Oswaldo Cruz

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Nascimento: 5 de agosto de 1872, São Luiz do Paraitinga, São Paulo.

Morte: 11 de fevereiro de 1917 (44 anos), Petrópolis, Rio de Janeiro.

Oswaldo Cruz – Quem Foi

Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz

Oswaldo Gonçalves Cruz foi um microbiologista, epidemiologista e diretor de saúde público brasileiro que fundou medicina experimental no Brasil e dirigiu programas controversos para erradicar a febre amarela e varíola do Rio de Janeiro.

Oswaldo Cruz nasceu na província de São Paulo, o filho de um médico.

Ele completou a escola médica com a idade de 20 anos, talvez tanto por causa da natureza fundamental da instrução médica, em seguida, fornecida no Brasil como causa de seu brilho.

Em 1896 ele foi para Paris, onde trabalhou no Instituto Pasteur por 3 anos.

Oswaldo Cruz retornou ao Brasil como portador de uma inteiramente nova perspectiva sobre problemas médicos.

Sua compreensão dos princípios modernos sobre o contágio não foi talvez única, mesmo no Brasil, mas ele foi excepcional em sua capacidade de superar os obstáculos políticos para a aplicação deste entendimento para a saúde pública. Ele quase que imediatamente demonstrou essas habilidades na cidade costeira de Santos, onde parou uma epidemia de peste bubônica em meados de curso em 1899.

Em 1902, Oswaldo Cruz tornou-se o diretor-geral brasileiro da saúde pública. progresso e esforço para garantir o respeito internacional do Brasil tinha até agora sido severamente prejudicada pelas frequentes epidemias que assolaram a população, a imigração desanimado, perturbar os padrões normais de comércio, e debilitados trabalhadores e gestores. Com o apoio do presidente, Oswaldo Cruz lançou uma vigorosa campanha destinada a impor padrões sanitários antes de tudo sobre a cidade capital. Ele especialmente trabalhado para erradicar o mosquito responsável pela transmissão da febre amarela. Simultaneamente, ele conseguiu através do Congresso brasileiro uma lei exigindo a vacinação obrigatória contra a varíola de todos os cidadãos.

Estes programas encontraram a resistência de uma população supersticiosa e conservador.

Alarmados com estas idéias ultramoderna e a invasão da sua privacidade e liberdade individual, as pessoas foram facilmente manipulados por opositores do regime: motins urbanos e até mesmo uma revolta militar mal sucedida foram o resultado. O presidente, no entanto, continuou a dar a Oswaldo Cruz o seu total apoio, e a campanha foi bem sucedida. A partir desse momento o Rio de Janeiro deixou de ser sinônimo de doença epidémica.

Enquanto isso, Oswaldo Cruz também se tornou diretor do Instituto recém-formado de Patologia Experimental. Sua liderança enérgica e progressiva logo o tornou mundialmente famoso no campo da medicina tropical. Ele pessoalmente conduziu experimentos de campo na Amazônia superior e começou o longo processo pelo qual a malária foi efetivamente restrito no Brasil.

Oswaldo Cruz – Vida

Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz

Osvaldo Gonçalves Cruz, cientista, médico, epidemiologista e sanitarista.

Ele foi o pioneiro no estudo das doenças tropicais e da medicina experimental no Brasil.

Oswaldo Cruz nasceu em São Luís do Paraitinga, São Paulo, em 5-8-1872.

Aos 15 anos de idade, estudava microbiologia e trabalhava como ajudante do Instituto de Higiene.

Com apenas 20 anos, era médico, seguindo assim a mesma carreira que seu pai. Viajou para Paris, onde permaneceu durante três anos, sempre estudando e aperfeiçoando seus interesses científicos.

De volta ao Brasil, enfrentou a peste bubônica e a febre amarela. Criou-se então, o Instituto Soroterápico, hoje Osvaldo Cruz , na Fazenda de Manguinhos, no Rio de Janeiro, cuja chefia lhe foi confiada.

A 26 de março de 1903, foi nomeado diretor-geral da Saúde Pública e organizou o combate à febre amarela, com homens devidamente preparados, matando os mosquitos por toda a cidade, conseguindo finalmente em 1907, banir aquele mal. Combateu também a febre amarela no Belém do Pará e a malária no Amazonas.

Recebeu o primeiro prêmio no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia, realizado em Berlim em 1907, e composto de 123 expositores. Dois anos depois, deixou a direção da Saúde Pública.

Ingressou na Academia Brasileira de Letras, no dia 26 de junho de 1913, onde ocupou a cadeira de número 5.

Apesar de encontra-se doente, assumiu o posto de prefeito de Petrópolis, realizando um vasto período de urbanização que se seguiria através de seu sucessor Bulhões de Carvalho.

Oswaldo Cruz faleceu a 11 de fevereiro de 1917, vítima de insuficiência renal, aos 44 anos de idade.

Oswaldo Cruz – Biografia

Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz

Osvaldo Cruz, médico, higienista e cientista, nasceu em São Luís de Paraitinga, SP, em 5 de agosto de 1872, e faleceu aos 44 anos em Petrópolis, RJ, em 11 de fevereiro de 1917.

Foi eleito para a Cadeira n. 5, sucedendo a Raimundo Correia, em 11 de maio de 1912, sendo recebido em 26 de junho de 1913, pelo acadêmico Afrânio Peixoto.

