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Fundada por Pedro I o Grande o 16 de maio de 1702, São Petersburgo é uma cidade banhada por 86 rios, canais de 300 quilômetros de longitude e mais de cem ilhas na parte do Delta do Rio Neva.
Nomeada capital da Rússia em 1712, a cidade teve vários nomes: Petrogrado em 1914, Leningrado em 1924, para recuperar seu nome original,
São Petersburgo, em 1991. Desde a sua fundação foi o porto mais importante da Rússia, o que tem favorecido o desenvolvimento de uma indústria potente e muito variada. Também é um núcleo cultural, artístico e intelectual de grande atividade. Todo isso converte à cidade na segunda em importância depois de Moscou.
Devido ao assédio de 900 dias sofrido durante a Segunda Guerra Mundial que destruiu boa parte da cidade, foi necessária uma profunda reconstrução, feita seguindo a estrutura e estilos clássicos estalinistas. Na atualidade, os planos urbanos impedem construir no centro de São Petersburgo edifícios sem uma função pública, pelo que estão proliferando as chamadas “cidades dormitório”.
O Casco Antigo
O percurso começa pela primeira construção mandada levantar pelo Czar Pedro I, a Fortaleza de Pedro e Paulo como defesa perante os ataques da tropa sueca que dominava no Mar Báltico. Esta fortaleza está situada no centro da parte antiga sobre uma ilha pantanosa no rio Neva. Seu desenho, que se adata perfeitamente forma da ilha, conta com seis muralhas cuja altitude máxima é de 12 metros e seis bastiões. Para penetrar nela se deve cruzar a Ponte de São João que dá passo à Porta de São João e esta por sua vez à Porta de São Pedro, a entrada principal ao recinto. Uma vez no interior, encontra-se à esquerda o bastião do Czar, o corpo de guarda; atrás dele fica a Porta do Neva e o embarcadeiro do comandante, desde onde um canhão faz um disparo a cada meio dia, e a residência do comandante da fortaleza; e, à direita, o bastião Mensikov, o talher de artilharia e a casa dos engenheros.
Na grande esplanada situada no centro da Fortaleza está a Catedral dos Santos Pedro e Paulo, desenhada por Trezzini cujos bosquejos foram seguidos na hora de reconstruí-la após o incendio que a destruiu em 1756. No exterior destaca a torre de 122 metros arrematada por uma agulha que suporta uma esfera com um anjo que sostém uma cruz, obra de Rinaldi, e o relógio holandés que a cada seis horas toca o hino nacional. No interior surpreende a presença de um púlpito, pois as igrejas russas não costumam contar com este elemento. Destacam o iconostásio com iconos de Merkulev e temas que se saem dos típicos ortodoxos, os Túmulos dos Romanov, um total de 32, elaborados em sua maioria com mármore branco, entre o que destaca o de Pedro I, sempre adornado com flores frescas e o Museu Histórico da Fortaleza, situado em uma capela anhadida em 1906. Na esplanada da Catedral também pode-se visitar a Casinha da Barca e a Ceca, com uma excelente exposição de numismática.
Por trás da Ceca encontram-se duas antigas cadeias, a Cortina de Catalina e o Bastião de Trubeckoj, de fama triste pelas torturas que ali eram impostas aos presos políticos.
Ultrapassando a Porta Vasilevskiy chega-se ao Parque Lenin, situado na ilha de Petrogrado. Em seu interior, além de desfrutar de um espaço verde realmente encantador, ficao Zoológico, o Planetário, o Arsenal, sede do Museu Histórico-Militar de Artilharia, Engenharia Militar e Comunicações Militares, com uma coleção de armas desde o tempo dos escitas e sármatas até a Segunda Guerra Mundial.
São Petersburgo conta, além disso, com outros pontos de interesse como a Praça da Revolução onde encontram-se a Casa da Bailarina, de estilo liberty, sede do Museu da Grande Revolução Socialista de Outubro; e a grande mesquita, que imita à de Gur de Samarcanda com dois minaretes e uma cúpula de azulejos de cerâmica.
O Malecão Petrovskiy, tal vez a parte mais bela da ilha, desde onde se desfruta de uma paisagem impressionante e pode-se visitar o edifício mais antigo de São Petersburgo, a Casinha de Pedro I.
Descendo pela beira do rio chega-se à Academia Naval Nachimov frente à que está ancorado o cruzeiro Aurora, navio que iniciou o assalto ao Palácio de Inverno derrubando de um tiro de canhão suas portas na revolução de 1917. A avenida principal da ilha é a Kirovskiy prospekt na que podem-se admirar diferentes palácios de grande beleza. Em nas aproximidades encontra-se o Museu da História do Teatro Musical Russo, a Aptekarskiy ostrov e a Ilha dos Farmacéuticos, onde encontra-se o Jardim Botânico, com um herbolário com mais de 5 milhões de folhas.
Saiendo de Petrogrado pela Ponte da Liberdade chega-se a Vyborg, o bairro mais industrial de São Petersburgo. Em seu interior encontra-se o Clube 1 de Maio, onde foi exigida a toma do poder pelos soviets o 1 de maio de 1917; a Academia de Medicina Militar cujos alicerces são de troncos de madeira cravados no chão; a Estação de Finlândia, estação à que chegou Lenin procedente de Alemanha em abril de 1917 e o cemitério Comemorativo de Piskarevo, onde estão enterradas o quase meio milhão de vítimas do assédio de mais de dois anos sofrido por São Petersburgo durante a Segunda Guerra Mundial, que acolhe o Museu do Asédio de Leningrado.
De novo no centro da parte antiga, a Praça Dvorcovayja foi o centro dos acontecimentos históricos mais importantes de São Petersburgo. Para contemplá-la em sua totalidade é um bom lugar o Arco do Triunfo construido por Carlo Rossi. Mesmo en frente, encontra-se o Palácio de Inverno, residência dos Czares durante dois séculos sendo um dos cinco prédiosos nos que atualmente tem sua sede o maior museu do mundo, o Ermitage.
O Ermitage
A coleção de arte começou ser juntada por ordem de Catalina II no Pequeno Ermitage em 1767. O volume da mostra elevou-se de tal jeito que foi necessária a construção de outro palácio para acolhé-la, o Antigo Ermitage. Nicolás I continuou a obra da Czarina com uma nova construção, o Novo Ermitage. Também era utilizado o Palácio de Inverno com tal fim. Este impressionante museu abriu ao público em 1852 e na atualidade conta com 2.700.000 obras que expõem-se em 420 salas.
O percurso aconselhado, de uns 24 quilômetros, é o seguinte:
Culturas Primitivas da antiga URSS, desde o Paleolítico até os esravos. Salas 11 – 33 situadas no baixo andar. Destacam os kurgam escitas, túmulos nos que enterravam-se aos chefes com suas perteneças mais prezadas.
