Galileu Galilei

Galileu Galilei – Vida

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Nascimento: 15 de fevereiro de 1564, Pisa, Itália.

Falecimento: 8 de janeiro de 1642, Arcetri, Itália.

Muitas vezes lembrado como o pai da astronomia moderna, Galileu Galilei foi um dos mais célebres e ilustres astrônomos, matemáticos e físicos na história da humanidade.

Ele desempenhou um papel importante e foi instrumental no estabelecimento da revolução científica.

Galileu é creditado para o desenvolvimento de grande parte dos conceitos modernos, que se revelaram ser a base sobre a qual a pesquisa é conduzida nos tempos atuais.

Ao longo de sua vida, Galileu contribuiu grandemente para observatório astronômico.

Ele melhorou o telescópio, que o ajudaram em suas descobertas.

Ele também rejeitou a visão aristotélica que foi dominante naquela época e apoiado idéias de Copérnico.

Sua contribuição no campo da astronomia inclui a confirmação telescópica das fases de Vênus, a descoberta dos quatro maiores satélites de Júpiter, e a observação e análise das manchas solares.

Além disso, ele inventou uma bússola militar melhorado e outros instrumentos no domínio da ciência e da tecnologia aplicada.

Era a sua visão profética e heliocêntrica em apoiar o copernicanismo que irritou a Igreja Católica Romana e resultou em seu conflito ao longo da vida com a mesma.

No entanto, com o início do século 20, a Igreja suspendeu a proibição imposta aos livros de Galileu e aclamado como o Pai das ciências modernas.

Galileu Galilei – Biografia

Um dos maiores gênios que a Itália possuiu, no decorrer dos séculos, foi, certamente Galileu Galilei.

Nasceu em Pisa, em 1564; o pai, Vicente era homem de notável engenho e vasta cultura e foi ele o primeiro professor de Galileu, ao qual transmitiu aquilo que deveria ser o aspecto mais característico de sua personagem: a independência de pensamento, que o levaria a crer, antes de tudo, no que lhe parecia certo e seguro, aprendido por experiência direta, embora em contraste com o que os outros julgavam verdadeiro.

Este foi, por certo, um dos méritos principais de Galileu, que é celebrado, de fato, como o primeiro afirmador do “método experimental”: ele não cansava de repetir que o conhecimento de tudo o que nos cerca deve derivar somente das “sensatas experiências” e das “demonstrações necessárias” (isto é, matemática) e que “somente é mestra a Natureza”.

Galileu gastou sua vida em indagar, pesquisar, descobrir, certificar, pelos recursos da experiência, a verdade e as leis da Natureza, confirmando com justiça o que um século antes afirmava Leonardo: “A experiência não falha nunca, falham somente os nossos juízos”.

Ainda bem jovem, Galileu foi matriculado na Universidade de sua cidade, para fazer o curso de medicina, mas os problemas da mecânica e da matemática o atraíam sempre mais. Um dia, Galileu estava no Duomo de Pisa, quando sua curiosidade foi atraído pelo movimento de uma lâmpada, que, pendurada a uma longa corda e empurrada pelo sacristão, que acabara de acendê-la, oscilava com aquele típico movimento que nós chamamos “pendular”.

Galileu experimentou, por brincadeira, medir, com as batidas do próprio pulso, o tempo empregado pela lâmpada para cumprir uma oscilação e percebeu que os tempos de oscilação eram sempre iguais. Teve, então, a maravilhosa intuição de que aquele movimento tão regular podia ser explorado justamente para medir o tempo, e, em seguida, após haver anunciado a lei do “isocronismo” do pêndulo, desenhou, ele mesmo, um modelo de relógio a pêndulo.

Ao pesquisar em outro livro, notei outro argumento para a descoberta: Quando estudante de Filosofia e Medicina em Pisa, percebeu que um candelabro balançava, preso à abóbada e notou que as oscilações eram isócronas, o que lhe deu a idéia de aplicar o processo ao pêndulo para medir o tempo.

Ainda ao período pisano pertence outra importante descoberta de Galileu: a da queda dos sólidos. O grande cientista demonstrou que duas esferas iguais, mas de peso diferente, deixadas cair da mesma altura, tocam a terra no mesmo instante. Demonstrou esta sua lei com uma experiência efetuada em Pisa. Realmente até então, todos acreditavam que, quanto mais um corpo fosse pesado, tanto mais velozmente teria chegado à terra.

Após um incidente com o João dei Medici, filho do Grão Duque de Toscana (Galileu analisou uma máquina feita por ele para drenar o porto de Livorno, e disse que a máquina nada valia. Àquele tempos, dizer a verdade a um poderoso, em certos casos, não era permitido, e Galileu teve de tomar o caminho do exílio), que junto à pouca remuneração fez Galileu mudar-se para Pádua, pois de lá recebeu, como em Pisa, a cátedra da Universidade de Pádua, cidade esta onde ficou durante 18 anos, período mais fecundo de sua vida.

Lá, pôde-se dedicar-se completamente aos seus estudos; suas descobertas foram numerosas e engenhosíssimas, impossível de numerá-las aqui.

Construiu um “compasso geométrico”, uma espécie de régua calculadora para executar, rapidamente, difíceis operações matemáticas, inventou o “termo-baroscópio” para medir a pressão atmosférica, do qual derivou, mais tarde, o termômetro, estudou as leis das máquinas simples (alavanca, plano inclinado etc.) — e estes estudos são, até hoje, o fundamento da mecânica —, examinou as cordas vibráteis dos instrumentos musicais, ocupou-se com a velocidade da luz, inventou o binóculo e a balança hidrostática.

Em 1609, conseguiu construir um telescópio, bem mais aperfeiçoado do que aqueles que então existiam, e usou-o para explorar os céus.

Em 25 de agosto daquele ano, apresentou o novo aparelho ao cenáculo vêneto, provocando grande espanto e admiração, e, desde esse dia, Galileu, já matemático, físico, filósofo, tornou-se, também, astrônomo: em breve tempo, fez mais descobertas do que as que tinham sido feitas durante séculos: estudou as constelações Plêiades, Orion, Câncer e a Via Láctea, descobriu as montanhas lunares, as manchas solares, o planeta Saturno, os satélites de Júpiter e as fases de Vênus.

Em 1610, finalmente, pôde regressar a Pisa, com todas as honras, e foi nomeado matemático “superordinário” da Universidade e filósofo do sereníssimo Grão Duque, desta vez com o ordenado de 1.000 escudos por ano.

Foi a Roma, para mostrar suas invenções ao Papa Paulo V, sendo recebido com grandes honrarias. Suas descobertas astronômicas o haviam convencido de que a Terra não ficava no centro do Universo, como geralmente se acreditava, e sustentou esta tese, já enunciada também por Copérnico, com todas suas forças.

Alguns de seus inimigos convenceram o Papa que as teorias de Galileu eram mais danosas para a religião do que as heresias de Lutero e de Calvino. Foi perseguido, processado duas vezes e obrigado a abjurar, publicamente, suas teorias, e, depois, banido, em estado de detenção, para uma vila de Arcetri, perto de Florença.

Os últimos anos de sua vida foram, por isso, particularmente, amargurados, e ainda porque seus longos estudos ao telescópio cansaram de tal forma sua vista que o conduziram à cegueira.

Além de estar cego e magoado pela maldade e incompreensão dos homens, Galileu foi colhido por outra grave desventura, que tornou ainda mais amargos os últimos anos de sua vida: a morte de sua filha Virgínia, que se dedicara à vida religiosa, sob o nome de Soror Maria Celeste.

Esta suave figura feminina tinha sido de grande conforto ao pai, a quem ela assistira, espiritualmente, até quando, com apenas 34 anos, a morte lhe truncou a jovem existência.

A 8 de janeiro de 1642, cercado por alguns íntimos, desaparecia Galileu Galilei, deixando a Humanidade o fruto do seu grande e multiforme gênio.

Galileu Galilei – Planetas

Galileu Galilei
Galileu Galilei

Físico, Matemático e astrônomo Italiano, Galileu Galilei (1564-1642) descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da Inércia.

Por pouco Galileo não seguiu a carreira artística. Um de seus primeiros mestres, d. Orazio Morandi, tentou estimulá-lo a partir da coincidência de datas com Michelângelo (que havia morrido três dias depois de seu nascimento).

Seu pai queria que fosse médico, então desembarcou no porto de Pisa para seguir essa profissão. Mas era um péssimo aluno e só pensava em fazer experiências físicas (que, na época, era considerada uma ciência de sonhadores).

Aristóteles era o único que havia descoberto algo sobre a Física, ninguém o contestava, até surgir Galileu.

Foi nessa época que descobriu como fazer a balança hidrostática, que originaria o relógio de pêndulo. A partir de um folheto construiu a primeira luneta astronômica em Veneza. Fez observações da Via Láctea a partir de 1610 que o levaram a adotar o sistema de Copérnico. Pressionado pela Igreja, foi para Florença, aonde concluiu com seus estudos que o Centro Planetário era o Sol e não a Terra, essa girava ao redor dele como todos os planetas.

Foi condenado pela inquisição e teve que negar tudo no tribunal. Colocou em discussão muitas idéias do filósofo grego Aristóteles, entre elas o fato de que os corpos pesados caem mais rápido que os leves, com a famosa história de que havia subido na torre de Pisa e lançado dois objetos do alto. Essa história nunca foi confirmada, mas Galileu provou que objetos leves e pesados caem com a mesma velocidade.

Ao sair do tribunal, disse uma frase célebre: “Epur si Muove!”, traduzindo, ” e com tudo ela se move “.

