Cultura do Timor-Leste

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A cultura de Timor Leste reflete inúmeras influências culturais, incluindo Português, Católica Romana e malaio, nas culturas indígenas austronésias de Timor.

A lenda diz que um crocodilo gigante foi transformada em ilha de Timor, ou Ilha do crocodilo, como muitas vezes é chamado.

Como a Indonésia, a cultura de Timor Leste tem sido fortemente influenciado por Austronesian lendas, embora a influência católica é mais forte, a população ser de maioria católica.

O analfabetismo ainda é generalizado, mas há uma forte tradição de poesia. Quanto à arquitetura, alguns edifícios de estilo Português pode ser encontrada, embora as casas totem tradicionais da região leste, conhecida como uma lulik também sobreviver. Artesanato também é generalizada, como é a tecelagem de mantas tradicionais ou Taís.

Literatura

Facilmente o mais famoso autor do leste timorense é Xanana Gusmão, o líder da resistência timorense organização da Fretilin, e agora o presidente do Timor Leste independente. Ele escreveu dois livros durante a luta pela independência. Também poeta e pintor, ele produziu obras que descrevem a cultura, valores e habilidades do povo timorense.

Outros escritores importantes de Timor são: Fernando Sylvan, Francisco Borja da Costa, Ruy Cinatti, e Fitun Fuik.

Música

Música de Timor Leste reflecte a sua história sob o controle de Portugal e Indonésia, que tenham importado música como gamelan e fado.

A forma mais comum de música folclórica nativa era a dança likurai, realizada para as mulheres para receber homens em casa depois da guerra.

Eles usaram um pequeno tambor e por vezes realizadas cabeças de inimigos em procissões pelas aldeias; uma versão moderna da dança é usada por mulheres em namoro.

Na era moderna, a música timorense tem sido intimamente associado com o movimento de independência, por exemplo, a banda de Dili All Stars lançou uma música que se tornou um hino na preparação para o referendo sobre a independência em 2000, enquanto a Organização das Nações Unidas encomendou um canção chamada “Hakotu Ba” (por Lahane) para incentivar as pessoas a se registrar para votar no referendo.

Músicos timorenses populares incluem Teo Batiste Ximenes, que cresceu na Austrália e usa ritmos folclóricos de sua terra natal em sua música. Com muitos timorenses em comunidades emigrantes na Austrália, Portugal e em outros lugares, a música folclórica do leste timorense foi levado a muitos lugares ao redor do mundo. Os campos de refugiados em Portugal misturados música timorense com estilos de outras colônias portuguesas, como Angola e Moçambique.

A guitarra tem sido uma parte importante dos timorenses musc, embora seja uma importação trazido pelos colonizadores, há, no entanto, os tipos nativos de instrumentos de corda semelhantes em alguns aspectos para a guitarra. Influências estrangeiras também incluem estilos populares da música como rock and roll, hip hop e reggae.

Religião

Timor Leste tem sido nominalmente católica desde o início do período colonial Português. A fé católica tornou-se uma parte central da cultura timorense durante a ocupação indonésia, entre 1975 e 1999. Embora sob o domínio Português, os timorenses tinham sido principalmente animista, por vezes integrados com ritual católico mínimo, o número de católicos aumentou dramaticamente sob o domínio indonésio.

Esta foi, por várias razões: a Indonésia era predominantemente muçulmana, o Estado indonésio necessária a adesão a uma das cinco religiões reconhecidas oficialmente e não reconhecer as crenças tradicionais, e porque a Igreja Católica, que ficou responsável direto para o Vaticano durante o regime indonésio, tornou-se um refúgio para timorenses em busca de refúgio da perseguição.

O ‘Administrador Apostólico “(de facto Bispo) da Diocese de Dili, Dom Martinho da Costa Lopes, começou a falar contra os abusos dos direitos humanos pelas forças de segurança indonésias, incluindo estupro, tortura, assassinato e desaparecimentos. Após pressão de Jacarta, que deixou o cargo em 1983 e foi substituído pelo jovem padre, monsenhor Carlos Felipe Ximenes Belo, que a Indonésia pensei que seria mais leal.

