Poluição das Águas Subterrâneas

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Poluição das Águas Subterrâneas – O que é

Quando os contaminantes nas águas subterrâneas excedem os níveis considerados seguros para o uso de um aquífero específico, a água subterrânea é considerada poluída.

Existem três fontes principais de poluição das águas subterrâneas. Isso inclui fontes naturais, atividades de descarte de resíduos e derramamentos, vazamentos e atividades de fontes não pontuais, como práticas de manejo agrícola.

Todas as águas subterrâneas contêm naturalmente alguns sais ou minerais dissolvidos. Esses sais e minerais podem ser lixiviados do solo e dos próprios materiais aquíferos e podem resultar em água que apresenta problemas para o consumo humano, é considerada poluída ou não atende aos padrões secundários de qualidade da água. Minerais naturais ou sais que podem resultar em águas subterrâneas poluídas incluem cloreto, nitrato, flúor, ferro e sulfato.

Atualmente, não existem métodos viáveis para o descarte em larga escala de resíduos que não tenham potencial para poluição grave do meio ambiente, e existem várias práticas de descarte de resíduos que ameaçam especificamente as águas subterrâneas. Isso inclui atividades que vão desde sistemas separados de tratamento de esgoto para residências individuais, usados por 30% da população nos Estados Unidos, até o armazenamento e descarte de resíduos industriais.

Muitos dos problemas colocados pelos resíduos industriais surgem do uso de instalações de armazenamento de superfície que dependem da evaporação para descarte.

Essas instalações também são conhecidas como lagoas de descarga, e existem outros tipos em que os resíduos são tratados com padrões adequados para descarga em águas superficiais.

Mas no uso de ambas as instalações existe o potencial para o movimento de contaminantes nas águas subterrâneas. Muitos dos inúmeros aterros sanitários do país estão na mesma situação. A água que desce e se afasta desses locais para os aquíferos subterrâneos carrega consigo uma variedade de produtos químicos lixiviados do material depositado nos aterros. O líquido que sai dos aterros sanitários é chamado de lixiviado.

As práticas agrícolas também contribuem para a poluição das águas subterrâneas, e houve aumentos nas concentrações de nitratos e concentrações baixas de pesticidas.

Para o controle da poluição das águas subterrâneas, uma das práticas agrícolas mais importantes é o manejo do nitrogênio de todas as fontes – fertilizantes, plantas fixadoras de nitrogênio e resíduos orgânicos.

Uma vez que o nitrogênio está na forma de nitrato, ele está sujeito à lixiviação, por isso é importante que a quantidade aplicada não exceda a capacidade das culturas de usá-lo. Ao mesmo tempo, as culturas precisam de nitrogênio adequado para obter altos rendimentos, e um bom equilíbrio deve ser mantido. A contaminação por pesticidas de baixo nível ocorre em áreas onde os aquíferos são sensíveis à atividade superficial, particularmente áreas de aquíferos rasos sob solos rapidamente permeáveis e regiões de topografia “Cárstico, carso ou karst” onde a poluição profunda e ampla pode ocorrer devido a fraturas no leito rochoso.

Exceto nos casos de resíduos de injeção em poços profundos ou substâncias contidas em aterros sanitários, a maioria dos contaminantes se desloca da superfície do solo para os aquíferos. A água geralmente se move através de uma zona insaturada, na qual processos biológicos e químicos podem atuar para degradar ou alterar o contaminante.

A absorção das plantas também pode atuar para reduzir parte da poluição. Uma vez no aquífero, a forma como o contaminante se move com a água dependerá da solubilidade do composto, e a velocidade da contaminação dependerá da rapidez com que a água se move através do aquífero. A degradação química e biológica de contaminantes pode ocorrer no aquífero, mas geralmente a uma taxa mais lenta do que na superfície devido a temperaturas mais baixas, menos oxigênio disponível e atividade biológica reduzida. Além disso, existem contaminantes de aquíferos em
concentrações mais baixas, diluídas pelo grande volume de água. A maior parte da poluição permanece relativamente localizada em aquíferos, uma vez que o movimento dos contaminantes geralmente ocorre em plumas que têm limites definidos e não se misturam com o restante da água. Isso fornece uma vantagem para isolamento e tratamento.

