os recursos naturais em variedade e quantidade no solo e subsolo de Minas Gerais. Às pedras preciosas e semipreciosas, bem como às águas minerais e termais, somam-se os minerais metálicos, explorados em larga escala. Na categoria dos não-metálicos, chamam a atenção, o calcário, amianto, caulim, fertilizantes fosfatados, quartzo, mica e grafita. Na dos metálicos, predominam as jazidas dos minérios de ferro, manganês, bauxita, estanho, cromo, níquel, rutilo, zircônio, prata, platina, etc.

Para se ter idéia da riqueza mineral do Estado, é importante salientar que o ouro vem sendo explorado desde os tempos coloniais e que o minério de ferro abastece os mercados interno e externo em tal proporção que, por muito tempo, mantêm-se expressivos na pauta de exportações de Minas e do Brasil.

RELEVO

Minas Gerais
Relevo de Minas Gerais

O território de Minas Gerais é constituído de uma grande proporção de terras altas, a que acompanham planaltos e chapadas. Em decorrência, surge um relevo bastante acidentado, com a predominância de significativas elevações.

Do centro para o norte, destaca-se o Maciço do Espinhaço com importantes serras como as do Curral, da Piedade, do Caraça, do Itacolomi, de Ouro Branco, do Itabirito, do Mascate, da Moeda e a do Rola Moça, todas na região denominada Quadrilátero Ferrífero. Mais ao norte, ainda no mesmo Maciço, destacam-se as serras do Cipó e do Itambé. Convém lembrar que o Maciço do Espinhaço termina na Bahia, com o nome de Chapada Diamantina.

Em direção ao sul do Estado, encontra-se o Campo das Vertentes, onde se destacam as serras do Lenheiro e de São José.

Fazendo divisa natural entre Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, está a imponente Serra da Mantiqueira, memória viva da colonização mineira, através da Estrada Real. Numa de suas importantes ramificações, está o Parque Nacional do Itatiaia, na divisa com o Rio de Janeiro, onde se sobressai o Pico das Agulhas Negras, com seus 2.787 metros de altitude. Na divisa entre os três estados, estão o Pico da Gomeira, com 2.068 m, e o dos Três Estados, com 2.665 m. Na divisa com São Paulo, está o Pico Pedra do Selado com altitude de 2.082 metros.

Localizada entre Minas Gerais e Espírito Santo, a Serra do Caparaó é a mais alta do Estado. O destaque está para o surpreendente Pico da Bandeira, com seus 2.890 metros de altitude, seguido pelo Pico do Cristal, com 2.780 m, e pelo Pico do Calçado, com 2.766 m. O Pico da Bandeira é o terceiro mais alto do país, precedido apenas pelo Pico da Neblina, com 3.014 m, e pelo Pico 31 de Março, com 2.992 m, ambos na Serra do Imerí, no Estado do Amazonas.

A sudoeste do Estado, ressalta-se a beleza da Serra da Canastra. Preservando um dos mais ricos ecossistemas de Minas e a nascente do Rio São Francisco, foi implantado ali o Parque Nacional da Serra da Canastra. Mais ao norte, a Serra da Mata da Corda complementa o belo cenário proporcionado pela geografia regional.

Todas essas serras são importantes, tanto historicamente quanto no contexto econômico e turístico. Contudo, não se pode deixar de mencionar a Chapada do Espigão Mestre, à noroeste, na divisa de Minas com Goiás, mesmo que ainda inexplorada turisticamente.

VEGETAÇÃO

Minas Gerais
Vegetação de Minas Gerais

Diversos recursos naturais, dentre eles, o clima, o relevo e as bacias hidrográficas são os fatores preponderantes na constituição da variada cobertura vegetal de Minas Gerais.

Esta vegetação pode ser resumida nos seguintes tipos de vegetais:

· floresta úmida costeira, na parte oriental;

· floresta seca, que ocupa uma posição intermediária entre a floresta costeira e as formações arbustivas do interior;

· floresta subtropical mista, que ocorre em determinados trechos elevados da Serra da Mantiqueira;

· cerrado, que reflete um clima quente semi-úmido, com estações seca e chuvosa bem marcadas, apresenta veredas, capões de matas, às vezes densas, tendo como elementos predominantes os arbustos e a vegetação rasteira;

· campo, caracterizado por uma cobertura vegetal pobre, com predomínio da vegetação herbácea em que os arbustos são escassos e as árvores raras e isoladas, é encontrado nos pontos mais elevados das serras da Mantiqueira, Espinhaço e Canastra;

· caatinga, constituindo formações vegetais caracterizadas por plantas espinhosas, galhos secos e poucas folhas.” (Perfil de Minas Gerais 2001)

Minas Gerais possui, sem dúvida, uma rica e bela flora distribuída na sua ampla superfície territorial. Da década de 80 do século 20 em diante, áreas especiais foram criadas e legalizadas com finalidade de preservação, tendo em vista a proteção do meio ambiente e do ecossistema, sobretudo como reserva genética da flora e da fauna para fins científicos, educacionais, culturais, e, principalmente, para preservação das espécies. As áreas designadas como terras indígenas, necessitam de atenção e vigilância permanentes, visando o assentamento da população nativa.

Nos últimos anos, o aperfeiçoamento da legislação ambiental visa garantir a preservação dos recursos naturais do Estado. Para tanto, as três esferas de governo, juntamente com a iniciativa privada, vêm desenvolvendo várias ações através dos órgãos responsáveis pela gestão ambiental: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o Instituto Estadual de Florestas (IEF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), além do trabalho das secretarias, departamentos municipais de meio ambiente e diversas ong’s.

Apesar de áreas significativas do território estadual já terem sido devidamente preservadas para usos específicos, Minas Gerais perdeu muito de seus recursos naturais, sofrendo “intenso desmatamento de seus ecossistemas em função da exploração econômica desordenada. Dados recentes demonstram que a área do Estado originalmente coberta pela Mata Atlântica encontra-se reduzida a 4% e que a situação do Cerrado também é crítica.

As agressões às riquezas naturais do Estado vêm ocorrendo desde o século 18. Inúmeras áreas foram devastadas em função da mineração do ouro e, ainda hoje, em decorrência da exploração do minério de ferro, bauxita e outros minerais. As plantações de eucalipto, para atender às fábricas de celulose, e as siderúrgicas, que exigem o carvão vegetal em seus fornos de ferro gusa, também contribuem para que a devastação se torne ainda mais visível em diversas extensões da terra mineira. Acrescentam-se a isso os métodos arcaicos de coivaras (queimas de roçadas para fins de adubação com as cinzas) para a agricultura, que ocorrem desde o século 19, principalmente com a produção do café, milho e da cana-de-açúcar. Além disso, o uso desregrado de agrotóxicos vem, a cada ano, destruindo os biomas das várias regiões do Estado.

Em algumas regiões, os latifundiários que exploram a pecuária extensiva, sem nenhuma preocupação com o meio ambiente, sobretudo com as nascentes e leitos de rios, também dão a sua contribuição, colocando fogo nas matas, derrubando-as e transformando-as em pastagens. Infelizmente, muitas dessas áreas estão perdidas. Devido à exaustão dos nutrientes do solo, às novas tecnologias de confinamento de gado e às terras hipotecadas, essas áreas acabam sendo abandonadas, vulneráveis a erosões e voçorocas.

Contudo, com a evolução científica, com o melhor conhecimento dos ecossistemas, a evolução da educação conservacionista e o aperfeiçoamento da legislação ambiental, juntamente com a atenção que a atividade ecoturística vem merecendo nos últimos anos, o nível de alerta e atenção para com as reservas ambientais também vem ganhando importância, resultando, inclusive, na abertura de novas unidades de conservação e em mudanças de visão e comportamento.

A preservação da vegetação de uma região está diretamente ligada à preservação da sua fauna, constituindo uma séria preocupação. Por isso, é importante salientar que reflorestamento é diferente de florestamento. O primeiro significa devolver ao solo os vegetais regionais de origem em função das propriedades e características daquele solo e da própria fauna; o segundo significa plantar quaisquer tipos de vegetais sem se preocupar com o bioma local, que envolve desde os sais minerais, microorganismos e insetos até os répteis, animais aquáticos, aves e mamíferos. Portanto, são muito discutíveis os reflorestamentos realizados, por exemplo, por algumas siderúrgicas.

Assim, é importante que as empresas, os proprietários de áreas rurais e as próprias administrações municipais que queiram reconstituir ambientes busquem técnicos especializados nos institutos, universidades ou escolas técnicas florestais – a exemplo das de Viçosa, Lavras, Bambui e Florestal, dentre outras – que utilizam os recursos, métodos e procedimentos compatíveis com o conceito de sustentabilidade.

MEIO AMBIENTE

Minas Gerais
Floração – Parque Nacional da Serra da Canastra

Todas as pessoas sabem que o respeito e a preservação do meio ambiente deixaram de ser apenas uma bandeira de um pequeno grupo de ambientalistas e passou a ser uma preocupação global inclusive com a adoção de políticas governamentais em todo o planeta, atingindo desde o chamado 1º mundo ate o 3º mundo. Esta preocupação mundial deve-se à valorização da qualidade de vida e à percepção de que a sobrevivência do homem depende diretamente da preservação dos recursos naturais.

Os efeitos globais que sentimos são consequências diretas da degradação ambiental, como: racionamento de energia, escassez dos recursos hídricos, aquecimento global, chuvas ácidas e desertificação dentre tantos outros. Estes efeitos tiveram sua origem na revolução industrial que inclusive trouxe,consigo o aumento de níveis de poluentes lançados na atmosfera, nos solos e nas águas.

No passado não muito distante, os paradigmas eram “diluir e dispersar os poluentes nos ambientes naturais”, pois os recursos eram abundantes e considerados infinitos para o uso do homem. Sua falta não era uma questão preocupante. Hoje, passados mais de 20 anos, estes mesmos paradigmas estão previstos na Legislação Ambiental do Estado de Minas Gerais como procedimentos que induzem a prática de crimes contra a vida.

Nos últimos 35 anos surgiu um novo conceito que cada vez mais se consolida no mundo inteiro, trata-se do desenvolvimento sustentável, que em resumo, significa manter o progresso preservando o meio ambiente, garantindo assim a qualidade de vida para as futuras gerações.

A Constituição Federal de 1988 dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente, e apesar disso, as diversas leis que se seguiram tanto em nível federal, estadual e municipal, não tem sido suficientes para garantir a recuperação e preservação do meio ambiente, já que os grandes crimes ambientais são cometidos apesar delas. Um ambiente agradável e com qualidade vai muito mais do que as leis, ele se sustenta mais pelas ações individuais, e de concientizacao onde cada um, fazendo a sua parte, garantirá um futuro melhor para todos viverem.

O Senac Minas, consciente de sua responsabilidade social e de seu papel como entidade educadora e formadora de profissionais para as mais diversas áreas de atuação, preparou esta Seção no Portal Descubraminas com o objetivo de participar e colaborar com este grande tema.

AÇÕES AMBIENTAIS

Minas Gerais
Reciclagem de garrafas pet

Existem várias definições de educação ambiental. O Congresso de Belgrado promovido pela UNESCO em 1975, definiu a Educação Ambiental como sendo um processo que visa:

… formar uma população consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permita trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam … (citado por Seara Filho, 1987)

No Capítulo 36 da Agenda 21, a Educação Ambiental é definida como o processo que busca:

… desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos … (Capítulo 36 da Agenda 21)

A educação, seja formal, informal, familiar ou ambiental, só é completa quando a pessoa pode chegar nos principais momentos de sua vida a pensar por si próprio, agir conforme os seus princípios, viver segundo seus critérios (Reigota, 1997). Tendo essa premissa básica como referência, propõe-se que a Educação Ambiental seja um processo de formação dinâmico, permanente e participativo, no qual as pessoas envolvidas passem a ser agentes transformadores, participando ativamente da busca de alternativas para a redução de impactos ambientais e para o controle social do uso dos recursos naturais. A educação ambiental facilita e combina atividades que levam a parar para pensar, questionar, fazer auto-crítica, estudar e agir, possibilitando a participação nos problemas ambientais.

O ganho que uma cidade tem por adotar uma política ambiental, que tem como meta o desenvolvimento sustentável, não é fácil de calcular, mas todos concordam que é recompensador. As empresas que apresentam preocupação e desenvolvem ações efetivas na preservação do meio ambiente acabam sendo reconhecidas pela população. Podemos dizer o mesmo dos trabalhadores.

Desenvolvimento sustentável é, de forma simples, atender as necessidades de hoje sem reduzir a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.

Assim, a Educação Ambiental deve estar sempre presente em todas as organizações que pretendem ter uma imagem de liderança perante os problemas ambientais.