Era o único filho homem de um médico, dr. Bento Gonçalves Cruz, casado com a prima-irmã, d. Amélia Taborda Bulhões Cruz. Transferiu-se ainda criança, com o pai, para o Rio de Janeiro, onde fez todos os seus estudos, recebendo o grau de Doutor pela Faculdade de Medicina, em 1892, com 20 anos. Sua tese, A veiculação microbiana pela água, foi aprovada com distinção. Em 1893, casou-se com d. Emília Fonseca, de tradicional família fluminense, com quem teve seis filhos.

Iniciou-se na carreira médica como preparador de laboratório de higiene e, mais tarde, auxiliar no Laboratório Nacional de Higiene. Esteve em Paris, em 1896, e trabalhou três anos no Instituto Pasteur, ao lado de Roux, Nihert, Metchnikoff e outros. Passou a colaborar em jornais e revistas médicas nacionais e estrangeiras.

De volta ao Rio de Janeiro em 1899, Osvaldo Cruz dirigia o laboratório da Policlínica quando foi chamado para estudar a peste que assolava o porto de Santos.

Com Vital Brasil e Adolfo Lutz, ele confirmou clínica e bacteriologicamente que se tratava da peste bubônica. Diante da grave situação, as autoridades criaram o Instituto Butantã, em São Paulo, dirigido por Vital Brasil, e o Instituto Soroterápico Municipal, no Rio de Janeiro, que se instalou numa fazenda em Manguinhos e que depois se transformou no Instituto Osvaldo Cruz . Era diretor do Instituto Soroterápico o Barão de Pedro Afonso, substituído em 1902 por Osvaldo Cruz.

Entre seus auxiliares estavam Adolfo Lutz, Artur Neiva, Emílio Ribas e Carlos Chagas.

Em março de 1903, assumiu a direção do serviço da Saúde Pública do Rio de Janeiro, a convite do Presidente Rodrigues Alves. Teve que enfrentar terríveis resistências e obstáculos de toda sorte para que a missão fosse coroada de êxito, ao fim de três anos. Conseguiu que o governo tornasse obrigatória a vacina contra a varíola. Seu nome tornou-se conhecido no mundo inteiro. Em 1907, representou o Brasil no 14o Congresso de Higiene, em Berlim, onde teve imenso sucesso, merecendo a medalha de ouro oferecida pela imperatriz da Alemanha. Foi eleito, no mesmo ano, para a Academia Nacional de Medicina. Em 1908, reformou o Instituto Manguinhos, aparelhando-o com o que havia de mais moderno. A MadeiraMamoré Railway pediu a Osvaldo Cruz que fizesse estudos sanitários no Estado do Amazonas, e ele conseguiu, tanto ali como em Belém do Pará, melhorar as condições de higiene locais. Em 1912, procedeu ao saneamento do vale amazônico, ao lado do seu discípulo Carlos Chagas, já então cientista de renome.

Com o falecimento de Raimundo Correia, foi apresentada na Academia Brasileira de Letras a candidatura de Osvaldo Cruz . Na sua eleição, obteve 18 votos, contra 10 dados a Emílio Menezes. Na mesma sessão em que foi eleito, e na seguinte, travaram-se debates sobre se deviam ser levados para a Academia homens que não tivessem méritos exclusivamente literários. Afirmou então Salvador de Mendonça que achava ociosa a distinção entre intelectuais de letras e intelectuais de ciência para a investidura acadêmica. Como principal defensor da tese dos “expoentes”, Salvador de Mendonça propôs que se reservassem, na Academia, três ou quatro lugares para as sumidades de qualquer espécie, tese esta também abraçada pelo então presidente José Veríssimo.

No discurso da saudação a Osvaldo Cruz , Afrânio Peixoto destacou a relevância da sua obra científica e do seu exemplo, que “valeu por uma congregação, porque é o preceptor de muitas gerações”.

Osvaldo Cruz era um esteta, cultivava a arte nos momentos aprazíveis da sua intelectualidade e se cercava de coisas belas que lhe proporcionavam prazer intelectual, justificando-se o que dele disse Afrânio Peixoto: “Vós sois como os grandes poetas que não fazem versos; nem sempre estes têm poesia, e ela sobeja na vossa vida e na vossa obra.”

Principais obras

A veiculação microbiana pela água, tese apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1893);
A vacinação antipestosa (1901);
Dos acidentes em soroterapia (1902);
Relatório apresentado ao ministro dr. J. J. Seabra (1905);
Relatório apresentado ao ministro dr. A. Tavares de Lira (1907);
Uma nova espécie de gênero psorophora (1907);
Profilaxia da febre amarela (1909);
Saneamento da bacia do Rio Madeira (1913);
Opera omnia (1972), reimpressão facsimilar dos textos científicos e relatórios produzidos por Osvaldo Cruz , reunidos pelos funcionários da Biblioteca do Instituto de Medicina Experimental, fundado por Osvaldo Cruz.

Oswaldo Cruz – Médico e Cientista

Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz

1872: Nasce Osvaldo Gonçalves Cruz em São Luís do Paraitinga, serra da Mantiqueira, vale do Paraíba, Estado de São Paulo, Brasil.
1877:
A família Gonçalves Cruz muda-se para o Rio de Janeiro
1887:
Osvaldo entra na Faculdade de Medicina.
1891:
Estudante ainda, publica dois trabalhos sobre microbiologia.
1892:
Com 20 anos, forma-se em Medicina.
1893:
Casa com Emília da Fonseca.
1896:
Vai estudar em França.
1897:
É admitido no Instituto Pasteur.
1899:
Regressa ao Brasil.
1900:
Assume a direção técnica do Instituto de Manguinhos (Instituto Soroterápico Nacional).
1903:
Toma posse como diretor da Saúde Pública; sem contemplações, políticas ou outras, forma e assume a liderança da equipa sanitária que irá erradicar as doenças que dizimam a população brasileira: febre amarela, varíola e peste bubónica.
1907:
Em Berlim, obtém o 1.º Prémio do XV Congresso Internacional de Higiene e Demografia.
1912:
Comanda o saneamento do vale amazónico.
1916:
Exausto, retira-se para Petrópolis.
1917:
Com apenas 45 anos, morre Osvaldo Cruz .