Arte do Oriente. Salas 34 – 66 no baixo andar. Pode-se ver o Friso de Airtam, relevo de pedra do I dC. Onde se aprecia a mistura entre as tradições locais e a sociedade budista, os afrescos da Sala dos Elefantes e o enorme jarro de bronze encomendado por Tamerlão para a mesquita – Mausoleu de Jassy em Kazajistão como peças mais destacadas.
Arte do Próximo e Médio Oriente. Salas 80 – 94, baixo andar. São excelentes os restos egicios como o sarcófago Ita que têm gravado o capítulo 17 do Livro dos Mortos e o tarif de Palmira com uma lei escrita em arameo e grego.
Antigüidades Clássicas. Salas 100 – 131, Baixo andar. Contém mais de 113.000 obras entre as que destacam o sarcófago do século II d.C. com a história de Fedra e Hipólito, a Venus de Táuride do III a.C., o jarro das andurinhas do VI aC, as estatuinhas de Tanagra dos séculos IV-III aC, o camafeo Gonzaga que representa ao faraó Tolomeo II Filadelfo e sua esposa Arsínoe e uma estátua de Augusto do I dC.
Cultura e Arte Russos. Salas 143 – 198, primeiro andar. As peças mais representativas são a Pedra de Tmutarakan, os tapetes da sala 155, um busto de Pedro I de Rastrelli, a sala da malaquite de Briulov, a sala de concertos de princípios do XIX, o túmulo de Aleksandr Nevski para o que foi necessária tonelada e meia de prata, a grande sala de baile e a dos escudos, ambas às duas de Stasov, o quadro “Minerva e Pedro I” situado na sala 194, a galeria militar com retratos de personagens europeias e a antiga sala do trono com 48 colunas de mármore de Carrara e 8.000 peças de bronze dourado.
Arte da Europa Ocidental. Salas 200 – 303, primeiro andar. Destacam a Sala do Pabilhão onde encontra-se o relógio do pavilhão real de James Cox (desde suas janelas pode-se admirar o jardim pendurado do XVIII situado sobre o telhado do Pequeno Ermitage), os esmaltes românicos de Limoges, as Lógias de São Rafael, réplica exata das Lógias Vaticanas, a sala de Alexandre, as esculturas italianas renascentistas da sala 220 e uma excelente pinacoteca com quadros de tanta qualidade como “A Virgem da Anunciação” de Martini, “Os Santos Domingo e Tomás” de Frei Angelico, “A Madonna” de Benois e a de Litta de Leonardo da Vinci, o “Tocador de Alaúde” de Caravaggio, “Retrato do Conde Duque de Olivares” de Velázquez, uma “Anunciação” de Murillo, “Retrato da atriz Antonia de Zárate” de Goya, a “Adoração dos Magos” de Vam der Goes, “Cabeça de Velho” de Vam Dick, a sala 247 dedicada a Rubens, e as 26 obras de Rembrandt situadas na sala 254.
Arte da Europa Ocidental. Salas 314 – 350, segundo andar. Com uma excelente mostra de pintura francesa dos séculos XIX e XX com quadros tão maravilhosos como 15 obras de Gaugin, onze de Cezanne, “A Dama no Jardim” de Monet, dez obras de Renoir, “Garota Asseando-se” de Degas, 37 obras de Matisse. Também podem-se admirar “As Mulheres de Arles” e “As Cabanas” de Vam Gogh e 30 obras de Picasso.
Arte Oriental. Salas 351 – 397, segundo andar. Encontram-se excelentes peças da arte bizantina, sásanida, chinesa, mongola, japonesa, indonésia, iraniana, siria, iraquiana, egícia e indiana.
Numismática. Salas 398-400, segundo andar. Estupenda coleção de moedas e medalhas do mundo todo.
Tesouro do Ermitage. Só pode ser visitado com uma licença especial que se consegue através de uma solicitude à Direção do Museu e se se consegue sempre vai acompanhada de um guia. Aqui exibem-se obras tão maravilhosas como o cervo e a panteira, ambos os dois de ouro, do tesouro sármata, o pente Solocha dos escitas, os brincus de ouro do século IV a.C, representando a caça de um cervo no bosque, o Tesouro de Novocerkask e um conjunto impressionante de jóias russas e europeias.
Dada a enorme quantidade de objetos que tem em seus fundos o Ermitage, é habitual que algumas salas estejam fechadas por restruturação da coleção e talvez aberta alguma nova. Lembre que há que pagar entrada para poder visitá-lo.
Praça de São Issac
Após de ter desfrutado com o maior museu do mundo e de novo na Praça Dvorcovaya, ressalta o Almirantado, arrematado por uma agulha dourada que pode-se ver desde qualquer ponto de São Petersburgo e que acaba em uma veleta em forma de caravela russa. Este edifício, reconstruido em várias ocasiões, conta com um impressionante conjunto escultórico no exterior e é a sede da Escola Superior da Marinha de Guerra. Após desfrutar com o conjunto artístico-arquitetônico da Praça pode-se descansar no entorno agradável e de grande beleza do Jardim Gorki para empreeder de novo a rota pela Praça dos Dezembristas, em cujo centro acha-se a estátua equestre de Pedro I conhecida como O Cavaleiro de Bronze, com 1600 toneladas de peso.
Também nesta praça encontram-se o Palácio do Senado e o Palácio do Sínodo. Nos arredores destacam outros dois palácios, o Laval, sede do Arquivo Histórico de Leningrado e o Voroncov-Daskov descrito no famoso romance de Tolstoi “Guerra e Paz”.
Da Praça dos Dezembristas à Praça de São Isaac onde encontram-se importantes edifícios como o Museu dos Instrumentos que conserva os pianos de Korsakov e Rubinstein, além de fazer um percurso pela música russa; a Central de Correios; o Museu Postal Popov com uma exposição de mais de 3 milhões de selos; o Palácio Naryskim construido por Rinaldi em 1760; e destaca, sobre todo, a Catedral de São Isaac, o maior edifício religioso de São Petersburgo.
Em suas origens foi construida uma pequena igreja por Pedro I em madeira e foi edificada com o aspecto atual por Montferrand de 1819 a 1858. Seus alicerces estão baseados em 24.000 troncos cravados à terra, e tem quatro impressionantes portadas com 112 colunas de granito vermelho finlandês e uma cúpula dourada de 102 metros, rodeada por quatro campanários. No interior 14.000 pessoas podem seguir o culto religioso para depois admirar o impressionante iconostásio de malaquite e lapislássuli, o péndulo de Foucault que pindura desde a cúpula central e subir os 562 degraus até a colunata da mesma, desde onde se ve uma impressionante paisagem do Golfo de Finlândia.
A Praça de São Isaac continua através da Ponte Azul de mais de 100 metros de largura. Uma vez cruzada a ponte chega-se ao Palácio Mariinskiy construido por Stakenschenider em 1844.
Catedral de São Salvador Sobre o Sangue
É a catedral mais pitoresca de São Petersburgo, também conhecida com o nome da Catedral da Resurreição. É uma das jóias da arquitetura russa de finais do século XIX início do XX. Foi construida pelo arquiteto russo Parland no ano de 1907, no lugar onde em março de 1881 fora assassinado o Czar Alexandro II.