Os tipos de produtos químicos que poluem as águas subterrâneas são tão variados quanto suas fontes. Eles variam de materiais inorgânicos simples como nitrato de fertilizantes, fossas sépticas e confinamentos, cloreto de alto teor de sal e metais pesados, como cromo de processos de revestimento de metal, a produtos químicos orgânicos muito complexos usados na fabricação e produtos de limpeza domésticos.

Um dos principais critérios para julgar o risco é a saúde pública. Os efeitos agudos da exposição imediata a um produto concentrado são frequentemente bem documentados, mas existem poucas evidências escritas para vincular os efeitos fisiológicos à exposição crônica de longo prazo. Sobre tudo o que está disponível são dados epidemiológicos que sugerem possíveis efeitos, mas não são de forma alguma conclusivos. Os efeitos ambientais são ainda menos compreendidos, mas alguns sugeriram que a melhor maneira de determinar o perigo potencial é observar por quanto tempo uma substância persiste. Aqueles que permanecem por mais tempo são mais propensos a representar riscos de longo prazo.

A maneira mais eficiente de proteger as águas subterrâneas é limitar as atividades nas áreas de recarga. Para aquíferos confinados pode ser possível controlar atividades que podem resultar em poluição, mas isso é extremamente difícil para aquíferos não confinados que são essencialmente sistemas abertos e sujeitos aos efeitos de qualquer atividade terrestre. Em áreas de potencial intrusão de água salgada, o bombeamento em excesso pode ser regulado, e isso também pode ser feito onde a água está sendo usada para irrigação mais rapidamente do que a taxa de recarga, de modo que a água está se tornando salina.

Outra atividade importante para a proteção das águas subterrâneas é a vedação adequada de todos os poços que não estão sendo utilizados atualmente.

A classificação dos aquíferos de acordo com seu uso predominante é outra ferramenta de gestão atualmente empregada em diversos estados. Isso estabelece metas e padrões de qualidade da água para cada aquífero e significa que os aquíferos podem ser regulados de acordo com seu uso principal. Isso protege os aquíferos mais valiosos, mas deixa o problema de prever as necessidades futuras.

Uma vez que um aquífero é contaminado, é muito caro, se não impossível, restaurá-lo, e essa ferramenta de gerenciamento pode ter sérias desvantagens no futuro.

Poluição das Águas Subterrâneas – Origem

Poluição das Águas Subterrâneas

O consumo humano de água é cada vez mais crescente, assim afetando na quantidade de água doce disponível. Porém os problemas dos recursos hídricos também se estendem na qualidade dos corpos d’água, o que dificulta a questão da oferta e demanda para o abastecimento e insumos dos processos produtivos.

As águas subterrâneas têm vantagens no aspecto de quantidade e qualidade se comparadas com as superficiais, mas obtêm um tratamento oneroso.

Sua poluição é um dos assuntos mais abordados devido a nossa dependência desse recurso e para entender é necessário conhecer as fontes poluidoras.

As origens da poluição dos aquíferos podem ser através de fossas sépticas, infiltração de efluentes industriais, fugas da rede de esgoto e galerias de águas pluviais, vazamentos de postos de serviços, aterros sanitários e lixões, do uso indevido de fertilizantes nitrogenados, em geral de atividades que na maioria dos casos fazem parte de uma ocupação inadequada de uma área que não é considerada a sua vulnerabilidade, com destaque dos produtos químicos.

Legislações tanto federais quanto estaduais estão voltando para essa temática da preservação dos aquíferos, uma vez que o país torna-se mais dependente destes e por possuir os maiores do planeta.