Morreu cego e condenado pela igreja, longe do convívio público. 341 anos após a sua morte, em 1983, a mesma igreja, revendo o processo,decidiu pela sua absolvição.

Principais Realizações

A Luneta Astronômica, com a qual descobriu, entre outras coisas, as montanhas da Lua, os satélites de Júpiter, as manchas solares, e, principalmente, os planetas ainda não conhecidos. A balança hidrostática O compasso geométrico e militar Foi o primeiro a contestar as idéias de Aristóteles Descobriu que a massa não influi na velocidade da queda.

Galileu Galilei – Satélites

Galileu Galilei
Galileu Galilei – Satélites

Galileu Galilei, pioneiro da matemática aplicada, da física e da astronomia, nasceu em Pisa, a 15 de fevereiro de 1564, filho de Vincenzo di Michelangelo Galilei, um músico que fazia experiências com cordas instrumentais buscando comprovação de suas teorias musicais, e Giulia di Cosimo di Ventura degli Ammannati da Pescia. Foi educado no mosteiro de Vallombrosa, perto de Florença, cidade onde sua família se fixou em 1574.

Galileu entrou para a universidade de Pisa em setembro de 1581, para estudar medicina. Preparou-se para medicina por quatro anos (1581-84). Em fevereiro de 1582 o Papa Gregorio XIII, com a Bula “Inter Gravissimas” promulga a reforma do calendário com efeito a partir de 4 de outubro, que passaria a ser 15 de outubro.

Em 1583, observando a oscilação de uma lâmpada na Catedral de Pisa, Galileu descobriu o isocronismo pendular. Durante as férias iniciou o estudo da geometria sob a direção de Ostilio Ricci, de Fermo, mestre que servia na corte toscana.

Mas em 1585, por falta de recursos, interrompeu o curso em Pisa e voltou a Florença. Lecionou na academia florentina e em 1586 publicou um ensaio descrevendo a balança hidrostática, invento que tornou seu nome conhecido na Itália.

Em 1587 faz sua primeira viagem a Roma.

Em 1589 realizou algumas experiências e demonstrações sobre o centro de gravidade dos sólidos, o que lhe valeu passar a lecionar matemática na universidade de Pisa.

Nos anos 1590 e 1591 realizou seus famosos experimentos sobre a queda livre dos corpos e a gravidade, segundo a tradição efetuadas do alto da Torre de Pisa.

Fez imprimir o opúsculo Le Operazioni del compasso geometrico et militare.

Em 1592 conseguiu ingressar na universidade de Pádua, da República de Veneza, como professor de geometria euclidiana e astronomia aristotélica para estudantes de medicina que precisavam dessa disciplina como base para a prática médica da astrologia, e lá ficou 18 anos.

Em 1609, teve notícia da invenção do telescópio pelo holandês Zacharias Janssen, efetuada em 1608, e imediatamente interessou-se em aperfeiçoar o instrumento. No mesmo ano construiu seu telescópio em Pádua, duplicando a capacidade de aumento do aparelho, e começou em fins de 1609 a realizar com ele suas observações astronômicas. Do alto do campanário de São Marco mostrou a alguns venezianos o funcionamento de sua luneta, a qual ofereceu ao governo de Veneza, salientando a importância do instrumento no campo marítimo e bélico e foi confirmado professor vitalício de matemática na universidade de Pádua com expressivo aumento de salário.

Em janeiro de 1610 descobriu os quatro satélites de Júpiter e escreve sobre as montanhas da lua. Batizou os quatro satélites “Astri Medicei” em homenagem à casa reinante em Florença. Anunciou ao mundo suas descobertas astronômicas no opúsculo Sidereus Nuncius, publicado em Veneza em maio de 1610, no qual descrevia o aspecto montanhoso da superfície lunar, revelava a existência de inúmeras estrelas até então desconhecidas e mostrava que Júpiter possuía quatro satélites.

Estas descobertas desacreditavam o sistema ptolomaico da astronomia de então, pois acreditava-se que os corpos celestes descreviam órbitas circulares uniformes ao redor da terra, e eram compostos exclusivamente de um elemento, o éter, e eram, consequentemente, homogêneos e perfeitos. O movimento dos astros era tido como “natural”, não tinha agente externo, pertencia ao corpo, e também uma força não atuava à distância mas somente por contato e os corpos possuíam peso como parte de sua essência e sua “atualização”. Buscava-se, de acordo com a filosofia de Aristóteles, conhecer a “essência imutável do real”. A física era a ciência descritiva das qualidades de uma coisa por simples enumeração de todos os particulares.

Apesar de que o senado Veneziano lhe havia dado cátedra vitalícia em Pádua, em 1610 Galileu deixou a universidade para ficar em Florença, servindo como matemático e filósofo a corte do grão-duque da Toscana, Cosimo II de Médici, o que lhe dava mais tempo e recursos para experiências. Ele havia batizado Sidera Medicea (Estrelas dos Médicis) os satélites descobertos, em homenagem ao grão-duque que fora seu aluno e agora seria seu patrono.

Em 1611 foi a Roma fazer demonstrações do telescópio para as autoridades eclesiásticas. Devido ao seu talento para expor suas idéias, Galileu tornou-se rapidamente conhecido e discutido na Itália, e muitos peritos eclesiásticos em doutrina ficaram de seu lado. Outros porém viam na sua tese uma destruição da perfeição do céu e uma negação dos textos bíblicos. Os professores aristotélicos uniram-se contra ele, e com a colaboração dos dominicanos, que fulminavam sermões contra os “matemáticos”, secretamente o denunciaram à inquisição por blasfêmia.

Em meados de 1612 publicou em Florença o Discorso intorno alle cose che stanno in su l’ acqua (“Discurso sobre as coisas que estão sobre a àgua”), no qual ridiculariza a teoria aristotélica dos quatro elementos sublunares e do éter, suposto componente único dos corpos celestes e responsável por sua “perfeição”.

Em 1613, no pontificado de Paulo V (1605-1621), publicou Istoria e dimostrazioni intorno alle macchie solari (“História e Demonstração sobre as Manchas Solares”), onde apóia a teoria de Copérnico.

A descoberta das manchas solares foi criticada violentamente pelos teólogos, que viam na tese de Galileu um audacioso e pertinaz confronto com a religião. Na ocasião Galileu escreveu uma carta para seu aluno Benedeto Castelli, afirmando que as passagens bíblicas não possuíam qualquer autoridade no que diz respeito a controvérsias de cunho científico; a linguagem da Bíblia deveria ser interpretada à luz dos conhecimentos da ciência natural.

Essa carta começou a circular em inúmeras cópias manuscritas e a oposição ao autor cresceu progressivamente. Assustado, o cientista escreveu cartas explanatórias ao grão-duque de Toscana e às autoridades romanas. Disse que seria um grande prejuízo para as almas, se o povo descobrisse, através de provas, que aquilo em que era pecado acreditar era verdadeiro.

Foi a Roma dar pessoalmente explicações. As autoridades, contudo, limitavam-se a instruí-lo para que não defendesse mais as idéias copernicanas do movimento da Terra e estabilidade do Sol, por serem contrárias às escrituras sagradas. Pareceu ao Cardeal Roberto Belarmino, influente teólogo da ordem jesuíta, que era necessário evitar escândalos que comprometessem a luta dos católicos contra os protestantes.

Num ato de consideração, o Cardeal concedeu uma audiência a Galileo e informou-o de um decreto que seria promulgado declarando falso e errôneo o copernicanismo, e que ele não devia nem sustentar nem defender tal doutrina, embora ela pudesse ser discutida como suposição matemática. O Papa Paulo V declarou a teoria falsa e errônea pouco depois, em 1616.

Em 1617 Galileu escreveu uma obra sobre a superioridade da fé católica, que teve o interesse dos papas Paulo V e Gregório XV. Este último inspirou-se nela para instituir a congregação da Propagação da fé (De propaganda fide).

Durante alguns anos Galileu permaneceu em silêncio. Os sete anos seguinte viveu em Bellosguardo, próximo a Florença. Ao fim desse tempo, em outubro de 1623 ele respondeu a um panfleto de autoria de Orazio Grassi, sobre a natureza dos cometas, com a obra Saggiatore, na qual expunha sua idéia de método científico e dizia que o livro da natureza está escrita em letras matemáticas. A obra foi dedicada ao novo Papa, Urbano VIII, seu amigo, que recebeu a dedicatória com entusiasmo.

Em 1624, já falecido o Cardeal Belarmino, Galileu volta a Roma, para pedir a Urbano VIII (1623-1644), a revogação do decreto de 1616.

Apenas conseguiu uma licença do papa para discutir os dois sistema, Ptolomaico e Copernicano, imparcialmente, colocando no final uma nota que lhe foi ditada: que o homem não pode pretender conhecer como o mundo é feito de verdade… porque Deus podia chegar aos mesmos efeitos por caminhos não imaginados por ele.

Feito este acordo, voltou a Florença e escreveu, em 1632 o Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo tolemaico, e copernicano (“Diálogo a respeito dos dois maiores sistemas: Ptolomaico e Copernicano”).

Porque nenhum editor desejava correr maiores riscos, apesar do imprimatur garantido dos censores, “O Diálogo” de Galileu somente é publicado em Florença em 1632, ainda sob Urbano VIII e foi recebido com aplauso em toda a Europa como um obra prima de literatura e filosofia.

O trabalho, porém, não respeitava a imparcialidade requerida: era inteiramente favorável ao sistema de Copernico. Então foi colocado para o Papa que, apesar do titulo neutro, o trabalho era inteiramente favorável ao sistema Copernicano, o que fazia inútil o texto final exigido no acordo feito com o autor.