No entanto, ele também começou a falar, não apenas contra os abusos de direitos humanos, mas a questão da auto-determinação, escrevendo uma carta aberta ao Secretário-Geral das Nações Unidas, apelando para um referendo. Em 1996, ele foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com líder exilado José Ramos Horta, agora ministro das Relações Exteriores do país.

Apesar das acusações por parte do regime de Suharto que o movimento de independência de Timor Leste, a Fretilin, era comunista, muitos de seus líderes havia treinado para ser sacerdotes, e sua filosofia provavelmente se deveu mais à teologia da libertação católica da América Latina do que para o marxismo.

No entanto, apesar de a maioria da população do país está agora a ser católicos, há liberdade de religião na nova república, e do primeiro-ministro Mari Alkatiri, é um muçulmano de ascendência iemenita.

Depilação

Outro ponto interessante da cultura é que é dever para mulheres adultas (a partir de 15 anos de idade) em Timor Leste para remover todos os pêlos do corpo (além de sua cabeça).

Fonte: easttimorgovernment.com

Cultura do Timor Leste

Tais: Os Têxteis de Timor-Leste

A ilha de Timor, longa e estreita, com a forma semelhante a um cro­codilo, segundo uma das lendas de Maubere, está inserida no arqui­pélago indonésio, situada a menos de 500 quilómetros da Austrália.

Encontra-se dividida em duas partes distintas: a metade ocidental, sob o domínio indonésio, mas onde ainda estão patentes as influên­cias da precedente colonização holandesa, e a zona oriental, hoje independente, com referências predominantemente portuguesas.

Nesta ilha, as tradições raramente permaneceram está­ticas, e novas ideias e técnicas, algumas provenientes de ilhas longínquas, foram ao longo dos séculos absorvidas e reinterpre­tadas, para dar resposta a novas situações sociais e económicas.

Etnograficamente, os timorenses dividem-se em dois grandes grupos: o Atoni da Melanésia e o Tétum do Sul de Belu, que se pensa originário de Malaca.

No caso específico de Timor-Leste, torna-se muito difícil identificar e territorializar os vários outros grupos étnicos. Ainda, nos dias de hoje, se encontra uma grande diversidade cultural e linguística, proveniente das antigas guerras internas e das consequentes integrações de subgrupos em outros grupos étnico-linguísticos.

Tal diversificação é transposta para os têxteis, em termos de cores, motivos e técnicas usados na tece­lagem. As diferentes línguas dificultam igualmente o estudo dos tecidos, devido à multiplicidade de termos aplicados a um mesmo utensílio ou técnica. É preciso entender que apesar de Timor-Leste se encontrar dividido em treze distritos, as diferentes lín­guas remontam a perto de quinze e distribuem-se de uma forma esparsa e errática por todo o território.

No entanto, a necessidade de comunicação, especial­mente para fins comerciais, originou a eleição do tétum – língua nativa dos Belus, divulgada pela sua conquista da parte leste da ilha de Timor – como língua franca.

Cultura do Timor Leste
Tais mane em algodão previamente fiado e tingido com corantes químicos, executado em ikat em teia (Bobonaro).

O significado dos têxteis

Os têxteis de Timor, tal como nas outras sociedades da Indonésia, têm um papel muito importante nos rituais das comunidades, e, ao serem criados por grupos de etnias diferentes, podem distinguir–se uns dos outros, quer em estilo e nas técnicas utilizadas, quer no seu significado cultural.

Cultura do Timor Leste
Tais feton muito elaborado executado em ikat em teia e buna, com motivos de pássaro (Timor-Leste)

Os têxteis que saem dos teares não são destinados prio­ritariamente a serem usados, excepto quando já estão gastos ou quando de cerimónias que celebram as várias fases da vida de um indivíduo: apresentação de um recém-nascido, dia de iniciação na caça de um jovem guerreiro, casamento, enterro, etc.; ou em certos rituais que se prendem com as tradições do grupo: inaugu­ração de uma casa, etc.

Em todas estas cerimónias está implicado o indivíduo, a linhagem, a família e a etnia ou grupo em que ele se encontra inserido, e é aqui que os têxteis ganham uma importân­cia relevante, como produtos de troca nas relações sociais e eco­nómicas, assegurando a sobrevivência da linhagem e do grupo.