Etimologicamente aqui significa água e fero, transfere ou do grego, suporte de água, corresponde a formação geológica do subsolo constituída por rochas permeáveis que armazena água em seus poros ou fraturas, estes caracterizando a permeabilidade do solo. Os aquíferos podem ser classificados como livres ou freáticos e confinados ou artesianos.

Poluição das Águas Subterrâneas

Devido o solo funcionar como uma proteção para as águas, estas são de excelente qualidade, mas também pode acarretar num obstáculo nos tratamentos quando poluídas.

A facilidade de um poluente atingir a água subterrânea dependerá dos seguintes fatores:

Tipo de aquífero
Profundidade do nível estático (espessura da zona de aeração)
Permeabilidade da zona de aeração e do aquífero
Teor de matéria orgânica existente sobre o solo.

As fontes de poluição são diversas, destacando os produtos químicos.

Poluição das Águas Subterrâneas – Lixões e cemitérios

Os contaminantes existentes em águas subterrâneas que se localizam próximas aos lixões e cemitérios, são oriundas do chorume, que são substâncias sulfloradas, nitrogenadas e cloradas, com elevado teor de metais pesados, que fluem do lixo, se infiltram na terra e chegam aos aquíferos. Estas águas registram a presença de bactérias do grupo coliformes totais, fecais e estreptococos.

As águas subterrâneas situadas nas vizinhanças dos cemitérios são ainda mais atacadas. Águas coletadas nessas proximidades revelaram a presença de índices elevados de coliformes fecais, estreptococos fecais, bactérias de diversas categorias, Salmonella, elevados teores de nitratos e metais como alumínio, cromo, cádmio, manganês, bário e chumbo.

Os cemitérios, que recebem continuamente milhares de corpos que se decompõem com o tempo, são autênticos fornecedores de contaminantes de largo espectro das águas subterrâneas das proximidades. Águas que, via de regra, são consumidas pelas populações da periferia, tornando-se então um caso de saúde pública.

Agrotóxicos e Fertilizantes contaminando os aquíferos

Inúmeras atividades do homem introduzem no meio ambientes substâncias ou características físicas que ali não existiam antes, ou que existiam em quantidades diferentes. A este processo chamamos de poluição.

Assim como as atividades desenvolvidas pela humanidade são muito variáveis, também o são as formas e níveis de poluição.

No geral as água subterrânea é bem mais resistente aos processos poluidores do que a água superficial, pois a camada de solo sobrejacente atua como filtro físico e químico.

A facilidade de um poluente atingir a água subterrânea dependerá dos seguintes fatores:

  1. a) Tipo de aquífero

Os aquíferos freáticos são mais vulneráveis do que os confinados ou semiconfinados. Aqüíferos porosos são mais resistentes dos que os fissurais, e entre estes os mais vulneráveis são os cársticos.

  1. b) Profundidade do nível estático: (espessura da zona de aeração)

Como esta zona atua como um reator físico-químico, sua espessura tem papel importante. Espessuras maiores permitirão maior tempo de filtragem, além do que aumentarão o tempo de exposição do poluente aos agentes oxidantes e adsorventes presentes na zona de aeração.

  1. c) Permeabilidade da zona de aeração e do aquífero

Uma zona de aeração impermeável ou pouco permeável é uma barreira à penetração de poluentes no aquífero.

Aquíferos extensos podem estar parcialmente recobertos por camadas impermeáveis em algumas áreas enquanto em outras acontece o inverso.

Estas áreas de maior permeabilidade atuam como zona de recarga e têm uma importância fundamental em seu gerenciamento.

Por outro lado, alta permeabilidade (transmissividade) permitem uma rápida difusão da poluição. O avanço da mancha poluidora poderá ser acelerado pela exploração do aquífero, na medida que aumenta a velocidade do fluxo subterrâneo em direção às áreas onde está havendo a retirada de água. No caso de aquíferos litorâneos, a superexploração poderá levar à ruptura do frágil equilíbrio existente entre água doce e água salgada, produzindo o que se convencionou chamar de intrusão de água salgada.