Este Czar entrou na história russa porque em 1861 libertou aos camponenses da escravatura, razão pela que é conhecido como o “Czar libertador”.
A catedral destaca pelos 300 mosaicos únicos que encontram-se em suas paredes internas (com mais de 12.00 matizes de cores), mais de 20 espécies de mármores trazidos de diferentes lugares da Europa e quantidades importantes de pedras semi-preciosas russas.
Durante a época soviética esteve fechada (desde 1930 até agosto de 1997). Foi restaurada durante os últimos 27 anos. Seu estilo pertence ao da arquitetura russa do século XVII. Fica na beira do canal Griboédov, a 100 metros da Avenida Nevsky.
Praça Suvorovskaya
Na Praça Suvorovskaya e seus arredores encontram-se numerosos palácios de grande beleza como o Slatikov, neo-clássico, o Bezkoy, o Palácio do Grande Duque Vladimir Aleksandrovic, construido por Rezanov em 1870, o Aparksin, sede da Sociedade de Educação Física, o Palácio do Grande Duque Mijail Nikalaevic de estilo neo-rococó e o Palácio de Mármore, denominado assim porque sua fachada é de mármore azul e rosado da Finlândia e no interior o mármore empregado é de 32 variedades de grande valor. Na atualidade é a sede do Museu Lenin.
Ao sul da praça encontra-se o Campo de Marte com o Monumento aos Combatentes da Revolução de Rudnev e o Jardim de Verão como máximos atrativos.
Este jardim está situado atualmente em uma ilha graças à construção do Canal dos Cisnes e é o mais popular de São Petersburgo. São muito formosas a Casinha do Chá e a do Café e as maravilhosas grades de ferro forjado dourado em forma de rosas alternadas com colunas, nas que descansam urnas e vasilhas. No centro deste parque encontra-se o Palácio de Verão construido em 1711 em estilo barroco holandês. Atualmente é a sede do Museu da Arquitetura de Interiores.
Avenida Nevsky
Avenida Nevsky
A Avenida Nevski é o centro da vida de São Petersburgo. Une o Almirantazgo com o mosteiro de Aleksandr Nevski. Ao longo de seus 4 quilômetros e meio encontram-se, entre outros, o Glavieningradstroy, onde se estuda o traçado da cidade, o Palácio dos Dux de estilo veneziano e sede de Aeroflot, a Casa das Artes, o Café dos Literatos, ambos os dois construidos por Stasov, o Palácio Stroganov, a Igreja Holandesa, cópia do Mausoleo Diocleciano de Split, o Templo Luterano dos Santos Pedro e Pablo construido por Briullov em 1852 e a Dom Knigi, a melhor livraria de São Petersburgo.
Enfrente da livraria está a Praça Kazanskaja com a Catedral de Nossa Senhora de Kazan na que eram celebrados os casamentos reais. Construida por um servo da gleba convertido em arquiteto, Voronichin, de 1801 a 1811, foi construida por enteiro com materiais russos por exigência de Pedro I. Na praça também encontra-se o Instituto de Negócios e Economia e um pouco mais longe a Duma Municipal desenhada por Quarenghi.
Continuando pela Avenida Nevski encontramos a Filarmôica de São Petersburgo, a Igreja de Santa Catalina, jesuítica, a Casa dos Mercaderes de 1761, o Palácio dos Pioneiros de São Petersburgo, e os teatros das Marionetes e da Comédia. Muito perto levanta-se a Biblioteca Pública do Estado, a segunda em importância de todo o Estado.
A Praça Ostrovskogo foi desenhada por Carlo Rossi que também construiu ao fundo o Teatro Pushkim e realizu o traçado da rua que leva seu nome, a Ulitsa Rossi, realmente formosa, na que encontra-se o Museu da História do Teatro.
A Avenida Nevski finaliza no Mosteiro de Aleksandr Nevski. Este recinto murado foi mandado edificar por Pedro I em 1713 e consta de três cemitérios, o de São Lázaro, o mais antigo da cidade, o Tihvim convertido em parque e o Nikolskoe. Neles estão enterrados personagens representativos da cidade como Dostoievski, Chaikovski, Rubinstein, Rossi e Lomonov entre outros. Além dos cemitérios, o mosteiro conta com sete igrejas entre as que destacam a Catedral da Trinidade construida por Starov de 1776 a 1790, a Igreja da Anunciação sede do Museu da Escultura Funerária e a Igreja de São Teodoro com os túmulos dos soberanos de Geórgia.
Rios e Canais de São Petersburgo
Três são os canais mais importantes de São Petersburgo. No Río Fontanka levantam-se vários palácios, o Castelo dos Engenheiros, residência de Paulo I só durante 40 dias pois, apesar de ter sido fortemente fortificado para evitar um atentado, o Czar morreu assassinado no interior à mãos de seus súbditos; o Teatro Gorki, o Palácio da Prensa, a Escola de Desenho V.I. Muchina, sede do museu de artes aplicadas; a Catedral da Transfiguração de estilo barroco; o Museu do Circo, o Museu Dostoievski, e o do Ártico e do Antártico. O Canal Fontanka conflui com o Anickov most, famoso pelas esculturas dos Domadores de Cavalos de Klodt.
O Río Mojka, parte desde o Campo de Marte, e converte-se em um agradável lugar para passear. No número 7 encontra-se a Casa Adamini, neo-clássica; um pouco mais longe se levantam as Cavalariças Imperiais; a Casa Pushkim que alberga um museu sobre a vida e obra do famoso poeta; a Ponte dos Cantores, o Palácio Yusupov de finais do XVIII, a Ilha de Nova Holanda em onde encontram-se as escritórios marítimos, a Praça do Trabalho com o palácio do mesmo nome como máximo expõente e o Museu Histórico de Leningrado que recolhe a história da cidade.
O Canal Griboedov tem um traçado mais intrincado que os outros devido a que segue o curso de dois pequenos rios. No percurso encontramos lugares de grande beleza como a Hram Voskresenija Hristova, de puro estilo russo com cinco cúpulas e uma abóbada dourada, o Jardim Mihajlovskiy em cujo interior encontra-se o palácio do mesmo nome, o Museu de Etnografia dos povos da URSS com uma exposição que percorre todas as repúblicas soviéticas, a Praça das Artes, desenhada por Rossi, o Palácio da Nobreza de São Petersburgo sede da Filarmôica Estadual, o Teatro Estadual da Ópera e Balet de Briullov, a Praça da Paz, cheia das lojas e a Nikolskiy sobor, preciosa catedral de dois andars cujo maior atrativo é um precioso iconostásio de Kanaev.
Outros pontos de interesse do Casco Antigo
Outros pontos de interesse dentro da parte antiga de São Petersburgo são o Palácio de Táuride com um precioso jardim dedicado às crianças, o Smolniy, conjunto arquitetônico que compreende a Catedral da Resurreição e o Mosteiro-Palácio de Smolniy, a Ilha Vasilevskiy centro da vida cultural de São Petersburgo com diferentes Universidades e Institutos, as Ilhas Kirov, conjunto de três ilhas, a Ilha dos Trabalhadores, a Krestovskiy e a Ilha Elagin, todas com maravilhosos jardins que otorgam um aspecto realmente especial a esta zona de São Petersburgo.