Os Jesuítas insistiram que o livro teria piores conseqüências sobre o sistema de ensino que Lutero e Calvino colocados juntos. O papa, irritado, ordenou o processo inquisitorial. Em outubro do mesmo ano o autor foi convocado para enfrentar o tribunal do Santo Ofício.

Apesar de queixar problemas de saúde e idade, Galileu foi obrigado a viajar para Roma e submeter-se a julgamento. Foi julgado culpado de ter adotado e ensinado a doutrina copernicana e condenado em junho de 1633. Foi no entanto tratado com indulgência e não foi colocado na prisão. Obrigado a abjurar suas teses sob pena de ser queimado como herege, Galileu recitou uma fórmula em que renegava, amaldiçoava e repudiava seus erros passados. O Papa reduziu a pena a prisão domiciliar, que durou o resto de sua vida.

Galileu continuou, no entanto, a trabalhar secretamente ainda sob Urbano VIII (1623-1644), e em junho de 1635 o príncipe Mattias de Medici levou os originais do Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scieze attenenti alla meccanica et i movimenti locali (“Discurso a Respeito de Duas Novas Ciências”) contrabandeados da Itália para serem publicado em Leiden, na Holanda em 1638.

Nessa obra, que seria a mais madura de todas que escreveu, Galileu mostra que o verdadeiro caminho para o conhecimento da natureza é a observação dos fenômenos tais como ocorrem e não como os explica a pura especulação; recapitula os resultados de suas primeiras experiências em Pisa e acrescenta algumas reflexões sobre os princípios da mecânica; essa obra. Idealizou a aplicação do pêndulo aos relógios, invento que, por mediação de Mersenne, o cientista holandês Christiaan Huygens pôs em prática em 1656.

Aos poucos Galileu perdeu a visão em conseqüência de suas experiências com a luneta. Ele ditava a dois discípulos Vicenzo Viviani e Evangelista Torricelli suas idéias, quando veio a adoecer para morrer em Arcetri, perto de Florença, a 8 de janeiro de 1642. Suas descobertas, foram resultado de uma nova maneira de abordar os fenômenos da natureza e nisso reside sua importância dentro da história da filosofia.

Galileu Galilei – Teoria

Galileu Galilei
Galileu Galilei

Galileo Galilei (em português Galileu Galilei) nasceu em 15 de fevereiro de 1564, em Pisa, filho de Vincenzo Galilei, um músico alaudista conhecido por seus estudos sobre a teoria da música, e Giulia Ammannati de Pescia. Desde setembro de 1581 a 1585 estudou medicina na Universidade de Pisa, onde depois foi professor de matemática entre 1589 e 1592.

Em 1586 inventou a balança hidrostática para a determinação do peso específico dos corpos, e escreveu um trabalho La bilancetta, que só foi publicado após sua morte.

Em 1592 Galileu tornou-se professor de matemática na Universidade de Pádua, onde permaneceu por 18 anos, inventando em 1593 uma máquina para elevar água, uma bomba movimentada por cavalos, patenteada no ano seguinte. Em 1597 inventou uma régua de cálculo (setor), o “compasso geométrico-militar”, um instrumento matemático com várias escalas.

Nesta época explicou que o período de um pêndulo não depende de sua amplitude, e propôs teorias dinâmicas que só poderiam ser observadas em condições ideais. Escreveu o Trattato di mechaniche, que só foi impresso na traduçao para o latim do padre Marino Mersenne, em 1634, em Paris.

Em 1604 observou a supernova de Kepler, apresentando em 1605 tres palestras públicas sobre o evento, mostrando que a impossibilidade de medir-se a paralaxe indica que a estrela está além da Lua, e que portanto mudanças ocorrem no céu. Nestas palestras, Galileo considera este evento uma prova da teoria heliocêntrica de Copérnico.

Em 1606 publica um pequeno trabalho, Le operazioni del compasso geometrico militare, e inventa o termoscópio, um termômetro primitivo.

Em maio de 1609 ele ouviu falar de um instrumento de olhar à distância que o holandês Hans Lipperhey havia construído, e mesmo sem nunca ter visto o aparelho, construiu sua primeira luneta em junho, com um aumento de 3 vezes. Galileo se deu conta da necessidade de fixar a luneta, ou telescópio como se chamaria mais tarde, para permitir que sua posição fosse registrada com exatidão.

Até dezembro ele construiu vários outros, o mais potente com 30X, e faz uma série de observações da Lua, descobrindo que esta tem montanhas. De 7 a 15 de janeiro de 1610 descobre os satélites de Júpiter, publicando em latim, em 12 de março de 1610 o Siderius Nuncius (Mensagem Celeste) com as descobertas em abril do mesmo ano. Esta descoberta prova que, contrariamente ao sistema de Ptolomeu, existem corpos celestes que circundam outro corpo que não a Terra.

Em 8 de abril de 1610, Johannes Kepler recebe uma cópia do livro, com um pedido de Galileo por sua opinião. Em 19 de abril Kepler enviou-lhe um carta, em suporte às suas descobertas, publicada em Praga em maio como “Conversações com o Mensageiro Celeste” e depois em Florença. O suporte de Kepler foi importante porque publicações de Martin Horky, Lodovico delle Colombe, e Francesco Sizzi duvidavam das observações de Galileo. Kepler e os matemáticos do Colégio Romano eram reconhecidos como as autoridades científicas da época. O Colégio Romano foi fundado pelo Papa Gregório XIII, que estabeleceu o calendário gregoriano.

Já em julho, Galileo foi nomeado Primeiro Matemático da Universidade de Pisa, e Filósofo e Matemático do Grão Duque da Toscana. Ainda em dezembro Galileo verificou que Vênus apresenta fases como a Lua, tornando falso o sistema geocêntrico de Ptolomeu, e provando que Vênus orbita o Sol.

A confirmação oficial das descobertas galileanas foi dada pelos poderosos padres jesuítas do Colégio Romano, que observaram os satélites de Júpiter por dois meses, em uma conferência solene realizada no Colégio em maio de 1611, na presença de Galileo. Esta conferência foi intitulada Nuncius sidereus Collegii Romani, e apresentada pelo padre Odo van Maelcote.

Retornando a Florença, Galileo participou de reuniões no palácio do Grão Duque Cósimo II em que discutia-se sobre o fenômeno da flutuação e suas possíveis explicações; Galileo expôs e defendeu a tese de Arquimédes (Archimedes de Siracusa, ca. 287-ca. 212 aC), de que um corpo flutua pela diferença do pêso específico do corpo e da água, ao qual se alinhou o Cardeal Maffeo Barberini (o futuro Papa Urbano VIII). Outros, como o Cardeal Federico Gonzaga, defendiam a tese de Aristóteles, de que um corpo flutua porque dentro dele há o elemento aéreo, que tende a subir. Cósimo II propôs que os debatentes registrassem seus argumentos, e Galileo escreveu Discorso intorno alle cose che stanno in su l’acqua o che in quella si muovono, publicado em 1612. Em sua introdução havia referência aos satélites de Júpiter e às manchas solares. Em 1613 a Academia del Lincei publica Istoria e dimonstrazione intorno alle macchie solari e loro accidenti, comprese in tre lettere scritte all’ilustrissimo Signor Marco Velseri Linceo, Duumviro d’Augusta, Consigliero di Sua Maestà Cesarea, dal Signor Galileo Galilei, Nobil fiorentino, Filosofo e Matematico primario del Serenissimo D. Cosimo II Gran Duca di Toscana (História sobre as manchas solares), de Galileo, argumentando que a existência das manchas demonstrava a rotação do Sol.

Galileo havia juntado assim grande quantidade de evidências em favor da teoria heliocêntrica, e escrevia em italiano para difundir ao público a teoria de Copérnico. Isto chamou a atenção da Inquisição, que após um longo processo e o exâme do livro de Galileo sobre as manchas solares, lhe dá uma advertência, onde o Cardeal Bellarmino lê a sentença do Santo Ofício de 19 de fevereiro de 1616, proibindo-o de difundir as idéias heliocêntricas.

Em 5 de março de 1616 a Congregação do Índice colocou o Des Revolutionibus de Copérnico no Índice de livros proibidos pela Igreja Católica, junto com todos livros que defendem a teoria heliocêntrica.

A razão da proibição é porque no Salmo 104:5 da Bíblia, está escrito: “Deus colocou a Terra em suas fundações, para que não se mova por todo o sempre”, além de referências similares no livro de Joshua.

Galileo se dedicou então a medir os períodos dos satélites de Júpiter, com a intenção de difundir seu uso para medir-se longitudes no mar, mas o método nunca foi usado por ser pouco prático.

Em agosto de 1623 o Cardeal Maffeo Barberini, amigo e patrono de Galileo, foi eleito papa e assumiu com o nome de Urbano VIII. Em abril de 1624 Galileo teve seis audiências com o papa, e este o liberou a escrever sobre a teoria de Copérnico, desde que fosse tratada como uma hipótese matemática. Galileo inventou o microscópio em 1624, chamado por ele de occhialini.