  1. d) Teor de matéria orgânica existente sobre o solo

A matéria orgânica tem grande capacidade de adsorver uma gama variada de metais pesados e moléculas orgânicas. Estudos no Estado do Paraná, onde está muito difundida a técnica do plantio direto, têm mostrado que o aumento do teor de matéria orgânica no solo tem sido responsável por uma grande diminuição do impacto ambiental da agricultura.

Têm diminuído a quantidade de nitrato e sedimentos carregados para os cursos d água. Segundo técnicos estaduais isto tem modificado o próprio aspecto da água da represa de Itaipu.

  1. e) Tipo dos óxidos e minerais de argila existentes no solo

Sabe-se que estes compostos, por suas cargas químicas superficiais, têm grande capacidade de reter uma série de elementos e compostos.

Na contaminação de um solo por nitrato, sabe-se que o manejo de fertilizantes, com adição de gesso ao solo, facilita a reciclagem do nitrogênio pelos vegetais e, consequentemente, a penetração do nitrato no solo é menor. Da mesma forma, a mobilidade dos íons nitratos é muito dependente do balanço de cargas. Solos com balanço positivo de cargas suportam mais nitrato. Neste particular, é de se notar que nos solos tropicais os minerais predominantes são óxidos de ferro e alumínio e caolinita, que possuem significante cargas positivas, o que permite interação do tipo íon-íon (interação forte) com uma gama variada de produto que devem sua atividade pesticida a grupos moleculares iônicos e polares.

Um poluente após atingir o solo, poderá passar por uma série reações químicas, bioquímicas, fotoquímicas e inter-relações físicas com os constituintes do solo antes de atingir a água subterrânea.

Estas reações poderão neutralizar, modificar ou retardar a ação poluente.

Em muitas situações a biotransformação e a decomposição ambiental dos compostos fitossanitários pode conduzir à formação de produtos com uma ação tóxica aguda mais intensa ou, então, possuidores de efeitos injuriosos não caracterizados nas moléculas precursoras.

Exemplos: Dimetoato, um organofosforado, degrada-se em dimetoxon, cerca de 75 a 100 vezes mais tóxico. O malation produz, por decomposição, o 0,0,0-trimetilfosforotioato, que apresenta uma ação direta extremamente injuriosa no sistema nervoso central e nos pulmões, provocando hipotermia e queda no ritmo respiratório.

Em uma pesquisa realizada pelo professor Ricardo Hirata, da equipe do CEPAS constatou contaminação por Resíduos de agrotóxicos em animais domésticos e seres humanos que utilizaram águas subterrâneas contaminadas por agrotóxicos em Campinas, São Paulo.

A contaminação resultou tanto de substâncias aplicadas incorretamente na plantação, como oriunda de embalagens enterradas com resíduos de defensivos agrícolas.

Em ambos os casos houve a infiltração e o acesso dos agrotóxicos aos aquíferos.

O uso indevido de fertilizante também afeta as águas subterrâneas. Segundo o professor Aldo Rebouças, substâncias fosforadas e nitrogenadas, que provocam a doença azul em crianças, podem acessar os sistemas aquíferos, com a desvantagem de que são de difícil remoção.

Na região de Novo Horizonte, em São Paulo, centro produtor de cana de açúcar, a aplicação de vinhaça resultante da destilação do álcool, como fertilizante, provocou a elevação do pH (índice de acidez)e consequente remoção do alumínio e ferro do solo, que foram se misturar às águas subterrâneas. Os aquíferos também são contaminados pela disposição irregular de efluentes de curtumes no solo, fato observado pelo professor Nelson Elert nos centros produtores de calçados de Franca e Fernandópolis, em São Paulo. Segundo ele, os resíduos de curtume dispostos no solo provocam a entrada de Cromo 6 e de organoclorados, afetando a qualidade dos lençóis subterrâneos.