AMIGO EXAUSTO

Petrópolis, Fevereiro de 1917 – Lá em baixo, no Rio de Janeiro, o tempo está muito abafado. Aqui, no alto da serra, a temperatura é amena. Ainda bem. Estou sentado à cabeceira do meu amigo exausto.

Ele sorri e pergunta:

– Portuga, Você lembra de Mamãe me sacando da Escola?

Balançando a cabeça, sorrio também. Mas levo o indicador aos lábios, ele não pode falar, não deve cansar-se. É claro que me lembro de tudo. Desde o grupo escolar que somos amigos íntimos. Olhar para ele é recordar toda a sua vida. Parece-me que estou a ouvi-lo.

FAZER A CAMA…

Disse, digo, direi sempre:

O saber contra a ignorância, a saúde contra a doença, a vida contra a morte… Mil reflexos da Batalha Permanente em que estamos todos envolvidos…

Osvaldo Cruz é o meu nome. Desde menino fui treinado para combatente. Filho de D. Amélia Bulhões (nome de solteira) e do médico Dr. Bento Gonçalves Cruz, nasci em 1872 em São Luís do Paraitinga, ali no Vale do Paraíba, serra da Mantiqueira, Estado de São Paulo.

Tenho uma irmã, Amália, a quem todos chamam Sinhazinha. Também eu a chamo assim porque ela é mesmo uma senhorinha. Tive outra irmã, Eugênia, que morreu na primeira infância, coitadinha.

Com Papai aprendo e dele apreendo a tenacidade, a dedicação aos doentes, a força de caracter. Mamãe ensina-me a disciplina, a autodisciplina e também as primeiras letras. Aos cinco anos já sei ler e escrever. Mas empurram-me para a Escola, meus pais acham que é imprescindível a convivência com outros garotos.

A propósito de Escola: um dia Mamãe bate à porta da sala de aula, entra, pede desculpa à professora por levar o filho para casa, porém há um assunto inadiável a resolver.

Ficam todos preocupados, alunos e professora, o que é, o que não é? Saberão depois: eu saíra de casa antes de fazer a cama e isso Mamãe não pode admitir. Quem está do lado da saúde e do saber, desleixo não pode ter… Mamãe foi sempre uma deliciosa durona, saudades que eu tenho dela…

OS MICRO ASSASSINOS

A minha família muda-se para o Rio de Janeiro em 1877.

Ali Mamãe, em anos sucessivos, irá dar à luz mais três filhas: Alice, Hortênsia e Noemi. Mais três meninas que irão adorar-me…

Papai é agora médico na fábrica Corcovado e na Junta Central de Higiene. E eu entro na Faculdade de Medicina em 1887, tenho apenas 15 anos. No primeiro dia de aulas vejo que Mamãe sorri, tal pai tal filho, o saber contra a ignorância, a doença contra a saúde, a vida contra a morte.

Emília é filha do Comendador José Maria da Fonseca. Foi minha namoradinha de infância. Continua tendo uma queda por mim e eu por ela. Numa tarde de Dezembro de 1891, calor infernal, avista-me na praia do Flamengo, eu absorto, mirando o mar, mirando o longe. Pega no meu braço, sacode a minha cisma.

– Olá Emília, menina bonita, Você aí?

Vontade minha é abraçá-la e beijá-la, mas há que manter o decoro. Além do mais vem acompanhada pela mãe, não é de bom tom uma donzela andar sozinha pelas ruas do Rio. Respeitosamente cumprimento a senhora e começo a conversar com a filha.

Puxo um assunto que me consome:

– Emília, Você não acha que em 1808, ao decretar a abertura dos nossos portos a toda a navegação, D. João VI estava promovendo o desenvolvimento do Brasil?
– Osvaldo, isso toda a gente sabe, aprendemos na Escola…
– Mas a febre amarela, vómito negro, está sabotando a intenção régia. Hoje, raros são os navios estrangeiros que demandam os portos brasileiros.
– É natural… Ninguém quer morrer de peste.
– É isso aí… O Brasil é um vasto hospital, é o que se diz em todo o mundo.

Mando parar uma caleche, convido e arrasto mãe e filha até minha casa. Mamãe e Sinhazinha recebem as duas com beijinhos e abraços. Antes da conversa descambar em frivolidades, puxo Emília para o meu laboratório. Ainda não acabei o curso de Medicina mas já publiquei dois livros.

Trato de mostrá-los a Emília: Um caso de bócio exoftálmico em indivíduo do sexo masculino e Um micróbio das águas putrefactas encontrado nas águas do Rio de Janeiro. Também lhe mostro um microscópio, um instrumento para focar micróbios. Convido-a a espreitar e ela espreita. Vê umas coisinhas a mexer, assusta-se. São micróbios, porém inofensivos. Conto-lhe que os outros, os patogénicos, são aos milhões a cercar a Humanidade.