Em abril de 1630, Galileo terminou seu Dialogo di Galileo Galilei Linceo, dove ne i congressi di quattro giornate si discorre sopra i due massimi sistemi del mondo, tolemaico e copernicano (Diálogo dos Dois Mundos), e o enviou ao Vaticano para liberação para publicação. Recebendo autorização para publicá-lo em Florença, o livro saiu da tipografia Tre Pesci (Três Peixes) em 21 de feveiro de 1632. Note que Galileo não incluiu o sistema de Tycho Brahe, em que os planetas giram em torno do Sol, mas este gira em torno da Terra, o sistema de compromisso aceito pelos jesuìtas. No Diálogo, Galileo refuta as objeções contra o movimento diário e anual da Terra, e mostra como o sistema de Copérnico explica os fenômenos celestes, principalmente as fases de Vênus. O livro é escrito não em latim, mas em italiano, e tem mais o caráter de uma obra pedagógico-filosófica do que estritamente científica. O papa, que enfrentava grande oposição política na época, enviou o caso para a Inquisição, que exige a presença de Galileo em Roma, para ser julgado por heresia. Apesar de ter sido publicado com as autorizações eclesiásticas prescritas, Galileo foi intimado a Roma, julgado e condenado por heresia em 1633. Em 22 de junho de 1633, em uma cerimômia formal no convento dos padres dominicanos de Santa Maria de Minerva, lida a sentença proibindo o Diálogo, e sentenciando seu autor ao cárcere, Galileo, aos setenta anos, renega suas conclusões de que a Terra não é o centro do Universo e imóvel. A sentença ao exílio foi depois convertida a aprisionamento em sua residência, em Arcetri, onde permaneceu até sua morte.

Apesar de praticamente cego, completa o Discorsi e dimonstrazioni matematiche intorno a due nuove scienze, attinenti alla meccanica e I movimenti locali (Discurso das Duas Novas Ciências, Mecânica e Dinâmica), contrabandeado para a Holanda pois Galileo havia sido também proibido de contato público e publicar novos livros. O livro foi publicado em Leiden em 1638, e trata das oscilações pendulares e suas leis, da coesão dos sólidos, do movimento uniforme, acelerado e uniformemente acelerado, e da forma parabólica da trajetórias percorrida pelos projéteis.

Faleceu em 8 de janeiro de 1642 em Arcetri, perto de Florença, e está enterrado na Igreja da Santa Cruz, em Florença.

Apenas em 1822 foram retiradas do Índice de livros proibidos as obras de Copérnico, Kepler e Galileo, e em 1980, o Papa João Paulo II ordenou um re-exame do processo contra Galileo, o que eliminou os últimos vestígios de resistência, por parte da igreja Católica, à revolução Copernicana.

Galileu Galilei – Sociedade e a ciência do século XVII

Galileu Galilei
Galileu Galilei

Na época em que Galileu Galilei realizou suas mais importantes descobertas a Itália era um país dividido. A maior parte dos estados estava sob a poderosa influência da igreja e o Santo Ofício, através da Inquisição, sentenciava com pesadas condenações atitudes e palavras que pudessem ser consideradas heréticas.

Por outro lado, era também o país do Renascimento. As grandes modificações que ocorreram nas Artes e nas Ciências com a revalorização da cultura clássica grega transformaram profundamente a visão que os homens tinham do mundo. Leonardo Da Vinci, através da perspectiva, criara obras primas de precisão e equilíbrio. Antigos manuscritos haviam sido traduzidos para o latim e publicados na forma de livros. Entre eles, as obras de Euclides e Arquimedes. Quando Galilei nasceu, em 1564, na cidade de Pisa, o espírito renascentista ainda estava presente.

A grande pergunta que normalmente se faz sobre o século XVII é: por que este século é colocado como o início formal da ciência moderna? Se a ciência moderna significou uma ruptura com uma forma de pensamento anterior, por que não colocar o início dessa ciência, por exemplo, no humanismo, no início do Renascimento?

Primeiramente, porque os próprios humanistas não se sentiam como desestruturadores de uma ordem, mas sim ao contrário como restabelecedores do pensamento greco-romano que os “medievais” teriam corrompido. Em segundo lugar, para aquele historiador que pensa em termos de uma sucessão de eventos puramente internos à ciência, é patente que esse século signifique uma fase radical de mudanças e o início, propriamente dito, da ciência enquanto instituição.

Tomando o sistema copernicano como referência – que por questões de prudência o próprio editor de Copérnico considerou como uma hipótese na época de sua formulação, ainda no século XVI – veremos que de fato este começa a ganhar corpo durante o século XVII. Ainda que os problemas com a navegação, que suscitaram a busca de novos sistemas de referência, viessem desde o século XV. E mesmo que Copérnico, ainda sob o manto humanista, buscasse resgatar o cosmo do que ele considerava a “artificialidade” ptolomaica, trazendo-o de volta à perfeição das esferas, a “verdadeira” inspiração do “divino arquiteto” para criar o universo, serão somente as contingências do século XVII a emprestar realidade ao novo sistema de cosmo.

Quer nos parecer que não por acaso esse século tenha abrigado o rigor e a precisão das medidas astronômicas de Tycho Brahe e seu grupo, ainda que o modelo de cosmo adotado por estes, mantendo o geocentrismo apesar de considerar os demais planetas girando em torno do Sol, denote um forte compromisso com o pensamento antigo.

Também não é uma coincidência encontrarmos nessa época alguém como J. Kepler, um obstinado neo-platônico, que apesar de seu fascínio pela idéia harmônica das esferas celestes – suavemente a envolver em órbitas circulares as medidas divinas dos sólidos perfeitos – acaba se desdobrando à evidência dos dados astronômicos colhidos pelos Tychonianos. E com isto enunciando as órbitas elípticas e a primeira formulação de leis, no sentido moderno, ainda que não com a clareza “científica” que mais tarde seria exigida.

Assim, apesar das convicções religiosas e pessoais, os pensadores desse século começam a enxergar de forma diferente a natureza. Mesmo que muitos deles ainda estejam imbuídos do modelo de cosmo anterior ou pressintam neste relações mágicas, entregam-se a pensar que os dados, que a expêriencia e que os fatos naturais deveriam ser tratados de maneira distinta da antiga concepção teleológica e divina do universo.

Será o estabelecimento, que assume um crescente no século XVII, dessa nova mentalidade que permitirá Galileu, apesar de seus problemas posteriores com Roma, assumir a igualdade entre matéria terrestre, com todas as suas imperfeições, e a sagrada e divina matéria celeste.

A formulação de uma igualdade da matéria para todo o cosmo traz consigo a marca de dois pontos fundamentais para o nascimento da ciência moderna: a busca de constantes na natureza, através das quais se chegaria às leis que a determinariam; e, influenciada por esse primeiro ponto e fundamental para o desenvolvimento deste, uma nova concepção de experiência.

A experiência em Galileu, por exemplo, ainda que muitos historiadores da ciência chamem a atenção para o fato de ser teórica – obviamente que este não subiu ao alto da torre de Pisa para levar a cabo seus famosos experimentos – traz em seu cerne algo de diferente do que teria sido, ou do que fosse, a experiência desde a antiguidade.

Pese o fato de que o instrumental prático dos séculos XVI e XVII começa a chamar nossa atenção, é na verdade a nova concepção do que seja experimentar que faz de muitos deles algo mais do que brinquedos para adultos ( mas sobre o que venha a ser essa concepção falaremos mais tarde). O importante agora é notarmos que esse novo enfoque, pelo qual o universo começa a ser encarado, possibilita, pela chamada via “interna” da história da ciência – ou do surgimento e “evolução” das idéias científicas – quase prevermos qual será o próximo passo na busca dessa nova ordenação do plano natural.

Através das leis do movimento celeste e da equiparação da matéria terrestre à do restante do cosmo, vem Newton e consegue igualar as leis do movimento para que passemos a ter de fato o velho sonho “assim na terra como no céu”. Iguais em movimento, iguais em matéria. Será a força, esse conceito unificador de Newton, a traduzir a entrada da modernidade em termos de Física. Mas, para além disto, esse novo conceito é a prova cabal de que é possível outro modelo de cosmo, outra visão do mundo.

Como teria sido possível o incentivo ao estabelecimento desse tipo de provas decisivas contra o poder hegemônico da cosmologia cristã, que até então determinava o que se poderia dizer ou não sobre a natureza? Como foi possível ao século XVII, após tantas tentativas frustradas ao longo da história, fazer um processo, de ida sem volta, de separação entre teologia e conhecimento natural? Por que será possível, nessa época, privilegiar a necessidade de observar a natureza sem nela ver fenômenos transcendentes, sem olhar a causa primeira mas somente a material (que por sua vez transformaria esta postura de marginal em obrigatória)?

Ao tomarmos a Reforma como uma das consequências e não como causa das necessidades sociais de mudança após a crise maior do século XV, e porque as teses weberianas que vinculam ciência e protestentismo nos parecem restritivas, pedimos licença para mergulhar num espaço social mais amplo, onde a probabilidade de se encontrar o significado desse transportar que foi o século XVII tem maior ressonância.

Seria importante relembrar que a necessidade de uma nova astronomia que tenha em seu bojo a semente de uma nova cosmologia já se fazia patente na época das “grandes descobertas” a partir do século XV. Mais importante ainda seria lembrarmos que significativamente as raízes de onde brotou a ciência moderna foram plantadas em regiões distintas daquelas que embalavam, regadas a ouro e especiarias, o sono dos “descobridores”.

Agregando-se a isso a emergência da burguesia em várias regiões da Europa, num crescimento desde o século XV, e levando-se em consideração que esta nova classe tinha que fazer seu espaço próprio em território já tomado pelas velhas instituições, teremos com esses elementos material suficiente para formular nossas hipóteses, ainda que cada um desses três ítens não responda isoladamente nossas questões principais.

Em alguns pontos isolados mas poderosos ao Norte da Itália, a burguesia – ou uma proto espécie desta – inicia sua marcha ascedente desde o século XV.

Na França e na Inglaterra desde o século XVI essa classe forma a espinha dorsal da “nação”, que em seu sentido moderno tomaria corpo nessa conjunção espaço-temporal. Já nos Países Baixos, o século XVII assistira a uma burguesia articuladíssima assumir as rédeas do poder, a partir da independência (e por ter promovido essa independência) de grande parte dessas regiões.