Riscos de poluição de águas subterrâneasuma proposta de avaliação regional

Poluição das Águas Subterrâneas

Nas últimas décadas tem-se acentuado o desenvolvimento da exploração de águas subterrâneas no Brasil.

Estima-se hoje a existência de 80.000 poços tubulares ativos (além de milhares de poços rasos, escavados), que fornecem água para os diversos fins, sobretudo para abastecimento urbano.

Centenas de núcleos urbanos de porte variado são hoje abastecidos exclusivamente por água subterrânea.

Numerosos polos agro-industriais e agro-pecuários têm a água subterrânea como manancial prioritário para atendimento da demanda de água.

A crescente utilização dos recursos hídricos subterrâneos tende a aumentar nos próximos anos, tanto pelas necessidades decorrentes da concentração demográfica e da expansão econômica, como por suas vantagens relativas sobre as águas superficiais. Todavia, a situação atual da exploração é marcada por uma visão imediatista de uso do recurso, prevendo o descontrole e a falta de mecanismos legais e normativos. Nestas condições, os aquíferos, em diferentes áreas do território nacional, estão sujeitos aos impactos da extração descontrolada por poços e da ocupação indisciplina do solo, que põem em risco a qualidade das águas.

O reconhecimento de que as águas subterrâneas constituem uma reserva estratégica e vital para o abastecimento público, remete a uma especial preocupação com a proteção dos aquíferos por causa dos seguintes aspectos envolvidos:

O aumento e a diversificação de produtos químicos, potencialmente poluidores da água subterrânea, sobretudo nas três últimas décadas
O lançamento in natura de esgotos e efluentes industriais, em larga escala
O grande aumento na aplicação de fertilizantes e pesticidas na agricultura
Os efeitos potencialmente nocivos à saúde, associados à poluição de captações de água subterrânea, acarretando concentrações baixas mas persistentes de certos contaminantes de toxicologia pouco conhecida
A dificuldade e a impraticabilidade de se promover a remoção de poluentes em um grande número de fontes pontuais de captação (poços)
O fato de que a reabilitação de um aquífero poluído requer custos muito elevados, implicando muitas vezes no simples abandono da área de captação.

Apesar disso, existe uma atitude generalizada de subestimação dos riscos de poluição das águas subterrâneas, traduzida pela falta de políticas e de ações voltadas para a proteção dos aquíferos. A esse respeito, pesquisadores com experiência internacional (CLEARY & MILLER, 1984) assinalam que a poluição de água subterrânea nos países centrais não havia sido constatada até 15 anos atrás; porém, quando programas detalhados de monitoramento de poços, começaram a detectar traços de orgânicos em poços de abastecimento público, foram criados programas governamentais e uma rigorosa legislação de água subterrânea. Após notarem que as indústrias e processos existentes no Brasil são semelhantes aos dos países de origem (estes com inúmeros casos comprovados de poluição os autores deduzem que os processos de poluição dos aquíferos devem estar acontecendo aqui, só que não são pesquisados.

Numa estratégica de defesa da qualidade das águas subterrâneas, propõe-se, como passo inicial, uma avaliação regional, a nível de reconhecimento e com base em dados disponíveis, que consiste em mapear os graus de vulnerabilidade natural dos sistemas aquíferos e caracterizar os riscos potenciais de poluição associados á carga contaminante.

A base técnica resultante constituirá um instrumento para o planejamento das políticas e ações de proteção das águas subterrâneas.

Risco de Poluição de água subterrânea: fundamentos

A caracterização mais aproximada da ideia de risco de poluição de água subterrânea consiste na associação e interação entre a vulnerabilidade natural do aquífero e a carga contaminante aplicada no solo ou em sub-superficie.

De acordo com este esquema, pode-se configurar uma situação de alta vulnerabilidade, porém sem risco de poluição, pela ausência de carga poluidora significativa, ou vice-versa.