– Patogénicos? É assim que Você chama os micro-assassinos?

Diverte-me a terminologia inventada por Emília. Digo-lhe que a minha ambição, no Brasil, é combater e liquidar os micro-assassinos da varíola, tal como Pasteur, em França, liquidou os do carbúnculo e da raiva. Tento explicar-lhe o que é vacina. Não entende.

Mas tem que entender, é só encontrar a imagem incisiva:

Emília: um incêndio, numa floresta, pode ser combatido com o fogo. Você sabe disso, não sabe?
– Sim, sei, se o vento estiver de feição.
– Então saiba que uma doença pode ser combatida com produtos segregados pelas bactérias da própria doença. A isso é que se chama vacina e, com o nosso saber e o nossos querer, somos nós que sopramos o tal vento de feição. Depois é só vacinar todo o povo para erradicar a doença.

Vacinar todo o povo?

Emília duvida, abana a cabeça, cepticismo: no Brasil o povo só acredita no que vê e os micro-assassinos não têm corpo visível…

A intuição feminina acertando na mouche, reconhecerei mais tarde…

A FRAGATA LOMBARDIA

No Rio de Janeiro a febre amarela mata 144 marinheiros italianos. Entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.

No ano seguinte (1892) concluo o curso de Medicina, tenho apenas 20 anos. A minha tese “A água como veículo dos micróbios” é louvada pelos mestres e aprovada com distinção.

Em 1893 caso com a Emília da Fonseca.

Em 1895 a fragata italiana Lombardia fundeia na baía da Guanabara. Os marinheiros descem a terra, 340. Em alguns dias de passeio pela ruas do Rio, 240 apanham a febre amarela. Destes, morrem 144, inclusive o comandante.

O Brasil é um vasto hospital, repete-se em todo o mundo… Mais uma vitória da doença contra a saúde, e eu continuo sem saber como entrar na luta. Quais são e onde estão as minhas armas?

NO INSTITUTO PASTEUR

Perde-se uma batalha mas nem por isso acaba a guerra. Aspiro especializar-me em microbiologia. Emília carpindo mas em 1896 parto para França. O meu sogro é um homem rico, dinheiro não faltará para a viagem e a minha estadia na Europa…

Em Paris começo a trabalhar com Ollier e Vilbert, medicina legal. Mas a minha verdadeira paixão é a microbiologia.

Em 1897 consigo ser admitido no Instituto Pasteur, dirigido pelo Dr. Émile Roux, descobridor do soro anti-diftérico. Ele e o Dr. Ellie Metchnikoff serão os meus principais orientadores.

Em laboratório, mil e uma experiências de combate aos micro-assassinos e, passado um ano, um admirando e respeitando o outro, súbita amizade entre mim e o Dr. Roux. Enveredo pela toxicologia. Polémica com Hater, sábio alemão, a propósito das qualidades venenosas do rícino. Minha tese é a correta, demonstro. O Dr. Roux dá-me um grande abraço.

REFLEXOS (LITERÁRIO E POLÍTICO)

Releio os versos que um dia escrevi nas costas de uma fotografia de Emília:

Tu és minha, eu sou teu,
E ficarás para sempre
Dentro do meu coração.

Releio, sorrio, pergunto: como foi possível eu escrever uma coisa tão insonsa? Até nas Letras se reflete a Batalha Permanente. Cativa-me a inovação contra a vulgaridade. De Paris envio uma carta a Emília. Opino que As Flores do Mal alçaram Baudelaire à posição de príncipe dos poetas. Vai ficar surpreendida pois acha que eu só penso em micro-assassinos. Foram eles que me arrastaram do Rio a Paris. Foram eles que, depois de três anos de casados, me roubaram ao seu convívio.

Parece-me que estou a ouvi-la: Agora o cientista está interessado em Literatura? Mas que absurdo!

Mas se uma carta surpreende Emília, outra vai deixá-la atordoada: eu, o Dr. Roux e todos os cientistas e técnicos do Instituto Pasteur manifestam-se, publica e indignadamente, contra a conspiração anti-semita que levou o Governo francês a prender e o Tribunal a condenar como espião o capitão Dreyfus, só por ele ser de origem judaica. O pessoal do Instituto Pasteur desce do pedestal da Ciência para juntar as suas vozes ao protesto cívico de Anatole France e Émile Zola. A justiça contra a iniquidade, mais um dos reflexos da Batalha Permanente…

Ao ler a carta dirá Emília: O cientista mordido pelo bichinho da Política? Só me faltava essa… Absurdo, absurdo, absurdo!…

PESTE BUBÓNICA

O Dr. Roux convida-me a ficar no Instituto Pasteur, insiste. Agradeço o convite mas o Brasil precisa de mim, o meu país não pode estar condenado a ser, para sempre, um vasto hospital.

Regresso em 1899. Durante a travessia do Atlântico evito o convívio com os outros passageiros, não suporto a ignorância endinheirada.

Desço no Rio. Mal acabo de abraçar e beijar Emília quando me dão a notícia: no porto de Santos deflagrara epidemia de peste bubónica.

O Instituto de Higiene encarrega-me de avaliar a extensão do mal.

Viajo para Santos. Investigo e concluo que um navio, oriundo do Oriente Médio, desembarcara talvez passageiros, de certeza ratos contaminados.

Consequência: a peste alastrara pela cidade. Centenas de vítimas agonizam pelas ruas. Outras tentam fugir para o interior, espalhando o mal. E se o mesmo navio tocou no Rio de Janeiro, ou um doente para lá fugiu, a peste eclodirá na capital. Já não nos bastava a febre amarela? Agora também a peste bubónica, a que muitos chamam de peste negra?