ECOSSISTEMA

Minas Gerais
Paisagem

Os ecossistemas são conjuntos integrados de fatores físicos, químicos e biológicos (referentes aos seres vivos) que caracterizam determinado espaço de dimensões variáveis. De certa maneira, podem ser compreendidos como a unidade que, abrangendo o conjunto de seres vivos e todos os elementos que compõem determinado meio ambiente, representa um sistema funcional de relações interdependentes no qual ocorrem constante interação e reciclagem de matérias e constante troca de energia.

EM MINAS GERAIS HÁ UMA DIVERSIDADE DE ECOSSISTEMAS; ALGUNS DELES SE DESTACAM:

Mata Atlântica

A Mata Atlântica é considerada como a quinta área mais ameaçada e rica em espécies endêmicas do mundo.

Em termos gerais, a Mata Atlântica pode ser vista como um mosaico diversificado de ecossistemas, apresentando estruturas e composições florísticas diferenciadas, em função de diferenças de solo, relevo e características climáticas existentes na ampla área de ocorrência dos biomas no Brasil.

Atualmente, restam cerca de 7,3% de sua cobertura florestal original, tendo sido inclusive identificada como a quinta área mais ameaçada e rica em espécies endêmicas do mundo. Na Mata Atlântica existem 1.361 espécies da fauna brasileira, com 261 espécies de mamíferos, 620 de aves, 200 de répteis e 280 de anfíbios, sendo que 567 espécies só ocorrem em seus biomas. Possui, ainda, cerca de 20 mil espécies de plantas vasculares, das quais 8 mil delas também só ocorrem na Mata Atlântica. Várias espécies da fauna são bem conhecidas pela população, tais como os micos-leões e muriquis, espécies de primatas dos gêneros Leontopithecus e Brachyteles, respectivamente. Vale lembrar, que no sul da Bahia foi identificada recentemente, a maior diversidade botânica do mundo para plantas lenhosas, ou seja, foram registradas 454 espécies em um único hectare.

A exploração da Mata Atlântica vem ocorrendo desde a chegada dos portugueses ao Brasil.Cujo interesse primordial era a exploração do pau-brasil. O processo de desmatamento prosseguiu durante os ciclos da cana-de-açúcar, do ouro, da produção de carvão vegetal, da extração de madeira, da plantação de cafezais e pastagens, da produção de papel e celulose, do estabelecimento de assentamentos de colonos, da construção de rodovias e barragens, e de um amplo e intensivo processo de urbanização, com o surgimento das maiores capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, e diversas cidades menores e povoados.

A sua área atual encontra-se altamente reduzida e fragmentada com seus remanescentes florestais localizados.

Cerrado

O bioma Cerrado é considerado como um ecossistema tropical de Savana, com similares na África e na Austrália.

Está distribuída, principalmente, pelo Planalto Central Brasileiro, nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 ha. Há outras áreas de Cerrado, chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga.

Os Cerrados são, assim, reconhecidos devido às suas diversas formações ecossistêmicas. Sob o ponto de vista fisionômico temos: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo de cerrado, e o campo limpo que apresentam altura e biomassa vegetal em ordem decrescente. O cerradão é a única formação florestal.

O Cerrado típico é constituído por árvores relativamente baixas (até vinte metros), esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa constituída, em geral, por gramíneas. Assim, o Cerrado contém basicamente dois estratos: um superior, formado por árvores e arbustos dotados de raízes profundas que lhes permitem atingir os lençóis freáticos, situados entre 15 a 20 metros; e um inferior, composto por um tapete de gramíneas de aspecto rasteiro, com raízes pouco profundas, no qual a intensidade luminosa que as atinge é alta, em relação ao espaçamento. Na época seca, este tapete rasteiro parece palha, favorecendo, sobremaneira, a propagação de incêndios.

A típica vegetação que ocorre no Cerrado possui seus troncos tortuosos, de baixo porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados consideram que a vegetação nativa do Cerrado não apresenta essa característica pela falta de água – pois, ali se encontra uma grande e densa rede hídrica – mas sim, devido a outros fatores edáficos (de solo), como o desequilíbrio no teor de micronutrientes, a exemplo do alumínio.

O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com mais de 10.000 espécies de plantas, com 4.400 endêmicas (exclusivas) dessa área. A fauna apresenta 837 espécies de aves; 67 gêneros de mamíferos, abrangendo 161 espécies e dezenove endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas; 120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas; apenas no Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 espécies de abelhas e vespas.

Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da década de 1960, com a interiorização da capital de Brasília e a abertura de uma nova rede rodoviária, largos ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura extensiva, como a soja, arroz e ao trigo. Tais mudanças se apoiaram, sobretudo, na implantação de novas infra-estruturas viárias e energéticas, e o emprego de novas tecnologias, bem como na descoberta de novas vocações desses solos regionais, permitindo novas atividades agrárias rentáveis, em detrimento de uma biodiversidade até então pouco alterada.

Durante as décadas de 1970 e 1980 houve um rápido deslocamento da fronteira agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que resultou em 67% de áreas do Cerrado, “altamente modificadas”, com voçorocas, assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. Restam hoje apenas 20% de área em estado conservado.

A partir da década de 1990, governos e diversos setores organizados da sociedade debatem como conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar tecnologias embasadas no uso adequado dos recursos hídricos, na extração de produtos vegetais nativos, nos criadouros de animais silvestres, no ecoturismo e outras iniciativas que possibilitem um modelo de desenvolvimento sustentável e justo.

Caatinga

A Caatinga é um ecossistema único com ocorrência de rica vegetação em região semi-árida.

No principal ecossistema existente na Região Nordeste, o bioma Caatinga, estendendo-se pelo domínio de climas semi-áridos, numa área de 73.683.649 ha, 6,83% do território nacional; ocupa os estados da BA, CE, PI, PE, RN, PB, SE, AL, MA e MG.

O termo Caatinga é originário do tupi-guarani e significa mata branca. É um bioma único, pois, apesar de estar localizado em área de clima semi-árido, apresenta grande variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e endemismo. A ocorrência de secas estacionais e periódicas estabelece regimes intermitentes aos rios e deixa a vegetação sem folhas. A folhagem das plantas volta a brotar e fica verde nos curtos períodos de chuvas.

A Caatinga é dominada por tipos de vegetação com características xerofíticas, de formações vegetais secas que compõem uma paisagem cálida e espinhosa com estratos compostos por gramíneas, arbustos e árvores de porte baixo ou médio (3 a 7 metros de altura), caducifólias (folhas que caem), com grande quantidade de plantas espinhosas (exemplo: leguminosas), entremeadas de outras espécies como as cactáceas e as bromeliáceas.

Levantamentos sobre a fauna do domínio da Caatinga revelam a existência de 40 espécies de lagartos, sete espécies de anfibenídeos (espécies de lagartos sem pés), 45 espécies de serpentes, quatro de quelônios, uma de Crocodylia, 44 anfíbios anuros e uma de Gymnophiona.

A Caatinga tem sido ocupada desde os tempos do Brasil-Colônia com o regime de sesmarias e sistema de capitanias hereditárias, por meio de doações de terras, criando-se condições para a concentração fundiária. De acordo com o IBGE, 27 milhões de pessoas vivem atualmente no polígono das secas. A extração de madeira, a monocultura da cana-de-açúcar e a pecuária nas grandes propriedades (latifúndios) deram origem à exploração econômica. Na região da Caatinga, ainda é praticada a agricultura de sequeiro.

Os ecossistemas do bioma Caatinga encontram-se bastante alterados, com a substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. O desmatamento e as queimadas são ainda práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da fauna silvestre, a qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo. Aproximadamente 80% dos ecossistemas originais já foram antropizados.

OUTROS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

Amazônia

A maior floresta tropical do Planeta, a Amazônia sul-americana, corresponde a 2/5 da América do Sul e a metade do Brasil.

Em território brasileiro, os ecossistemas amazônicos ocupam uma superfície de 368.989.221 ha, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte dos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. A Amazônia é reconhecida como a maior floresta tropical existente, o equivalente a 1/3 das reservas de florestas tropicais úmidas e o maior banco genético do planeta. Contém 1/5 da disponibilidade mundial de água doce e um patrimônio mineral ainda não totalmente mensurado.

As grandes diversidades geológicas, aliadas ao relevo diferenciado, resultaram na formação das mais variadas classes de solo, sob a influência das grandes temperaturas e precipitações, características do clima equatorial quente superúmido e úmido. Contudo, a fertilidade natural dos solos é baixa, em contraste com a exuberância das florestas ombrófilas (úmidas) que nelas se desenvolvem.

A floresta Amazônica é um ecossistema auto-sustentável. Ou seja, é um sistema que se mantém com seus próprios nutrientes num ciclo permanente. Os ecossistemas amazônicos são sorvedouros de carbono, contribuindo para o equilíbrio climático global. Existe um delicado equilíbrio nas relações das populações biológicas que são sensíveis a interferências antrópicas.

A floresta, apesar de ser a característica mais marcante da Amazônia, não esconde a grande variedade de ecossistemas, dentre os quais se destacam: matas de terra firme, florestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados. Conseqüentemente, a Amazônia abriga uma infinidade de espécies vegetais e animais: 1,5 milhão de espécies vegetais catalogadas; três mil espécies de peixes; 950 tipos de pássaros; e ainda insetos, répteis, anfíbios e mamíferos.

Costeiros

A extensa costa brasileira abriga um rico mosaico de ecossistemas – mares, estuários, ilhas, manguezais, restingas, dunas, praias, falésias, costões rochosos e recifes de corais.

A costa brasileira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental. Ao longo do litoral brasileiro podem ser encontrados manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, brejos, falésias, estuários, recifes de corais e outros ambientes importantes do ponto de vista ecológico, todos apresentando diferentes espécies animais e vegetais e outros. Isso se deve, basicamente, às diferenças climáticas e geológicas da costa brasileira. Além do mais, é na zona costeira que se localizam a maior presença residual de Mata Atlântica. Ali a vegetação possui uma biodiversidade superior no que diz respeito à variedade de espécies vegetais. Também os manguezais, de expressiva ocorrência na zona costeira, cumprem funções essenciais na reprodução biótica da vida marinha. Enfim, os espaços litorâneos possuem riquezas significativas de recursos naturais e ambientais, mas a intensidade de um processo de ocupação desordenado vem colocando em risco todos os ecossistemas presentes na costa litorânea do Brasil.

Pantanal

O bioma Pantanal é a planície mais importante em áreas úmidas da América do Sul.

A CIMA – Comissão Interministerial para Preparação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento-SI / PR, 1991, define o Pantanal mato-grossense como “a maior planície de inundação contínua do planeta”. Sua localização geográfica é de particular relevância, uma vez que representam o elo de ligação entre o Cerrado, no Brasil Central, o Chaco na Bolívia, e a região Amazônica ao Norte, identificando-se aproximadamente com a bacia do alto Paraguai.

O Pantanal funciona como um grande reservatório, provocando uma defasagem de até cinco meses entre as vazões de entrada e saída. O regime de verão determina enchentes entre novembro e março no norte e entre maio e agosto no sul, neste caso sob a influência reguladora do Pantanal.

Os solos de modo geral, apresentam limitações à lavoura. Nas planícies pantaneiras sobressaem solos inférteis (latéritas) em áreas úmidas (hidromórficas) e planossolos, além de várias outras classes, todos alagáveis em maior ou menor grau, e de baixa fertilidade. Nos planaltos, embora predominem também solos com diversas limitações à agricultura, sobretudo à fertilidade, topografia ou escassez de água, existem situações favoráveis.

Como área de transição a região do Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres, com afinidades, sobretudo com os Cerrados e em parte, com a floresta Amazônica, além de ecossistemas aquáticos e semi-aquáticos, interdependentes em maior ou menor grau. Os planaltos e as terras altas da bacia superior são formados por áreas escarpadas e testemunhos de planaltos erodidos, conhecidos localmente como serras. São cobertos por vegetações predominantemente abertas, como campos limpos, campos sujos, cerrados e cerradões, determinadas principalmente por fatores de solo (edáficos) e climáticos e, também, por florestas úmidas, prolongamentos do ecossistema amazônico.

A planície inundável que forma o Pantanal, propriamente dito, representa uma das mais importantes áreas úmidas da América do Sul. Nesse espaço podem ser reconhecidas planícies de baixa, média e alta inundação, destacando-se os ambientes de inundação fluvial generalizada e prolongada. Esses ambientes, periodicamente inundados, apresentam alta produtividade biológica, grande densidade e diversidade de fauna.