A carga poluidora pode ser controlada ou modificada; o mesmo não ocorre, com a vulnerabilidade natural, que é uma propriedade intrínseca do aquífero.

A vulnerabilidade de um aquífero á poluição significa sua maior ou menor susceptibilidade de ser afetado por uma carga contaminante imposta.

E um conceito inverso ao de capacidade de assimilação de um corpo de água receptor, com a diferença de que o aquífero possui uma cobertura não saturada que proporciona uma proteção adicional.

A caracterização da vulnerabilidade do aquífero pode ser melhor expressa por meio dos seguintes fatores:

Acessibilidade da zona saturada á penetração de poluentes
Capacidade de atenuação, resultante de retenção físico-química ou reação de poluentes.

Estes dois fatores naturais são passíveis de interação com os elementos característicos da carga poluidora, a saber:

O modo de disposição no solo ou em sub-superfície
A mobilidade físico-química e a persistência do poluente

A interação destes fatores permite avaliar o grau de risco de poluição a que um aquífero está sujeito. Nesta avaliação devem ser ponderados, ainda, a escala e magnitude do episódio de poluição, assim como a essencialidade do recurso hídrico afetado.

Metodologia de reconhecimento regional

Para as condições brasileiras, considera-se recomendável a realização de trabalhos de reconhecimento básico, em âmbito estadual ou regional (escala 1:250.000 ou 1:500.000) da situação de vulnerabilidade e risco de poluição dos aquíferos, de modo a identificar e a delimitar áreas potencialmente críticas. Este tipo de trabalho, de caráter expedito, produra tirar partido de dados existentes e levantamentos hidrogeológicos disponíveis, sem que necessariamente sejam utilizados recursos e atividades adicionais. E, por tanto, um método que deve ser claramente diferenciado daqueles que se baseiam em investigações de campo, incluindo amostragens, medições de nível da água e de efluentes, e, em muitos casos, a per furação de poços de monitoração, os quais pertencem a um estágio mais avanção de estudo (quadro 1).

Neste sentido, FOSTER & HIRATE (1988) propõem um roteiro básico de avaliação, em separado, da vulnerabilidade natural do aquífero e da carga contaminante, de cuja interação deve resultar uma caracterização preliminar das áreas de risco.

Caracterização da vulnerabilidade natural

Os componentes da vulnerabilidade de um aquífero não são diretamente mensuráveis e, sim, determinados por meio de combinações de outros fatores.

Além disso, dados referentes a vários fatores não podem ser facilmente estimados ou não estão disponíveis, o que obriga na prática a uma redução e simplificação da lista de parâmetros requeridos.

No limite, a lista de parâmetros disponíveis ficará reduzida a três, a saber:

a) o tipo de ocorrência da água subterrânea (ou a condição do aquífero)
b)
 as características dos estratos acima de zona saturada, em termos de grau de consolidação e tipo litológico
c) 
a profundidade do nível da água.

A metodologia empírica (Foster, 1987) proposta para avaliação da vulnerabilidade natural do aquífero, engloba sucessivamente estes três fatores.

A primeira fase consiste na identificação do tipo de ocorrência da água subterrânea, num intervalo de 0 – 1.

A segunda fase trata da especificação dos tipos litológicos acima da zona saturada no aquífero, com a discriminação do grau de consolidação (presença ou ausência de permeabilidade por fissuras) a das características granulométricas a litológicas. Este fator é representado numa escala de 0,4 – 1,0, além de um sufixo para os casos de tipos litológicos que apresentem fissuras ou coin baixa capacidade de atenuação de contaminantes. A terceira fase e a estimativa da profundidade do nível da água (ou do teto de aquífero confinado), numa escala de 0,4 – 1,0. 0 produto destes três parâmetros será o índice de vulnerabilidade, expresso numa escala de 0 – 1, em termos relativos.