É urgente dispor do soro para combater o flagelo. Mas importá-lo pode implicar demora fatal. Melhor será produzi-lo aqui. É decidido que na fazenda de Manguinhos, nos arredores do Rio, seja instalado o Instituto Soroterápico Nacional. “Não há no país um técnico competente para dirigi-lo”, é o que dizem os governantes. São incapazes de avaliar a capacidade de um Adolfo Lutz, de um Vital Brazil, de um Emílio Ribas, de um Carlos Chagas (este acabará por trabalhar comigo em Manguinhos). Somos cinco investigadores; sabemos que as doenças tropicais, contrariamente ao que se apregoa, não derivam nem da maresia, nem do clima quente e húmido, mas de micróbios patogénicos transmitidos por alguns animais, tais como insetos e ratos. Porém a ignorância está no poleiro e os governantes escrevem ao Dr. Roux, do Instituto Pasteur. Pedem-lhe que indique e ceda um dos seus colaboradores para comandar o projeto. O Dr. Roux responde (humor gaulês) que um dos seus técnicos mais qualificados vive no Rio de Janeiro, chama-se Osvaldo Cruz …

Nós, brasileiros, somos assim: o que temos em casa não presta, só o que está lá fora é que é bom… Creio que herdámos esta pecha dos portugueses (e que eles me desculpem por esta observação…).

Convidam-me, aceito e em Julho de 1900 eis-me à frente do Instituto de Manguinhos, um pardieiro com um nome pomposo. A mesa de reuniões é uma porta velha assente sobre barricas e as cadeiras são caixotes…

Tenho que formar e disciplinar equipa. Lembro-me de estar a autopsiar uma cobaia quando irrompe um fogo numa das dependências de Manguinhos. Figueiredo de Vasconcelos, o meu assistente, começa a correr para ir apagar o fogo.

Peço-lhe:

– Por favor, o que nós começámos, nós vamos acabar. Já está lá muita gente para apagar o fogo…

Pouco tempo depois a minha equipa consegue produzir o soro que é logo enviado para Santos. E, a partir de São Paulo, Adolfo Lutz faz o mesmo.

Resultado: baixa drasticamente a mortalidade provocada pela peste.

No Rio de Janeiro, como eu previra, a peste também acabou por eclodir. Nos bairros populares ponho vários “homens da corneta” a comprar ratos mortos a 300 réis a cabeça. O povo acha graça e assim vinga, na cidade, a caça ao rato. Vinga também uma modinha divertida, “rato, rato, rato, por que motivo roeste o meu baú?” No Rio de Janeiro a aplicação do soro e a caça ao rato liquidam a peste em três meses.

Figueiredo de Vasconcelos, a quem eu, metaforicamente, puxara as orelhas, dirá de mim:

– Foram as suas qualidades morais que o fizeram vencer! Só uma envergadura especial como a sua poderia dar cabo da tarefa em tais condições. Tudo teve de fazer, desde o preparo do material à parte técnica, dando-nos um exemplo admirável de tenacidade e esforço. Foi a sua energia manifestada entre sorrisos, foi a sua exigência pedindo habilmente por favor, foram as suas qualidades de trabalhador infatigável, que fizeram dele o triunfador inesquecível. Não mandava apenas; trabalhava, ultrapassando a todos e a tudo com seu grande amor à ciência.

DE PARDIEIRO A PALÁCIO

Num pardieiro é que se produzem os medicamentos que irão defender a saúde dos brasileiros? Não aparo o descalabro, os governantes estão equivocados a meu respeito…

Sobraram verbas da Saúde Pública. É quanto basta para que, em Manguinhos, eu mande construir um edifício que realmente mereça o nome de Instituto Soroterápico Nacional, quatro andares e dois torreões. Exteriormente, o meu Instituto é um palácio em estilo mourisco, trago de França o gosto pela art nouveau.

Mas lá dentro há tudo o que é indispensável para a pesquisa científica: relógio eléctrico central que transmite a mesmo hora para todas as dependências, balanças de precisão, aquecimento para as estufas de secagem de vidros, aparelhos para registarem a temperatura de cada estufa, água destilada por correntes de ar comprimido, etc., etc.

As obras provocam comentários soezes na imprensa e interpelações corrosivas no Parlamento. O Ministro da Justiça tenta suspender as obras.

– Senhor Ministro, um Instituto Soroterápico tem que ter instalações apropriadas, dignas. Estou decidido a levantar o edifício. Se quer bloquear as obras, dispense os meus serviços.

Não dispensa.

O CZAR DOS MOSQUITOS AO ATAQUE

Osvaldo Cruz combate a febre amarela. Entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.

Em 15 de Novembro de 1902 Rodrigues Alves é eleito Presidente da República. Em Dezembro toma posse. Promove a revolução urbana do Rio de Janeiro.

Rasga grandes avenidas no litoral (zona sul) e no interior (zona norte) e, ao mesmo tempo, trata de alargar as ruas do centro da cidade. Chácaras e fazendas são desapropriadas e cortadas por vias públicas. Casas velhas, tugúrios e quiosques imundos são demolidos. Interesses privados são assim atingidos e começa a levantar-se um coro de protestos.