A ocupação da região de acordo com pesquisas arqueológicas se deu há aproximadamente dez mil anos, por grupos indígenas. A adequação de atividades econômicas ao Pantanal surgiu do processo de conquista e aniquilamento dos índios guatós e guaicurus por sertanistas. Foi possível implantar a pecuária na planície inundável, que se tornaria a única economia estável e permanente até os nossos dias. Dentro de um enfoque macroeconômico, a planície representou no passado, um grande papel no abastecimento de carne para outros estados do país. No entanto, esta economia se encontra em decadência.

Uma série de atividades de impacto direto sobre o Pantanal pode ser observada, como garimpo de ouro e diamantes, caça, pesca, turismo e agropecuária predatória, construção de rodovias e hidrelétricas. Convém frisar a importância das atividades extensivas nos planaltos circundantes como uma das principais fontes de impactos ambientais negativos sobre o Pantanal.

O processo de expansão da fronteira, ocorrido principalmente após 1970 foi a causa fundamental do crescimento demográfico do Centro-Oeste brasileiro. A região da planície pantaneiras com sua estrutura fundiária de grandes propriedades voltadas para a pecuária em suas áreas alagadiças, não se incorporou ao processo de crescimento populacional. Não houve aumento significativo em número ou população das cidades pantaneiras. No planalto, contudo, o padrão de crescimento urbano foi acelerado. Como todas as cidades surgidas ou expandidas nessa época, as de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não tinham e nem têm infra-estrutura adequada para minimizar o impacto ambiental do crescimento acelerado, causado, principalmente, pelo lançamento de esgotos domésticos ou industriais nos cursos d’água da bacia. Esse tipo de poluição repercute diretamente na planície pantaneiras, que recebe os sedimentos e resíduos das terras altas.

O mesmo processo de expansão da fronteira foi responsável pelo aproveitamento dos cerrados, para a agropecuária, o que causou o desmatamento de vastas áreas do planalto para a implantação de lavouras de soja e arroz, além de pastagens. O manejo agrícola inadequado nessas lavouras resultou entre outros fatores, em erosão de solos e no aumento significativo de carga de partículas sedimentáveis de vários rios. Além disso, agrava-se o problema de contaminação dos diversos rios com biocidas e fertilizantes.

A presença de ouro e diamantes na baixada cuiabana e nas nascentes dos rios Paraguai e São Lourenço vem atraindo milhares de garimpeiros, cuja atividade causa o assoreamento e compromete a produtividade biológica de córregos e rios, além de contaminá-los com mercúrio.

Segundo a WWF (1999), existem no Pantanal 650 espécies de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis.

Campos Sulinos

A beleza e a fragilidade dos campos austrais do Brasil.

Os Campos sulinos foram assim nomeados pelo estudo de prioridades para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade da Mata Atlântica e dos Campos Sulinos do MMA/Pronabio, elaborado pela CI, ISA, WWF, IBAMA. De maneira genérica, os campos da região Sul do Brasil são denominados como “pampa”, termo de origem indígena para “região plana”. Esta denominação, no entanto, corresponde somente a um dos tipos de campo, mais encontrado ao sul do Estado do Rio Grande do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.

Outros tipos conhecidos como campos do alto da serra são encontrados em áreas de transição com o domínio de araucárias. Em outras áreas, encontram-se ainda campos de fisionomia semelhantes à savana.

Os campos em geral, parecem ser formações edáficas (do próprio solo) e não climáticas. A pressão do pastoreio e a prática do fogo não permitem o estabelecimento da vegetação arbustiva, como se verifica em vários trechos da área de distribuição dos Campos do Sul.

A região geomorfológica do planalto de Campanha, a maior extensão de campos do Rio Grande do Sul é a porção mais avançada para oeste e para o sul do domínio morfo-estrutural das bacias e coberturas sedimentares. Nas áreas de contato com o arenito Botucatu, ocorrem os solos podzólicos vermelho-escuros, principalmente a sudoeste de Quaraí e a sul e sudeste de Alegrete, onde se constata o fenômeno da desertificação. São solos em geral, de baixas fertilidades naturais e bastante suscetíveis à erosão.

À primeira vista, a vegetação campestre mostra uma aparente uniformidade apresentando nos topos mais planos um tapete.

Fonte:descubraminas.com.br

Minas Gerais

Artesanato

A diversidade de Minas Gerais está espelhada também na riqueza de seu artesanato, trabalhado em pedra, barro, madeira, prata, estanho e fibra trançada. Conhecer esse talento regional é fazer uma viagem pelos caminhos das Minas e das Gerais.

Minas Gerais
Artesanato Mineiro – imagens feitas em barro

O artesanato em cerâmica, de origem indígena e desenvolvido especialmente nos vales do Jequitinhonha e São Francisco, é dos mais difundidos da produção mineira. Os ceramistas, geralmente, produzem objetos utilitários ou representativos, como potes, panelas, vasos, cachimbos e imagens.

O trabalho em pedra-sabão predomina em Ouro Preto, Congonhas, Mariana e Serro e também se concentra em objetos utilitários ou figurativos. Já o artesanato em madeira é produzido em regiões diversas do Estado, sendo as peças mais comuns as imagens de santos ou personagens históricas.

Minas Gerais
Imagens dos oratórios mineiros

Os bordados, os trançados em talas, bambu e fibras têxteis, os crochês e tricô e o trabalho em couro estão espalhados por várias partes de Minas Gerais. Também não podem ser esquecidas as obras artesanais em funilaria, tecelagem e em prata; as peças em cobre, folha de flandres e outros metais, em Ouro Preto e Viçosa; ou as que são produzidas em estanho (São João Del Rei) e em prata (nas cidades de Tiradentes, Serro e Diamantina).

Cozinha Mineira

Minas de muitos sabores

Chão de cimento queimado, fogão construído a partir de técnicas tradicionais, quando não feito a partir dos cupinzeiros que surgem nos pastos ou de latões embutidos nas grossas paredes de adobe. Lingüiças ou carnes defumando, dependuradas. Chaminé ativa, fumaça subindo pelo céu, avisando com seu aroma típico da roça que há quitandas ou “comidas de angu” esperando os comensais.

Que mineiro nunca viveu essa experiência gastronômica típica mineira, nem que seja em um dos muitos restaurantes típicos de comida mineira? São muitos os cereais, são muitas as formas de se fazer um angu com fubá de moinho d’água, de refogar verduras da horta ou dos quintais, como couve, almeirão, taioba, cansanção, ora-pro-nobis… O que dizer do quiabo, da abóbora-menina, da abobrinha? E o pastel de angu? E o galopé? E o chuchu com bacalhau? O torresmo crocante, a carne na lata de gordura, o pernil temperado, o leitão à pururuca, o feijão tropeiro, o franguinho caipira? Não há como não venerar essa raiz cabocla, caipira que temos nas Minas Gerais e que faz da nossa cozinha uma das mais saborosas do país, recebendo influências que vão dos indígenas aos fricanos, passando, obviamente, pelos colonizadores europeus. Por isso, a chamada cozinha tradicional ou típica mineira foi forjada a partir dos séculos XVIII e XIX e em dois momentos distintos e complementares: o de escassez, no auge da mineração do ouro, e o de fartura, com a ruralização da economia regional.

Essa origem e composição da cozinha tradicional e típica mineira que a nós foi legada nos remete à análise de dois períodos históricos que marcaram a vida econômica, social, política e cultural em Minas Gerais: o período da mineração, cujo apogeu se deu no século XVIII; e o período da “ruralização”, momento de concentração da vida econômica e social nas fazendas, que sucedeu ao declínio das minas e durou do final do século XVIII até o início do século XX.

Alguns dos principais pratos da culinária regional mineira, como o feijão tropeiro, o angu de milho verde ou de fubá com frango, a paçoca de carne seca, farofas, couve, o lombo e o pernil assados, leitão à pururuca, o torresmo, o tutu e toda uma série de pratos em que predominam as carnes de porco e de frango atravessaram os séculos até chegar a nós como um verdadeiro manjar dos deuses para agradar ao céu de nossa boca…

Tradição renovada

Dos índios vieram o escaldado, o pirão, a paçoca, as farofas, os pratos à base de mandioca e de milho, que se derivaram para as canjicas, mingaus e papas. Dos portugueses proveio a utilização do ovo da galinha, que propiciou um farto rendimento culinário: fritadas, doces, bolos, ovos cozidos, estrelados, quentes, moles, baba-de-moça, doce de ovos, fios de ovos e gemada com vinho do Porto. O açúcar conquistou a todos. Escravos, sertanejos, caçadores, romeiros tinham na rapadura com farinha uma provisão nacional. Em Minas, melado com farinha e, mais tarde, com queijo, tornou-se receita consagrada de geração em geração. Surgia a sobremesa, que nativos e africanos desconheciam, reproduzindo-se e recriando-se doces que já eram parte da tradição portuguesa, adicionados a elementos nacionais como amendoins e castanhas nativas, pacovas (bananas da terra), cajus, araçás e ananases. As compotas aproveitaram as frutas nativas e aquelas que o português trouxe para os quintais brasileiros. Os engenhos locais forneceram a rapadura, melado ou açúcar. A preferência pelo doce em relação às frutas foi uma influência lusa que se mantém até os dias atuais com muita variedade e fartura nas mesas tradicionalmente mineiras.

Misturas finas

Nas casas, no cotidiano, a lógica da economia de tempos difíceis impôs os alimentos cozidos e o aproveitamento de tudo, inclusive das sobras, gerando composições igualmente saborosas. As farofas e as sopas aproveitavam as sobras de carnes, legumes, feijões e verduras, que ainda compõem o cardápio do mineiro contemporâneo. O mexido, uma mistura de tudo que sobrou, era comido na primeira refeição da manhã, antes da saída para a lida ou no jantar. Esse prato perdura ainda hoje, sobretudo em fazendas, no interior de Minas Gerais ou nas madrugadas da capital mineira, em muitos restaurantes de cardápio mais popular e nos botecos.

O lombo, a leitoa e a galinha assados eram pratos de festa, de domingo, de visitas. Na intimidade do dia-a-dia, os cozidos predominavam: o feijão, o angu, o mexido, verduras e legumes cozidos, ou os legumes com carne, frango com quiabo, por exemplo, mandioca e canjiquinha com carne, podendo ser costela ou suã de porco, costela de vaca e outros.

Pés no chão, olfato na cozinha

Leite em abundância, queijos variados e ovos possibilitaram a ampliação das quitandas e doces – legados da tradição portuguesa. A canjica com leite era sobremesa constante nas fazendas e, em algumas casas, era a ceia mais apreciada antes de se deitar. Com o acréscimo do amendoim, fez-se a nossa canjicada. A carne de vaca se tornou mais presente na mesa mineira, mas demorou um século para substituir o costume de consumir, preferencialmente, carne de frango e de porco, que ainda hoje predominam nos pratos típicos. A presença do café também se tornou definitiva. O bule no fogão a lenha é um forte elemento do cenário da cozinha mineira, onde o café, sempre quentinho, era servido acompanhando as quitandas, no encerramento das refeições, ou na primeira refeição do dia, adoçado com rapadura.

Quitandas e queijos

Em Minas, o queijo, que hoje é uma das mais fortes identidades culinárias do Estado, foi importado de outras regiões do país, até o final do século XVIII. No cardápio do início do século XIX, os queijos apareciam citados à sobremesa, acompanhando doces ou como complemento de ceias noturnas. No café da manhã, acompanhavam farinha, café, ou angu com leite. A expansão do consumo de queijo em Minas ocorreu como conseqüência da necessidade de se aproveitar o leite nos locais da província onde se intensificava a pecuária. Hoje, o queijo de Minas ou frescal é iguaria mineira disputada por turistas de todo o país e artigo vendido nos aeroportos quase como um souvenir da cultura gastronômica regional.

Referência bibliográfica: Abdala, Mônica Chaves in Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano XLII – N º 2 – Julho-Dezembro de 2006.

Folclore e Folguedos de Minas

O folclore, do inglês, folk-lore, é a identidade, a tradição e o conhecimento de um povo expressos em lendas, crenças, provérbios, canções e costumes. Minas Gerais é um Estado extremamente rico na variedade desses folguedos e mitos.

Por sua vez, as manifestações folclóricas em Minas têm suas origens nas tradições, usos e costumes dos colonizadores portugueses, com forte influência das culturas indígena e africana. Essas influências estão guardadas nos objetos de artesanato, na culinária e danças típicas, nas músicas, na linguagem e literatura oral, na medicina popular e nas festas com manifestações populares tradicionais.