O século XVII encontra, portanto, nessas regiões uma burguesia mais do que emergente, já estabelecida e consciente de si. Manter essa condição num mundo cuja ideologia dominante lhe é adversa não foi tarefa fácil, dependendo em grande parte do acúmulo de forças, num processo que não se inicia nem termina no século XVII, mas que nele encontra um caminho certeiro.

Excluídas da questão colonial, no início desta, essas regiões terão em suas respectivas burguesias o motor que lhes permitirá não perder o trem da história. Esta classe, por sua vez, vê na superação desse problema uma das condições fundamentais para sua própria sobrevivência.

Trabalho e engenhosidade: põe mãos à obra no intuito de tecer mais e mais rápido; de plantar e colher mais e mais rápido; construir mais e mais ligeiras de maneira a impor-se nas rotas marítimas e nos novos mercados que lhes haviam sido negados.

O acúmulo de capital daí decorrente, que iria transformando essa burguesia de comercial em financeira e o simples fato econômico não dão conta de explicar sozinhos o novo poder que estava aí se formando e que se tornaria hegemônico. Mas, se traçarmos o perfil ideológico entrelaçado e interdependente desse “momentum” econômico, a face desse poder irá se perfilar mais claramente com seus “saberes”e seus “dizeres”.

Portanto, para ter sucesso na empresa pela conquista do poder, essa burguesia teve que usar como diretrizes – além da destreza em nível econômico e por causa desta – duas questões básicas e ligadas entre si.

A primeira delas foi a exploração da natureza até as últimas conseqüências, sem que barreiras de nenhum tipo pudessem interferir nesta exploração. Para tal, tornava-se necessário dessacralizar a imagem do cosmo, limite divino imposto desde a antigüidade ao poder profanador da mão humana. Desde a alta Idade Média, a Igreja transformara o elemento “maravilhoso”, inerente à estrutura sagrada do mundo, em elemento “milagroso”, o que lhe emprestou poder de fogo contra a heterodoxia e o paganismo.

Agora, nessa nova luta pela apropriação da natureza, o “maravilhoso” sequer pode mais assumir seu acanhado espaço de “milagroso” no mundo natural, devendo inclusive ser banido deste definitivamente. O inexplicável, aquilo que produzia estranhamento, não podia pertencer à esfera da realiade material. Se por acaso algo semelhante acontecesse, passaria a ser tratado como falha ou ignorância do “observador”, o que não impedia e até incentivava a especulação sobre a natureza.

A segunda questão, que surge como fator da necessidade de viabilizar e acelerar a exploração da natureza, é a conquista desta através da máquina. Para nós, que vivemos num mundo altamente industrializado, onde a presença da máquina tornou-se elemento banal, é difícil entender o fascínio causado por esta entre os séculos XVI e XVII.

Não entraremos aqui no mérito dos compêndios escritos nessa época sobre a parafernália instrumental nem nos avanços materiais atingidos a esse respeito.

Basta-nos lembrar que o lugar do “maravilhoso” foi ocupado pelo deslumbramento com a máquina, a tal ponto que esta acaba por emprestar seu próprio modelo como modelo do cosmo …

O deslumbramento com as chamadas “artes plásticas” e as possibilidades que estas poderiam introduzir no pensamento já então presentes no século XIII, entre os intelectuais que fazem sua morada em meio às corporações de ofício nos burgos.

Esse “homofaber”, esse intelectual de ofício embalado pelos rumores “fabris” da cidade medieval é que começa a dar “status” teórico a questões práticas da economia e da mecânica, consideradas vulgares e banais até então para merecer tal trabalho.

Conceitos como o de “quantificação” e “precisão”, que não tinham a menor importância na elaboração subjetivista do pensamento antigo (termo que tomo na elaboração de G. Bachelard), passam a ganhar importância a partir do crescimento do mundo “industrial” e “comercial” do medievo, onde a operação econômica e a precisão artesanal ganham dimensão.

É a questão da operação com a natureza que nos reporta, aliás, a essa mudança no social e no saber que está acontecendo e que se torna efetiva no século XVII.

Esta mudança que acabaria unindo definitivamente conhecimentos sobre a natureza com a questão de sua utilização.

Portanto, o modelo da máquina, desmontável para se analisada em suas partes, sem implicação direta com o divino, quantificável e preciso, é exatamente o modelo ideal para o novo cosmo sem mistério e completamente utilizável. A formação de uma corrente mecanicista de pensadores que passam a encarar os fenômenos da natureza sob uma óptica nova é uma decorrência das necessidades que as mudanças sociais traziam em si.

Cria-se um mundo onde a causa final não mais interessa, a finalidade das coisas não importa.

Importa sim a relação entre elas, que, como as engrenagens de uma máquina, me dará a longa cadeia de causa e efeito: a causa eficiente, os “comos” e não os “porquês” das coisas, para melhor poder operá-las.

É nesse momento que a “experiência” ganha nova dimensão e torna-se importantíssima no plano dessa checagem que deve ser feita na natureza e de onde se quer extrair leis precisas e determinadas para poder explorá-las. Teoria e prática se encontram nessa nova forma de experiência, mas uma teoria que deve ser domesticada ao império dos “dados objetivos” que emergem da prática e a ela retornarão sob forma de modelos precisos e aplicáveis. O observador, que não é mais parte da cadeia de fenômenos, pode ser substituído nessa máquina de olhar o mundo em que o conhecimento irá se transformar. Será um mero ser de passagem no palco das fenômenos, e esses fenômenos objetivos e recorrentes é que se tornarão a parte central do teatro cósmico.

O pensamento mecanicista alinha e conecta todos os possíveis fios soltos desse novo esquema de mundo. É fácil a um mecanicista aceitar que seu laboratório deva estar próximo do que fosse uma oficina de um artífice.

E assim o artesão, o homem da manufatura que fora desconsiderado em outras épocas, passa a freqüentar o laboratório do pensador da natureza e ensina-lhe seu “metiér”. Desaparece aos poucos, desta forma, o caráter iniciático e secreto dos “saberes” sobre o cosmo.

O hibridismo do pensador da natureza – meio sábio, meio artesão – pode ser encontrado nos elogios póstumos aos chamados “filósofos naturais”, que, a partir do século XVII, poetas, políticos e autoridades comprometidas com os novos rumos da sociedade faziam, como forma de proselitismo da “ideologia científica” nascente. Um proselitismo que direta ou indiretamente servia para justificar a entrada dos novos ideais burgueses no “tonus” social, um hábito continuado com esmero pelos enciclopedistas do século XVIII.

Esses “elogios” geralmente insistem na imagem do estudioso da natureza com as mãos sempre sujas de graxa ou corantes enquanto a cabeça lhe fervilhava de idéias e dedicando sua vida ao laboratório. E, apesar de sabermos hoje que a evolução da técnica – afora os aparelhos ópticos e alguns instrumentos de precisão – ou grandes invenções não se assentam exatamente no século XVII, senão mais tarde, a importância de tal imagem se torna relevante na medida em que será esse momento em que se abre um possiblidade concreta para que a técnica venha a ser uma das bases da nova ciência.

Também a matemática escolhida pelos anseios mecanicistas como forma de legitimar a precisão da nova ciência. Não fosse isso, e os neo-platônicos que defendiam a “dívida teórica” – e dividiram a cena de disputa pelo novo modelo cósmico palmo a palmo com os mecanicistas – teriam mantido a matemática no plano do ideal pleiteado desde os gregos.

Não devemos nos esquecer que foi Stevin, nos Países Baixos (exatamente aqui destacado), que, num estudo sobre as “máquinas simples”, assume pela primeira vez a união entre o plano “sagrado” da matemática e o real. Se não todos os grandes pensadores desse abolir científico, que significou o século XVII, são mecanismos, burgueses ou patrocinados por estes, esse é o modelo que irá consumir qualquer outra possibilidade e assim tornar-se dominante.

O ser humano está “só e sem desculpas”, como diria Sartre; a Terra torna-se um grão de areia na imensidão do universo, em perpétuo movimento, por que assim era conveniente que fosse nos nossos mapas celeste. Nesta solidão sem limites, trabalhada pelo aço frio da precisão e do lucro, ele descobre que esse abondono divino tem suas vantagens e se descobre senhor da história.

A conseqüência disto, as novas academias que estão em pleno funcionamento, no período aqui em tela; a forma como estas vão deixando de lado o saber clerical e universitário do medievo é outra das conseqüências da nova estruturação social. Interesante notarmos que elas se instauram exata e particularmente ao norte da Itália, Países Baixos, França e Inglaterra… Mais interessante ainda percebermos que foram as máximas baconianas, provindas de uma das regiões mais utilitárias da Europa, que deram o tom dessas academias.

E para completar seria desnecessário relembrar a origem de Galileu e do grupo ao redor deste, ou de Descartes e dos cartesianos, e, direta ou indiretamente, da nova racionalidade soberana que passava a comandar ciência e sociedade desde o século XVII.

Influência dos Físicos Medievais

O jovem Galileu certamente teve acesso (se bem que não direto) aos resultados da cinemática medieval empreendidos, em meados do século XIV, no Merton College em Oxford e na Universidade de Paris, visto que nos seus manuscritos mais antigos, coletados sob o título de “Juvenilia”, ele menciona autores como Heytesbury, Swineshead e de Soto, entre outros.

