Origami (Arte da Dobradura de Papel)
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O origami (dobradura de papel) surgiu na China há 1.800 anos. Foi levado ao Japão entre os séculos VI e X, juntamente com o papel, por monges budistas chineses. No inicio era acessível apenas à nobreza, sendo usado em diversas cerimônias. Por muitos anos, a tradição e as formas criadas a partir de uma folha quadrada de papel foram passadas apenas de geração para geração.
Os primeiros esquemas escritos só surgiram em 1797, com a publicação do Senbazuru Orikata (Como Dobrar Mil Garças). A arte começa a se popularizar efetivamente quando o Japão passa a fabricar papel e ganha grande impulso, em 1876, ao passar a fazer parte do currículo escolar. A prática do origami promove o desenvolvimento intelectual da criança, desenvolve a capacidade criativa e a psicomotricidade.
A palavra ‘origami’ teria surgido em 1880 a partir dos termos ‘ori’ (dobrar) e ‘kami’ (papel). Antes, era conhecida como orikata.
No Japão, era comum fazer origamis de diversas formas, que eram queimados em rituais fúnebres para que o espírito da pessoa falecida pudesse ter na outra vida tudo o que almejava. Dobraduras imitando cédula de dinheiro e postas em envelopes vermelhos eram queimadas nas festas de casamento, com o objetivo de desejar prosperidade ao casal.
Ainda hoje, as figuras feitas em origami são carregadas de simbolismos: o sapo representa o amor e a fertilidade; a tartaruga, a longevidade; e o tsuru, a mais famosa figura de origami, é o desejo de boa sorte, felicidade e saúde.
Diz uma lenda que quem fizer mil tsurus, com a mente fixa naquilo que deseja alcançar, terá sucesso.
Bonsai (Árvores Anãs)
A palavra bonsai significa “árvore em pote ou bandeja” e tem origem nos termos chineses pun-sai ou pent-sai. Essa arte de miniaturizar plantas surgiu na China e deriva de uma outra, o penjing, que criava paisagens em miniatura, com rochas, musgos, árvores, etc. As primeiras referências sobre o penjing datam do século II a.C.
O bonsai foi introduzido no Japão pelos monges budistas e durante centenas de anos manteve-se restrito aos nobres e à alta sociedade.
Essa arte foi apresentada pela primeira vez no Ocidente em 1878, na Feira Mundial, em Paris. Porém, começou a se difundir na Europa e Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.
Qualquer planta, mesmo frutífera, que tenha um tronco robusto, pode se tornar um bonsai. O mais importante é que sejam mantidas todas as suas características como são encontradas na natureza e consigam expressar, em alguns centímetros, a beleza e o volume de seu porte original, em perfeita harmonia com o recipiente onde está plantado.
O tamanho de um bonsai varia muito pode medir de 15cm (os minis) a 60cm (os grandes). A forma também é bastante diversificada: tronco grosso e reto, retorcido ou inclinado.
São cinco os estilos da arte:
– bankan: tem galhos tortuosos e fora de proporção, propositadamente
– chokukan: é o mais clássico, com tronco reto de onde partem os galhos
– kengai e han-kengai: os galhos são moldados para ficar em posição horizontal
– shakan: tem os galhos um pouco inclinados em relação ao tronco
Ikebana (Arte do Arranjo Floral)
O termo ikebana passou a ser usado a partir do século XVII. Na época em que surgiu, esta arte do arranjo floral chamava-se tatehana. Só a partir do século XVI, o ikebana tomou forma definida e passou a se chamar rikka, hoje um dos seus estilos.
Com a difusão do Chadô (Cerimônia do Chá), também no século XVI, foi criado um estilo de arranjo o hana próprio para os ambientes em que era realizada a cerimônia.
A partir do século XVIII os estilos ganham nomes específicos: moribana, nageire, shoka, jiyuka (estilo livre), guendai-bana (arranjo moderno) e zen-eibana (arranjo de vanguarda), entre outros. Quanto aos termos para designar arranjo floral, as denominações mais comuns são ikebana, kadô e sôka.
A importância e admiração que o povo japonês dedica à natureza foram um dos fatores para o desenvolvimento do ikebana. Desde a antiguidade, eles acreditavam que para invocar os deuses era necessário ter um local especial para recebê-los, que era indicado por uma flor ou árvore colocada, preferencialmente, de forma perpendicular à sua base. Segundo a crença, os deuses se guiavam por esses símbolos e ali se instalavam.