Curupira, o protetor das florestas; Iara, a mãe das águas; o caboclinho d’água no Velho Chico; o saci-pererê, como a mula sem cabeça povoam o imaginário popular, além das diversas “noivas” que aparecem em Belo Horizonte, como a do Bonfim e mesmo em Juiz de Fora.

A própria Estrada Real, que ligava Diamantina a Paraty (RJ) recheia a mitologia mineira e seus costumes com a herança dos tropeiros, sobretudo no quesito culinária e a dos garimpeiros e mineradores, devotos de Santa Bárbara.

Principais ocorrências de folguedos em Minas:

Minas Gerais
Congado
Foto: Fábio Maciel

Congado:O congado reúne os Grupos de Moçambique, Catopés, Congo, Marujada, Caboclos, Vilão e Candombe. Escravos trazidos da África buscavam, através de rituais, extrapolar seus sentimentos e culto a sua fé. O Congado nasceu da fusão destes ritos com a religião católica, imposta aos negros pela Igreja, surgindo novas histórias que envolviam, sobretudo, Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Ifigênia, Nossa Senhora das Mercês e Nossa Senhora da Aparecida.

Folia de Reis ou Reisado:Folia de Reis, folguedo que ocorre no período do Natal, de 24 de dezembro a 6 de janeiro, que é o dia dedicado aos Santos Reis. A formação das folias se difere conforme o lugar, mas há sempre um mestre, líder maior, responsável pela cantoria e pela coordenação geral do grupo. Seu auxiliar é o contramestre, que angaria os donativos e o substitui em caso de necessidade. Algumas trazem a figura do embaixador, que pede licença para entrar nas casas, pronuncia as profecias e lembra das palavras escritas pelos profetas a respeito do nascimento de Cristo. Há os instrumentistas e cantores e algumas trazem os reis, representando os três reis magos.

Pastorinhas:São grupos de moças e meninas que visitam os presépios das casas, relembrando os pastores em Belém. Vestem-se apropriadamente, dançam e cantam a mensagem em louvor e pedem contribuição para o natal das crianças pobres do local.

Boi de Reis (ou Boi de Janeiro, Bumba-Meu-Boi etc.):É um dos mais típicos folguedos populares e, em alguns casos, participa do Reisado. A variação de nomes decorre das peculiaridades regionais e depende também da variação de elementos que figuram nas apresentações. Sua origem é portuguesa. Em síntese, é uma apresentação da captura (roubo), morte e ressurreição do Boi.

Festa do Divino:Como o nome diz, a festa ocorre na data consagrada ao Divino Espírito Santo. Em Minas, costuma ser chamada também de Festa do Império, porque durante sua realização é eleito um imperador, que será o festeiro ou o homenageado da próxima festa.

Cavalhada:Herança das tradições da Cavalaria Medieval, a cavalhada representa os combates, torneios, lendários e gestas oriundas das guerras travadas entre mouros e cristãos. Geralmente participam dois grupos, a cavalo, com os cavaleiros vestidos e azul e vermelho, cada um representando os grupos antagônicos. Realizada ao ar livre, mobiliza muitas pessoas entre reis, rainhas, príncipes e princesas, embaixadores, capitães e tenentes, nobres, damas, cavaleiros e lacaios, todos ricamente vestidos e portando espadas, pistolas e lanças.

Mulinha de ouro:Restrito ao vale do Médio São Francisco, este folguedo traz o animal dançando coreografias e danças no meio povo, como ocorre nos bois.

Minas Gerais
Dança de São Gonçalo
Foto: Edson Araújo

Dança de São Gonçalo:As moças se vestem de branco, excepcionalmente de rosa ou azul. Cada figurante conduz a mão um arco de madeira enfeitado de papel de seda da cor do vestido. Em certos lugares, um único homem participa da dança e comanda a função, trajado de branco, o qual desempenha o papel de São Gonçalo.

Caxambu:De origem negra, é uma espécie de batuque que parece ter começado ao longo das fazendas de café e que costuma ser chamado de jongo em outros estados. São usados exclusivamente instrumentos de percussão com participação de homens e mulheres, em pares ou grupos, fazendo evoluções fortes e sensuais.

Maneiro o pau:Em alguns municípios da Zona da Mata há esta curiosa dança, também chamada de mineiro-pau, executada por pessoas de diversas idades, cada uma portando um ou dois bastões, que são percutidos, individual ou grupalmente, de forma ritmada de duas, três ou quatro batidas.

Quadrilha:Apresentada, sobretudo, nas festas juninas e julinas e com origens que remontam às country-dances inglesas medievais, de onde passaram para a França, sob o nome de contredance (daí os nomes dos passos, até hoje, serem falados em francês), chegando ao Brasil, via Portugal, já com o nome atual.

Referências Bibliográficas:

– Atlas de Festas Populares do Estado de Minas Gerais, Instituto de Geociências Aplicadas – IGA, Belo Horizonte. 1998. (31-224-6727- IGA)
– Congado: Família de Sete Irmãos, Saul Martins, SESC,1988/BH.
– Felipe, Carlos, O Grande Livro do Folclore, Belo Horizonte: Editora Leitura, 2004.

História

O desbravamento na região que hoje compreende o estado de Minas Gerais se iniciou no século XVI, por meio do trabalho dos bandeirantes, em busca de ouro e pedras preciosas. Em 1709, foi criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, que, em 1720, foi desmembrada em São Paulo e Minas Gerais.

No início do século XVIII, a região tornou-se um importante centro econômico da colônia, com rápido povoamento. No entanto, a produção de ouro começou a cair por volta de 1750, levando a Metrópole – Portugal – a criar formas cada vez mais rígidas de arrecadação de impostos, o que resultou no mais conhecido movimento político e histórico de Minas Gerais – A Inconfidência Mineira.

A absoluta influência da mineração na economia do estado inibiu, de certa forma, o desenvolvimento de outras atividades econômicas de exportação. Por muitos anos, apesar dos avanços advindos da produção de açúcar, fumo e algodão, Minas Gerais continuou baseando sua economia nas grandes fazendas. O lento avanço da economia de Minas, como o de toda colônia, foi acelerado com o advento da produção e exportação de café.

A introdução da cafeicultura em Minas Gerais ocorreu no início do século XIX e logo se transformou na principal atividade da província e no agente indutor do povoamento e desenvolvimento da infra-estrutura de transportes. A prosperidade trazida pelo café ensejou um primeiro surto de industrialização, reforçado, mais tarde, pela política protecionista implementada pelo Governo Federal após a Proclamação da República.

As indústrias daí originárias eram de pequeno e médio portes, concentradas, principalmente, nos ramos de produtos alimentícios (laticínios e açúcar), têxteis e siderúrgicos. No setor agrícola, em menor escala, outras culturas se desenvolveram, como o algodão, a cana-de-açúcar e cereais.

O predomínio da cafeicultura se alterou, gradualmente, a partir da década de 1930, com a afirmação da natural tendência do Estado para a produção siderúrgica e com o crescente aproveitamento dos recursos minerais. Ainda na década de 1950, no processo de substituição de importações, a indústria ampliou consideravelmente sua participação na economia brasileira.

Na década de 1970, a economia mineira passou por mudanças estruturais graças a um grande volume de investimento. Nesse período, o Estado reverteu a perda de posição relativa no contexto nacional. Iniciou-se então um processo de adensamento e diversificação da sua estrutura industrial, de consolidação de novos setores industriais e de ampliação da inserção nacional e internacional da economia mineira.

Inconfidência Mineira

O movimento que inspirou a bandeira de Minas Gerais, símbolo maior do estado, surgiu com a intenção de romper as relações entre a colônia e a metrópole. O movimento reuniu proprietários rurais, intelectuais, clérigos e militares, numa conspiração que pretendia eliminar a dominação portuguesa e criar um país livre no Brasil, em 1789.

O ideal Iluminista que difundia-se na Europa ao longo do século XVIII e a Independência das 13 colônias inglesas na América do Norte que, apoiadas nas idéias iluministas não só romperam com a metrópole, mas criaram uma nação soberana, republicana e federativa, influenciaram diretamente os colonos mineiros, que passaram a ansear por liberdade.

A Inconfidência Mineira na verdade não passou de uma conspiração, onde os principais protagonistas eram elementos da elite colonial – homens ligados à exploração aurífera, à produção agrícola ou a criação de animais – sendo que vários deles estudaram na Europa e se opunham às determinações do pacto colonial, enrijecidas no século XVIII. Além destes, encontramos ainda alguns indivíduos de uma camada intermediária, como o próprio Tiradentes, filho de um pequeno proprietário que, após dedicar-se a várias atividades, seguiu a carreira militar, sendo portanto, um dos poucos indivíduos sem posses que participaram do movimento.

Um dos mineradores contatados foi o coronel Joaquim Silvério dos Reis que, a princípio aderiu ao movimento, pois como a maioria da elite, era um devedor de impostos. No entanto, com medo de ser envolvido diretamente, resolveu delatar a conspiração. Em 15 de março de 1789 encontrou-se com o governador, Visconde de Barbacena e formalizou por escrito a denúncia de conspiração. Com o apoio das autoridades portuguesas instaladas no Rio de Janeiro, iniciou-se uma sequência de prisões, sendo Tiradentes um dos primeiros a ser feito prisioneiro na capital, onde se encontrava em busca de apoio ao movimento e alguns dias depois iniciava-se a prisão dos envolvidos na região das Gerais e uma grande devassa para apurar os delitos.

A devassa promoveu a acusação de 34 pessoas, que tiveram suas sentenças definidas em 19 de abril de 1792, com onze dos acusados condenados a morte: Tiradentes, Francisco de Paula Freire de Andrade, José Álvares Maciel, Luís Vaz de Toledo Piza, Alvarenga Peixoto, Salvador do Amaral Gurgel, Domingos Barbosa, Francisco Oliveira Lopes, José Resende da Costa (pai), José Resende da Costa (filho) e Domingos de Abreu Vieira.

Desses, apenas Tiradentes foi executado, os demais tiveram a pena comutada para degredo perpétuo por D. Maria I. O Alferes foi executado em 21 de abril de 1792 no Rio de Janeiro, esquartejado, sendo as partes de seu corpo foram expostas em Minas como advertência a novas tentativas de rebelião.

Literatura

A literatura mineira se desenvolveu ainda no séc. XVIII, quando Vila Rica, atual Ouro Preto, tornou-se centro econômico e político da então Colônia Portuguesa, formando a primeira geração literária brasileira. Na época do ouro, os poetas árcades, como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa, se inspiravam na paisagem local e em ideais bucólicos. Mas alguns deles acabaram se envolvendo na questão política da região que eclodiu na Inconfidência Mineira, no fim do século.

Já no século XIX, no Romantismo e, depois, no Simbolismo, surgem expoentes mineiros como Bernardo Guimarães e Alphonsus de Guimaraens, respectivamente.

O século XX, desde seu início, é marcado pela volta de Minas ao cenário literário nacional com grande projeção. Um dos grandes marcos é a produção literária de Carlos Drummond de Andrade, nascido em Itabira, no ano de 1902. Formado em farmácia – por insistência da família – o escritor se uniu a outros autores, dentre eles Emílio Moura, e fundou “A Revista”, para divulgar o Modernismo no Brasil. Uma das principais temáticas do autor é sua terra natal. Só mineiros sabem. E não dizem nem a si mesmos o irrevelável segredo chamado Minas.

No ano de 2008, é comemorado os 100 anos de nascimento de um dos maiores escritores do Estado: o também médico e diplomata João Guimarães Rosa, nascido em Cordisburgo. Em 1946, com o lançamento de Sagarana, ele revoluciona a literatura brasileira com seu experimentalismo lingüístico, buscando nas tradições orais e na fala do sertanejo a matéria-prima para sua escrita. Essa fusão recria o imaginário a respeito do sertão e torna a obra de Guimarães Rosa ainda mais singular.

“Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens.”

Entre outros importantes escritores mineiros, podemos lembrar ainda de nomes como Abgar Renault, Cyro dos Anjos, Murilo Rubião, Affonso Romano de Sant’Anna, Murilo Mendes, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Henriqueta Lisboa, Oswaldo França Júnior, Roberto Drumond, Bartolomeu Campos de Queiroz e Ziraldo. Mas a literatura mineira reflete sua diversidade e criatividade também nas novas gerações de escritores que experimentam estilos e gêneros, apontando para o novo, para o que ainda está sendo escrito, descoberto, na prosa, na poesia, no ensaio, na ficção.

Música

Minas Gerais também são muitas quando o assunto é música. Sua sonoridade, sua musicalidade, seu ritmo, a começar pelas diversas formas que o mineiro tem para se expressar, nos quatro cantos de seu território, são parte das características mais marcantes deste Estado que é reconhecido como a síntese da cultura brasileira.