Arredores de São Petersburgo
Petrodvorets a 29 quilômetros de São Petersburgo, é uma antiga residência dos Czares composta por um parque pendurado, que no início era utilizado como horta e que depois converteu-se em um precioso jardim conhecido como o Parque Superior. Dispõe de formosas fontes como a de Neopredelenniy, a de Netuno, a da Azinheira e a dos Estanques Quadrados.
O grande Palácio é realmente majestoso. Sua construção passou por várias etapas e arquitetos até que em 1745 Rastrelli deu-lhe o aspecto atual, pois na reconstrução sofrida após a Segunda Guerra Mundial foram seguidos fielmente seus desenhos. O exterior conta, nos laterais, com cúpulas douradas em forma de cebola e telhados adornados com guirnaldas também cor dourado, a fachada com 275 metros de largura está adornada em sua parte frontal por um precioso frontão, impressionante a grande Cascata, situada perante a entrada principal, realizada por Leblond, Braunstein, Michetti e Zemcov nos anos 1715 e 1724. Conta com 225 esculturas de bronze cor de ouro e 64 fontes.
Do tanque central da grande Cascata nasce o Canal Marítimo, de 400 metros, que desemboca no Golfo de Finlândia. No começo do canal se levantam os Pabilhões Clássicos de Voronichin, em seus telhados existe uns recepentes que fazem com que a água caia formando uma preciosa cascata. En frente da grande Cascata encontra-se a Fonte de Sansão cujo surtidor atinge os 20 metros de altura.
No interior destaca a Sala de Gala com adornos de ouro de grande qualidade; a Sala Azul das Audiências cujas paredes estão forradas com seda azul; a Sala do Trono ocupa toda a largura do palácio e está adornada com retratos dos Czares e de suas famílias, neste salão eram celebrados os bailes de gala e os grandes banquetes; o Comedor Branco onde se expõe o enxoval de Gaenza e a vidraçaria de Boémia, os Estudos chineses com porcelanas chinesas e japonesas, a Sala dos Quadros extremadamente luminosa com 368 retratos das famílias de todos os governadores russos, a estância das Perdizes, a Sala Otomana onde destaca o toucador da Emperatriz de porcelana de Sévres, a Sala dos Cavaleiros onde montavam guarda os centinelas perante os apossentos da Czarina, a Sala da Coroa e o Gabinete de Azinheira de Pedro o Grande onde conservam-se formosos objetos pessoais do Czar.
Desde o Palácio se acede ao Parque Inferior com o Palácio de Monplaisir como um de seus máximos atrativos. Construido por Baunsteim e Leblond nos anos 1714 a 1723, o singelo exterior contrasta com a riqueza desbordante de seu interior no que encontram-se estupendos afrescos na sala central, decorações chinesas com figuras em ouro com fundo preto perfiladas em vermelho na Sala da Laca, azulejos pintados de Delf na cozinha, jarros russos do XVIII, e nas habitações do Czar podem-se ver objetos pessoais como o gorro de dormir e a bata.
Nos arredores do Palácio podem-se ver a Orangerie, a Cascata do Monte do Tabuleiro de Damas de Zemcov com grotas e dragões como adornos, as Fontes Romanas, a da Pirâmide em forma de pirâmide escalonada de Michetti, a Fonte do Sol com doze golfinhos dourados e as Fontes das Brincadeiras, que molham por surpresa a quem desconhece sua função.
Outro edifício dentro deste impressionante conjunto é o Palácio do Ermitage, especialmente famoso pelos engenhos que permitiam uma maior comodidade na hora de desfrutar as veladas íntimas da família real. Realmente originais, a mesa para 14 comensais que subia da cozinha já preparada e descia uma vez finalizada a comida e o elevador com um divão de duas praças que subia ao andar superior.
No exterior do Palácio encontram-se a Cascata dos Leões de Voronichim e mais longe o Palácio Marly de estilo Luis XIV, sede de um museu que recolhe peças de arte do século XVIII como pinturas italianas, esmaltes de Cantão, tapetes flamengos, móveis alemães e relógios ingleses. En frente deste palácio encontram-se a formosa Cascata da Montanha de Ouro onde a água desce por degraus de mármore branco e cobre dourado.
Nos arredores deste conjunto artístico localiza-se o Parque Aleksandra composto de jardins ingleses que vão descendo até o mar, desenhado por Menelaws em 1829 e restaurado por Stakenschneider em 1842. Em seu interior acha-se o palacete gótico conhecido como A Granja e uma igreja também desse estilo arquitetônico. No Cottage recolhem-se os livros preferidos de Aleksandra Fedorovna, esposa de Nicolás I, para quem foi mandado construir o Parque e outros objetos pessoais.
Podem-se visitar também o Palácio Belvedere, imitação de um templo grego e o Museu da família Benois, cujos integrantes foram grandes artistas e arquitetos que desenharam o edifício onde está instalado este museu.
Lomonosov
Lomonosov
A 40 quilômetros de São Petersburgo encontra-se Lomonosov, um presente de Pedro o Grande a seu amigo Mensikov. O cancilher mandou construir um palácio que não tem nada que invejar às construções reais. Fontana e Shadel foram os encarregados de realizar a encomenda entre os anos 1710 e 1725.
Mensikov disfrutu de sua posessão só até 1728 pois perdeu os favores do Czar passando em 1754 a Pedro III como presente da Czarina Isabel. O então príncipe encomendou as obras de remodelação a Rinaldi que transformou o entorno anhadendo várias construções, convertendo-o em uma fortaleza.
O grande Palácio, o pior conservado do conjunto arquitetônico, consta de uma igreja, uma sala japonesa e um parque de desenho geométrico. O Palácio de Pedro III foi construido por Rinaldi de 1758 a 1762. No baixo andar se expõe uma mostra de vidraçarias artísticas russas realmente formosas e a exposição Lomonosov em homenagem ao famoso cientista russo.
Seguindo o desenho de Rinaldi foram levantados o Corpo dos Cavaleiros e o Palácio Chinês onde pode-se visitar uma estupenda coleção de arte, entre a que destacam as peças de artes aplicadas chinesas, recopilada por Catalina II ao longo de 17 salas. À saída do Palácio Chinês encontra-se o Jardim Francês em cujo interior se levanta o Pabilhão da Montanha Russa com uma excelente mostra artística com as porcelanas como máximo expõente.
Gatcina
Gatcina
Os arredores de São Petersburgo têm outros pontos de interesse como Gatcina, a 46 quilômetros, na que destaca o parque que rodea o Palácio neo-clássico desenhado por Rinaldi como recinto mortificado. Este parque mistura os estilos dos jardins ingleses com os italianos, conseguindo um dos espaços verdes mais formosos desta zona. O parque extende-se ao longo de 143 hectares com tantos tanques e arroios que chegam a ocupar 36 hectares.