O ikebana guarda, em sua essência, essa crença. O rikka do período Muromachi (1350-1573) originou-se do costume de colocar as flores perpendicularmente à sua base. Muitos estudiosos acreditam que a própria origem do ikebana está ligada ao kuge, o ato de colocar flores no altar de Buda. No entanto, sabe-se que antes do budismo ser introduzido no Japão já havia o costume de se oferecer flores aos deuses.
Com o tempo, o kuge começou a ser chamado de tatehana, pois o arranjo deixou de ter apenas cunho religioso, ganhou senso estético e passou a ser apreciado pela população em geral. O evento que marcou essa passagem foi a presença de arranjos de ikebana no Festival das Estrelas (Tanabata Matsuri).
O ikebana apresenta o amor pela linha e a apreciação pela forma e pela cor. Em sua tradução mais simples, um arranjo representa o céu, a terra e o homem, e a seguir o tempo e a estação em que se encontra.
Utiliza-se os mais variados materiais oferecidos pela natureza, que possuem a seguinte simbologia:
passado: flores desabrochadas, vagens ou folhas secas
presente: folhas perfeitas ou flores semidesabrochadas
futuro: botões, que sugerem o crescimento futuro
Já as estações são representadas da seguinte maneira:
primavera: arranjo vital com curvas vigorosas
verão: arranjo em expansão e completo
outono: arranjo esparso e delgado
inverno: arranjo dormente e algo melancólico
A arte pode ser divida em três categorias:
Clássico
Representado pelo estilo rikka, que significa “flores eretas”, no qual as extremidades dos ramos e flores apontam em direção do céu, indicando a fé. Era predominante nos templos e palácios, até o estabelecimento do período Kamakura, no fim do século XII.
Nesse tipo de arranjo, sempre existirá um pinheiro, no centro do vaso, que representa a beleza da paisagem japonesa. Outras árvores utilizadas são cedro, bambu e ciprestes.
Naturalista
Representados pelos estilos seiwa e nageire.
O seiwa adota normas mais simples para o arranjo estabelecidas pelo xogum Ashikawa Yoshimasa (1436-1490), com a colaboração do artista Somai. Isso tornou a arte mais acessível a todas as classes sociais.
O nageire (que significa “lançado para dentro”) surgiu no fim do século XVI, durante o período Momoyama, com o aparecimento das casas de chá, onde os mestres davam uma expressão mais informal na composição dos arranjos florais.
Ao contrário do estilo clássico, no qual os três grupos triangulares são fixados com firmeza no recipiente, no nageire há maior liberdade, e as flores podem até repousar na borda do recipiente. O objetivo é exprimir a beleza natural de tudo aquilo que estiver a mão.
Arranjo Moribana
Os arranjos rikka e nageire tornaram-se insatisfatórios para as casas de estilo europeu, que surgiram na segunda metade do século XIX. E, nos últimos 50 anos, os arranjos florais Moribana que se desenvolveram mostram a influência desse contato com o Ocidente.
Combina os elementos dos estilos rikka e nageire e acrescenta um terceiro, que é a sugestão de alguma paisagem e cenário natural tendo por objetivo proporcionar um efeito cênico. Busca, assim, transmitir a visão de uma paisagem ou vista jardim de um jardim em miniatura.
Nos arranjos de ikebana, os ocidentais dão maior importância à quantidade e cores do material, apreciando a beleza das flores; já os japoneses dão ênfase à linha do arranjo, procurando incluir hastes, folhas, ramos e flores.
A haste principal (shin), que forma a linha central do arranjo, simboliza o Céu e é o mais forte usado na composição do ikebana. A haste secundária (“soe”) representa o Homem. Parte da linha central e é colocada de maneira a sugerir o crescimento lateral. Tem cerca de dois terços da altura da haste principal. A haste terciária (“hikae”) simboliza a Terra. É a mais curta e colocada à frente, ou ligeiramente no lado oposto ao das raízes das duas outras.
Shodo (Arte Caligráfica)
Shodo é a arte caligráfica japonesa, escrita com sumi (tinta preta) e um pincel, surgida há mais de 3 mil anos. Sho significa caligrafia e do, caminho. O calígrafo consegue expressar nos traços um sentimento muito particular.
Por isso, como uma obra de arte, cada shodo é diferente e único, mesmo que seja escrito o mesmo kanji (ideograma). A tonalidade da tinta, a pressão do pincel sobre o papel, a velocidade da escrita e os espaços entre cada pincelada variam de calígrafo para calígrafo.