Mapas de vulnerabilidade obtidos por meio de esquemas simplificados como es se, devem ser sempre interpretados com certa precaução, uma vez que não existe uma vulnerabilidade geral a um contaminante universal, num cenário típico de contaminação. Não obstante, considera-se que um sistema de classificação a mapeamento de aquíferos com base em um só índice de vulnerabilidade pode ser útil ao nível de reconhecimento.

Sua validade técnica pode ser assumida desde que fique claro que este índice não se refere a contaminantes móveis a persistentes que não sofrem retenção significativa ou transformação durante o transporte em sub-superficie. Esquemas generalizados a simplificados, quando não existe informação suficiente ou dados adequados, vem sendo progressivamente desenvolvidos -(Albinet & Margat, 1970; Aller et al, 1985).

Caracterização da carga contaminante

Do ponto de vista teórico, quatro características semi-independentes da carga contaminante precisam ser estabelecidas para cada atividade:

a) a classe de contraminastes envolvida, definida quanto a sua tendência à degradação (como resultado de atividade bacteriológica ou reação química) e a tendência ao retardamento devido a processos de troca de cations, sorção a outros,
b) 
a intensidade do evento de contaminação, em termos da concentração relativa de cada contaminante em relação aos valores recomendados pela OMS para a potabilidade da água a da extensão da área afetada.
c) 
o modo de disposição no solo ou sub-solo, analisado quanto à carga hidráulica associada e a profundidade de descarga do efluente ou de lixiviação de resíduos sólidos.
d) 
a duração de aplicação da carga contaminante, incluindo o período em que a carga a aplicada e a probabilidade de que ela atinja o subsolo.

Cada uma destas características atua com os diferentes componentes da vulnerabilidade natural do aquífero, resultando no maior ou menor risco de contaminação. Desta maneira, não a apropriado combinar esses quatro componentes da carga num só índice, a semelhança da vulnerabilidade.

Na pratica, dado o estagio atual de conhecimento técnico, é difícil encontrar todos os dados requeridos para a caracterização da carga contaminante numa determinada área, Face a este problema, uma alternativa viável é enfocar a questão por grupos de atividades geradoras de contaminação e, a partir daí, listar as atividades predominantes na área

Em áreas urbanas, a principal preocupação e a carga contaminante em zonas residenciais sem esgotamento sanitário, em tanques a fossas negras, que inclui nutrientes a sais (nitrato a cloro), bactérias a vírus a compostos orgânicos solúveis.

Nas áreas de concentração industrial, devido a extrema diversidade de atividades, processos de fabricação a práticas de disposição de efluentes, há maior dificuldade em estimar a carga contaminante.

Geralmente é possível estimar o volume de efluente a partir da quantidade de água utilizada, mas é difícil estabelecer a fração infiltrada no sub-solo. Resíduos sólidos, dispostos em lixões ou aterros sanitários, podem ter seus volumes de lixiviados-lestimados com certa segurança; porém, em muitos casos, não há informação confiável sobre a composição dos resíduos. Em todos os casos, torna-se necessário identificar cada fonte e analisá-las uma a uma.

Em áreas agrícolas, algumas práticas de manejo da terra podem causar uma séria contaminação difusa das águas subterrâneas, com altas taxas de lixiviação de nitratos a outros íons móveis a persistentes.

A taxa de lixiviação é normalmente estimada em termos de proporção de perda do peso aplicado.

De um modo geral, importa sobretudo identificar a prestar especial atenção aqueles constituintes que apresentam maior ameaça a saúde pública. Dentre os constituintes inorgânicos, os nitratos são os de ocorrência mais generalizada e problemática, devido a sua alta mobilidade a estabilidade em sistemas anaeróbicos. Os metais pesados perigosos (cadmio, cloro, chumbo, mercúrio) tendem a ser imobilizados por precipitação a só migram em condições de pH a Eh baixos. Quanto aos constituintes orgânicos, os que parecem apresentar ameaça maior são alguns dos alcanos a alquenos clorados, relativamente solúveis na água.