Além das correntes de água e a exuberância das plantas, esta obra de Rinaldi conta com um obelisco de 32 metros, o Palácio do Priorato da Ordem de Malta, o Lago Preto, o Lago Branco situado no centro do Cais do Almirantado onde também se levanta o Palácio do mesmo nome, o Jardim Botânico com interessantes labirintos, o Pavilhão de Venus na Ilha do Amor, a Portada Máscara, o Coto de Caça, a Selva, o Anfiteatro de 1790, o Obelisco de Cesme e a encantadora Grota do Eco.
Pushkin
Pushkin
Pushkim é outro ponto de interesse situado a 27 quilômetros de São Petersburgo. Esta cidade foi a primeira do mundo que disfrutou de luz elétrica e este acontecimento teve lugar em 1887. Pushkin viveu nesta população para lograr a tranquilidade necessária para realizar sua obra, alugando oito habitações na Casinha da Viúva Kitaeva que, atualmente, pertence ao Museu Puskin. Um pouco mais embaixo encontramos o Instituto onde estudou o escritor.
Este edifício foi desenhado por Quarenghi nos anos 1794-1811. No jardim do Instituto levanta-se a Igreja de Nossa Senhora que acolhe, como o instituto, um outro museu dedicado a Pushkin com 1.400 peças que compoem a coleção onde se explica a vida do escritor e sua obra. Não poderia faltar neste entorno a Estátua do Pushkin estudante realizada por Bach em 1900 em comemoração do centenário do nascimento do poeta.
Nesta cidade pode-se visitar também o formoso Palácio de Catalina de Rastrelli. No exterior destaca a impressionante fahada de 306 metros de comprimento; o pátio de cor turquesa, os telhados em prata e os capiteis e frisos em dourado, o jardim pendurado, o formoso parque, os Banhos superiores e os inferiores de Neelov, o Canal dos Peixes, antigo vivero onde se criava peixe fresco para o consomo dos Czares, o Ermitage construido pelos mesmos arquitetos do Palácio de Catalina e suas cozinhas, situadas à dereita do palácio.
Também são de interesse o Almirantado, o Banho Turco que parece uma mesquita construido por Monighetti em 1852, a Pirâmide sob a qual eram enterrados os cachorros da Czarina, a Sala de Concertos e o Palácio de Alexandre de Quarenghi.
Esta impressionante mostra do rococó russo não desmerece no interior onde destacan, entre outras, a Escalinata de Honra adornada com jarros chineses e japoneses, a grande Sala que parece aum maior devido aos numerosos espelhos situados nas paredes, a Sala Branca que conta com uma preciosa estufa de cerâmica de Delf.
No Comedor de Gala pode-se contemplar o valioso enxoval denominada de caça pela sua decoração; o Gabinete Ámbar está revestido como seu próprio nome indica de ámbar, a Galeria de Pintura recolhe uma excelente mostra de pintura europeia, o Quarto dos Camareiros tem o chão de madera de goiabeira, ébano, acajú e azinheira, enquanto que a Galeria Jônica contém bustos romanos.
Pavlovsk
Pavlovsk
A última residência dos Czares nos arredores de São Petersburgo é Pavlovsk. Embora não tem a majestosidade das anteriores, é um conjunto arquitetônico de maior simplicidade e talvez em isso esteja seu atrativo.
O Palácio, destruido por um incêndio em 1803, foi reconstruido por Quarenghi, Rossi e Voronichin. Destacam no interior o Vestíbulo Egício, o Gabinete dos Tapizes com uma impressionante coleção de relógios, a Sala da Guerra decorada em branco e ouro por Voronichin, a Sala Grega que contém uma preciosa cheminé de lapislássuli, a marquetaria da Sala da Paz, a grande Biblioteca com mais de 20.000 livros, os tapetes franceses e o tocador de aço situados nas Habitações de Maria Feodorvna, as pinturas da Galeria de Arte, o enxoval imperial do Comedor e as auténticas esculturas romanas dos séculos I e II a.C. da Galeria de Esculturas.
No exterior encontra-se o parque de estilo inglês onde pode-se desfrutar enormemente com o Templo da Amizade realizado por Cameram em 1872, o Mausoleu levantado em homenagem de Paulo I e sua esposa, o Monumento aos Pais, encarregado pela Czarina como homenagem a sus pais, a Casinha do Leite, o Pavilhão das Rosas, a Prazinha das Bétulas Brancos e o Vale dos Tanques como máximos atrativos.
Fonte: www.rumbo.com.br
São Petesburgo
Capital: Moscou
Moeda: rublo
Língua: russo
Documentação: Passaporte válido.
A Rússia, mesmo antes da queda do comunismo, já havia começado a se abrir para o turismo. O país continua passando por muitas profundas transformações, a cada ano recebe mais visitantes. A viagem pela Rússia vale a pena não somente por seus museus e atrações e também pelo momento histórico que o país está vivendo.
Conhecer a Rússia é uma experiência marcante e diferente. Infelizmente é também verdade que não é tão simples viajar pela Rússia e que quase sempre a maioria das pessoas preferem pegar excursões. O que está mais ao alcance dos turistas são as cidades de Moscou e de São Petersburgo.
Melhor Época
O inverno é uma época francamente desaconselhável para se visitar a Rússia. Veja as temperaturas! O ideal é ir no fim da primavera, o verão e o começo do outono.
No final do outono já faz bastante frio
A melhor das portas de entrada para a Rússia é a gloriosa São Petersburgo, chamada de Leningrado durante a existência da URSS, a cidade mais “européia” desse imenso país. Ela é obra de Pedro, o Grande, que parece tê-la idealizado para rivalizar com as maravilhas arquitetônicas do Ocidente. A cidade é cheia de lindas alamedas que se estendem pelo delta do rio Neva.
Em razão da alta latitude, as noites de verão são claras e o crepúsculo transforma São Petersburgo em um lindo cenário: são as “Noites Brancas” de Dostoievski…
Em estilo rococó, o Palácio de Inverno abriga parte do Museu Hermitage, um dos maiores e mais ricos do mundo. O museu ocupa um conjunto de palácios, todos eles formando uma imensa praça, na qual fica também a catedral de Santo Isaac. construída em comemoração à vitória sobre Napoleão, possui um imponente domo, domo visível de quase toda a cidade. Lá de cima se tem uma bela vista da elegante São Petersburgo (Afinal de contas, sua principal avenida Nevsky Prospect é comparada à Champs Élysées). Em sua frente, o monumento a Nicolau I.
São Petersburgo – Catedral de São Isaac
Palácios não faltam: São Petersburgo tem outros, como o de Verão, o Stroganov e o Beloselsky-Beloselsky, todos eles ricos e grandiosos, bem ao gosto do monarca.
Nas ilhas sobre o rio Neva também há atrações: a fortaleza de São Pedro e São Paulo, na ilha Zayachy, acabou sendo usada como prisão política após a revolução de 1917, e a ilha Vasilevsky, bem maior, tem vários museus.