A arte do shodo necessita apenas de um pincel apropriado (feito com cerdas de crina de cavalo ou pêlos de carneiro, coelho e rena), tinta e papel artesanal (washi), feito com palha de arroz ou fibra de bambu ou de banana. O washi possui textura apropriada para produzir borrões, que resultam em efeitos bastante apreciados. O shodo não é um exercício de boa caligrafia, mas a combinação da habilidade, estilo e imaginação do calígrafo e que exige anos de estudo e prática.
A qualidade da obra é avaliada, entre outras, pelo equilíbrio natural dos caracteres, sua composição como um todo, a variação entre os traços grosso e fino, a quantidade de tinta no papel e o ritmo com que foi escrito.
O shodo chegou ao Japão através do budismo, pois as escrituras compiladas pelos monges eram em caracteres chineses. Hoje, a arte é praticada por milhões de pessoas em todo o mundo. As escolas japonesas mantêm o shodo no currículo escolar, e os concursos promovidos anualmente incentivam ainda mais a prática da escrita.
Existem seis estilos diferentes na caligrafia japonesa: kaisho, no qual os kanjis têm formas quadradas e traços mais estáticos; gyosho e sosho, com formas cursivas e traços mais seqüenciais; tensho e reisho, que são as formas mais primitivas de escrita, usados no hanko (espécie de carimbo-assinatura batido em tinta vermelha) e encomendados aos artistas de shodo.
Chanoyu (Cerimônia do Chá)
A cerimônia do chá, ou “chanoyu”, é a arte de servir e beber o “matcha”, introduzida no Japão no século VIII. É originária da China onde o chá era conhecido desde o Período da Dinastia Han Oriental (25-220d.C). Porém, o “matcha”, usado atualmente, só começou a fazer parte da cerimônia no fim do século XII, quando foi levado ao Japão pelos chineses da Dinastia Sung.
Foi no período Momoyama, na segunda metade do século XVI, que Sen-no-rikyu, estabeleceu a forma com a qual a “chanoyu” é realizada hoje. Para se ter idéia da influência da arte no país, as maneiras da maioria dos japoneses têm sido influenciadas pelas formalidades como as que são observadas no “chanoyu”. É costume ainda hoje as moças receberem aulas dessa arte antes do casamento para adquirirem a postura e o refinamento que fazem parte da etiqueta da cerimônia do chá.
Após a morte de Sen-no-rikyu, seus ensinamentos foram transmitidos aos seus descendentes e discípulos, que fundaram três diferentes escolas: a Omotesenke, a Urasenke e a Mushakoji-senke, que diferem apenas nos detalhes das regras.
A essência do chanoyu dificilmente pode ser expressa por palavras. A arte desenvolveu-se sob a influência do budismo do Zen cujo objetivo é, em palavras simples, purificar a alma do homem, integrando-a com a natureza.
Além disso, o “chanoyu” é a materialização do empenho intuitivo do povo japonês pelo reconhecimento da verdadeira beleza na modéstia e simplicidade. Termos como calma, rusticidade, graça e a definição “estética da simplicidade austera e pobreza refinada” podem ajudar a definir o verdadeiro espírito do “chanoyu”.
As regras da etiqueta, que podem parecer penosas e meticulosas à primeira vista, são seguidas minuciosamente a fim de se obter a maior economia possível de movimento. A arte tem desempenhado um importante papel na vida artística do povo japonês, pois, como atividade estética, envolve a apreciação do cômodo onde é realizada, o jardim a ele contíguo, os utensílios utilizados para servir o chá, a decoração do ambiente e o “chabana” (arranjo floral para a cerimônia do chá).
Fonte: www.japao.org.br
Artes Tradicionais do Japão
Mangá
Mesmo antes de se pensar no conceito de história em quadrinhos no Ocidente, os japoneses já haviam desenvolvido algo bem semelhante. Dentro de sua arte, já produziam histórias sobre o seu cotidiano apresentando muitos aspectos que mais tarde iriam formar o que hoje conhecemos como Mangá.
As histórias em quadrinhos, não são consideradas como coisas de criança no Japão. O Mangá, como é chamado o gibi japonês, é um hábito que sobrevive ao final da infância e continua sendo o principal hábito de leitura durante toda a vida dos japoneses.
É errôneo taxá-lo como coisa de aficionados. Muito pelo contrário, basta entrar em qualquer trem ou metrô para se deparar com alguém lendo mangá. Nenhum livro ou revista bate os quadrinhos nas vendas.
Nas bancas existem nada menos do que 273 títulos à disposição do consumidor. Só no ano passado, os japoneses deixaram 580 bilhões de ienes (5,5 bilhões de reais) na compra de 2,2 bilhões de exemplares – o que dá quase um mangá para cada três habitantes do planeta.