Minas Gerais, Estado privilegiado no quesito música, “exporta” talentos para outros estados brasileiros e também para o exterior, tendo sido palco de uma das principais correntes musicais brasileiras, conhecida como Clube da Esquina, que, para muitos, é tão significativa para o legado cultural brasileiro como o é a Bossa Nova, além, obviamente, do Samba.

Basta lembrar que o autor de um dos hinos nacionais brasileiros, uma das músicas mais tocadas e gravadas em todo o mundo, o samba-exaltação Aquarela do Brasil, é o mineiro de Ubá, na Zona da Mata, Ary Barroso. Isso sem falar em outro grande compositor de samba, que faria 100 anos em 2009, o mineiro de Miraí, também na Zona da Mata, Ataulfo Alves.

Aqui, o aspecto mediterrâneo de nossa geografia, a ausência do mar, o Jequitinhonha e o Velho Chico, além da profusão de montanhas renderam muito mais do que a poesia de seus mestres, uma sonoridade própria enriquecida por versos cujo conteúdo exalta e externaliza o que de mais profundo, abissal, há na cultura mineira, o verdadeiro sentido e sentimento da mineiridade.

Músicos de várias vertentes, agrupados ou não a entidades representativas, vêm dialogando com o poder público mineiro, por meio da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, através de sua Assessoria Especial da Música. A partir dessa positiva sinergia, foi lançado, em agosto de 2008, o Música Minas – Programa de Estímulo à Música, que tem como objetivo criar mecanismos e ações sustentáveis para que a música produzida em Minas Gerais encontre um lugar expressivo no mercado estadual, nacional e internacional para mostrar sua diversificada e rica produção, escoando seus produtos e formando público para seus artistas.

O mais novo mecanismo de fomento à música do Governo de Minas se destina a compositores, intérpretes e instrumentistas, de diversos gêneros e tendências musicais. O Música Minas se constitui de duas categorias principais: Circulação Estadual e Nacional de Artistas Mineiros, e Exportação da Música Produzida em Minas (veja mais informações neste site).

O Estado de Minas Gerais conta com outros mecanismos de fomento à música, como o Música Independente, uma iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Fundação Clóvis Salgado (FCS), em parceria com a Sociedade Independente da Música, Rádio Inconfidência e Rede Minas. O programa é resultado do Edital de Estímulo às Artes – Música, promovido, anualmente, pela FCS (veja mais informações no site www.palaciodasartes.com.br).

O Fundo Estadual de Cultura e a Lei de Incentivo à Cultura de Minas Gerais também disponibilizam recursos para variados projetos na área musical (mais informações neste site).

O Estado também investe no PAMM (detalhado mais à frente) e nas Bandas Civis de Músicas, além de fomentar duas orquestras, a Sinfônica e a Filarmônica de Minas Gerais.

Origem da Música Brasileira

O primeiro registro histórico referente à música, no Brasil, encontra-se expresso na carta de Pero Vaz de Caminha: “Diogo Dias, que é homem gracioso e de prazer, levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles (os indígenas) a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam, e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras e salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito.”

Daí, o surgimento da música brasileira deu-se com a contribuição dos indígenas, dos colonizadores e dos negros, que, por sua vez, imprimiu forte caráter na formação do perfil cultural brasileiro – que o digam nossos tambores mineiros.

O processo de colonização viria associar a música brasileira à matriz européia, durante muito tempo, até que as novas expressões populares nascidas da miscelânea étnica fariam com que a música brasileira se tornasse uma das mais expressivas da América.

Se no último século ela desabrochou, espalhando sementes no imaginário da população brasileira, em Minas Gerais, estes elementos forjaram-se a outras sementes, mesclando-se ritmos e harmonias, dando origem a uma música única e universal, que é a música mineira.

São muitas as explicações para a diversidade de tendências da música mineira. Em Minas, quando sua história era desenhada, o ambiente urbano e cosmopolita da mineração – sobretudo na Ouro Preto de então – juntou-se com os ritmos rurais oriundos da Bahia, adicionados às influências européias, forjando a base do surgimento, no início do século XX, do Samba na Bahia e Rio de Janeiro.

Antes disso, porém, no fim do século XVIII e começo do século XIX, floresceu nas cidades mineiras uma geração de compositores que criaram uma música contemporânea da arte do Aleijadinho e da poesia dos inconfidentes. A música Barroca de Minas, tocada, sobretudo, nas igrejas, em saraus, em circuitos mais restritos.

Parte desta época já está sendo resgatada, cuidada e disponibilizada, inclusive pela internet, por meio do projeto Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro – PAMM, encabeçado pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e que, por meio de verdadeiro garimpo, coordenado pelo musicólogo Paulo Castagna, tem levantado composições e autores até então pouco conhecidos, a partir de cerca de 15 acervos mineiros e outros localizados, sobretudo, no Rio de Janeiro e São Paulo.

O PAMM efetiva um marco no reconhecimento da música como um dos principais patrimônios imateriais do Estado de Minas Gerais, para além do já consagrado patrimônio de “pedra e cal”. Já a música mineira contemporânea foi capaz de assimilar o que de melhor existe em outras tendências, em outros ritmos vindo do jazz, dos Beatles, que, sintetizando-se com outros elementos da música popular brasileira pôde, por exemplo, resultar no movimento sem rótulos do Clube da Esquina, que por sua vez influenciou novas gerações que ampliaram vertentes vanguardistas, que vão do som percussivo do Uakti ao pop-rock do Skank e do Jota Quest, passando pela música de raiz e expressões dialéticas do Vale do Jequitinhonha, do Norte de Minas e da Gerais “preta e barranqueira” emoldurada pelas carrancas que singraram o Velho Chico, além do som sul-mineiro impregnado com o sotaque paulista.

Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que a música de Minas ecoa para muito além dos limites de nossa serras e montanhas, capaz de encantar, capaz de inspirar novos talentos.

Referências Bibliográficas: Barsa – Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda., edição de 1999; Revista MPB – Compositores, Milton Nascimento – nº 19 – 1997 – Editora Globo S.A. Revista O Globo – ANO 4 – nº 217 – 21 de setembro de 2008.

Nossa Gente

Se Minas são muitas, como bem definiu o escritor João Guimarães Rosa, muitos também são os mineiros, como rica é sua diversidade. Estado-síntese de nosso país, o fato de ter fronteiras com Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul traz para seu caldeirão cultural uma riqueza ímpar, traduzida no jeito de ser de uma gente que aprendeu, desde sempre, a lutar por sua liberdade. Mas Minas não é apenas a tradição: é também o espaço da modernidade e das expressões contemporâneas no campo das artes, da tecnologia, da arquitetura, da música, da dança, do teatro.

Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do país, com uma população estimada superior a 20 milhões de habitantes. Estado que traz em sua bandeira a inscrição “Libertas quae sera tamem” ou “Liberdade ainda que tardia”, Minas, no período colonial, foi cenário de uma das maiores conspirações brasileiras em busca da liberdade, a Inconfidência Mineira. E a busca pela liberdade, em todas as suas formas e possíveis manifestações, está ainda enraizada nos hábitos e costumes dos mineiros, povo acolhedor e trabalhador, dedicado à arte de receber bem, de cultivar as tradições religiosas e a convivência familiar.

A diversidade cultural tão marcante em Minas encontra semelhanças nas manifestações religiosas. Em muitas cidades, a figura dos ‘festeiros’ – pessoas dedicadas a organizar as festas das igrejas – é muito popular. Os eventos promovidos pelas paróquias sempre movimentam as cidades: são bingos, barraquinhas e outros eventos que preparam a comunidade para as grandes festas dos padroeiros e também do Congado e da Folia de Reis. Além das festas, a fé gera costumes ligados à hospitalidade, como o hábito de receber a Folia de Reis em casa, oferecendo comida para todos os presentes, ou receber em casa a imagem da Santa Visitadora para rezar com os vizinhos.

E como nas cidades mineiras sempre há festas, praças e coretos, Minas também é o estado com o maior número de bandas: cerca de 840, contando apenas as civis cadastradas na Secretaria de Estado de Cultura.

Importante ressaltar que, além de ser o estado com maior número de municípios – 853 -, Minas Gerais reúne o mais importante acervo arquitetônico e artístico do período colonial brasileiro, preservado em cidades de fama internacional como Ouro Preto, Diamantina e Congonhas do Campo, ricas pela profusão de obras-primas do estilo Barroco, nas quais se destacam os trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Mestre Athaíde.

No campo das crendices e superstições, os mineiros cultivam hábitos passados de geração a geração. Em muitas famílias mineiras, algumas superstições ainda permanecem vivas e estudos sobre essas crenças mostram que elas têm um motivo histórico, social e até mesmo científico. Como exemplo, pode-se citar a crença de que o hábito de deixar roupas pelo avesso causa “atrasos à vida”. Como antigamente não havia luz elétrica e a iluminação a óleo de mamona nas candeias era muito precária; animais peçonhentos eram comuns nas regiões tropicais; não existiam inseticidas e nem soros contra as picadas venenosas. Por outro lado, as roupas femininas, sobretudo, eram muito volumosas. Se essas roupas não fossem bem colocadas em seus devidos lugares, atrairiam facilmente insetos e répteis, que se esconderiam em suas dobras. Ao se vestirem, as pessoas corriam o risco de serem picadas e de ficarem inválidas ou de morrer. Daí, a verdadeira razão da crendice de não deixar as roupas pelo avesso ou emboladas e jogadas em qualquer lugar, pois estas atitudes poderiam causar atrasos à vida.

A crença no poder da medicina popular também é marcante em Minas Gerais. Ainda hoje, os raizeiros e as benzedeiras são muito procurados para fazer chás, simpatias, banhos e benzeções com a finalidade de solucionar problemas de saúde. Além do uso das plantas medicinais, essas pessoas sugerem determinadas restrições à alimentação e rituais complementares de cura, como os banhos de sal grosso ou de rosa branca. Atualmente, homeopatas pesquisam e estudam esse receituário, buscando confirmar a eficácia dos remédios caseiros como forma de medicina alternativa, contribuindo com a ciência na busca de soluções mais econômicas e de menores efeitos colaterais para a saúde humana. Como exemplo da medicina caseira em Minas, podemos citar os chás de boldo, losna e carqueja, para males do fígado. Importante salientar que a rica vegetação do cerrado, repleta de espécies com poder curativo, é fundamental para a manutenção desse costume mineiro. Ipê roxo, copaíba, barbatimão, sucupira, arbustos como o assa-peixe, mil-homens e algodão do campo e algumas ervas como a erva-moura, o melão de São Caetano, o cipó de São João e a sassafrás compõem os receituários da medicina popular mineira. Nos mercados municipais das maiores cidades mineiras, as barracas de plantas e raízes medicinais são comuns.

A culinária mineira, além de pratos deliciosos e reconhecidos internacionalmente, também cria hábitos e costumes. Nas cidades do interior é comum o preparo da quitanda – um conjunto de quitutes como bolo, broa, pão de queijo e biscoitos caseiros, preparados de uma só vez para aproveitar o calor do forno à lenha. Também é fundamental lembrar o bom e velho costume mineiro de receber visitas ao redor da mesa da cozinha – sempre mais acolhedora que a sala de visitas. Um bom anfitrião mineiro quer sempre agradar sua visita que nunca pode sair de barriga vazia. E, para agradar os visitantes, o mineiro oferece pratos típicos, originados de influências que vão dos indígenas aos africanos, passando, obviamente, pelos colonizadores europeus. Alguns dos principais pratos da culinária regional mineira, como o feijão tropeiro, o angu de milho verde ou de fubá com frango, a paçoca de carne seca, farofas, couve, o lombo e o pernil assados, leitão à pururuca, o torresmo, o tutu e toda uma série de pratos em que predominam as carnes de porco e de frango atravessaram os séculos até chegarem às mesas dos mineiros de hoje.

Assim, da influência africana ao barroco, das tradições indígenas à moda de viola, os mineiros foram construindo seus hábitos. No tacho em que se produzem os costumes mineiros, os mais diversos ingredientes parecem misturar-se sem, no entanto, neutralizarem uns aos outros.

De Minas saíram várias formas de ver o mundo, por meio dos escritores consagrados, da culinária reconhecida, dos ideais de liberdade etc. E, se de Minas saíram várias formas de se ver o mundo, também não faltaram formas de fazer o mundo olhar para as Alterosas. De Aleijadinho e suas esculturas a Santos Dumont que deu asas ao sonho mais antigo da humanidade até Pelé que encantou o mundo com seu talento, os mineiros parecem destinados a fazer os olhares se voltarem ao coração do Brasil. Coração que parece destinado a receber em suas veias todas as influências possíveis para produzir uma sociedade única em suas manifestações e expressões.