São Petersburgo – Um canal do rio Nevao
A rica arquitetura de São Petersburgo também pode ser admirada na Nevsky Prospect, elegante avenida que é a artéria central da cidade, rica em estátuas, monumentos e restaurantes.
Fonte: www.manualdoturista.com.br
São Petesburgo
São Petersburgoé uma cidade-milagre, nascida do desejo de um czar, testemunho de 300 anos de história de um império em permanente mutação.
Mas longe de ser uma cidade-museu, a viver das heranças de um passado glorioso, é, talvez, o local da Rússia onde a modernidade europeia e o impacto com a economia de mercado são mais visíveis. Para o bem e para o mal.
SÃO PETERSBURGO, A CIDADE QUE NASCEU DO MAR
Pedro, o Grande assim o decidiu: aquele terreno pantanoso beira-Báltico, em pleno delta do Neva, entrecortado por dezenas de rios e canais, seria a nova capital.
E não seria uma capital qualquer: toda a força operária do império e os melhores arquitetos da época, como Rastrelli, concentraram-se aqui, dedicando-se exclusivamente ao seu planeamento e construção. Foi proibido o uso de materiais como pedra ou tijolo em outros locais, para que nada faltasse durante todo o processo. Iniciadas as obras com a fortaleza de Pedro e Paulo, na ilha de Zayachy, em 1703, só em 1913 a capital foi transferida de Moscovo, com a sua corte de nobres e pessoal administrativo, arrastados à força pelo desejo de sua majestade. Déspota e teimoso, ao czar parecia dar prazer tudo o que contrariasse os seus súbditos.
Mais de cem mil pessoas morreram na construção de S. Petersburgo, levada a cabo por batalhões de operários, muitas vezes em regime de trabalho escravo, instalados em bairros miseráveis onde proliferava todo o tipo de doenças. Dito isto, fica mal dizer que valeu a pena. Mas a verdade é que é impossível evitar um enorme sentimento de admiração perante os palácios, catedrais e jardins que se levantam da água à força de diques, canais e pontes. E ao chamar-lhe Veneza do Leste, ficamos sem saber qual das duas cidades estamos a elogiar.
Ao fundo, a belíssima Igreja da Ressurreição de Cristo, um dos mais extraordinários edifícios de S. Petersburgo.
Ao princípio, a sensação de grandiosidade vem apenas do tamanho das avenidas, largas e espaçosas como só os impérios sabem construir. Na Ploschad Vosstania, a estrela comunista ergue-se sobre uma coluna granítica, dominando os edifícios clássicos da praça, de tons pastel e linhas rigorosas.
Ali perto fica o São Petersburg Hostel, conveniente pela localização e pelo preço, um pouco menos imperial que em outros hotéis: 40 dólares por um quarto espartano com casa de banho no andar de baixo, onde o único luxo é um velho – mas indispensável – aquecedor elétrico.
Os pequenos-almoços eram uma espécie de mesa-redonda de turistas, onde os americanos, em maioria, relatavam com minúcia aos colegas de nacionalidade o que tinham feito no dia anterior, indicando locais, preços e preferências.
No rés-do-chão do edifício, fica o segundo lugar com mais americanos da cidade: uma pequena agência que oferece serviços de compra de bilhetes de avião e comboio, evitando a incómoda tarefa de enfrentar funcionários que não vêem vantagem nenhuma em atender turistas que, ainda por cima, não falam uma palavra de russo.
E num país que está apenas entreaberto ao turismo, com leis pouco estimulantes no que diz respeito à entrada de estrangeiros, encontrar quem fale inglês e, ao mesmo tempo, saiba contornar e resolver as burocracias locais, para muitos é um alívio que estão dispostos a pagar caro. A abertura do cidadão comum ao contato com estrangeiros é, no entanto, muito superior à do governo e do seu cortejo de funcionários públicos, sobretudo nesta janela do Báltico, a cidade mais virada para o ocidente em toda a Rússia.
NEVSKY PROSPEKT, CORAÇÃO DE UMA S. PETERSBURGO CAPITALISTA
A Avenida Nevsky (Nevsky Prospekt) é uma amostra do país, da economia à moda, com exemplos de todos os escalões etários e sociais. Ao longo dos seus quatro quilómetros convivem o fast food e as confeitarias europeias, modernas boutiques de roupa e calçado, esplanadas com cachorros-quentes, cigarros vendidos à unidade por velhinhas encasacadas, violinistas que não têm mais de dez anos de idade, mas já perfumam o metro com melodias clássicas.
Os edifícios e palácios sabiamente distribuídos pela zona têm um charme antigo, que contrasta incomodamente com vendedores sem idade tentando não parecer mendigos enquanto oferecem, em silêncio, alguns objetos de plástico. Vê-se que não estão habituados a pedir, mas a situação econômica já levou uma parte demasiado visível da população a um estado imediatamente anterior ao da mendicidade. Durante os anos noventa, o PIB desceu mais de 50% enquanto a inflação subiu em flecha, fazendo ruir o sistema social soviético, e deixando em muito maus lençóis todos os que dependem economicamente do governo.
Na presente situação, é difícil explicar a um idoso, que estaria a viver de forma modesta mas segura de uma pensão regular, as indiscutíveis vantagens de se poder dizer mal dos políticos, ou falar com estrangeiros sem ter problemas com a polícia; o problema agora é arranjar o dinheiro necessário para poder, pelo menos, comer e pagar o aquecimento durante os meses de Inverno.
Junto a lojas de marcas internacionais, como a Reebok, Ecco, Benetton ou Barbie, há quem venda o espólio da própria casa. Fossem mendigos mediáticos, do género português, que misturam o teatro com a realidade, gemidos e apelos com uma pobreza relativa, e poderíamos duvidar. Mas frente a personagens tão dignas como um grupo de babushkas, de lenço e casacão cinzento, que canta com empenho – e sem olhar os transeuntes – comoventes coros russos para conseguir algumas moedas, é impossível não maldizer os czares e todos os imperialismos passados e futuros, que periodicamente trazem a miséria à cidade.
Mesquita construída ao estilo de Samarcanda
Num cenário de sonho feito de cores suaves, onde as igrejas ortodoxas parecem palácios do Walt Disney, com forma de bolo de aniversário e suspiros dourados no cimo, vivem cerca de trinta mil meninos da rua com idades inferiores a doze anos. Este é um desmoralizador conjurar de imagens da guerra civil dos anos vinte, quando milhões de crianças sem família, os besprizorniki (negligenciados), sobreviviam nas ruas do país. O problema foi sanado pelo governo soviético com reformas que incluíram internatos e orfanatos e, até agora, os russos acreditavam que os sem abrigo eram coisa dos países capitalistas.
Mas como nos disse um sexagenário, em passeio com o neto pelos Jardins de Verão: A perestroika? Até agora só temos as piores coisas do capitalismo!