As fibras e as tingiduras

Cultura do Timor Leste
Tecedeira preparando os fios de algodão previamente fiado e tingido quimicamente, para introduzir como trama.

Os vários processos de fiação e tecelagem têm lugar essen­cialmente durante a estação seca. São actividades femininas, muito valorizadas pelos membros masculinos e femininos de cada grupo, inteiramente conscientes da importância dos têxteis nas relações mencionadas anteriormente.

A principal fibra utilizada é o algodão, e onde ele é culti­vado a fiação manual é ainda comum, especialmente para têxteis que possuam um carácter especial.

Também aqui se pensa que Portugal teve alguma influência na expansão e popularidade do algodão, quando no século XVII estabeleceu um comércio significativo desta fibra natural, tornando Timor num centro conhecido para a troca deste produto, já nos finais do século XVIII, em que o cultivo desta planta atingiu o seu apogeu.

O algodão comercializado e fios pré-tingidos encontram-se com facilidade nos mercados regionais, assim como corantes quí­micos. A cidade de Lospalos, por exemplo, é conhecida pela sua produção têxtil, utilizando o fio comercializado e corantes químicos.

As fibras sintéticas têm, consistentemente, feito a sua intrusão nos têxteis, e hoje é possível adquiri-las na maioria dos mercados regionais: rayon, acetato, acrílico e polyester, para além de fios metálicos, na maioria dourados (antigamente obtidos, nalgumas regiões, a partir da fundição de moedas holandesas).

Contudo, as tingiduras naturais são muito usadas em toda a ilha, e nesta, mais do que em qualquer uma das outras do arqui­pélago, o vermelho é a cor dominante. A explicação para este facto não é clara. Embora existam alguns autores que apontam para uma inspiração a partir do tom das buganvílias em flor durante a estação seca, esta cor, para muitas comunidades timorenses, está tradicionalmente associada à vida, ao sangue e à coragem.

Timor tornou-se conhecido pelas cores vivas dos seus têxteis, embora essa não seja uma característica comum em todo o território de Timor-Leste. A maior parte das cores oriundas de corantes naturais provém essencialmente de três fontes, todas elas fáceis de obter em qualquer região da ilha. São as seguintes:

Taun

Cultura do Timor Leste
Pormenor de uma faixa de um tais feton contemporâneo, executado em algodão previamente fiado e tingido com corantes químicos, com motivo floral executado em ikat em teia (Díli).

Arbusto de cujas folhas se extrai uma tinta, que vai do tom azul-escuro ou esverdeado-escuro até ao preto. Uma vez colhi­das, as folhas são esmagadas com um pilão. Numa das receitas mais populares, a esta pasta é adicionada água e cal, que reage com as folhas tornando o tinto mais escuro e permanente.

A cal, aqui misturada, quando escasseia comercialmente, pode ser obtida a partir da trituração de conchas e búzios. Esta mis­tura pode repousar assim vários dias, com os fios imergidos na solução, consoante o tom mais claro ou mais escuro pretendido, dentro da gama dos azuis-escuros e verdes-escuros. O tom preto, por exemplo, necessita de cerca de uma semana.

Kinur

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Pormenor de um motivo floral de inspiração portuguesa executado em ikat em teia, num tais feton (Díli).

Trata-se da planta bulbosa açafrão, cujos estigmas são empregados para tingir. Estes estigmas, uma vez extraídos, são reduzidos a pó e misturados com mais ou menos água consoante o tom mais claro ou mais forte que se pretende. Posteriormente deixa-se esta solução repousar com os fios dentro, pelo menos um dia, duração esta que se prende igualmente com a vivacidade do tom que se quer obter. Consoante as receitas seguidas, consegue-se todas as tonalidades que vão dos amarelos mais pálidos até aos laranjas mais fortes.

Teka

Árvore da teca. As folhas tenras desta árvore são retiradas e esmagadas com um pilão. A esta pasta adiciona-se mais ou menos água consoante o tom mais rosa ou avermelhado que se pretende. Dependendo da receita e da quantidade de dias que se deixam os fios imergidos nesta solução, é possível obter tons de rosa e verme­lho, de uma maior ou menor luminosidade e vivacidade.