Kabuki
Com quase 4 séculos de existência, o teatro kabuki é uma das mais representativas artes cênicas japonesas. O caráter extravagante da maquilagem, a beleza pictórica do cenário aliada s explorações estéticas no campo da dança e da música, constituíram-se em fatores essenciais para a ampla acolhida popular que tal teatro obteve ao longo do tempo, e não só no oriente.
O presente trabalho visa oferecer um panorama da história do kabuki e o desenvolvimento de sua linguagem cênica, a partir da análise do conjunto das condições históricas que propiciaram suas transformações estéticas.
Seguindo tal objetivo, a divisão do aludido tema privilegia a relação entre os processos sócio-políticos e a construção de uma linguagem artística como instrumento de manifestação de uma classe social: seus anseios, frustrações e projetos.
Enquanto a primeira parte do trabalho busca mapear a etimologia do termo, a segunda visa situar as razões históricas do surgimento do kabuki. Na terceira parte do trabalho, registra-se o desenvolvimento desta linguagem teatral em distintos períodos da história do Japão. Apenas na parte final é que se fará referência ao conjunto dos elementos estéticos presentes nesta forma teatral.
Nô e Kyogen
O teatro Nô, um dos grandes representantes da literatura clássica japonesa, combina elementos de dança, drama, música, poesia e máscaras em uma apresentação teatral no palco. O teatro Nô é executado em todo o Japão por artistas profissionais (em sua maioria homens) que receberam os ensinamentos transmitidos por seus familiares de geração a geração.
Os atores do teatro Nô são bem diferentes dos atores de palco ocidentais, que apenas fazem uso de suas impressões visuais e de seus movimentos para sugerir a essência de suas histórias. Já os atores do teatro Nô incorporam o papel e o desempenham como se fossem os verdadeiros personagens.
Antigamente os espectadores assistiam à peça já sabendo seu enredo e conhecendo bem o cenário. Desta forma eles podiam apreciar os símbolos e as sutis insinuações da história e cultura japonesa que eram embutidas em palavras e movimentos.
Cada gesto e movimento têm um significado. Já nos dias de hoje, grande parte dos espectadores têm uma certa dificuldade em entender tais insinuações, necessitando assim para melhor entendimento, de alguns prospectos, que são distribuídos previamente, contendo sinopses e explicações da peça a ser prestigiada.
Tradicionalmente, as peças do teatro Nô são muito longas e tem um caráter muito sério. Por isso, para que não fique muito cansativo, são apresentadas ao longo da peça algumas apresentações do KYOGEN. O KYOGEN é uma espécie de teatro cômico tendo como função aliviar a tensão da dramaticidade do teatro Nô Ao contrário do teatro Nô, que é em sua maior parte de natureza musical, o KYOGEN enfatiza o diálogo e é geralmente apresentado sem máscaras.
História do Bunraku
Há uma tradição muito antiga em que alguns viajantes contadores de histórias usavam o biwa como acompanhamento musical. Havia também manipuladores de bonecos viajando. Não se sabe ao certo quando estas duas formas de artísticas se fundiram, mas o Bunraku, na forma em que é conhecido atualmente, teve início em1684, quando Takemoto Gidayu abriu seu próprio teatro em Osaka.
Takemoto Gidayu começou sua carreira como um narrador coadjuvante de alguns dos mais aclamados mestres da época, em Kyoto. Em pouco tempo tornou-se famoso e conhecido por contar histórias que tocava os corações dos personagens. Em 1684 decidiu-se expandir e fundou o seu próprio teatro, sendo ajudado por Chikamatsu Monzaemon, o mais famoso dramaturgo da história japonesa, e por Takeda Izumo, um famoso proprietário e gerente de teatro.
Até esta época, o trabalho de Chikamatu Monzaemon havia aparecido, em sua maioria, no teatro de Kabuki. Tendo sido apresentado ao Bunraku por Gidayu, Chikamatsu trabalhou como uma espécie de elo entre o velho-estilo do Joruri e o Bunraku atual. Ao mesmo tempo em que tentava manter a fantasia de alguns contos mais antigos, os trabalhos de Chikamatsu se distinguiam por adicionarem elementos humanos. Seus dramas giravam, geralmente, em torno dos conceitos confucianos sobre a importância da lealdade acima de qualquer sentimento pessoal (a algum senhor feudal, família, etc..) e a tragédia que surge quando alguém segue alguns preceitos cegamente.
