Mandioca

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“Variado era o uso da mandioca na culinária indígena; e muitos dos produtos preparados outrora pelas mãos avermelhadas da cunhã, preparam-nos hoje as mãos brancas, pardas, pretas e morenas da brasileira de todas as origens e de todos os sangues”.

A botânica econômica é o ramo da botânica que se ocupa do estudo dos vegetais que têm importância sob o ponto de vista econômico, para isso são exploradas as características do vegetal nas mais diversas aplicações.

Conhecendo-se adequadamente sua aplicabilidade, toda planta têm importância econômica; todavia, algumas reúnem características de aproveitamento tão evidente que merecem maior atenção em seu estudo.

A mandioca é uma espécie de grande importância econômica, embora seu consumo de certo modo concentre-se no Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste, ela está presente em todo o território nacional.

Mandioca, aipim ou macaxeira são alguns nomes vulgares dessa euforbiácea, vegetal com uma grande variedade de exemplares.

As espécies podem ser divididas em dois grupos: espécies mansas e espécies bravas, obedecendo a um critério de toxicidade que será abordado logo adiante.

Esse vegetal além do valor econômico, reflete também um grande valor cultural, estando suas origens profundamente ligadas às origens dos índios da América do Sul.

Historicamente, a cultura da mandioca teve papel importante em todos os períodos do Brasil desde colônia e poderá ainda, ser um dos alicerces de um desenvolvimento sustentável.

Como surgiu essa estranha raiz?

Contam os índios tuxaua que, há muito tempo atrás, a filha de um poderoso chefe foi expulsa de sua tribo porque havia ficado grávida misteriosamente. Ninguém (nem ela!) sabia quem era o pai da criança.Por isso, a índia foi morar em uma velha cabana, bem longe da aldeia. Alguns parentes levavam comida para ela todos os dias. E assim se passaram muitos meses. Um dia, a índia deu à luz uma menina muito branca e muito bonita, a quem ela chamou de Mani. Todos ficaram sabendo da notícia, e de como era branca e linda a neta do chefe! Cheio de curiosidade, o velho índio viajou até a cabana para ver Mani.

A criança era mesmo muito especial. E o avô logo esqueceu as mágoas que tinha contra a filha! A criança cresceu amada por todos.Mas, assim que completou três anos de idade, morreu de repente. Não ficou doente, nem fraquinha, nem nada. Apenas, morreu. A mãe ficou desesperada, mas nada pode fazer. Assim, enterrou a filha perto da cabana e, ali, chorou, chorou e chorou, durante muitas horas.

Suas lágrimas corriam pelo seu rosto e iam pingar no chão da floresta, no lugar onde Mani fora enterrada. De repente, a pobre mãe viu uma brotar, num instante, da terra molhada, uma planta! Parecia um verdadeiro milagre, toda a tribo veio ver! As raízes da plantinha eram brancas, como Mani, e em forma de chifre.Todos quiseram provar daquela raiz miraculosa. E foi assim que a mandioca (“Mani”, a criança morta, e “aca”, chifre) se tornou o principal alimento dos índios da Amazônia!

Um pouco da história da mandioca

Entre os séculos XVI e XIX a alimentação do brasileiro, de um modo geral, e, sobretudo nas áreas em que mais se fez sentir a influência indígena, sustentava-se basicamente na cultura e no consumo da mandioca (Manihot spp.) e da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) segundo suas diferentes maneiras de preparo. Se a desnecessidade de solos muito férteis e de técnicas refinadas para a cultura, manipulação e transformação da mandioca muito contribuíram para isso, outros fatores atuaram para disseminar e propagar seu uso, que acabou por incorporar-se de modo permanente ao regime alimentar do brasileiro.

Aceitação da mandioca pelos europeus

Elementos decisivos para a aceitação da mandioca pelos europeus que vieram habitar o Brasil foram: a facilidade de cultivo, rusticidade, capacidade de regeneração e de adaptação ecológica a ela inerente.

Características Gerais

Trata-se de um arbusto com crescimento vertical, com folhas palmadas contendo cinco a sete lóbulos, de cor verde azulada, sua altura varia de 1,50 a 2,40 metros. Segundo a classificação botânica pertence à família Euphorbiaceae, assim como a mamona e a seringueira.

O cultivo da mandioca é tão antigo e o intercâmbio de mudas e sementes tão intenso e descontrolado que se torna impo ssível uma classificação botânica absolutamente certa, devido à modificação das características das variedades silvestres em relação às cultivadas. Também é impossível julgar o valor econômico das diversas variedades, cada uma comporta-se diferentemente em cada clima, altitude e solo, ou seja, a inconstância das variedades no aspecto botânico também se manifesta na produção.