Algumas das soluções supracitadas ainda são cozidas em panelas de barro. A imagem do bom tingidor, visto à semelhança de um alquimista medieval, aplica-se em certas regiões de Timor. Toda a tecedeira acaba por ter o seu segredo da receita para obter o tom que pretende, seja ele castanho, azul, verde, amarelo ou rosa.

O processo de tingimento pode levar de dois a três dias a alguns meses, dependendo da complexidade do tom e do número de cores que têm de ser misturadas. As receitas acima descritas são das mais simples, podendo algumas atingir graus de elabo­ração elevados, consoante lhes são adicionados mais produtos naturais, que vão funcionar, por exemplo, como fixadores da cor ou mordentes, ou se trata de corantes naturais cuja obtenção da cor não é possível através da adição de água, mas sim de solu­ções alcalinas.

Os fios que são para tingir numa determinada cor que necessite de um mordente têm de ser imergidos numa solução de óleo de candlenut ou de sementes de tamarindo, aproximada­mente durante uma semana.

Estes processos de tingidura também podem ter lugar em várias fases do trabalho de tecelagem, e não só no início, como se vai poder constatar, quando da descrição das técnicas de tece­lagem. Uma das perdas a nível cultural tem sido o facto destas receitas se estarem a perder, pois eram transmitidas de mãe para filha, sem que exista qualquer outro registo.

A fiação

Uma vez apanhado o algodão da planta, ele é descaroçado, ou ledu em tétum. Para tal, são utilizados uns utensílios denomina­dos fatu-ledu, que são descaroçadores, feitos com dois cilindros em madeira, entre os quais passa o algodão a descaroçar ou, numa situação mais precária, com uma vareta de bambu que roda fazendo pressão num fragmento de casca de tartaruga.

Posteriormente o algodão é cardado, seguindo-se a fiação através da técnica de torção.

O fio assim obtido pode ter vários destinos nesta fase: ou é dobado em meadas para ser em seguida tingido, refeitas em novelos, e por fim tecidos nas faixas de cor lisa; ou é feito em novelos, que vão originar as meadas, onde, uma vez colocadas numa armação apropriada, a tecedeira inicia a técnica do ikat, antes da tingidura.

Os teares tradicionais

O fabrico das armações, onde é executada a técnica do ikat, e teares, está geralmente a cargo dos homens. Complexos de serem entendidos no seu funcionamento, possuem, na esmaga­dora maioria dos casos, um aspecto muito rudimentar.

A armação para a execução do ikat assemelha-se a uma estrutura de pouco mais de quatro paus de madeira, dispostos em forma de moldura, onde, com a ajuda de outros paus estreitos e amovíveis, as meadas são esticadas escrupulosamente. Uma vez os fios paralelos uns aos outros, a tecedeira inicia o seu minu­cioso trabalho de atar, cobrindo pequenas porções de vários fios, de maneira a formar um desenho, só visível bastantes dias mais tarde, após o tingimento e novo esticamento das meadas na teia.

Os teares, bem mais complexos nos seus componentes, mas igualmente rudimentares, são teares de cintura (teares susten­tados através de uma tira que passa atrás das costas da tecedeira). Estes obrigam as tecedeiras a trabalhar sentadas no chão de pernas estendidas, geralmente em esteiras por elas elaboradas, esticando o próprio tear e a teia, com a tensão exercida pelo seu corpo, atra­vés de uma cinta que ela faz passar nas costas, na zona lombar.

Este tipo de tear permite trabalhar com uma teia contínua que, com a técnica de tecelagem utilizada nesta região, produz tecidos com o mesmo aspecto e desenhos em ambos os lados, ou seja, não existindo direito e avesso.

Técnicas de tecelagem

Cultura do Timor Leste
Tecedeira trabalhando um tais feton, com uma faixa central com um motivo previamente executado em ikat (Oecússi).