PROVÉRBIOS JAPONESES
(NIHON NO KOTOWAZA)
Gou ni itte wa, gou ni shitagae
Ao entrar na vila, obedeça os que nela moram
Ningen banji saiou ga uma
Uma velha história conhecida por saiou ga uma, diz um certo dia o cavalo de um ancião chamado sai quebrou a cerca e fugiu para bem longe e quando seus vizinhos vieram consolá-lo, ele respondeu: “quem sabe isto não seja um sinal de boa sorte?!” Dias depois o cavalo retornou trazendo um outro com ele.
Então, quando seus vizinhos vieram lhe cumprimentar pelo ocorrido, ele respondeu: “quem me garante que isto seja um sinal de boa sorte?!” Algum tempo depois, o filho de sai cai do cavalo e quebra sua perna. Seus vizinhos pensaram: “mas que falta de sorte”. Entretanto dias depois o imperador convocou todos os jovens daquela vila para a guerra. O único dispensado foi o filho de sai devido a sua perna quebrada. Portanto nem tudo que parece ser má sorte torna-se realmente má sorte e vice-versa.
Califórnia Oriental
OS PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS DA CALIGRAFIA ORIENTAL
Se para nós ocidentais uma imagem pode invocar infinitos conceitos, e pode ser descrita por um grande numero de palavras, para a cultura chinesa e, em parte, para a japonesa, as palavras são imagens, e os conceitos têm sua primeira visualização no momento em que são escritas.
Desde o século IV d.C., a caligrafia na China foi considerada a arte visual por excelência, também superior à pintura, e existe uma estreita conexão entre essas duas artes.
De fato, o ideograma nasceu como o desenho de uma coisa real e, apesar da transformação que sofreu através de numerosas passagens ao longo dos séculos e da simplificação atual após a reforma maoísta, da mesma forma que a pintura, resulta sempre numa imagem de uma realidade mais do que um signo convencional.
Tradicionalmente, ninguém pode se tornar um grande pintor se antes não for um bom calígrafo, e aqueles que dominam a caligrafia são também bons pintores enquanto donos do pincel. A caligrafia reflete também a alma chinesa, porque antes de ser um artista, o calígrafo era um filósofo e um sábio.
Segundo Shi Tao (um pintor do século XVII), a caligrafia expressa o nível cultural e a integridade moral de um pintor, pois obedece à tinta, e a tinta ao pincel, o pincel à mão, a mão ao coração do pintor. A caligrafia, conseqüentemente, resulta para os chineses e japoneses numa espécie de grafologia estética, que alcança o essencial, ou vai além da imagem. O sho (caligrafia) é então uma arte simples e direta.
Somente duas cores, o branco e o preto, são utilizados para criar todos os elementos próprios a cada arte. Em particular a cor branca, presente no principio como superfície vazia do papel, desenrola uma função importantíssima em relação à inspiração do artista como é para o escultor estar na frente de um mármore virgem, e, como veremos, pelas suas implicações filosóficas na concepção do espaço na China.
Graças a esta concepção, os traços pretos que formam a imagem no papel estabelecem uma harmonia perfeita com a cor branca do papel, elevando o simples ato de escrever a uma verdadeira expressão artística.
A arte da caligrafia é de certa forma fortemente constrangida pelo motivo dos ideogramas, ou kanji, cujos traços variam não só de número, forma, significado, mas também de estilo, dessa forma podendo ser doces, rápidos, refinados, sutis, rítmicos, vigorosos ou estáticos. Na arte sho cada artista cria o próprio estilo, embora fortemente condicionado pelo fato de dever adotar os ideogramas chineses como sujeito.
Antes de aprofundarmos nossas reflexões sobre os princípios filosóficos desta arte “mãe de todas as artes” na China e no Japão, gostaria de falar um pouco da história dos ideogramas e da sua estruturação.
Como sabemos, as línguas em geral são caracterizadas por dois componentes, o som e o significado. A diferença com a língua chinesa, composta por ideogramas, como a própria palavra já diz, é que ela representa o significado antes do som, ou um significado que evoca o seu som.
Originariamente, o sistema ideogramático surgiu dos pictogramas gravados nos cascos de tartaruga e ossos de animais descobertos nos sítios arqueológicos da dinastia Ying (1300- 1000 a.C.), a mais antiga dinastia chinesa constatada até hoje, que se situava ao longo das margens do rio Amarelo. Naquela época, os cascos de tartaruga e os ossos de animais eram utilizados pelos oráculos para escrever os resultados das próprias adivinhações (exagramas).