É quando Rodrigues Alves declara que vai acabar com as doenças que fazem a desgraça e a vergonha do Brasil: febre amarela, peste bubónica e varíola. Convoca-me e vou à sua presença. Digo-lhe que se me der os meios necessários, em 3 anos acabarei com a febre amarela e mais tarde atacarei as outras doenças. Pouco depois entrego-lhe o rol dos referidos meios. Num dia o Presidente nomeia-me Diretor da Saúde Pública, mas no dia seguinte eu peço a demissão porque nomeara para secretário do meu projeto, não quem eu indicara, mas um figurão da sua confiança. Fica abismado com a minha atitude mas recua, despede o figurão, nomeia quem eu indico. A 26 de Março de 1903 tomo posse.

Primeiro inimigo a abater: a febre amarela, com o seu vómito negro e mortal. Tenho portanto que liquidar o stegomia fasciata, o mosquito raiado que, ao picar os homens, neles inocula o gérmen da doença. E isso só se consegue eliminando as águas estagnadas onde proliferam as larvas e as ninfas dos mosquitos raiados.

Pedi ao Presidente um contigente de 1200 homens mas o Congresso, com as suas burocracias, tarda em aprovar o meu pedido. Então resolvo que uma brigada de 85 homens, chefiados pelo meu amigo Dr. Carneiro de Mendonça, saia em campo. Os meus fiscais sanitários batem quintais e jardins. Na ânsia de desinfectar invadem pátios e porões, trepam aos telhados, saturam com petróleo as águas estagnadas, poças e charcos. No início, os cariocas divertem-se e troçam dos mata-mosquitos. O Dr. Carneiro de Mendonça passa a ser o mosquiteiro-mor e eu ganho a alcunha de czar dos mosquitos. Mas depois a população do Rio, tocada pela imprensa (prosa satírica e caricaturas) e pela Oposição a Rodrigues Alves, irrita-se, hostiliza, apela para a violência. Para impedir a inspecção domiciliar dos meus agentes, os proprietários impetram habeas-corpus. A Justiça começa por lhes dar razão e eu entro na briga. Em Tribunal alego que, se numa rua, uma casa ficar por desinfectar, em breve a febre amarela tomará conta dos seus habitantes que irão infectar os vizinhos e isso é quanto basta para regressarmos aos cem óbitos diários de antigamente. O Supremo Tribunal recua, o habeas-corpus não pode ser aplicado nestes casos. E eu trato de acelerar o saneamento da cidade. Rodrigues Alves pede-me que eu não seja tão rígido. Não cedo e coloco o meu cargo à sua disposição. O Presidente mantém-me no posto.

Chega mesmo a dizer para um amigo comum:

– É impossível que esse moço não tenha razão.

No primeiro semestre de 1903, no Rio de Janeiro ocorreram 469 óbitos por febre amarela. Já no primeiro semestre de 1904 apenas 39. E em 1906 dou por extinta a epidemia de febre amarela.

Cumpri o prometido: 3 anos para acabar com a peste!

ABAIXO A VACINA OBRIGATÓRIA!

Mas a ignorância não desarma e a guerra continua. Se a febre amarela atacava no Verão, a varíola ataca no Inverno. É doença trazida para o Rio por imigrantes estrangeiros e retirantes de outros Estados do Brasil. Armas para combatê-la são as vacinas e essas já as mandei produzir, em grande quantidade, no Instituto de Manguinhos. Todas as entradas no Rio passarão a ter postos de vacinação.

Nos finais de 1903 e princípios de 1904, na capital recrudesce a epidemia de varíola. Insisto com a Comissão de Saúde Pública da Câmara para que edite lei que obrigue toda a população a vacinar-se.

A lei tarda a ser publicada mas eu avanço: em Maio de 1904 vacino mais de 8 mil pessoas, em Junho mais de 18 mil e em Julho mais de 23 mil.

É quanto basta para que a imprensa e a Oposição a Rodrigues Alves tornem a espicaçar a opinião pública contra mim: atentado contra a liberdade individual, contra o pudor da mulher brasileira que será obrigada a mostrar a coxa para ser vacinada, abaixo a tirania, abaixo a vacina obrigatória!

Respondo: “Quem não quer vacinar-se poderá ser infectado. E, ao sê-lo, transmitirá a doença a quem não deseja ser doente. Se colidir com o bem comum, aí sim! a liberdade individual converte-se em tirania.”

Mas a imprensa não publica a minha argumentação. E quando, em Outubro de 1904, finalmente é publicada e entra em vigor a lei da obrigatoriedade da vacina, essa é a gota de água que faz transbordar a antipatia popular contra Rodrigues Alves, o qual não conseguira nem deter a carestia da vida, nem promover a oferta de empregos. Há tumultos, greves e motins. A multidão enfurecida ataca a minha casa mas eu, com a minha família, consigo escapar pelos fundos. Por influência do Apostolado Positivista também ocorre a insurreição da Escola Militar, tiroteio em vários bairros, cartuchos de dinamite explodindo pelas ruas. Teme-se a queda do Governo. O Presidente entra em negociações, apazigua os ânimos, concilia.

Mas paga um preço: revogação da obrigatoriedade da vacina. Mais uma vitória da ignorância contra o saber…

CONSAGRAÇÃO

A pedido do Governo, em 1905 desloco-me aos portos do Norte para treinar as equipas sanitárias a lidar com a peste bubónica, a febre amarela e a varíola.

Pelos mesmo motivos, em 1906 desloco-me aos portos do Sul.

Em 1907, em Berlim, no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia, faço uma exposição das atividades do Instituto Manguinhos e da nossa luta para debelar as pestes. Dão-me o primeiro prémio, medalha de ouro.