Timor é reconhecido não só pela qualidade dos seus têxteis, mas também pelas diferentes técnicas decorativas. O Warp-faced Ikat (ikat em teia, onde predominam os fios da teia sobre os da trama) é praticado em todas as regiões, sendo uma das técnicas principais e a com maior relevo, devido às suas características estarem forte­mente associadas a esta ilha e não a outras do arquipélago. Nem na língua portuguesa, nem em tétum, existe uma palavra ou pequeno conjunto de palavras que traduzam de forma exacta esta técnica.

A técnica do ikat (atar antes de tingir), que pode ser execu­tada nos fios da teia ou de trama, em Timor-Leste, aparece unica­mente nos fios da teia. Este processo decorativo usa-se para repro­duzir desenhos, a partir de cartões com os motivos executados em cestaria ou, mais comum nos dias de hoje e por influência dos portu­gueses, a partir dos desenhos em papel destinados a serem repro­duzidos em crochet. Nesta arte, os fios de algodão, ainda na sua cor original, são estendidos na armação de ikat, tal como foi mencionado anteriormente.

A tecedeira, seguindo o desenho, vai atando com tiras vegetais secas ou ráfia os vários fios, cobrindo áreas que cor­respondem ao motivo. Uma vez terminado, as meadas são retiradas da armação e são tingidas na cor pretendida. As secções que estão unidas resistem ao corante. Após o tingimento e antes da tecelagem, os fios são tratados com uma solução de tapioca e água para os endurecer, tornando portanto mais fácil a tecelagem do padrão, que se quer apertado e nítido.

As secções atadas são então desfeitas e o desenho surge na cor original do fio, recortado pela nova cor tingida.

Uma vez tecidos os fios da teia, com um único fio de trama de uma só cor, são lavados em água fria diversas vezes, para amaciar o pano, dissolvendo-se assim a solução que o endureceu. Os coran­tes são preparados com tal cuidado e perícia que, neste processo, não se observa virtualmente nenhuma perda de cor. O aspecto final dos tons do pano é suave e subtil, quase esbatidos, com motivos em ikat que parecem um negativo da cor natural dos fios.

Exemplos de motivos tradicionais podem ser encontrados feitos totalmente em ikat tingido quimicamente, com o motivo a preto num fundo encarnado vibrante, laranja ou amarelo.

O Warp-faced ikat é quando esta técnica é aplicada apenas aos fios da teia antes de estes serem tecidos.

Cultura do Timor Leste
Pormenor de um bordado executado no painel central de um tais mane, decorado lateralmente com faixas estreitas de motivos feitos em sotis, datado dos finais do século XIX, princípios do século XX.

Como complementos, encontramos outras técnicas decorativas singulares de Timor, que são os sotis – passagem suplementar na teia, tecida de forma a parecer reversível –, e buna – trama suplementar descontínua, que dá o aspecto de um bordado. Qualquer destas técnicas, tal como foi mencionado ante­riormente, varia muito de nome conforme a região da ilha, embora o processo de execução seja o mesmo.

Cultura do Timor Leste
Pormenor de um motivo religioso e floral de inspiração portuguesa executado em ikat em teia, num tais mane (Oecússi).

A tecelagem é feita por tecedeiras que vivem nas comu­nidades locais, onde elas e as suas famílias são responsáveis por todo o processo, desde a preparação dos fios à operação de atar as linhas para formar o desenho, ao tingimento dos fios culminando com a tecelagem dos panos. A produção inclui muitas vezes a combinação das técnicas de ikat e sotis (passagem suplementar na teia).

Os diversos tais

Embora o vestuário ocidental seja largamente usado no dia-a-dia, os têxteis locais ainda têm um significado muito importante nos rituais que celebram as mudanças das várias fases da vida ou o status social, nos rituais anímicos ou outros que se prendem com a agricultura.

Nas cerimónias, os homens vestem panos rectangu­lares, denominados tais mane, compostos por dois ou três painéis cosidos entre si, que envergam à volta da cintura, e as mulheres vestem tais feton (sabulu) semelhantes, mas cosidos numa forma tubular, para assentar justo ao corpo, usados à volta da cintura ou atravessados na zona do peito, apenas com uma prega em baixo para permitir o movimento.