Considera-se que, mesmo coin as dificuldades de se caracterizar a carga contaminante em relação com as águas subterrâneas, é possível estabelecer uma gradação em termos de sua periculosidade (MAZUREK’, 1979). A partir das informações sobre os contaminantes envolvidos a suas concentrações, associadas á carga hidráulica, pode-se estabelecer três níveis (reduzido, moderado, elevado) distinguindo fontes potencialmente perigosas de outras que não oferecem grandes riscos.

Cartografia

Uma vez definida a vulnerabilidade natural do aquífero, sugere-se que este índice seja representado em mapa, com a delimitação das distintas áreas. Em cada domínio devem ser, também, representados os parâmetros hidrogeológicos adotados, como referencia para uma avaliação das suas principais características. Ao lado disso, deve-se organizar um cadastro de fontes de poluição, com dados mais completos. No caso de fontes multipontais ou difusas de contaminação, é mais prático delimitar a extensão das áreas com hachuras e representar os parâmetros da carga contaminante.

O exame conjunto, em mapa, das áreas mais vulneráveis em associação com fontes de contaminação potencialmente perigosas, ressaltará áreas críticas que serão objeto de estudos de detalhe, com programas de monitoração, e de medidas especiais de proteção.

Estratégia de proteção

O mapa de vulnerabilidade e risco de poluição de águas subterrâneas, a nível de reconhecimento regional, constitui uma base técnica de planejamento para as ações governamentais de controle e proteção dos aquíferos, na medida em que identifica e representa o zoneamento cartográfico de áreas potencialmente críticas.

Para o estabelecimento de políticas e programas de prevenção e controle da poluição, há que se considerar duas estratégias ou concepções distintas: a primeira, aparentemente mais simples, consiste em impor diferentes níveis de restrição, por meio dos chamados perímetros de proteção em torno de poços ou baterias de poços, caracterizado cada zona por um tempo de trânsito específico (variando de meses a alguns anos) em relação a estas fontes de captação.

Este enfoque, a pesar da conveniência administrativa e simplicidade legislativa, apresenta as seguintes restrições a uma aplicação efetiva:

O número crescente de poços em muitas área torna inviável o estabelecimento de zonas de proteção fixas
As deficiências dos dados e as incertezas técnicas dificultam o cálculo das dimensões requeridas pelos perímetros de proteção, exigindo um trabalho de detalhe, caso a caso, normalmente oneroso
O enfoque de perímetro de proteção está centrado no tempo de trânsito na zona saturada quando, na prática, é a zona não saturada a que oferece a barreira mais eficaz contra c contaminação.

Em vista disso, torna-se necessário buscar uma segunda via, mais amplia, flexível e universalmente aplicável para a proteção das águas subterrâneas. Trata se de promover o controle das atividades agrícolas, industriais e urbanas face à vulnerabilidade do aquífero à poluição, considerando a importância local do recurso hídrico subterrâneo no fornecimento de água potável.

A questão crucial é saber se se deve permitir a existência de indústrias que utilizam produtos químicos altamente tóxicos e persistentes, e de atividades agrícolas que dependem da aplicação de grandes quantidades de fertilizantes e praguicidas em áreas de alta vulnerabilidade de contaminação do aquífero.

A atitude mais realista e prática na conservação da qualidade das águas subterrâneas, tal vez seja buscar a combinação das duas opções, por meio das seguintes diretrizes:

Exercer a proteção geral do aquífero, sobretudo na área de recarga, com medidas de controle das atividades que o afetam
Estabelecer áreas de proteção especial em torno das baterias de poços de abastecimento público de água.

Fonte: www.geocities.com/www.encyclopedia.com(James L. Anderson)/www.cepis.ops-oms.org(Stepehn S.D. Foster/Ricardo César Hirata/Gerõncio Albuquerque Rocha)

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