Os filósofos mertonianos (Bradwardine, Heytesbury, Swineshead e Dumbleton) fizeram um análise dos movimentos uniforme e uniformemente acelerado (por eles denominados “motus uniformiter difformis”, ou seja, movimento uniformemente disforme) tão precisa quanto a de Galileu. Enunciaram ainda a regra da velocidade média, à qual Oresme, da Universidade de Paris, daria uma demonstração geométrica. Trata-se da regra segundo a qual o espaço percorrido em um movimento uniformemente acelerado é equivalente àquele percorrido em um movimento uniforme que tenha velocidade igual à média de suas velocidades inicial e final.

Trezentos anos mais tarde, na terceira Jornada do “Discursos e Demonstrações Matemáticas sobre Duas Novas Ciências”, Galileu apresentará a regra da velocidade média (demonstrando-a de forma similar a Oresme) como o teorema fundamental, a partir do qual deduzirá as propriedades cinemáticas dos corpos em queda: proporcionalidade entre o espaço percorrido e o quadrado do tempo e entre os espaços em intervalos de tempo sucessivos e os números inteiros ímpares.

Estas mesmas propriedades já eram conhecidas no século XIV para o caso do movimento considerado em abstrato, sem que, contudo, tivessem sido aplicadas para a análise de movimentos efetivamente encontrados na natureza. A primazia de associar as propriedades do “movimento uniformemente disforme” à queda dos corpos, coube ao dominicano espanhol Domingo de Soto. Tendo estudado em Paris, no início do século XIV, de Soto ensinou na Universidade de Salamanca. A idéia de considerar a queda dos corpos como um caso de movimento acelerado aparece em um conjunto de comentários e questões sobre a “Física” de Aristóteles, que de Soto apresentou em torno de 1545.

O que distingue o tratamento que Galileu dá ao problema da queda dos corpos no “Duas Novas Ciências” é a apresentação da célebre experiência do plano inclinado. Trata-se aqui, sem dúvida, de uma contribuição original de Galileu, visto que pela primeira vez se buscava comprovar empiricamente um desenvolvimento teórico cujas origens remontavam ao Século XIV.

No que concerne à dinâmica, a teoria da antiperistase de Aristóteles, segundo a qual o ar atua como agente modificador do movimento, empurrando o objeto após cessar o contato entre este e o lançador, foi alvo de críticas já no século XIV, quando Filopono (um dos precursores da teoria do “impetus”) rejeitou a idéia de que o ar pudesse, ao mesmo tempo, forçar e resistir (pelo atrito) ao movimento.

As críticas escolásticas à teoria aristotélica do movimento de projéteis culminaram na formulação da teoria do “impetus” no século XIV, na Universidade de Paris. Jean Buridan, à cujo nome a teoria é mais usualmente associada, afirmava que, quando um projétil é lançado, o lançador imprime um certo impetus no corpo em movimento, impetus este que atua na direção para a qual o lançador moveu o corpo. Este impetus é continuamente diminuído pela resitência do ar e pela gravidade do corpo que o inclina em uma direção contrária àquela na qual o impetus estava naturalmente predisposto a movê-lo. Portanto, o movimento do corpo torna-se continuamente mais lento.

Nicole Oresme, discípulo de Buridan, deu continuidade aos seus trabalhos tendo, inclusive, discutido a possibilidade do movimento de rotação da Terra; séculos mais tarde Galileu usaria argumentos do mesmo tipo para desarmar as “provas” anti-copernicanas relativas à imobilidade da Terra.

Nos dois séculos seguintes, a dinâmica do “impetus” substituiu a dinâmica aristotélica e os manuscritos da época em que Galileu foi professor em Pisa revelam a influência desta teoria na sua formação.

É exagero afirmar que as idéias que Galileu formulou com relação ao princípio da inércia tenham sido antecipada pelos teóricos parisienses do “impetus”. Existe toda uma diferença conceitual entre a a idéia de “impetus” (força impressa e causa do movimento) e a física inercial (que estabelece a possibilidade do movimento sem força e coloca repouso e movimento uniforme em um mesmo nível ontológico), e a obra de Galileu representa um avanço fundamental em direção a esta última. Por outro lado, o fato de receber sua formação em um mundo não mais regido pela dinâmica de Aristóteles, mas sim pela dinâmica do “impetus”, abriu caminho para que Galileu superasse esta última.

A influência platônica

Koyré, um dos mais renomados historiadores galileanos, coloca que a abordagem usada por Galileu na investigação da natureza foi fortemente influenciada pela filosofia de Platão, que já havia na antiguidade marcado a ciência de Arquimedes. Assim, em oposição à visão empirista de Galileu, a experiência teria exercido um papel secundário na física galileana. A influência platônica ficaria evidenciada na ênfase dada por Galileu à matemática como instrumento para a apreensão da natureza. Segundo Koyré, Galileu era um “cientista que não acreditava em observações que não tivesse sido verificada teoricamente”. Entretanto, vários autores chamam a atenção para o viés idealista e apriorista que permeia a visão e Koyré.

Outros cientistas italianos

O primeiro testemunho direto do interesse de Galileu pelo movimento natural está em De motu ou De motu antiquiora, composto em grande medida durante sua primeira temporada na cadeira de matemática da Universidade de Pisa, entre os anos de 1589 e 1592.

Em De motu Galileu descreveu suas observações com maior precisão: que o corpo mais leve irá cair antes do mais pesado e será mais veloz.

Galileu escreveu de forma convincente que na realidade o corpo mais leve se adiantará do mais pesado. Ele tinha um precesor seu em Pisa, Giordano Borro filósofo aristotélico que foi professor de Galileu em Pisa e publicou em 1575 um livro titulado De motu gravium et levium. Na passagem indicada por Galileu Borro examinava o problema do peso do ar e do corpo mixto.

Galileu e Borro examinavam textos do século XVI em busca do testemunho de outros italianos que realizaram experimentos de lançamento. Um dos primeiros textos foi escrito por Benedetto Varchi, historiador florentino e um dos primeiros e mais duradouro membro da Academia florentina do Grão Duque Cosimo de Médice. Em 1554 escreveu um ensaio sobre alquimia falando da transformação de metais em ouro.

É evidente que Varchi experimentava sentimentos falados por alguns filósofos da sua época e fazia experiências do experimento. Por desgraça ele não escreveu os detalhes da prova que deixava cair pesos diferentes não indica se está se referindo a experimentos propostos no Fra Beato ou Luca Ghini ,em fim, não apresenta com detalhes os objetos de Beato e Ghini.

O questionamento da técnica experimental de Borro era muito mais detalhada no norte por Giuseppe Moletti que levava adiante suas próprias investigações. Em seus anos posteriores Moletti era matemático na Universidade de Pádua e ocupava a mesma cátedra que Galileu ocupou em 1592. E contava entre seus amigos com Gianvincenzo Pinelli. Seu interesse era o problema do movimento natural e mostra um tratado manuscrito da coleção de Pinelli que estava na Biblioteca Ambrosiana de Milão, tratado fechado em 01 de outubro de 1576 e titulado Sobre artilleria.

Está escrita em forma de diálogo: um príncipe e um autor no caso o príncipe é o sábio e o autor é o discípulo a critério aberto.

Em comparação com a vaga menção de uma prova de Varchi, Moletti oferece um conjunto de imagens muito nítidas.

Por outro lado, os engenheiros ultrapassaram rapidamente, quanto ao método, os teóricos do impetus ; preferiam praticar experiências, a prender-se em discussões. O artista e engenheiro Leonardo da Vinci (1452-1519) estudou vários problemas de construção. Suas experiências levaram-no à conclusão de que o poder de sustentação de um pilar variava com o cubo do seu diâmetro, e que o de uma viga era diretamente proporcional à sua grossura e inversamente proporcional ao seu comprimento.

Tais experimentos indicam que Vinci reconhecia a importância da matemática. Leonardo da Vinci estudando projéteis decompôs o movimento em três partes: um movimento de linha reta sob o efeito do impetus; uma posição curva, onde a gravidade e o impulso se mesclavam; e uma queda vertical ocasionada pela força de gravidade.

A obra de Vinci foi seguida pela de Tartaglia (1500-1557), composta de escritos sobre matemática e mecanica.Esse autodidata, engenheiro, agrimensor e guarda-livros, publicou em 1546 um livro sobre tática militar, munições e balística. Este fez a primeira tradução italiana da Geometria de Euclides e publicou em 1543 a primeira edição da mecânica de Arquimedes.

Um de seus contemporâneos foi Jerome Cardan (1501-1576), sábio abastado que lecionou na escola platônica de Milão. Ao contrário de Tartaglia, Cardan sustentava determinarem as formas geométricas e as harmonias matemáticas o caráter das coisas naturais, e o saber matemáticoconferir ao homem poderes ocultos sobre a natureza.

Um pouco mais tarde Benedetti (1530-1590), da Universidade de Pádua, continuou a discussão da teoria do impetus.Seu livro sobre mecânica (1585) foi principalmente uma crítica da teoria de Aristóteles.

Fora da Itália, um notável estudioso da Mecânica foi Simon Stevin (1548-1620), de Bruges. Como Tartaglia iniciou sua carreira como guarda-livros e engenheiro militar e acabou sendo chefe do serviço de intendência do exército holandês. Stevin entrou com 35 anos na Universidade de Lovaina.

Outras considerações sobre a época

Galileu é o autor da chamada revolução copernicana. Pelo menos, é seu herói e mártir. É ele quem destrói definitivamente a imagem mítica do Cosmos para substituí-la pelo esquema de um Universo físico unitário, doravante submetido à disciplina rigorosa da física matemática.

A vitória da revolução copernicana, de qualquer forma, só ocorreu após a articulação do paradigma do Copérnico realizada por figuras do porte de Giordano Bruno, Galileu, Kepler, Isaac Newton e muitos outros que, forjaram uma nova metodologia, resolveram problemas velhos e novos, enfim, começaram a construção de um mundo novo.