Estas escrituras eram obviamente ainda muito primitivas, porém o fato de já ter um certo grau de conceitualização, sugere que sejam derivadas de escrituras ainda mais antigas. Na sua longa história, os caracteres tem sofrido mudanças em termos de desenhos, funções e significados, mas, comparadas aos antigos hieróglifos egípcios, essas inscrições da época da dinastia Yin (ver figura 1) eram notavelmente avançadas em termos de design.
Após uma série de desenvolvimentos formais e de aplicações especificas, a língua chinesa alcança o estilo standard, dito “kaishu”, que remonta à dinastia Sui (589-618 a.C.). Esse estilo dominou também com a invenção da estampa, na época Tang e Sung.
Todavia, já muito cedo o aspecto geométrico dos caracteres foi arredondado pelas mãos dos calígrafos que deram origem ao estilo cursivo, conhecido também como estilo “herva”, gyosho, uma verdadeira e própria arte, com caracteres muito difíceis de se compreender.
Eram utilizados normalmente nas composições poéticas ou nos textos que acompanhavam as pinturas do final do século XI, quando pela primeira vez a prática da caligrafia e da pintura tornou-se uma coisa só. Neste momento o artista, como calígrafo, cria as formas segundo as técnicas convencionais da utilização do pincel, porém a vitalidade da obra passa a depender da particular identificação do pintor com o sujeito, mais do que com o modelo.
Superstições Japonesas
Cada país tem suas próprias crenças e costumes. A variação dessas crenças é um fator curioso e interessante, que merece nossa atenção. Vamos dar uma olhada em algumas delas:
O número quatro é talvez uma das superstições japonesas mais populares. Devido a sua pronúncia (SHI) ser a mesma da palavra morte (SHI) é muito comum encontrar edificações que não possuem o quarto andar. Outro costume muito comum é o de não dar lembrancinhas ou presentinhos (OMIYAGE) compostos por quatro unidades ou quatro peças.
Além do número quatro, alguns outros números também são “discriminados”.
Por exemplo, em muitos hospitais evita-se usar leitos como os seguintes números:
9 devido a sua pronúncia (ku) ser parecida com a de outra palavra que significa dor ou preocupação.
42 que se pronunciado separadamente (shi-ni) significa morrer.
420 que, também se pronunciado separadamente (shi-ni- rei) significa espírito.
Também é comum encontrar no mesmo andar de um prédio os apartamentos 201, 202, 203, 205, 206… consecutivamente.
No Japão acredita-se que pisar nas bordas do tatami traz má sorte.
Cerimônia do Chá
História
A cerimônia do chá, conhecida como “chanoyu” em japonês, é um passatempo estético peculiar ao Japão que se caracteriza por servir e beber o “matcha”, um chá verde pulverizado.
De acordo com a história registrada, o chá foi introduzido no Japão, cerca do século 8, originário da China onde o chá era conhecido desde o Período da Dinastia Han Oriental (25-220DC). O “matcha”, conforme é usado na cerimônia do chá de hoje, ainda não era conhecido naquela época.
Não foi sento no fim do século 12 que o “matcha” foi trazido ao Japão vindo da China da Dinastia Sung. Todavia, o chá era muito precioso e embora usado principalmente como bebida, era considerado, também, remédio.
O costume de beber “matcha”, gradativamente, difundiu-se não só entre os sacerdotes de Zen, mas também no seio da classe superior. A partir de cerca do século 14, o “matcha” também era usado num jogo chamado “tocha”. Tratava-se de um divertimento de salto no qual os convidados, depois de provarem de várias xícaras de chá produzido em diversas regiões, eram chamados a escolher a taça contendo o chá da melhor região produtora da bebida.
Os que acertavam na escolha recebiam prêmios. Como esse jogo se tivesse tornado moda, as plantações de chá começaram a florescer, especialmente no distrito de Uji, nas proximidades de Kyoto, onde o chá de melhor qualidade ainda é produzido.
O “tocha”, gradativamente, converteu-se numa mais tranqüila reunião social no seio da classe superior e os prêmios não mais foram conferidos. O objetivo tornou-se então o gozo de uma atmosfera profunda na qual os participantes provavam o chá enquanto admiravam pinturas, artes e artesanato da China, mostrados num “shoin” (estúdio) Simultaneamente, sob a influência de formalidades e maneiras que regulavam a vida cotidiana dos “samurais” ou guerreiros que constituíam, então, a classe dominante no país, surgiram certas regras e procedimentos que os participantes de uma reunião de chá deveriam obedecer. Assim desenvolveram-se os fundamentos da “chanoyu”.