Pequenas faixas, ou lenços, são popu­lares como elementos de troca ou presentes, assim como cintos, malas para shiri ou bétel (estimulantes vegetais mastigáveis) e peças para a cabeça. Todos estes elementos, de um modo geral, são decorados com sotis ou buna em vez de ikat.

Ambos os tais, para além de serem usados nas cerimónias, rituais religiosos e festas, constituem igualmente presentes muito apreciados para dar e trocar entre os membros da comunidade.

Os motivos tradicionais

Os padrões e os motivos têm um grande significado para os timorenses, tanto para aqueles que tecem como para os que vestem os tais.

Por toda a ilha, os motivos continuam a ser tradicionais na sua origem. Estes evocam maioritariamente os animais e elementos da natureza, directamente associados aos mitos e aos ritos tradicionais: figuras antropomórficas com os braços e as mãos esticados são comuns, assim como representações zoomórficas de pássaros, galos, crocodilos, cavalos, peixes e insectos de água.

Plantas, árvores (origem da vida e centro do mundo), e folhas, também surgem de uma forma consistente. Os desenhos geométricos, semelhantes a ganchos e losangos, localmente conhecidos por kaif, são de um modo geral interpretações da cultura Dong-Son.

Estes motivos foram todos herdados dos antepassados, e, tal como as receitas, transmitidos de mãe para filha. Os desenhos são sistemas de reconhecimento de uma linguagem cultural e representam os mitos ancestrais de todo o grupo e os seus símbolos. Mesmo quando estes motivos não podem ser associados a qualquer simbologia cultural, representam sempre mais do que uma mera decoração, como por exemplo o prestígio do indivíduo que enverga o tais, a sua posição na escala social, etc.

Os tais de Timor-Leste

Em Timor-Leste existe sem dúvida uma maior variedade regio­nal, ao nível da tecelagem, do que em Timor Ocidental, mas, devido à instabilidade que se viveu na parte oriental da ilha, esta arte nunca conheceu um grande desenvolvimento, nem um estudo profundo, aliado ao facto de até hoje Timor-Leste nunca se ter afigurado como um aliciante destino turístico.

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Pormenor de um tais mane em algodão previamente fiado e tingido com corantes naturais, com muitas faixas estreitas de motivos executados em ikat em teia e sotis (Covalima).

Timor-Leste está dividido em treze distritos: Oecússi, Cova­lima, Bobonaro, Liquiçá, Ermera, Ainaro, Manufahi, Díli, Aileu, Manatuto, Viqueque, Baucau e Lautém. Estes distritos podem ser usados para comparar semelhanças e diferenças nos têxteis.

Essencialmente, a tecelagem contemporânea de Timor é tradicio­nal no seu estilo ou de cariz comercial. Muitos destes têxteis podem ser encontrados em mercados locais, nas capitais dos distritos.

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Tais decorado com ikat em teia e sotis
.

Em Oecússi, o pequeno enclave de Timor-Leste no interior de Timor Ocidental, o pano tradicional da região é o tai mane, com um grande painel central, executado em ikat, tanto em preto e branco, como em preto e laranja ou preto e amarelo.

Os gran­des e elaborados motivos são, de uma forma geral, florais ou de inspiração religiosa, de certa forma semelhantes aos que também são encontrados na região de Sikka, na ilha das Flores. É, sem dúvida alguma, neste distrito, que a influência dos portugueses, nos motivos usados nos tais, se faz mais sentir. Embora os panos compostos de dois painéis pareçam simétricos, um painel é de facto mais estreito do que o outro.

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Pormenor de um tais contemporâneo com estreitas faixas de motivos executados em ikat em teia.

Em Díli, os tais têm um cariz mais comercial e surgem com cores vivas e faixas muito estreitas em ikat, intercaladas com muitas outras estreitas riscas em cores sólidas. São usados o fio de algo­dão importado e corantes químicos, mas o processo meticuloso de elaborar o desenho através do atamento das linhas e tingimento do padrão nos fios, segue o método das vilas mais remotas.

Na vila de Balide, a cerca de meia hora de carro de Díli, são usados os fios previamente fiados e corantes químicos, assim como os fiados à mão e corantes naturais.