O Renascimento marcou uma grande transformação em todas as áreas do conhecimento. Os séculos XV e XVI, que testemunharam essa revolução criativa, são os mesmos séculos das grandes navegações, que levaram à descoberta (ou invasão) da América e ao caminho das Índias, favorecendo a intensificação do comércio dessa época. A bússola, a pólvora, a orientação pelos astros através dos mapas celestes, que tinha em Copérnico, por exemplo, em exímio artífice, enfim, a investigação científica começava a encontrar um emprego que também podia dar lucro. Até na antiga Grécia isso já ocorria, a julgar pelo depoimento de Aristóteles que chegou a atribuir a Tales a façanha de ter aplicado seus conhecimentos para ganhar muito dinheiro com o primeiro truste – de azeite, da história!

O físico e historiador da ciência John D. Bernal escreveu, no início da década de 50, uma ampla e abrangente história das ciências que se tornou muito influente nas décadas seguintes.

Dela extrai-se a seguinte citação:

“A instituição da ciência como um corpo coletivo e organizado é algo novo, mas ela mantém um caráter econômico especial que já estava presente no período em que a ciência progredia devido a esforços isolados de indivíduos. A ciência difere de todas as outras assim chamadas profissões liberais; sua prática não possui valor econômico imediato. Um advogado pode solicitar ou dar um julgamento, um médico pode curar, um padre pode celebrar um casamento ou dar consolo espiritual, tudo coisas ou serviços para os quais as pessoas estão prontas a pagar imediatamente.(…)As produções da ciência, à parte de certas aplicações imediatas, não são vendáveis, embora num período relativamente curto de tempo elas possam, por incorporação na técnica e na produção, produzir mais novas riquezas do que todas as outras profissões combinadas.

Antigamente fazer ciência era uma ocupação de tempo parcial ou de tempo-livre para as pessoas ricas e que não tinham o que fazer, ou então de elementos endinheirados das profissões mais velhas. O astrólogo profissional da corte era também, freqüentemente o médico da corte. Isto inevitavelmente fez da ciência um monopólio virtual das classes média e superior. Basicamente tento as tarefas como as recompensas da ciência derivam das instituições e tradições sociais, incluindo, à medida que o tempo avança, a própria instituição da ciência. Isto não é necessariamente uma depreciação da ciência. (…)

A depreciação real da ciência é a frustração e a perversão que aparecem numa sociedade na qual a ciência é valorizada pelo que ela pode acrescentar ao lucro privado e aso meio de destruição. Os cientistas que vêm em tais fins a única razão pela qual a sociedade em que vivem apoia a ciência, e que não podem imaginar nenhuma outra sociedade, sentem forte e sinceramente que todo direcionamento social da ciência é nefasto. Elas sonham com um retorno a um estado ideal, que de fato nunca existiu, onde a ciência fosse produzida como um fim em si mesma.

Mesmo a definição da matemática pura, de G. H. Hardy: “Esta matéria não tem uso prático; isto quer dizer que ela não pode ser usada para promover diretamente a destruição da vida humana ou para acentuar as atuais desigualdades na distribuição da riqueza”, foi desmentida pelos eventos; estes dois resultados, durante e desde a última guerra mundial, fluíram de seu estudo.

De fato, em todos os tempos o cientista necessitou trabalhar em estreita conexão com outros três grupos de pessoas: seus patrões, seus colegas e seu público.”

Como afirma Bernal, a ciência como instituição social organizada é um fenômeno relativamente recente. Se até à época de Galileu, Kepler e Descartes, ela era ainda caracterizada como fruto do trabalho isolado de cientistas que raramente trocavam informações entre si, essa situação começou a se alterar a partir da segunda metade do século XVII. Datam dessa é época mudanças significativas no modo de produção e divulgação do conhecimento científico. Em primeiro lugar, surgiram associações de cientistas em pequenos grupos de estudo e discussão que aos poucos deram origem às primeiras sociedades científicas em diferentes países da Europa. Em segundo lugar, e talvez até uma novidade mais importante, começaram a surgir as revistas científicas.

Com relação às sociedades ou academias científicas convém destacar que em 1601 foi fundada, na Itália, a Academia dei Lincei; em 1662, surgia a British Royal Society, em Londres, enquanto que em 1666 era fundada a Academia Francesa de Ciências e, em 1700, a Academia de Ciências de Berlin. Por volta de 1790 já existiam cerca de 220 sociedades científicas em todo o mundo.

Enquanto no Brasil, informa Fernando Azevedo, que por ocasião da invasão holandesa em Pernambuco, em 1637, o Conde de Nassau trouxera consigo um grupo de cultivadores da ciência, como era então denominados os cientistas. Em particular registrava-se a presença do físico e astrônomo J. Marcgrave, responsável pelas primeiras observações astronômicas na América do Sul. Com a expulsão dos holandeses, em 1644, terminou essa breve experiência científica na cidade de Olinda.

O historiador brasileiro Nelson Wesneck Sodré cita a fundação de uma Academia de Ciências, em 1771, na cidade do Rio de Janeiro, que funcionou apenas por alguns meses.

Ele acrescenta: “(…)não era suficiente o ato de vontade para estabelecer aquilo que a sociedade não solicitava.”

A VIDA

Há mais de 400 anos, a vida na Europa era muito diferente da atual. Não havia fábricas ou indústrias. A maioria das pessoas trabalhava na agricultura. Os restantes eram artesãos em cerâmica e carpintaria. Poucas crianças iam à escola e menos ainda sabiam ler e escrever. Os livros eram raros e muito caros, geralmente escritos em latim, a língua dos sábios e da Igreja. A ciência, do modo como a compreendemos hoje, era quase desconhecida.

Foi nesse mundo que Galileu nasceu em 15 de fevereiro de 1564, em Pisa, no noroeste da Itália. Ele tinha duas irmãs e um irmão. Seu pai, Vicenzo Galilei, era professor de música. A família não era rica, mas Galileu teve um professor particular na juventude, logo que demonstrou ser um bom estudante e ávido por aprender. Sua família mudou-se para Florença (foto) em 1574 e ele foi educado pelos monges do mosteiro de Camaldolese, na cidade vizinha de Vallombrosa.

Em 1581, com apenas 17 anos, Galileu começou a estudar medicina na Universidade de Pisa. A cidade italiana de Pisa, na região de Toscana tinha sido, anteriormente, sede de uma cidade-estado independente, com uma grande frota naval, foi conquistada por Florença no século XV.

Galileu alimentava uma vaga idéia de ser médico, mas seu interesse pela medicina nunca evoluiu. Conta-se que, em certo dia daquele ano, na catedral de Pisa, Galileu olhou para um candelabro que pendia no teto por uma corrente comprida. Marcando o tempo da oscilação usando o pulso como “relógio”, ele observou que o candelabro oscilava no grande espaço aberto da construção. Não importava se o candelabro oscilava muito ou só de leve, ele empregava o mesmo tempo para completar o movimento de um lado para o outro. Essa observação não estava de acordo com o que Galileu esperava. Mais tarde, ele assistiu a uma aula de geometria na Universidade. A partir daí, despertou seu interesse pelas ciências. A partir de 1583, ele foi educado por um amigo da família, Ostilio Ricci, que vivia em Pisa e era professor da corte do duque de Toscana.

Seu pior inimigo era seu próprio temperamento. Ou melhor, uma das facetas de seu temperamento contraditório. Conforme a hora e as circunstâncias, Galileu sabia mostrar-se alegre e comunicativo, amigo das boas coisas da vida. Foi descrito como uma pessoa capaz de apreciar uma boa discussão literária, uma refeição preparada com requinte ou uma bela companhia feminina. Mesmo sua correspondência de caráter científico com o discípulo Benedetto Castelli contém comentários bem-humorados sobre os queijos e as pipas de vinho que eles se enviavam mutuamente.

Galileu nunca se casou, mas não lhe faltaram aventuras amorosas: teve quatro filhos e filhas, uma das quais viveu em sua companhia até a morte.

Mas a personalidade de Galileu tinha um lado sombrio: quando entrava em polêmicas científicas, era sarcástico, brutal, de um orgulho desmedido. Gastou muita energia atacando supostos rivais.