Ao final do século 15, um plebeu chamado MurataJuko, que dominou esta arte da “chanoyu” que se popularizara no seio da classe superior, propôs outro tipo de chá cerimonial, mais tarde denominado “wabicha”, que ele baseou mais nas sensibilidades japonesas alimentadas pelo espírito do budismo de Zen. Foi durante o período Momoyama, na segunda metade do século 16, que Sen-no-rikyu, finalmente, estabeleceu a “wabicha” com a forma com a qual a “chanoyu” é realizada hoje.
A “chanoyu”, assim desenvolvida, é algo mais que uma forma refinada de refresco. Seu objetivo e essência dificilmente podem ser expressos por palavras. Ajudaria lembrar que a cerimônia foi desenvolvida sob a influência do budismo de Zen cujo objetivo é, em palavras simples, purificar a alma do homem, confundindo-a com a natureza.
Além disso, a “chanoyu” é a materialização do empenho intuitivo do povo japonês pelo reconhecimento da ‘verdadeira beleza na modéstia e simplicidade. Termos como calma, rusticidade, graça, ou frase “estética da simplicidade austera e pobreza refinada”, podem ajudar a definir o verdadeiro espírito da “chanoyu”.
Por exemplo, as regras rigorosas da etiqueta da “chanoyu”, que podem parecer penosas e meticulosas á primeira vista, são, de fato, calculadas, minuto por minuto, a fim de obter a mais alta possível economia de movimento e, na verdade, agrada aos iniciados assistir a sua execução, especialmente quando realizada por mestres experimentados.
Ikebana
De todas as artes tradicionais japonesas, talvez a mais conhecida e intensamente praticada nos dias de hoje seja a ikebana, a arte dos arranjos florais. Mesmo com uma origem que remonta a centenas de anos passados, ela mantém-se como elemento essencial no universo artístico contemporâneo. Transcendeu o seu espaço no tradicional altar da casa japonesa (tokonoma), para ingressar no dia-a-dia do mundo moderno.
De maneira similar, a ikebana não é mais uma arte de domínio exclusivo de artistas ou ornamentadores japoneses, pois, entre seus entusiastas, estão criadores de arranjos profissionais e amadores de todas as nações e áreas de atividade. Esta nova dimensão acrescentada ao uso e significado da ikebana, não alterou de modo algum os conceitos básicos de estrutura, espaço e naturalismo desenvolvidos e aperfeiçoados através dos séculos.
Dessa maneira, resolvi percorrer um pouco do universo da ikebana, conhecendo um pouco da sua definição e desvendando o berço de suas origens e expressão atual.
O trabalho a seguir procura apresentar alguns aspectos dessa arte, descortinando o panorama de seu conceito, surgimento e características básicas de técnica e abordagens.
O que é Ikebana?
A palavra ikebana é geralmente traduzida como “a arte japonesa de arranjo floral”, mas os materiais de ikebana podem incluir galhos novos, parreiras, folhas, frutos, grama, bagas, sementes e flores, bem como plantas murchas e secas.
De fato, pode ser usada qualquer substância natural e, na ikebana contemporânea, também se usa vidro, metal e plástico. Sendo uma das artes tradicionais do Japão, a ikebana desenvolveu uma linguagem simbólica e conceitos decorativos com o uso de flores e ramos efêmeros torna a dimensão de tempo uma parte integral da criação.
A relação entre os materiais; o estilo do arranjo; o tamanho, forma, volume, textura e cor do recipiente; e o lugar e ocasião da exposição são todos fatores vitais e importantes. Com sua história de 500 anos, tem havido uma grande variedade de formas, desde modestas peças para decoração caseira, até trabalhos esculturais inovadores que podem ocupar todo um salão de exposição.
A par da enorme variedade da obra contemporânea, as formas tradicionais continuam a ser estudadas e criadas. Além disso, a prática de ikebana, também chamada kado, ou o Caminho das Flores, tem sido buscada como forma de meditação na passagem das estações, do tempo e da mudança. Suas origens religiosas e forte ligação com o ciclo natural do nascimento, crescimento, decadência e renascimento conferem a ikebana uma profunda ressonância espiritual.
O que é Bonsai?
