Cum real de amor (1598)

Redondilhas de Luís Vaz de Camões

Cantiga

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a esta cantiga alheia:
Tende-me mão nele
qu’um real me deve I

VOLTAS

Cum real de amor,

dous de confiança

e três de esperança

me foge o tredor.

Falso desamor

se encerra naquele

qu’um real me deve.

Pediu-mo emprestado,

não lhe quis penhor;

é mau pagador,

tendo-mo aferrado.

Cum cordel atado,

ao Tronco se leve,

qu’um real me deve.

Por esta travessa

se vai acolhendo;

ei-lo vai correndo,

fugindo a grã pressa.

Nesta mão e nessa

o falso s’atreve,

qu’um real me deve.

Comprou-me amor

sem lhe fazer preço:

eu não lhe mereço

dar-me desfavor.

Dá-me tanta dor

que ando após ele

pelo que me deve.

Eu de cá bradando,

ele vai fugindo;

ele sempre rindo,

eu sempre chorando.

{El} de quando em quando

no amor s’atreve,

como que não deve.

A falar verdade,

ele já pagou;

mas inda ficou

devendo ametade.

Minha liberdade

é a que me deve:

só nela se atreve.

Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br

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