Nossos Símbolos

Minas Gerais A Bandeira de Minas Gerais é composta por um triângulo vermelho sobre fundo branco, contornado pela expressão em latim “Libertas quae sera tamem” – lema da Inconfidência Mineira -, que significa “Liberdade ainda que tardia”.

A atual bandeira do Estado de Minas Gerais foi instituída pela lei 2.793, de 8 de janeiro de 1963, sancionada pelo então governador José de Magalhães Pinto.

O triângulo remete à santíssima trindade e foi proposto por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um dos participantes do movimento da Inconfidência, que buscava a libertação da Coroa Portuguesa. Já a frase em latim foi proposta por Alvarenga Peixoto, outro inconfidente, e foi retirada de um versículo do poeta romano Virgílio.

Minas Gerais Instituído inicialmente em 1891, pela lei nº 1, de 14 de setembro do mesmo ano, e aprovado em decreto nº 6.498, de 5 de fevereiro de 1924, o Brasão (ou Escudo) do Estado de Minas Gerais é formado por elementos que simbolizam as maiores riquezas da época de sua primeira instituição: a mineração e a agricultura.

A luminária utilizada pelos mineiros sobre duas picaretas simboliza a atividade mineradora e os dois ramos grandes de café e dois ramos pequenos de fumo de cor verde e com flores vermelhas e arroxeadas, a atividade agrícola.

Estes elementos estão sobre uma estrela vermelha, cor também presente na bandeira do Estado, assim como es dizeres Libertas quae sera tamem – expressão latina traduzida como “Liberdade ainda que tardia”, lema da Inconfidência Mineira – acima da estrela no Brasão. Na parte inferior do escudo corre uma faixa com a inscrição “Estado de Minas Gerais” e, num laço abaixo dela, a data da primeira Constituição do Estado: 15 de junho de 1891.

O Brasão é usado no alto de edifícios das repartições públicas estaduais, nas escolas, nos quartéis e em parlatórios de cerimônias oficiais do governo de Minas.

Hino

Minas Gerais não possui um hino oficial. No entanto, várias composições dedicadas ao Estado se tornaram conhecidas ao longo do tempo. Uma delas é o ‘Hino a Minas’, com letra de João Lúcio Brandão, e música do padre João Lehmann. Apesar de nunca ter sido oficializada, no início do século XX, a composição era muito ouvida nas escolas e fazia parte do hinário (livro de hinos) distribuído nos estabelecimentos de ensino.

A canção que ganhou maior popularidade, inclusive fora do Estado, foi ‘Oh, Minas Gerais’. Trata-se de uma adaptação de uma tradicional valsa italiana, chamada Viene sul mare, introduzida no Estado por companhias líricas e teatrais daquele país que vinham ao Brasil no século XIX e início do século XX. A letra foi feita pelo compositor mineiro José Duduca de Morais, o De Moraes, gravada em 1942. Desde então, já foram realizadas diversas gravações do tema, por grandes cantores do Estado e corais de diversas procedências, além de fazer pauta do repertório de muitos grupos de seresta.

Oh, Minas Gerais

Oh! Minas Gerais (bis)
Quem te conhece não esquece jamais
Oh! Minas Gerais…

Lindos campos batidos de sol, ondulando num verde sem fim…
E montanhas que à luz do arrebol têm perfume de rosa e jasmim…
Vida calma nas vilas pequenas rodeadas de campos em flor
Doce terra de matas amenas, paraíso de sonho e amor…

Lavradores de pele tostada, boiadeiros vestidos de couro…
Operários da indústria pesada, garimpeiros de pedra e de ouro…
E poetas de doce memória e valentes heróis imortais…
Todos eles figuram na história do Brasil e de Minas Gerais.

Rodovias

Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do Brasil, equivalente a 16% de toda a malha viária existente no país. No estado, são 269.546 km de rodovias. Deste total, 7.689 km são de rodovias federais, 23.663 km de rodovias estaduais, e 238.191 km, de rodovias municipais.

Quanto às características das estradas, a malha federal é toda pavimentada. A estadual se divide em 13.995 km pavimentados e 9.724 km não pavimentados. A maioria das rodovias municipais não é pavimentada.

Belo Horizonte situa-se no entroncamento de grandes rodovias, o que permite a integração de Minas Gerais com os maiores centros urbanos do País e com os principais mercados. As distâncias entre Belo Horizonte e algumas capitais são as seguintes: Brasília (716 km) São Paulo (586 km), Rio de Janeiro (434 km), Vitória (524 km), Salvador (1.372 km), Fortaleza (2.528 km) e Porto Alegre (1.712 km).

Minas Gerais

Rodovia Fernão Dias (BR 381):É a principal ligação entre as regiões metropolitanas de Belo Horizonte e São Paulo. Forma um dos mais importantes eixos de transporte de carga e de passageiros de todo o Brasil, passando por municípios de médio porte como Lavras, Varginha, Três Corações, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre e Extrema, na região Sul de Minas. A Fernão Dias dá acesso também à BR 116, que liga o Rio de Janeiro à Bahia, além de Vitória, passando por Governador Valadares, no Vale do Aço. O nome da rodovia homenageia o bandeirante Fernão Dias, que contribuiu para desbravar o território de Minas Gerais no século 17.

Rio de Janeiro – Belo Horizonte – Brasília (BR 040):Partindo de Belo Horizonte, com pista dupla até Sete Lagoas, a BR 040 atravessa o Noroeste de Minas ligando Belo Horizonte à capital federal, numa extensão total de 716 km. No outro sentido, passando pela Zona da Mata e Campo das Vertentes, dá acesso ao Rio de Janeiro, com extensão de 434 km. Na Zona da Mata, a BR 040 liga Belo Horizonte à principal cidade-pólo da região, Juiz de Fora, que abriga empresas automobilísticas, agroindustriais, moveleiras, metalúrgicas, cimenteiras, têxteis e produtoras de papel e papelão. Na região do Campo das Vertentes, leva aos acessos para cidades como São João del Rei, Tiradentes e Congonhas, municípios de atração turística no circuito histórico.

Rio-Bahia (BR 116):Forma um corredor viário que corta o leste e o noroeste de Minas Gerais, permitindo acesso ao Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Relevante para a economia brasileira, esta estrada serve também de elo entre as regiões Sul e Sudeste do Brasil com o Nordeste.

BR 262:Liga Vitória, capital do Espírito Santo e importante porto de exportação, ao Triângulo Mineiro, passando pela Região Metropolitana de Belo Horizonte. A rodovia está estrategicamente localizada como um dos principais acessos à região Centro-Oeste do País. Também dá acesso a Uberaba, entrada do Triângulo Mineiro, uma das regiões mais ricas do Brasil, com grande projeção no setor de agronegócios e tecnologia de ponta.

BR 050:Liga Uberaba, Araguari e Uberlândia e é um decisivo corredor de tráfego na região do Triângulo Mineiro, além de dar acesso aos Estados de Goiás e de São Paulo.

BR 153:Liga Frutal à cidade de Prata, no Triângulo Mineiro, e funciona como um importante corredor paralelo à BR 050, auxiliando o transporte de carga na região.

BR 365:Liga o Triângulo e o Norte de Minas a Goiás e dá acesso à rodovia Rio¿Bahia, além de levar aos principais corredores viários para os demais Estados limítrofes com Minas.

BR 135:É o caminho para o Norte do Estado, conduzindo às cidades de Montes Claros e Pirapora, com suas indústrias têxteis, mecânicas, de ferro-liga, processamento de frutas e vegetais.

BR 459:Faz a conexão entre Poços de Caldas, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí e Itajubá, nas regiões Sul e Sudeste de Minas.

BR 267:Liga a BR 381, no Sul do Estado, a Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.

BR 265:É também um importante corredor de acesso às cidades de Alpinópolis, Boa Esperança, Lavras e São João del Rei.

TURISMO

A Capital

A cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, tem história recente, num Estado de antigas tradições. Foi fundada em 12 de dezembro de 1897, cerca de 150 anos após a criação da primeira cidade mineira, Mariana, em 1745. Sua localização está na Região Sudeste do Brasil, formada ainda pelos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.

A região de Belo Horizonte começou a ser povoada em 1701, pelo bandeirante João Leite Ortiz. Em suas terras, nasceu o arraial de Curral del-Rei, em 1707, nome que iria perdurar até a fundação da nova cidade. Em 1893 foi promulgada da lei que determinava a mudança da capital Vila Rica (atual Ouro Preto) para Belo Horizonte.

A cidade foi construída de forma planejada, inspirada nos modelos urbanos de Paris e Washington.

Minas Gerais
Belo Horizonte
Foto: Alexandre C. Mota

A capital é emoldurada pela Serra do Curral e apresenta diversas atrações em sua paisagem urbana, com destaque para o Conjunto Arquitetônico da Pampulha e da Praça da Liberdade. A Pampulha foi erguida entre 1942 e 1943, durante a administração de Juscelino Kubitschek (1902-1976) na prefeitura. Um de seus principais atrativos, a igreja de São Francisco de Assis é o cartão postal de Belo Horizonte e um dos principais trabalhos do arquiteto Oscar Niemeyer, que se tornou mundialmente conhecido pela construção de Brasília. Já o conjunto da Praça da Liberdade, onde está localizado o Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, data da época da fundação da capital, entre 1895 e 1897.

A cidade possui bairros com forte vocação para diversos tipos de comércio – do popular ao de alto luxo – e vida noturna intensa, que lhe deu o título informal de “a capital brasileira dos bares”, pela quantidade de estabelecimentos espalhados pelos bairros que animam a noite belo-horizontina.

Outros importantes atrativos turísticos de Belo Horizonte são o estádio Mineirão, o Mercado Central, o Museu Histórico Abílio Barreto, o Museu de Artes e Ofícios localizado na Praça da Estação, os parques Municipal e das Mangabeiras, o Palácio das Artes e a praça do Papa – de onde se tem uma excelente vista panorâmica.

Belo Horizonte tem 2,4 milhões de habitantes. É a quarta capital mais populosa do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. A Região Metropolitana possui 33 municípios e 4,5 milhões de habitantes. A temperatura é amena, com médias de 22º C. Principais distâncias: São Paulo (586 km), Rio de Janeiro (435 km) e Brasília (740 km).

Fontes: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (IBGE, 1959), Belotur e Prefeitura de Belo Horizonte

A cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, tem história recente, num Estado de antigas tradições. Foi fundada em 12 de dezembro de 1897, 152 anos depois da criação da primeira cidade mineira, Mariana, em 1745. Sua localização está na região Sudeste do Brasil, formada ainda pelos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.

A região de Belo Horizonte começou a ser povoada em 1701, pelo bandeirante João Leite Ortiz. Em suas terras, nasceu o arraial de Curral del-Rei, em 1707, nome que iria perdurar até a fundação da nova cidade. Belo Horizonte surgiu após a disputa pela transferência da capital de Minas Gerais. O movimento para a mudança começou após a proclamação da República, em 1889. Ouro Preto, então sede do Estado desde 1721, ainda com o nome de Vila Rica, já não apresentava condições de suportar o crescimento econômico e populacional que o novo cenário republicano despertava.

A escolha aconteceu em 1893, com a promulgação da lei que determinava a mudança da capital pelo então presidente de Minas Gerais, Afonso Pena (1892-1894). Quatro anos depois, deu-se a inauguração da nova sede do Estado.

A cidade foi construída de forma planejada, inspirada nos modelos urbanos de Paris e Washington. A concepção urbanística coube ao engenheiro paraense Aarão Reis. De traçado geométrico, com ruas em formato quadriculado e avenidas no sentido diagonal, Belo Horizonte concentrou os edifícios públicos, estabelecimentos comerciais e as principais obras de infra-estrutura no limite da avenida do Contorno, que circula toda a área central – ainda hoje referência para a cidade.

A capital é emoldurada pela serra do Curral e apresenta diversas atrações em sua paisagem urbana, com destaque para o Conjunto Arquitetônico da Pampulha e da praça da Liberdade. A Pampulha foi erguida entre 1942 e 1943, durante a administração de Juscelino Kubitschek (1902-1976) na prefeitura. Uma de suas quatro construções, a igreja de São Francisco de Assis é o cartão postal de Belo Horizonte e um dos principais trabalhos do arquiteto Oscar Niemeyer, que se tornou mundialmente conhecido pela construção de Brasília. Já o conjunto da praça da Liberdade, onde está localizado o Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, data da época da fundação da capital, entre 1895 e 1897.