Bonsai é uma forma de arte em 4 dimensões, além de suas formas o tempo é o fator mais importante em sua construção e portanto segue apenas os padrões definidos pelo artista que compõe. Imagine se alguém tivesse dito a Picasso que não deveria pintar retratos daquela forma tão distorcida…
O significado literal da palavra é “Árvore em bandeja “. Com certeza você já encontrou por aí definições sobre o que pode e o que não pode ser feito em matéria de Bonsai. Alguns dizem que se deve ter no mínimo 10 anos, antes disso será um pré-bonsai, um Bonsai jovem ou coisa parecida.
Estas árvores cultivadas em vaso, quando bem nutridas e cuidadas procuram sua própria adaptação ao ambiente (vaso) reduzindo dimensões e desenvolvendo ao mesmo tempo suas características de árvore adulta (inclusive flores e frutos). Você pode iniciar um Bonsai de diversas formas, a partir do plantio de sementes, de mudas obtidas através de estacas ou de plantas colhidas na natureza que tem disponíveis ao milhares em fazendas, chácaras e jardins.
Experimente dar um passeio debaixo de uma árvore frutífera com tamarindo e jabuticaba e veja quantas sementes germinam e produzem mudas naturais que nunca serão árvores grandes como suas mães se continuarem ali, na sombra sem condições adequadas ao seu crescimento.
Recolha uma destas mudas, sem danificar suas raízes, plante em um vaso e leve para casa (nunca a deixe dentro de casa. As árvores não gostam de ambientes fechados. Se você quer uma planta dentro de casa, prefira as de plástico). As espécies citadas dão lindos Bonsai.
Gueixa
A sociedade gueixa(escreve-se gueixa, em japonês) pode não representar o retrato fiel da cultura japonesa, contudo seu entendimento nos ajuda a compreender melhor os traços do universo nipônico, tais como o entretenimento dos japoneses, a percepção que a cultura japonesa tem dos papéis das gueixas e das esposas japonesas, e até mesmo a função social de entretenimento desse grupo de mulheres. Meu esforço se dará no sentido de trazer à tona elementos do mundo das gueixas que se relacionem com a cultura japonesa em geral.
Para escrever essa matéria, me detive principalmente, à primeira parte do livro que trata das relações das gueixas. Relações entre si (como irmãs mais velhas e mais novas), relações com o bairro, com os clientes, com as responsáveis pelas casas de chá, as okasan – “mãe” (estabelecimentos que empregam as gueixas)… Além de tentar compreender os papéis complementares das gueixas e das esposas japonesas.
A autora do livro, a antropóloga americana Liza Dalby, apresenta o ponto de vista das gueixas, que difere radicalmente da maneira como as mulheres ocidentais vêem as gueixas: “objetos de brinquedo para os homens”.
O mundo do entretenimento das gueixas está relacionado com a necessidade de diversão dos japoneses. Isso decorre, em minha opinião, entre outras coisas, do fato de que o japonês se diverte pouco dentro do ambiente familiar com sua esposa. De acordo com a antropóloga, os casais japoneses não se divertem muito enquanto estão casados. São as gueixas que promovem a diversão e o entretenimento dos japoneses.
Samurai
“Durante sete séculos, o Japão foi dirigido, política e administrativamente, pelos samurais, uma classe de elite , cujo exemplo e padrões de comportamento foram talvez mais importantes para a organização da sociedade japonesa e a definição do perfil do homem nipônico do que sua atuação política e administrativa.
Os samurais são geralmente vistos como guerreiros e considerados como militares, o que, de fato, era sua função tradicional. Porém, mais do que isso, eram um tipo de homem de elite, formado à base de um ethos extremamente apurado. Sua habilitação transcendia os limites da ciência e das artes marciais, assim como dos ofícios administrativos, espraiando-se para horizontes tão amplos quanto os da literatura, da artesania, das belas-artes, da meditação. Não havia limites ao escopo das atividades do samurai e seu ideal era o do homem perfeito.”
A literatura, assim como as artes, a filosofia e as ciências, são expressões do pensamento de um povo. Podemos conhecer profundamente a forma de pensar de um povo analisando sua literatura. No entanto, neste trabalho, vamos seguir por um novo caminho. Não vamos nos prender no estudo de obras literárias, mas no conhecimento de algumas particularidades dos Samurais que nos darão subsídios para compreender a literatura desenvolvida no intervalo em que eles dominaram o Japão.
Nesta primeira parte veremos desde o Período Kamakura (1192-1333), quando os samurais assumem o poder, até o Período Edo (1603-1868), quando consolidam sua supremacia como classe, como arte, como tradição e como doutrina. Na Segunda parte, veremos alguns aspectos inerentes a todo samurai e que influenciam, até hoje, o povo japonês.
Fonte: www.japaoonline.com.br
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