Ainda em 1907 sofro a primeira crise de insuficiência renal. No mesmo ano ingresso na Academia de Medicina do Brasil. Mas a ocorrência mais importante de 1907 é a esquadra americana singrando em direção ao Cabo Horn. Pretende contornar a América do Sul para alcançar o Pacífico. A meio caminho da costa atlântica demanda e fundeia, por uns dias, na baía da Guanabara. Antes, o Embaixador americano perguntara-me se havia o perigo de acontecer aos marinheiros americanos o mesmo que sucedera em 1895 aos marinheiro da Lombardia. E eu garanti ao Embaixador que ficasse tranquilo, pois a febre amarela fora inteiramente debelada no Rio de Janeiro. Chega a esquadra, desembarca cerca de 18 mil marinheiros que passeiam pelas ruas, praias, morros e montanhas da cidade que será talvez a mais bonita do mundo, e nenhum deles adoece. Todos recordam o que aconteceu aos marinheiros italianos. E todos comparam o ontem com o hoje. Este acontecimento vai com certeza contribuir para a extinção do labéu internacional Brasil-vasto-hospital. Finalmente vingará, como queria D. João VI, a abertura dos portos brasileiros a toda a navegação…

Mas em 1908 outra vez a varíola irrompe no Rio de Janeiro. Interrompida que fora a vacinação, era inevitável que tal viesse a acontecer! Mas os tempos agitados de Rodrigues Alves já se foram, agora o Presidente é o tranquilo Afonso Pena. As classes cultas já aceitam facilmente a vacina. Os populares resistem mas, com o passar do tempo, verificam que só morre de varíola quem não foi vacinado. E isso basta para, mesmo sem obrigatoriedade, começarem a aderir à causa da vacina.

Ainda em 1908 o Presidente Afonso Pena crisma o Instituto de Manguinhos com o nome Instituto Osvaldo Cruz . Foi grande gentileza, a sua…

Em 1909, exausto, renuncio à direção da Saúde Pública e passo a dedicar-me, a tempo inteiro, a Manguinhos. Mas em 1910 sou convidado para investigar as condições sanitárias em que se trabalha na construção da via férrea Madeira-Mamoré. E sigo para o Amazonas, nada me consegue afastar da Batalha Permanente. Verifico que trabalhadores e populações vizinhas sofrem crises de malária. Receito doses maciças de quinino, de acordo com as pesquisas de Artur Neiva e Carlos Chagas. Em seguida marcho para Belém do Pará. Ali, mais uma vez irei enfrentar a febre amarela. Uso os métodos que já aplicara no Rio.

Mas com uma diferença: a população paraense, ao contrário da carioca, recebe com afabilidade os agentes sanitários e colabora ativamente na guerra contra os mosquitos raiados.

Em 1911 a Exposição Internacional de Higiene (Dresden, Alemanha) confere um diploma de honra ao Instituto Osvaldo Cruz .

Com a colaboração de Carlos Chagas, em 1912 comando o saneamento do vale amazónico. No mesmo ano sou eleito para a Academia Brasileira de Letras.

Em 1914 a França que, nas suas colónias de África beneficiara das minhas descobertas, concede-me a Legião de Honra, a mais alta distinção republicana.

PETRÓPOLIS

Osvaldo Cruz é eleito Prefeito de Petrópolis. Entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.

As minhas crises renais são cada vez mais frequentes. Também meu coração e meus olhos começam a falhar. Exausto, em 1916 sou forçado a suspender todo o meu trabalho e retiro-me para Petrópolis. Talvez me revigore o clima ameno do alto da serra.

Dedico-me à floricultura. O meu filho convence-me que eu não tenho temperamento para cuidar apenas de jardinagem. O moço terá razão.

Acaba de ser criada a Prefeitura de Petrópolis e eu candidato-me a Prefeito. Ganho as eleições. Tomo posse e, como sempre fiz na vida, corto a direito, primeiro que tudo o bem comum.

As consequências são as do costume: interesses privados contrariados, clamor contra mim. Esgotado, não consigo prosseguir nesta guerra que nem sequer é do meu foro. Renuncio ao cargo.

TESTAMENTO

Petrópolis, 11 de Fevereiro de 1917 – De manhã entrou em coma. Às 9 da noite morre o meu amigo Osvaldo Cruz . O homem que saneou o Brasil, o vencedor de pestes e maleitas tinha apenas 45 anos. Gastou-se a defender a saúde dos seus compatriotas. Estes nem sempre o compreenderam, frequentemente o hostilizaram. Gastaram-no.

No seu testamento Osvaldo pede:

– Evite a minha família a cena penosa de vestir meu corpo, bastará envolvê-lo num lençol.
– Também não faça convites para o meu funeral, nem quero missa do sétimo dia.
– A minha família não deve vestir-se de preto, o luto está nos corações, nunca nas roupas. Além do mais, no nosso clima, roupas pretas são anti-higiénicas.
– A morte é fenómeno fisiológico naturalíssimo, ao qual nada escapa. A minha família não deve prolongar a amargura pela minha ausência, é preciso que nos conformemos com os ditames da natureza. Que passeiem, que se divirtam, que procurem diversões, teatros, festas, viagens, que ajudem o tempo na benfazeja obra de fazer esquecer.

Oswaldo Cruz – Sanitarista

Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz

Oswaldo Gonçalves Cruz, um dos maiores sanitaristas brasileiros, nasceu no dia 5 de agosto de 1872, em São Luis do Paraitinga, no interior de São Paulo.