A cidade possui bairros com forte vocação para diversos tipos de comércio – do popular ao de alto luxo – e vida noturna intensa, que lhe deu o título informal de “a capital dos barzinhos”, pela quantidade de estabelecimentos espalhados pelos bairros. Outras atrações são o estádio Mineirão, o Museu Histórico Abílio Barreto, os parques Municipal e das Mangabeiras, o Palácio das Artes e a praça do Papa, de onde se tem uma excelente vista panorâmica.

Belo Horizonte tem 2,4 milhões de habitantes, segundo as estimativas de 2006. É a quarta capital mais populosa do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. A Região Metropolitana de Belo Horizonte possui 33 municípios e 4,5 milhões de habitantes. A temperatura é amena, com médias de 22º C. Principais distâncias: São Paulo (586 km), Rio de Janeiro (435 km) e Brasília (740 km).

Fontes: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (IBGE, 1959), Belotur e Prefeitura de Belo Horizonte

Cidades Históricas

A Cidade de Sabará

Uma das mais tradicionais cidades mineiras, Sabará foi importante na época da exploração do ouro em Minas Gerais.

Sua descoberta é contestada entre historiadores. Não há consenso de que o bandeirante paulista Manoel de Borba Gato tenha sido o desbravador da região. Alguns especialistas apontam Manoel Afonso Gaia como o primeiro povoador. Certo é que Borba Gato fundou a então Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Sabarabussu, em 1711.

A vila foi um dos maiores produtores de ouro da Coroa portuguesa, tanto que recebeu a Casa da Intendência para a cobrança do quinto (o imposto de 20% que o governo português cobrava de toda a extração mineral na colônia).

A produção era tanta que a cidade alcançou prestígio e riqueza. Recebeu, como prova, de d. Pedro 1º o nobre título de Fidelíssima, em 1823. Em 6 de março de 1838, foi elevada à categoria de cidade, quando recebeu o nome de Sabará.

Em virtude da sua alta produção de ouro, a cidade possui rico acervo sobre o período, em museus e igrejas.

Sabará está localizada a 19 km da capital Belo Horizonte e possui 133.225 habitantes (Fundação João Pinheiro, estimativa 2006).

Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (IBGE, 2000).

A cidade de Tiradentes

Povoada a partir de 1702, a cidade de Tiradentes, na região Central de Minas Gerais, homenageia em seu nome o alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido pelo apelido de Tiradentes. O alferes nasceu na Fazenda do Pombal, entre Tiradentes e São João del Rei, e se tornaria o líder da Inconfidência Mineira, principal movimento de contestação à Coroa portuguesa, no século 18. Nas duas últimas décadas, a cidade se tornou um dos pontos turísticos mais requisitados no Estado, ao aliar a simplicidade e o colorido de suas casas coloniais à oferta de pousadas bem cuidadas, restaurantes requintados e a badalação social.

Poucas ruas formam a cidade de 6.500 moradores, entre eles, algumas centenas de profissionais das mais diversas áreas que optaram por dividir suas moradias entre o agitado eixo Rio¿São Paulo¿Belo Horizonte e o clima pacato nas montanhas, construindo casas na região. Artistas e artesãos também montaram ali seus ateliês. Tiradentes vive seu auge cultural com a Mostra de Cinema, em janeiro, e o Festival Internacional de Gastronomia, em agosto, duas boas opções do calendário nacional de eventos. Os passeios de charrete e a viagem no trem Maria Fumaça entre Tiradentes e São João del Rei estão entre os seus principais atrativos. A boa infra-estrutura da cidade garante conforto e segurança aos visitantes.

A Matriz de Santo Antônio, cuja fachada é de autoria do arquiteto e escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o chafariz São José, são exemplos da bem-preservada herança colonial. Tiradentes tem sua história iniciada em 1702, quando os primeiros bandeirantes, chefiados por João Siqueira Afonso, após a descoberta de ouro num local chamado Ponta do Morro, se fixaram na região. Eles chegaram na seqüência dos mineradores que, no final do século 17, se estabeleceram na região que viria a ser conhecida como Ouro Preto.

O grande fluxo de garimpeiros, motivados pelas novas jazidas, levou o local a se tornar arraial da Ponta do Morro de Santo Antônio. A importância do povoado era tanta que, somada à abundância de ouro, logo em 1718 se tornaria vila de São José. As construções da primeira metade do século 18, tanto as moradias como as edificações religiosas, tomaram espaço nos pontos altos da região. As casas se elevaram ao redor de igrejas e capelas, configuração que permanece até hoje.

Tiradentes foi cenário de fatos importantes da história nacional. Em 1708, a Guerra dos Emboabas, conflito entre paulistas donos de minas e portugueses e garimpeiros, chamados pejorativamente de emboabas, teve um dos seus capítulos mais violentos na Ponta do Morro. Mais tarde, em 1789, a conspiração dos inconfidentes teve ramificações na cidade, que foi residência do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Devido à mudança da jurisdição da Fazenda do Pombal, distrito onde nasceu o alferes, a cidade de Tiradentes se considera hoje a terra natal do líder dos inconfidentes. Na época, Pombal fazia parte da vizinha São João del Rei.

Em 7 de setembro de 1889, a vila tornou-se cidade de São José, para em 6 de dezembro adotar o nome atual em homenagem ao mártir da Inconfidência. Atualmente, o dia da cidade é comemorado em 19 de janeiro, data em que o arraial da Ponta do Morro de Santo Antônio se tornou vila.

Tiradentes tem clima ameno e a temperatura média de 19º C. Principais distâncias: Belo Horizonte (210 km), São João del Rei (14 km), São Paulo (485 km), Rio de Janeiro (335 km) e Brasília (915 km).

Fontes: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (IBGE, 1959) e Prefeitura de Tiradentes.

Estâncias hidrominerais

Araxá

Minas Gerais
Araxá
Termas de Araxá /Divulgação

O primeiro lugar de onde se avista o sol é a definição da palavra araxá em tupi-guarani. As primeiras referências aos índios Araxás que habitavam a região, datam do século XVI. A presença dos índios e a proximidade com o Quilombo do Ambrósio dificultaram a ocupação das terras. Somente por volta de 1780 surgiram as primeiras fazendas na região.

Com a descoberta de águas ricas em sais minerais e suas propriedades terapêuticas, o povoamento da região se intensificou.

A paisagem de serras, vales, cachoeiras e matas abriga a cidade de Araxá, que nasceu encravada em um vulcão extinto há 90 milhões de anos.

Araxá é uma cidade de porte médio, bem traçada, limpa e acolhedora. Lendas e mitos reforçam o encanto dessa terra.

A famosa D. Beja que viveu em Araxá no século XIX foi uma mulher que contrariou padrões de comportamento de sua época. De beleza e coragem indescritíveis, participou de movimentos políticos locais e teve sua vida transformada em novela de televisão. O Museu de Dona Beja abriga objetos e documentos relativos à história e às tradições culturais de Araxá.

Outras estórias são contadas nas ruas de Araxá, como é o caso de Filomena, que também viveu em meados do século XIX. Acometida por varíola, foi isolada e com o agravamento da doença, teria sido, impiedosamente, enterrada viva. Diante de seu túmulo, foi construída uma pequena capela que, diariamente recebe grande número de visitantes. Vários milagres foram a ela atribuídos.

Araxá é uma cidade completa em termos de atrativos, guarda encantos que não passam despercebidos pelo turista. A beleza da região é um convite para o ecoturismo.

O alto da Serra da Bocaina é o lugar perfeito para prática de vôo livre. Conhecido como Horizonte Perdido, situa-se no tabuleiro da serra e dela tem-se uma vista panorâmica da região.

O Complexo do Barreiro é uma das melhores atrações turísticas de Minas Gerais. O nome Barreiro vem em decorrência da lama que se forma a partir das fontes naturais da região. São famosos os sabonetes de lama e sais minerais de Araxá.

O prédio principal é dos anos 1940 e mantém seu esplendor. Foi restaurado, modernizado e é tombado pelo IEPHA. Os vitrais do saguão das Termas retratam cenas da cidade. Os jardins levam assinatura de Burle Marx e os imponentes salões são de mármore de Carrara e têm lustres de cristais alemães.

São 450 mil m² de área verde com lago e fontes de água medicinal além das 5 piscinas, entre as quais uma semi-olímpica. Além de um ser um local extremamente agradável, oferece tratamentos de pele, aromaterapia, cromoterapia, massagens, ducha escocesa, saunas, fisioterapia, ginástica, salões de recreação e beleza.

É ideal para o lazer e descanso. Pode-se praticar arvorismo, arco e flecha e tennis. Distante 8 km do centro da cidade, o complexo está incrustado entre colinas e muito verde. No Barreiro, além das fontes e da Mata da Cascatinha, outro atrativo natural é o Lago do Grande Hotel, onde a prática da pesca amadora é permitida. Há, ainda, as opções de ciclismo, rapel, tirolesa, escalada e trekking.

Um delicioso passeio é caminhar até o Parque do Cristo, de lá se tem uma vista panorâmica de Araxá.

Fonte: Descubraminas e Prefeitura de Araxá

Minas Gerais

Estrada Real

Caminho por onde passa a história de Minas Gerais, a Estrada Real remonta ao século 17, associada à exploração do ouro e do diamante no Brasil colonial. Dela fazem parte as vias de acesso, as trilhas calçadas pelos escravos, os pontos de parada, as cidades e vilas históricas, que serviram de cenário à Inconfidência Mineira, principal movimento de contestação à Coroa portuguesa naquela época, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Inicialmente, a Estrada Real ligava a antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto, ao porto de Paraty, no Rio de Janeiro, o chamado Caminho Velho. A vontade da Coroa portuguesa de escoar mais rapidamente os produtos da mineração em direção aos portos do Rio, e, destes, à Europa, levou à abertura de um Caminho Novo, que ligou o Rio de Janeiro à antiga capital de Minas, Ouro Preto. Com a descoberta das pedras preciosas na região do Serro, a estrada foi estendida até o Arraial do Tejuco (atual Diamantina).

O Caminho Velho foi utilizado a partir de 1694, ligando São Paulo a Minas, numa viagem que demorava 90 dias. Cruzava as atuais regiões de Taubaté, Guaratinguetá, Serra da Mantiqueira, Passa-Quatro, Itanhandu, Pouso Alto, Baependi, Conceição do Rio Verde, Ibituruna, Rio das Mortes, São João del Rei, Mariana e Ouro Preto.

Em 1701, foi aberto o Caminho Novo, cujo trajeto começava na baía de Guanabara e passava pelas localidades de Inhaúma, Iguaçu, Rio Paraíba, Rio Paraibuna, Simão Pereira, Matias Barbosa, Juiz de Fora, Santos Dumont, Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco e Ouro Preto. Até 1808, este percurso era interditado a estrangeiros. Em 1729, a descoberta de diamantes no Serro estendeu a Estrada Real até Diamantina.

Fatos históricos ficaram marcados no trajeto. Durante o movimento dos Inconfidentes, por exemplo, as estalagens e os pousos foram utilizados por Tiradentes para pregar a liberdade e a independência do Brasil. D. Pedro 1º também aproveitou para visitar Minas Gerais por este caminho em duas ocasiões: 1822 e 1831.

Três séculos depois, o mesmo caminho por onde foram transportados ouro, diamantes e pedras preciosas de Minas Gerais para o resto do mundo está sendo redescoberto e revitalizado. São 1.410 quilômetros que cortam Minas Gerais, Rio de Janeiro e parte de São Paulo, passando por 177 cidades que possuem um rico acervo histórico, cultural, artístico, gastronômico, rural, religioso.

Minas Gerais

As belezas naturais da região, como serras, cachoeiras, rios e florestas, também integram o patrimônio da Estrada Real.

Hoje, a Estrada Real possui em seu trajeto Patrimônios da Humanidade, como as cidades de Ouro Preto e Diamantina e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, e uma cidade em processo de obtenção deste título (Paraty). Além disso, estão presentes vários patrimônios naturais e histórico-culturais em nível nacional, estadual e municipal.

Essa revitalização é resultado de uma parceria do governo estadual com entidades como a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e o Instituto Estrada Real. O projeto Estrada Real é a principal iniciativa do governo de Minas Gerais na área de turismo e o mais importante programa turístico em implantação no País. Seu objetivo é promover o desenvolvimento dos 162 municípios mineiros situados na área de influência da Estrada Real, por meio do incentivo ao turismo cultural, religioso, histórico e rural, ecoturismo e turismo de aventura.

Parques e grutas

Gruta de Maquiné

Minas Gerais
Gruta de Maquiné
Alexandre C. Mota

A gruta de Maquiné, localizada em Cordisburgo (MG), foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria do Maquiné, então proprietário das terras. Foi pesquisada a partir de 1834 pelo naturalista dinamarquês Peter Lund, chamado de o pai da paleontologia brasileira. Está aberta para visitação pública desde 1967, mas parte da gruta permanece fechada.