O Brasil é o maior produtor mundial, colhendo aproximadamente trinta por cento de toda a mandioca consumida no mundo, são cerca de dois milhões de hectares plantados.

Em medidas de calorias por meio hectare, só é igualada pelo arroz e pela banana. Além do valor energético devido ao elevado teor de amido das raízes, as folhas de mandioca contêm elevados índices de proteínas e vitaminas A e B.

Toxicidade

Vulgarmente, classificam-se as variedades de mandioca, em “bravas” (mandioca) ou “mansas” (aipim e macaxeira), conforme o teor de veneno que possuem.

Anteriormente, pensava-se que eram espécies distintas, sabe-se agora que a toxidez muda entre as diferentes variedades, com a idade das plantas, sob outras condições ambientais (solo, clima, altitude) e forma de cultivo.

São considerados os seguintes tipos de mandioca, relativamente ao conteúdo em ácido cianídrico:

Grupo: HCN/100g de polpa fresca
Mansas:
Até 10mg
Intermediárias:
Entre 10 e 20mg
Bravas ou tóxicas:
Acima de 20mg

O ácido cianídrico (HCN) é um veneno perigoso, a partir de certa dosagem, tanto para o homem como para o animal.

A mandioca brava é muito plantada em certas regiões, para o preparo de farinha, pois seu rendimento é maior. A preparação artesanal ou industrial do produto da mandioca (farinha, por exemplo), faz com que se evapore o veneno, técnica já dominada pelos indígenas sul-americanos desde a chegada dos primeiros europeus.

Usos da Mandioca

O componente mais importante da raiz da mandioca é a fécula (amido), cujo teor nas raízes frescas varia de 25 a 35%.

Dependendo do vegetal de origem, o amido possui uma denominação:

Amido (propriamente dito) – Reservado para o de origem de sementes ou grãos como milho, trigo, arroz.

Fécula – Quando extraído de raízes, tubérculos e rizoma.

Sagu – O verdadeiro sagu é obtido da parte central ou da medula de certas palmeiras.

A fécula, amido da mandioca, é mais conhecida como polvilho ou goma, extraído com a decantação da água de lavagem da mandioca ralada. Vários tipos de farinha são obtidos da mandioca, a farinha branca de mesa, puba, tapioca (transformação do polvilho) e outros, além de bolos, caldos e bebidas, originariamente típicos da culinária indígena.

A mandioca também é usada como forragem na alimentação animal, as folhas, ramas e restos de casca ou os desperdícios industriais do processamento da mandioca dão ótima ração.

Através de processos de fermentação e ação enzimática, além de outras reações químicas, as indústrias extraem da mandioca vários produtos químicos dentre os quais o principal é o álcool combustível.

O que é 

Também conhecido como aipim ou macaxeira

Melhores variedades: guaxupé, piraçununga, ouro-do-vale, IAC-mantiqueira, IAC-jaçanã IAC-4 -8 IAC-jacira; promissoras ainda em estudo: IAC 352-74, IAC 289-70b, SRT 1130.

Tipos

Comum, Santa Cruz, Saracura ou a Manteiga.

A Saracura tem casca externa de cor escura e a interna de cor rosa.

A Manteiga possui casca externa de cor escuro claro e a interna de cor rosa esbranquiçado.

Época de plantio: Abril – outubro.

Espaçamento: 1,0 x 0,5-0,6m (terras fracas) e 1,2 x 0,6m (terras férteis); tamanho da maniva: 20 a 25cm.

Mudas necessárias: 4 – 6m3 de ramas/ha.

Combate à erosão: Plantio em nível.

Adubação

No sulco de plantio: 500kg/ha de fórmula 04 -14 -08, bem misturados com a terra; em cobertura: (30 a 60 dias após a brotação): 30Kg de N.

A aplicação de PK nos sulcos de plantios ou em sulcos laterais a eles, sem contato com as manivas, colocando mais tarde o nitrogênio em cobertura (60 dias após o plantio), constitui o melhor procedimento até o momento.

Tratos culturais

Capinas mecânicas com repasses a enxada; herbicídas: Karmex, Cotoran e Devrinol (pré-emergência).

Combate à moléstias e pragas

Mandrova

Dipel, Sevin, Dipterex; canfeno clorado a 20%; bacteriose: empregar variedades resistentes; selecionar manivas de culturas livres da doença, eliminar restos de cultura de mandioca.