Filho primogênito do médico Bento Gonçalves Cruz, Oswaldo mudou-se com a família para o Rio de Janeiro aos cinco anos de idade. Na então capital do país, o futuro cientista, que já havia sido alfabetizado pela mãe, teve seu primeiro contato com a educação formal como aluno dos colégios Laure e São Pedro de Alcântara.

Em 1887, com apenas 14 anos de idade, Oswaldo iniciou o curso de Medicina na Faculdade do Rio de Janeiro.

Ao contrário do que se possa pensar, ele não era um aluno de destaque: tinha notas medianas e não se interessava pela prática clínica. Mas durante o curso descobriu sua paixão pelo microscópio e pelos microorganismos. A vontade de compreender a vida desses pequenos seres o levou, em 1896, até Paris, onde fez especialização em Microbiologia e estagiou em vários centros de pesquisas importantes, inclusive no Instituto Pasteur, período em que realizou trabalhos sobre toxicologia. Ciente de que seria impossível viver unicamente da ciência, Oswaldo especializou-se também em Urologia. De volta ao Brasil, trabalhou primeiramente num laboratório de análises, depois na fábrica de tecidos em que seu pai havia atuado, e posteriormente numa policlínica.

A história de Oswaldo Cruz e da saúde pública se encontram em 1899, quando o médico foi convidado pela Diretoria Geral de Saúde Pública (hoje Ministério da Saúde) para formar uma comissão que deveria investigar casos suspeitos de peste bubônica na cidade de Santos. O convite para integrar o grupo do qual participavam cientistas de renome, como Adolfo Lutz e Vital Brasil, era um reconhecimento público da competência de Oswaldo Cruz. No Instituto Soroterápico, o médico liderou os trabalhos para a produção nacional do soro contra a peste, que era importado da Europa. Foi também nessa instituição que ele descobriu os meios de combate ao carbúnculo que dizimava o gado bovino naquela época.

No ano seguinte, Oswaldo tornou-se diretor da instituição e, em 1903, foi nomeado diretor geral do Serviço Sanitário do Rio de Janeiro, cargo que recebeu junto com a missão de erradicar doenças que atingiam a população carioca: a febre amarela, a peste e a varíola. O sanitarista empregou todos os esforços para debelá-las em três anos, conforme prometera ao governo, e para tanto organizou campanhas visando eliminar esses males através da perseguição às suas causas.

Para a febre amarela, as ações consistiam em detectar os doentes e acabar com os mosquitos Aedes aegypti. Certa ocasião, diante da oposição do povo quanto à aplicação de medidas enérgicas de profilaxia, pediu demissão do cargo, mas Rodrigues Alves, presidente da República, recusou-a e deu-lhe apoio integral na execução de sua obra. Quanto à peste, ele propôs aos cidadãos uma caça aos transmissores, os ratos, oferecendo para cada roedor morto o prêmio de 300 reis.

As medidas do governo, apesar de serem alvo de desconfiança por parte da população, foram eficazes e acabaram com as duas doenças.

Porém, foi a luta contra a varíola que marcou sua trajetória e resultou num dos fatos mais marcantes do início do século 20 no Brasil: a Revolta da Vacina. O episódio consistiu na reação dos cariocas a vacinação obrigatória e em massa, que era a ação proposta para eliminar a doença. A medida foi mal vista pela sociedade. Intelectuais acusavam o médico de desrespeitar a liberdade individual, e a população, que desconhecia o medicamento, produzia boatos de que o vacinado poderia ficar com cara de bezerro, ou até morrer. A crescente insatisfação levou ao movimento de rebeldia, que eclodiu em 10 de outubro de 1904.

Durante vários dias, a cidade do Rio de Janeiro foi palco de batalha entre a população e as tropas do governo, que tiveram que contar com a ajuda da Marinha para pôr fim ao conflito. Em decorrência disso, a obrigatoriedade da vacinação foi suspensa e, em 1908, ocorreu um novo surto de varíola. Mas então, a vacinação que antes provocara recusa e tumulto entre a população, foi aceita como medida necessária.

Com a reputação abalada pelo ocorrido, Oswaldo Cruz decidiu dedicar-se inteiramente à pesquisa na área de saúde pública, atuando no Instituto Sorológico Federal que, em 1908, recebeu o seu nome. Às realizações de Oswaldo à frente do Instituto foram internacionalmente reconhecidas. Em 1907 ele foi premiado com a medalha de ouro no 14º Congresso de Higiene e Demografia, na Alemanha, e visitado pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, a quem apresentou as boas condições sanitárias do Rio de Janeiro. Nessa época, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré solicitou sua cooperação para o saneamento da zona em que operava, e ele conseguiu que ali o número de doentes baixasse de trezentos para sessenta, por ano.

A fama de seu trabalho lhe restituiu o bom nome perante os brasileiros e lhe garantiu dois cargos que o levaram novamente à vida pública: a posse na Academia Brasileira de Letras, em 1913, e a nomeação para a Prefeitura de Petrópolis, cidade em que passou a morar depois de encerrar, em 1916, suas atividades no Instituto, por motivos de saúde, e aonde veio a falecer em 11 de fevereiro de 1917.

Oswaldo Cruz deixou duas obras escritas: A água como veículo dos micróbios, tese de doutorado, e Relatório sobre a moléstia reinante no porto deSantos. Fernando Kitzinger Dannemann

Fonte: biography.yourdictionary.com/www.biblio.com.br/www.meusestudos.com

 

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