Em Ermera, a tecelagem manteve-se relativamente inal­terada, de acordo com as preferências do povo local. É o único distrito onde os tais não são coloridos e têm um significado e aspecto especial, diferente de todos os outros da ilha. São, na sua totalidade, taismane, executados essencialmente em preto, com pequenas passagens ou subtis desenhos em ikat, executados em branco.

Tal facto prende-se com Ermera ter sido sempre um dos distritos onde habita um dos reis mais importantes da estrutura administrativa tradicional timorense. A cor preta está associada à realeza e nobreza, e, como tal, ela só predomina nos outros distritos onde também habitam reis ou régulos, como Bobonaro e Ainaro, embora aqui com menor importância do que Ermera.

No distrito de Manufahi aparecem desenhos de animais realizados em ikat, nomeadamente o lagarto-do-mar, ou o porco, que se reveste de alguma importância, não sendo a sua carne consumida por alguns dos grupos oriundos desta região.

Em Covalima surgem os motivos mais tradicionais, como o gancho estilizado ou os animais, como o crocodilo, que alguns grupos veneram.

No todo, a produção de ikat parece menos extensa do que em Timor Ocidental, mas sotis e buna continuam a ser técnicas predominantes. As cores de fundo usadas para o ikat, quando não é o branco, são o vermelho, o laranja e o amarelo, a contrastar com o preto. Possivelmente devido à influência portuguesa que acabou por deixar marcas relevantes na vivência nesta metade da ilha, os motivos florais de inspiração europeia, assim como os de inspiração religiosa, são os mais evidentes, suplantando os motivos do gancho e do losango que encontramos em Timor Ocidental.

Glossário

Bétel – As folhas da trepadeira pimenteira bétel, e outros ingredientes, são misturados e mastigados como estimulantes.

Buna – Uma passagem suplementar e descontínua na trama com efeitos decorativos.

Fatu-ledu – Utensílio para descaroçar o algodão, fazendo-o passar entre dois cilindros paralelos.

Ikat – Técnica decorativa em que fios da teia ou da trama são atados com tiras vegetais secas, de forma a formarem um padrão, antes de os fios serem tecidos. As secções que estão unidas resistem ao corante.

Kinur – Planta do açafrão de cujos estigmas se pode extrair a tingidura que origina tons, que vão desde o amarelo mais pálido aos laranjas mais vivos.

Ledu – Descaroçar o algodão com o utensílio fatu-ledu.

Shiri – Estimulante mastigável que se encontra por todo o Sudeste Asiático feito com folhas de bétel, lima e outros ingredientes.

Sotis – Uma passagem suplementar na teia com fins decorativos, usada essencialmente na ilha de Timor.

Tais feton (sabulu) – Pano feminino, geralmente cosido numa forma tubular, para assentar justo ao corpo.

Tais mane – Pano masculino de maiores dimensões do que o pano feminino (cerca de 2 x 1,30 metros).

Taun – Arbusto de pequeno porte, de cujas folhas se podem extrair tons que vão do azul ou verde-escuro até ao preto.

Tek – O ruído da tecelagem.

Teka – A árvore da teca, de cujas folhas tenras se pode extrair a tingidura que origina os tons rosas e vermelhos.

Warp-faced ikat – Quando a técnica do ikat (atar antes de tingir) é aplicada apenas aos fios da teia antes de estes serem tecidos.

Selos

Cultura do Timor Leste
Os quatro selos de Timor-Leste

Os selos da mais jovem nação do mundo apresentam um desenho tradicional de crocodilo, coroas de folha de palmeira, a colheita do café e a bandeira de Timor-Leste. O selos incluem motivos de tais tecidos pelas mulheres da Fundação Murak Rai em Dili (Díli).

Design de Janet Boschen, fotografias de Ross Bird (50c and $2) e Daniel Groshong/ David Boyce ($1).

Cultura do Timor Leste
Edição de Selos do Timor-Leste de 2005

A edição de 2005, comemorativa dos 30 anos de independência, apresenta o Presidente Nicolau Lobato, uma criança, um “velhote” e um galo.

Fonte: www.turismotimorleste.com

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