Época de colheita

Maio – agosto. A colheita deve ser feita quando a raiz estiver com 30 cm de comprimento e com diâmetro de uma garrafa de coca-cola média. A raiz com estas características alcança melhor preço no mercado. Outro fator importante é a consistência, a raiz ao ser quebrada, estala.

Produção normal: 15 a 20t/ha de raízes (um ano).

Melhor rotação: Adubos verdes, milho, algodão e soja.

Época de preço mais alto: outubro a fevereiro.

Embalagem: Caixa K – 20-22 kg. O aipim bem embalado, classificado e padronizado em tamanho e grossura média, tem maior facilidade de venda. É comum o produtor colocar ramas novas na boca da caixa. Alguns dizem que é para proteger a raiz contra o vento, a fim de evitar esta fique seca.

PÓS-COLHEITA

Mandioca de Mesa (Manihot utilissima)

A mandioca se deteriore muito mais rapidamente do as outras hortaliças de raiz, que são estruturas de sobrevivência.

A mandioca não apresenta um ponto de colheita definido. Para o uso como hortaliça a mandioca deve possuir tamanho compatível com a exigência de mercado.

Se a colheita for atrasada, o diâmetro e o comprimento destas raízes aumenta sem causar substancial prejuízo à qualidade alimentar, mas o seu valor comercial é prejudicado.

Durante o armazenamento a mandioca escurece rapidamente deixando a polpa com sintoma de listas escurecidas. A velocidade de escurecimento pode ser reduzida se as raízes forem mantidas em atmosfera com alta umidade relativa (>95%). A raiz é sensível ao resfriamento em temperaturas próximas a 0oC. A desidratação limita a vida útil da mandioca fresca em cerca de uma semana.

A melhor alternativa para o armazenamento doméstico e para a comercialização internacional da mandioca tem sido o congelamento de segmentos da raiz descascada. Alternativamente, seções descascadas da raiz da mandioca também podem ser conservadas por alguns dias imersos em água. O escurecimento também pode ser reduzido se as raízes tiverem suas extremidades mergulhadas em parafina líquida antes do armazenamento.

Tipo 

A mandioca é um alimento altamente energético, podendo substituir o pãozinho, ou mesmo o arroz e o macarrão.

Contém, ainda, razoáveis quantidades de vitaminas do Complexo B, principalmente Niacina, que estimula o apetite, promove o crescimento e conserva a saúde da pele. Seus sais minerais como o Cálcio, Fósforo e Ferro participam da formação dos ossos, dentes e sangue.

No Nordeste, ela é conhecida como macaxeira.

No sul, como aipim.

Mas tem ainda muitos outros nomes: maniva, pão de pobre, macamba, uaipi, pau de farinha.

É a nossa mandioca, palavra de origem tupi que batiza essa delícia, campeã da preferência nacional, da qual somos, orgulhosamente, o maior produtor do mundo!

Mas esta raiz que se transforma em pratos saborosos fica devendo quando o assunto é nutrição: é pobre em proteínas e vitaminas.

Conforme o tipo, a polpa da mandioca deve apresentar cor branca ou amarelada uniforme e a casca deve soltar-se com facilidade.

Mas, mesmo de boa qualidade, convém conservar a mandioca por apenas 2 dias quando fresca. No entanto, descascada e coberta com água numa vasilha, ela dura por mais tempo, assim como, depois de cozida.

O período de safra da mandioca vai de janeiro a julho.

Mandioca
Mandioca

Tabela e Valor nutricional da Mandioca, cozida

% VD*
Valor energético 125.4kcal = 527kj 6%
Carboidratos 30,1g 10%
Proteínas 0,6g 1%
Gorduras saturadas 0,1g 0%
Gorduras monoinsaturadas 0,1g
Gorduras poliinsaturadas 0,1g
Fibra alimentar 1,6g 6%
Fibras solúveis 0,0g
Cálcio 18,6mg 2%
Vitamina C 11,1mg 25%
Piridoxina B6 0,0mg 0%
Fósforo 22,4mg 3%
Manganês 0,1mg 4%
Magnésio 26,8mg 10%
Lipídios 0,3g
Ferro 0,1mg 1%
Potássio 100,4mg
Cobre 0,0ug 0%
Zinco 0,2mg 3%
Tiamina B1 0,1mg 7%
Sódio 0,9mg 0%

Fonte: www.horti.com.br/www3.ufla.br/www.cati.sp.gov.br/ uvnt.universidadevirtual.br/www.agrov.com/www.vitaminasecia.hpg.ig.com.br/www.informacaonutricional.net

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