Felizmente, para o turista desavisado a cidade é toda pompa e circunstância; enquanto a Rússia hesita entre a Europa e a Ásia, S. Petersburgo parece não ter dúvidas sobre o caminho a seguir. Mesmo para a opinião interna, a cidade é um oásis intelectual, onde os cinco milhões de habitantes têm ao seu dispor cerca de setenta museus e duas mil e seiscentas bibliotecas públicas.
Os seus dois séculos como capital foram de esplendor artístico: aqui nasceu o balé russo; Nijinsky, Rimsky-Korsakov e Tchaikovsky passaram aqui importantes períodos da sua vida.
Também Pushkin e Dostoievsky ficaram para sempre associados a São Petersburgo: o apartamento onde viveu Pushkin tornou-se uma atração turística, e Dostoievsky escolheu a cidade como cenário do seu romance Crime e Castigo.
O MUSEU HERMITAGE E OUTRAS OBRAS DE ARTE
Num dos extremos da Nevsky (a Avenida do Neva), ergue-se um dos mais importantes museus do mundo, o Hermitage, distribuído por cinco edifícios, entre os quais o magnífico Palácio de Inverno, desenhado por Rastrelli. O seu recheio é impressionante, quer pela importância das coleções quer pela sua extensão, que requer mais de um dia para uma visita completa. Na mesma praça, de uma uniformidade elegante, fica a Coluna de Alexandre e o Arco de Triunfo, tudo a dois passos da cúpula dourada do Almirantado.
Atravessando o Neva, chega-se à ilhota de Zayachy – apenas uma, entre as mais de quarenta que fazem parte do delta – ocupada pela Fortaleza de Pedro e Paulo. Este é o edifício mais antigo da cidade e cerca a catedral com o mesmo nome, onde repousa a maior parte dos czares.
Serviu de prisão política nos tempos imperiais e revolucionários: diz-se que o filho de Pedro o Grande, Alexei, foi um dos primeiros inquilinos e aqui morreu, vítima das torturas supervisionadas pelo pai. Outros prisioneiros famosos – e mais recentes – foram Dostoievsky, Gorky e Trotsky.
Estatuária no jardim de Verão de S. Petersburgo
Próximo dali, surge uma surpresa das árvores do Parque Lenine: uma mesquita de cúpula azul-turquesa, no mais puro estilo centro-asiático. Para nos deslocarmos de obra de arte em obra de arte, recomenda-se os transportes públicos, nomeadamente o metro que, por si só, já é uma delas. O tamanho da cidade não se compadece com grandes passeios a pé – assim como as ruas, em plena fase de mudança para os seus nomes pré-revolucionários, em tal escala que nem os próprios habitantes conhecem ainda muito bem todas as novidades.
Os cerca de cento e sessenta quilómetros de rios e canais que, desde a sua fundação, inspiraram os visitantes a comparações com Veneza, Paris ou Amesterdão, são cruzados por quinhentas e oitenta e oito pontes que nos levam por ruas e alamedas, adornadas por cúpulas, colunatas altíssimas, filas de estátuas espalhadas por beirais e jardins, num festival de riqueza e ostentação.
Erro crasso já corrigido foi a mudança de nome para Leninegrado, em 1924, ano da morte de Lenine; nem com toda a boa vontade dos bolcheviques esta cidade poderia adaptar-se a um nome ligado à revolução: foi feita por e para czares, respira império em cada esquina.
A catedral de S. Nicolau, pintada num idílico tom azul-céu, a monolítica catedral de S. Isaías e a graciosa Igreja da Ressurreição de Cristo, construída no fim do século XIX no local do assassínio do czar Alexandre II, são apenas alguns dos mais belos exemplares da arquitetura religiosa da cidade. Sinais dos tempos, na bela catedral de Smolny é preciso pagar 8.000 rublos para ultrapassar um horrível tabique de madeira e ver o altar…
SÃO PETERSBURGO, CIDADE DE CONTRASTES
Para além de toda a parafernália histórica, que delicia qualquer um, o que mais nos conquista na cidade é o contraste entre o cenário de absoluta luxúria para os olhos, e as personagens que o habitam. As mulheres são consideradas as mais elegantes do país, e fazem nitidamente por isso, mesmo numa economia em depressão. Ao passearmos pelo centro, as mudanças sociais tornam-se palpáveis, com os outdoors da Marlboro a ocuparem o lugar das imagens de Lenine, a Pizza Hut a substituir as antigas cantinas populares. Jovens padres ortodoxos, de veste negra e longas barbas proféticas, distribuem bênçãos na rua ou pedem esmola para os conventos mas, mais do que nunca, têm de disputar as almas dos fiéis a uma série de novas religiões que, aproveitando a liberdade religiosa, chegam em peso à cidade e ao país.
A comunidade Hare Krishna é, talvez, a mais visível e incongruente, distribuindo bolinhos, cânticos e danças junto ao canal Fontanka, com as paredes vermelhas e barrocas do palácio Beloselsky-Belozersky em pano de fundo. As rígidas fardas dos soldados, de bonés imponentes, escondem uma classe com salários em atraso e dificuldades em sustentar a família, que leva a que complementem o fim do mês com negócios paralelos – um quiosque, por exemplo. Nascem como cogumelos e vendem miudezas (bebidas, fruta, bolachas, margarina), funcionando como pequenas lojas de conveniência. Há médicos e outros profissionais de carreira que optaram por este modo de vida, ao entrarem no beco sem saída de uma economia em queda (quase) livre.
Outro dos novos habitantes de S. Petersburgo é o segurança armado de metralhadora e colete à prova de balas, que protege as Casas de Câmbio – mais um negócio que esta época de dificuldades tem, aparentemente, tornado lucrativo. À entrada do metro, de estações sumptuosas como uma réplica subterrânea da cidade, grupos de sul-americanos debitam os ritmos sacudidos e as flautas harmoniosas de uma melodia andina, imagens sonoras de um centro urbano cada vez mais cosmopolita, prenúncio de novos tempos a que ainda nem todos se habituaram.
VERÃO EM SÃO PETERSBURGO
Cascata de Petrodvorets
Depois das neves prolongadas que os Invernos sempre trazem – S. Petersburgo compartilha a latitude do Alasca e da Gronelândia -, lá para Maio, chegam os belos e frios dias de sol, que tornam impossível fitar as cúpulas incandescentes das igrejas. É neste mês que se festeja a fundação da cidade, ao mesmo tempo que se homenageia Pedro o Grande, no dia do seu aniversário.
E em dias de festa, a cidade exige tudo aquilo a que tem direito: fogo de artifício, regatas, bandas militares, bailes ao gosto da corte imperial, mas também espetáculos com palhaços, exibições de escolas de dança (a macarena e o bate forte tambor estavam na berra), música Tecno promovida pela Coca-Cola e, sobretudo, uma participação maciça da população, que dança e aplaude com um empenho e falta de modéstia pouco comuns, numa cidade de longos e escuros Invernos.