Cronologia dos principais momentos da vida de Galileu:

1564: Nasce em Pisa, em 15 de fevereiro, Galileu Galilei. Nasce Shakespeare.
1575 a 1577:
Estuda em Florença.
1581 a 1585:
De volta a Pisa, estuda medicina, sem concluir o curso. Em 1584 inicia seus estudos de matemática. Em 1585 abandona a universidade sem obter grau.
1589 a 1592:
Torna-se professor de matemática em sua cidade natal, Pisa.
1592 a 1610:
Ocupando a cátedra de matemática no “Studio de Padua”, realiza vários estudos e experiências sobre o problema de queda dos corpos e inventa diversos instrumentos. Em 1600 é publicada o Mysterium Cosmographicum de Kepler. Condenação e morte de Giordano Bruno. Em 1607 escreve a Defesa contra as Calúnias e Imposturas de Baldesar Capra. Em 1609 aperfeiçoa o telescópio.
1610:
Publica o Sidereus Nuncius (Mensageiro das Estrelas), obra que obteve grande repercussão na Europa. Nela, Galileu divulga o resultado de suas observações som o telescópio, afirmando por exemplo,a existência de montanhas na Lua e de quatro satélites em torno de Júpiter. Retorna a Florença.
1610 a 1632:
Prossegue com suas observações astronômicas, polemizando intensamente com seus opositores. Critica abertamente a fisica aristotélica e o sistema cosmológico de Ptolomeu. Em 1612 publica o Discurso sobre as Coisas que estão sobre a Água e História e Demonstrações sobre as Manchas Solares. O dominicano Lorini denuncia a doutrina de Copérnico como herética. Em 1615 Lorini aponta Galileu ao Santo Ofício. Galileu recebe, em 1616, uma advertência formal da Inquisição, que condena as teorias sobre o movimento da Terra e proíbe o ensino do sistema heliocêntrico de Copérnico. Nesse ano, escreve o Discurso sobre o Fluxo e o Refluxo do Mar. É convocado para depor perante o cardeal Belarmino. Um decreto da Sagrada Congregação do Índex proíbe a doutrina de Copérnico. Galileu retorna a Florença em junho.
1623:
Inicia o Diálogo sobre os Dois Maiores Sistemas do Mundo.
1632:
Publica em Florença o Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo (Diálogo sobre os Dois Maiores Sistemas do Mundo), em fevereiro, criticando de novo o sistema aristotélico e defendendo Copérnico. Cinco meses depois, o livro é proibido pela igreja católica. Em outubro, recebe ordem de apresentar-se em Roma.
1633:
Inicia-se em 12 de abril o processo contra Galileu. Em 22 de junho, o cientista é obrigado a abjurar suas convicções.
Condenado à cárcere privado, vai para Arcetri e retoma seus estudos de mecânica. 1638:
Após algumas tentativas frustadas, publicam-se, na Holanda, o Discurso sobre Duas Novas Ciências, redigidos na prisão. Galileu já está completamente cego, mas segue suas investigações.
1642:
Em 18 de janeiro, morre Galileu, em Arcetri, com 78 anos.

Galileu Galilei – A Obra

Cronologia

1590 – Do movimento (De motu antiquiora).
1610
 – O mensageiro das estrelas (Sidereus nuncius).
1612
 – Discurso sobre as coisas que estão sobre a água.
1613 
– História e demonstrações sobre as manchas solares.
1616
 – Discurso sobre o fluxo e refluxo do mar.
1623 
– O ensaiador.
1632
 – Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo – o ptolomaico e o copernicano ( Dialogo di Galileo Galilei Linceo dove ne i congressi di quatro giornate se discorre sopra i due massimi sistemi del mondo – tolemaico e copernicano).
1638
 – Discurso sobre duas ciências novas.

Galileu e a Experimentação

Durante as últimas duas décadas, os estudiosos têm produzido muito material novo sobre o uso da experimentação por Galileu. Segue havendo discussão em torno de pontos particulares, mas hoje é possível pelo menos supor, sem temor, que ele planejou e realizou experimentos no curso de suas várias investigações.

Sem dúvida, algumas perguntas básicas continuam em pé: Quando ele inicou a prática? O quanto estava maduro ou desenvolvido seu sentido experimental quando começou? Ele partiu do nada ou levou adiante, e possivelmente transformou, uma tradição pré-existente?

O fato de que não inventou a arte do experimento é algo que parece claro tendo em vista que seu pai, Vicenzo Galilei, antes dele, já realizava, como músico e teórico da música, experimentos interessantes no terreno da acústica musical durante a penúltima década doséculo XVI, quando o jovem Galileu tinha cerca de 20 anos. Por isso Vicenzo havia se proposto a resolver uma disputa musical, a qual o levou ainvestigar as proporcionalidades entre comprimentos, tensões e “pesos” das cordas dos instrumentos musicais, e os sons resultantes. Ele acabou por descartar todos os argumentos fundados em juízos a priori sobre a primazia das razões entre números naturais pequenos e idealizou regras relativas às razões numéricas, baseando-se em evidências empíricas. Sob a tutela de Vicenzo, o próprio Galileu tocava muito bem o alaúde e se dedicou a extender o trabalho experimental de seu pai e a melhorar suas teorias. Para nosso azar, Galileu não descreveu seus resultados até muito depois, nos Discorsi, de forma que é difícil avaliar a ordem de suas idéias ou experimentos e da linha ou linhas que seguiu.

Estamos melhor situados, por outro lado, com relação à obra de Galileu sobre o movimento natural. Existem muitos textos datados, a partir de seu manuscrito ao redor de 1590, De Motu, passando pela correspondência, notas e publicações do princípio do século, até o Dialogo e os Discorsi da quarta década. Esses documentos começam a nos dar uma imagem de Galileu como investigador, imagem na qual certo movimento temporal substitui os quadros planos e imóveis que só recalcavam os logros positivos finais de Galileu. Nessa nova imagem vemos Galileu a partir de certos pressupostos e práticas básicos, mudando de opinião, usando a experimentação para criticar e revisar a teoria, usando a teoria para criticar e revisar o experimento, decidindo-se, flutuando, metendo-se em becos sem saída, etc; precisamente o que seria de se esperar de uma pessoa com a sua inteligência penetrante trabalhando ativamente durante mais de 50 anos, inclusive depois de cego.

O IMPACTO

Quando Copérnico propôs seu sistema heliocêntrico, no século XVI, a idéia de que a Terra se movia era inaceitável, sob o ponto de vista físico. Naquela época, o sistema de Copérnico podia ser aceito sob o ponto de vista puramente astronômico, mas estava em conflito com a física conhecida. A rotação da Terra, por exemplo, deveria produzir a expulsão de todos os corpos de sua superfície. A teoria heliocêntrica exigia uma nova física, para explicar o motivo pelo qual esses fenômenos não eram observados.

O próprio Copérnico não foi capaz de desenvolver essa nova mecânica. Apenas no século XVII, essa base teórica para a astronomia foi sendo desenvolvida.

Considera-se normalmente que Galileu Galilei foi o principal responsável pela criação dessa nova física. É claro que não se pode negar que Galileu tenha contribuído para a criação da nova física e para a aceitação do sistema de Copérnico, mas as suas concepções são ainda intermediárias entre o pensamento antigo (de Aristóteles) e a mecânica clássica (de Newton). Na verdade, Galileu não conseguiu nem responder a todas as objeções clássicas contra o movimento da Terra, nem apresentar evidências adequadas de que a Terra se move. As principais dificuldades de Galileo estão associadas a movimentos de rotação.

No seu livro Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo, Galileu trata da explicação do motivo pelo qual os corpos não são expelidos da Terra pela sua rotação e da sua teoria das marés. Galileu conhecia muito bem a inércia e sabe que, por causa dela, os corpos terrestres possuem a tendência a escapar do movimento circular. O motivo da tendência dos corpos em rotação de se afastar do centro não é porque exista um tendência a se moverem radialmente para fora, mas por sua tendência a se moverem tangencialmente.

Por que, então, os corpos sobre a Terra não são lançados para fora? Por causa da gravidade. Qualitativamente, a resposta de Galileu é igual à moderna. Mas sob o ponto de vista quantitativo, sua visão é totalmente inadequada, pois ele acreditava que, por menor que fosse a gravidade, ela seria suficiente para reter os corpos na superfície da Terra. Galileu não conseguiu compreender as propriedades do movimento de rotação uniforme. Como havia pelo menos um argumento contra a rotação da Terra ao qual Galileu não deu uma resposta satisfatória, não se pode dizer que ele tenha estabelecido uma base física coerente, compatível com a astronomia de Copérnico. Assim, seus contemporâneos poderiam, racionalmente, negar-se a aceitar o movimento da Terra, utilizando o argumento de extrusão por rotação.

Ao longo de grande parte do Diálogo, o objetivo de Galileu é responder às objeções contra o movimento da Terra. De um modo geral, os argumentos que ele apresenta procuram mostrar que, apesar do movimento da Terra, não devem surgir os efeitos que eram previstos pela antiga mecânica e que tudo se passa como se a Terra estivesse parada. O ponto culminante dessa argumentação defensiva de Galileu é a sua famosa apresentação do chamado “princípio da relatividade mecânica” ou “princípio da relatividade de Galileu”. Através desse princípio, Galileu defende que não se pode perceber efeitos do movimento de um sistema (se o movimento for retilíneo e uniforme) através de experimentos feitos dentro do próprio sistema. Assim, o movimento da Terra não produz feitos observáveis nos fenômenos que ocorrem na própria Terra.

Além disso, como já se sabia, Galileu enfatiza que as aparências celestes podem ser explicadas tanto pelo sistema de Copérnico como pelo de Ptolomeu, embora se possa dar preferência ao de Copérnico por ser mais simples. Mas Galileu quer mostrar é que o sistema de Copérnico é melhor e é o único verdadeiro.

Por isso, um ponto fundamental (e final) do Diálogo é a discussão de um fenômeno que lhe parece ser decisivo: as marés.

Para Galileu, as marés são um fenômeno decorrente dos movimentos da Terra e que seria impossível explicar se a Terra estivesse em repouso. Galileu critica várias explicações anteriores das marés – entre as quais, a de um sacerdote jesuíta, Marcantonio de Dominis, que supunha que a Lua atraía a água dos mares.

Esta suposição era muito antiga, proveniente de observações de correlação entre as fases da Lua e as marés. A idéia de uma força de atração surgiu muitas vezes antes do trabalho de Newton, mas estava geralmente associada a idéias astrológicas. Talvez por isso tal concepção tenha parecido inadequada a Galileu. Quase ao final de seu livro, Galileu chega a criticar Kepler, admirando-se que ele, de engenho livre e agudo, e que tinha em mãos os movimentos atribuídos à Terra, tenha dado ouvidos e concordado com o predomínio da Lua sobre a água, e a propriedade ocultas, e infantilidades semelhantes.

Fonte: members.tripod.com/www.fortunecity.com/www.if.ufrgs.br

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