A gruta apresenta sete salões grandes ligados por meio de estreitas passagens, num total de 650 metros lineares e desnível de apenas 18 metros. Cada salão recebeu uma denominação de acordo com as figuras que aparecem em seu interior. São eles: Vestíbulo, Colunas, Altar ou Trono, Carneiro ou Elefante, Piscinas e Fadas. A sétima câmara é dividida em duas partes, Dr. Lund e Cemitério, esta última fechada à visitação.

A gruta é formada por rochas de origem sedimentar do fundo de mares antigos, da Era Neoproterozóica (1.000 a 545 milhões de anos atrás), que têm como base o calcário composto do mineral calcita. Lund definiu assim a origem da gruta: A caverna teria se formado na época em que grandes regiões do país, atualmente secas, se achavam cobertas de grandes lagos ou jaziam ainda no fundo do mar.

O preparo de iluminação e as passarelas possibilitam aos visitantes vislumbrar as suas maravilhas com segurança. Todo percurso é acompanhado por um guia local. Durante sua pesquisa, disse Lund, ao explorar um dos salões: A mais rica imaginação poética não saberia engendrar uma tão esplêndida morada para os seres maravilhosos; diante desta notável gruta, ela seria forçada a confessar sua impotência. Quanto a mim, confesso que nunca meus olhos viram nada de mais belo e magnífico nos domínios da natureza e da arte.

Repleta de ornamentos naturais, a gruta apresenta um belo acervo de espeleotemas (formações de cristais). Os principais são as estalactites (formas pontiagudas que nascem a partir do teto), estalagmites (formas que crescem a partir do chão), colunas e cortinas.

Além do valor espeleológico, a gruta de Maquiné possui importância arqueológica (estudo do passado do homem) e paleontológica (estudo de fósseis animais). Nela, foram encontradas ossadas humanas, material lítico (em pedra) trabalhado com arte e restos de megatérios (mamíferos que viveram no período quaternário).

Lund permaneceu na caverna por quase dois anos para realizar os seus estudos. Nesse período, descobriu restos humanos e de animais fossilizados do quaternário, como esqueletos de aves fossilizadas com envergadura de até 3 metros.

Na gruta, também achou esqueletos de preguiças, em 1835. Eram poucas peças da menor preguiça da família dos megaloniquídeos, que tinha o tamanho de uma ovelha hoje, já foram identificadas 13 espécies de preguiça no Brasil. Há 12 mil anos, existiam, no Brasil, preguiças enormes, que chegavam a ter o tamanho de um elefante. São chamadas preguiças terrícolas, por viverem na terra. As espécies que restaram hoje vivem em árvores e são denominadas arborícolas.

Fontes: Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, Atlas Turístico do Estado de Minas Gerais, revista Ciência Hoje, Prefeitura de Cordisburgo, Contribuições no Desenvolvimento de um Plano de Manejo em Ambiente Cavernícola: Gruta do Maquiné – Um Estudo de Caso (Guilherme F. P. de Aguiar e Thiago F. Lima, 2005, Centro Universitário Newton Paiva) e Peter Wilhelm Lund e sua Visão das Cavernas (Augusto Auler, 2002, revista O Carste)

Quem foi Peter Wilhelm Lund ?

O cientista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801à1880) é considerado o pai da paleontologia brasileira, o ramo da ciência que estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, a partir dos seus fósseis. De acordo com a revista Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em artigo de Raquel Aguiar, o pesquisador descobriu mais de 12 mil peças fósseis em cavernas da região de Lagoa Santa (MG), que permitiram escrever a história do período pleistocênico brasileiro, o mais recente na escala geológica.

Entre as descobertas de Lund, figura o denominado Homem de Lagoa Santa, que revelou a presença humana no local há mais de 10 mil anos. Contam-se também exemplares do tigre-dente-de-sabre, da preguiça gigante e do tatu gigante, entre outras espécies. Lund também é reconhecido como o pai da espeleogia no Brasil, o estudo da formação de grutas e cavernas. Explorou mais de 800 delas, algumas das quais foi o primeiro a localizar e a entrar. No campo da arqueologia, relatou a descoberta de importantes pinturas rupestres (feitas na rocha) e instrumentos de pedra.

Nascido em Copenhague, Lund era filho de ricos comerciantes de lã. Bacharel em Letras, aos 17 anos começou a cursar medicina, interesse que logo se expandiu para a zoologia e a botânica. Em 1825, veio para o Brasil e se fixou numa aldeia de pescadores do litoral fluminense, estudando o comportamento das formigas e os ovos dos moluscos. Depois de mostrar suas descobertas na Europa, ele retornou ao Brasil, em 1833, em companhia do colega L. Ridel, desta vez para ficar. Consta que se mudou para o Brasil fugindo do clima nórdico, temeroso da tuberculose que vitimara dois irmãos.

No ano seguinte, numa excursão botânica a Minas Gerais, Lund e Riedel tomaram conhecimento, casualmente, da existência de grandes ossos em cavernas calcárias da região de Lagoa Santa. A revelação coube ao conterrâneo Peter Claussen, que explorava salitre na área. Os moradores locais atribuíam os ossos a homens pré-históricos gigantescos. Em 1835, Lund visitou as grutas Lapa Vermelha e Lapa Nova de Maquiné.

“Nunca meus olhos viram nada de mais belo e magnífico nos domínios da natureza e da arte”, resumiu o cientista. Ele se referia aos efeitos cênicos provocados pelas estalactites e estalagmites. “Todos estes deslumbrantes primores da natureza são realçados pelos mais delicados ornatos tanto de formas fantásticas quanto de bom gosto, franjas, grinaldas e uma infinidade de outros enfeites”, Lund escreveu.

Das suas escavações ao longo dos anos, puderam ser identificadas diversas espécies de animais. A seguir, entre parênteses, os nomes científicos de alguns deles: cavalos (Equus amerhippus neogeus e Hippidion principale); uma série de preguiças terrícolas gigantes (Catonyx cuvieri, Eremotherium laurillardi e Nothrotherium maquinense); carnívoros como o tigre-dentes-de-sabre (Smilodon populator) e o cachorro das cavernas (Protocyon troglodites); capivara gigante (Neochoerus sulcidens); o tatu gigante (Pampatherium humboldti) e o macaco (Protopithecus brasiliensis), além do homem fóssil sul-americano.

Em 1843, Lund descobriu ossos humanos de cerca de 30 indivíduos, misturados a fósseis de animais. Do ponto de vista antropomórfico (referente à forma humana), os fósseis descobertos eram bastante distantes dos indígenas americanos e próximos dos negróides. Suas características físicas eram homogêneas, o que indica seu isolamento genético (aqueles indivíduos não teriam se misturado com outros grupos). Essa identidade configurou o perfil daquele que ficou conhecido como o Homem de Lagoa Santa. As ossadas mais antigas foram datadas entre 11 mil e 8.000 anos.

Fontes: Raquel Aguiar (Revista Ciência Hoje, agosto de 2002, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC), Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, Tempo Passado ” Mamíferos do Pleistoceno em Minas Gerais” (Cástor Cartelle, 1994, Editora Palco) e Prefeitura de Pedro Leopoldo.

Pontos turísticos

Mercado Central

Minas Gerais
Mercado Central
Foto: Alexandre C. Mota

Com mais de 400 lojas – um dos pontos comerciais mais procurados de Belo Horizonte – o Mercado Central recebe todos os dias da semana um público que consegue unir suas compras ao lazer e à diversão, percorrendo os corredores temáticos como o dos queijos, doce, artesanato, ervas, raízes, artigos religiosos, e as praças, como a da feijoada e a do abacaxi. Lado a lado com bancas coloridas de hortifrutigranjeiros sempre frescos, o visitante dispõe de um completo estoque dos mais variados produtos típicos da culinária mineira. Dentre os produtos mais procurados estão a goiabada, a cachaça da roça e o famoso queijo minas.

Os bares das entradas laterais lotam nos finais de semana, quando se transformam em ponto de encontro para moradores da capital mineira, disputando um lugar para comer tira-gosto de carne acebolada ou lingüiça e a cerveja sempre gelada. O letrista Fernando Brant, parceiro do compositor Milton Nascimento, assim define o local: “É uma festa para todos os sentidos, a síntese mais perfeita da cultura de Minas”. Cerca de 15 mil pessoas passam diariamente pelos seus 13.442 m2.

A idéia de um mercado municipal está presente desde o início da história de Belo Horizonte. Em 1900, a prefeitura baixou um decreto que regulamentava o mercado da capital, com normas de higiene e organização. Para facilitar a vida dos tropeiros, o município providenciara ranchos e pastos fechados para os animais. No final daquele ano, foi inaugurado o Mercado Municipal, no local onde hoje está a Rodoviária. Foi construído todo em ferro e vidro, importados da Bélgica.

Com o crescimento da população, aquele mercado ficou pequeno. As 40 mil pessoas que moravam na cidade na época da sua inauguração se transformaram em mais de 120 mil quase 30 anos depois. Assim, no dia 7 de setembro de 1929, foi aberto o atual Mercado Central, na avenida Paraopeba, hoje Augusto de Lima.

O novo mercado atendeu os apelos de comerciantes e pequenos produtores das colônias agrícolas que existiam nos arredores da cidade. Em seu novo endereço, começava a traduzir as transformações que ocorriam em Belo Horizonte e na sociedade urbana da capital.

Nas décadas de 1950 e 1960, a comunidade comercial enfrentou uma crise com as disputas políticas e concessões sem critérios para lojas, o que levou a prefeitura a lançar o edital de privatização do mercado, em 1963. Para concorrer com a empresa japonesa Cotia, os feirantes se organizaram e formaram uma cooperativa. Liderados pelo lojista Olímpio Marteleto, conseguiram comprar o imóvel da prefeitura.

Uma pesquisa das pedagogas Ana Cristina Pereira e Danielle Leoni de Freitas radiografou a freqüência do mercado. Os visitantes de mais de 50 anos vão ao mercado para curtir a memória dos bons tempos. Para quem está na faixa dos 30 aos 40 anos, as compras, o bate papo e o encontro com os amigos são o maior motivo da presença. Já os mais jovens buscam diversão.

Em ensaio publicado no livro BH, História de uma Cidade Centenária, a geógrafa Ana Lucy Oliveira Freira ressalta o valor social do mercado. Segundo ela, a importância do Mercado Central para a cidade é menos econômica (lugar de abastecimento) e geográfica (ponto central de articulação espacial) e mais social, tendo caráter folclórico, pois guarda a tradição e os costumes de Minas .

Fontes: Os Primeiros 100 Anos (Ana Cristina Novato e Eduardo Costa, 1997, Gráfica e Editora 101), BH, História de uma Cidade Centenária (Organização Eduardo França Paiva, 1997, Faculdades Integradas Newton Paiva), Mercado Central (Fernando Brant, 2004 Conceito Editorial) e Belotur

Serra do Curral

Principal fonte de inspiração para o nome de batismo de Belo Horizonte, a serra do Curral serve de moldura para a cidade, com uma extensão de 11 quilômetros e altitude de até 1.390 metros em seu ponto mais alto. As curvas de suas montanhas podem ser vistas de grande parte dos bairros capital e se tornaram um dos motivos de orgulho dos seus moradores.

Nos fins de semana, centenas de pessoas visitam o bairro Mangabeiras, no sopé da serra, para passear ou fazer caminhadas. Uma das atrações da região é a praça do Papa, que ganhou este nome depois que João Paulo 2º rezou ali uma missa durante visita ao Brasil, em 1980.

A origem de seu nome é semelhante à de Belo Horizonte, antes conhecida como arraial do Curral del Rey, após a fundação da Fazenda do Cercado, em 1701, pelo bandeirante paulista João Leite da Silva Ortiz. No final do século 19, com a construção da nova capital mineira e conseqüente destruição do antigo arraial, a serra começou a ser valorizada pelas boas condições climáticas e temperatura agradável.

O seu ponto mais alto é o pico de Ferro. A serra faz a divisa de Belo Horizonte, a sudeste, com o município de Nova Lima. Sua formação geológica apresenta rochas ricas em ferro, o que motivou a exploração desordenada de suas jazidas, com impacto ambiental e descaracterização da paisagem. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou a serra do Curral em 1960, incluindo o conjunto paisagístico do pico e de sua parte mais baixa e nobre. Em 1991, o alinhamento das montanhas também foi incluído como bem tombado para fins de preservação.

Fonte:  Baseado no inventário do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mg.gov.br

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