As saias encurtam, a maquilhagem fica mais forte, os marujos aparecem agarrados s namoradas e mães nervosas passam com cruzetas de roupa, para as crianças mudarem entre dois shows de dança. Admiradores dos Sepultura chapinam na água dos repuxos, junto ao Hermitage, encharcando o mais possível quem passa por perto, sob o olhar atônito de veteranos à civil, com coleções enormes de medalhas penduradas na lapela. Todos querem ver ou participar e o coração da cidade, em redor da coluna de Alexandre, transforma-se numa gigantesca sala de espetáculos.
A Grande Cascata de Petrodvorets, na Avenida da Água, maravilha da hidráulica e da estatuária, começa também a jorrar nesta altura. Considerado o Versalhes russo, este palácio construído pelo czar Pedro o Grande possui uma série de pavilhões, espalhados por um extenso parque arborizado nas margens do Báltico, a cerca de trinta quilómetros de S. Petersburgo.
É um dos locais mais encantadores dos arredores, apesar do original ter sido arrasado pelos alemães durante a IIª Grande Guerra, e a beleza das suas fontes e repuxos só pode ser apreciada de Maio a Setembro, período em que a cidade parece mudar-se para o local aos fins-de-semana. Em Junho, é a vez das Noites Brancas, os últimos dez dias em que o sol se põe durante escassas horas. S. Petersburgo fica literalmente repleta de turistas russos e estrangeiros, e de novo a população festeja a sua cidade, desta vez durante a noite, com festivais de música e balé um pouco por todo o lado.
O CZAR PEDRO TINHA RAZÃO
Edifício no centro histórico de S. Petersburgo
A nível do turismo, há agora uma multiplicidade de ofertas, de restaurantes a hotéis, visitas guiadas, cruzeiros nos rios e canais e, até, percursos aéreos de helicóptero, para uma visão global das cúpulas douradas que se levantam das ilhas, os pontos mais altos e luminosos de uma cidade que nasceu da água. No Neva, é possível alugar um barco ou jantar num restaurante flutuante.
Nas margens, junto à Fortaleza de Pedro e Paulo, uma coleção de modernos adoradores do sol tenta obter o que se paga caro num dos solários da cidade, alguns deles com requintes de masoquismo: um homem lê o jornal de joelhos, enquanto outros parecem esperar o pelotão de fuzilamento, encostados ao muro de braços cruzados sobre peito, para colorir de sol as partes mais difíceis.
Mesmo ao lado, um grupo de músicos enternece os visitantes com temas populares russos, onde não faltam a balalaica e o acordeão. Em meia dúzia de anos, São Petersburgo atraiu como um íman um caleidoscópio de estilhaços culturais do ocidente e integrou-os em si sem problemas de maior.
Nos degraus da catedral de Kazan, um grupo de jovens com cortes de cabelo radicais e roupas escuras arranca com os acordes bem ritmados de um rockabilly.
Uma velhinha de saca de plástico pendurada no braço, a lembrar os tempos das filas intermináveis à porta das lojas, pára a olhar e segue caminho a falar sozinha, virando as costas a estas modernices, trazidas por uma época que não compreende.
Para ela acabaram-se as velhas certezas, a reforma, o cumprimento da lei e da ordem pública.
Mas sente-se que a modernidade faz parte de S. Petersburgo, tanto como a sua história – o czar Pedro tinha razão: esta não é uma cidade qualquer.
Fonte: www.almadeviajante.com
São Petesburgo
A fundação da cidade, em 1703, é o produto da vontade de um homem.
Duas razões moveram o czar Pedro, o Grande: defender a saída para o mar Báltico, região disputada há séculos com os suecos, e modernizar o país, construindo uma espécie de “janela para o Ocidente”.
O czar, desde cedo apaixonado pela indústria naval, havia feito uma grande viagem pela Europa, a chamada “grande embaixada de 1697”, chegando a trabalhar nos estaleiros da Holanda para aprender a arte da construção de navios. Voltou obcecado com a idéia de ocidentalização da Rússia, para a revolta da igreja de Moscou.
Aproveitando uma trégua com os suecos, o czar lançou as fundações de sua cidade numa ilha do rio Neva, que viria a se transformar na fortaleza de Pedro e de Paulo.
Os sacrifícios humanos foram numerosos. Cerca de 150 mil trabalhadores perderam a vida durante os primeiros três anos da construção da cidade. Os ossos dos mortos misturados ao cimento dos monumentos passaram a fazer parte da mitologia local.
Insustentável
Avenida Nievski por volta da meia-noite, ainda com luz do dia no período de verão
Mas São Petersburgo floresceu em grande velocidade. Cientistas, engenheiros, juristas, teóricos e economistas foram incentivados a viver por lá. Em cem anos, a cidade já era maior que Moscou e se tornou o símbolo de uma nova Rússia.
Durante o reinado de Catarina, a Grande, a cidade foi ampliada e embelezada.
Severos planos urbanísticos foram impostos: as fachadas deveriam ter padrão europeu e proporção harmônica com as ruas. Foram construídos o palácio de Inverno, hoje museu Hermitage, e o monumento a Pedro, o Grande, dois marcos.
Mas a grande ironia da história da cidade ainda viria. Ao abrir a janela para o Ocidente, o czar trouxe também as idéias liberais e de modernização que não condiziam com o regime autoritário da própria Rússia. Em 1814, os soldados que empurraram Napoleão de volta à França tiveram contato com as aristocracias, os parlamentos e as monarquias constitucionais da Europa ocidental.
Em meados do século 19, entre os cafés e as vitrines da avenida Névski começaram a circular as primeiras idéias vindas do oeste. Diversas manifestações por reformas constitucionais foram esmagadas pelo regime autoritário dos czares.
Não tardou muito para a situação ficar insustentável. Em 9 de janeiro de 1905, o “domingo sangrento”, 150 mil grevistas e operários foram praça do Palácio pedir melhorias e foram recebidos a bala pelos soldados de Nicolau 2º.
A Primeira Guerra Mundial trouxe ainda mais dificuldade. No meio da turbulência, Nicolau mudou o nome da cidade para Petrogrado, termo mais eslavo, num ato simbólico para conter a ocidentalização. Mas era tarde demais.
Após a abdicação do czar, entre os diversos grupos que disputavam o poder, os bolcheviques saíram vitoriosos. Em abril de 1917, vindo do exílio, Lênin desembarcava na estação Finlândia para mudar o rumo da história.
A exposição aos inimigos fez o novo governo mover a capital de volta para Moscou, e a cidade entrou em declínio. Após a morte de Lênin, foi rebatizada Leningrado.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a população deu provas de coragem. Por quase 900 dias a cidade resistiu ao exército nazista durante o chamado “cerco do Leningrado”, com toda a sorte de sacrifícios.
Leningrado permaneceu ofuscada pela importância de Moscou durante a segunda metade do século 20, até ser redescoberta pelos turistas estrangeiros depois do fim da União Soviética.
Num plebiscito em 1991, a população devolveu-lhe o nome de São Petersburgo.
Fonte: www1.folha.uol.com.br
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