Carl Sagan

Carl Sagan – Vida

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Data de Nascimento: 09 de novembro de 1934, Nova Iorque, Nova Iorque
Morreu em: 20 de dezembro de 1996, Seattle, Washington.

Carl Sagan (1934-1996) ajudou as pessoas a entender o nosso planeta e o Universo.

Carl Sagan, também conhecido como o “o astrônomo do povo”, foi um americano astrônomo, astrofísico, autor e pesquisador.

Ele fez contribuições importantes na popularização da astronomia para o público.

Carl Sagan foi autor de mais de 600 artigos científicos e livros sobre astronomia e vários sobre ciências naturais.

Carl Sagan também ganhou fama mundial ppor ter narrado e escrito séries populares de televisão em 1980 “Cosmos: Uma Viagem Pessoal”.

Juventude e educação

Carl Sagan nasceu em New York em 1934.

Quando ele tinha quatro anos, seus pais o levaram para a feira 1939 do New York World. Isto tornou-se um ponto de viragem na sua vida aos pouco Carl Sagan desenvolveu um interesse precoce em arranha-céus, ciência, espaço e as estrelas.

Seus pais o incentivaram seu crescente interesse na ciência e presenteava-lhe com conjuntos de química e livros. Depois de se formar a partir de Rahway High School, em 1951, ele passou a adquirir três diferentes graus de ciência.

Carl Sagan foi professor e pesquisador da Universidade de Harvard até 1968. Ele então se juntou a Universidade de Cornell em Ithaca, onde se tornou professor titular em 1971, e mais tarde, o diretor do Laboratório de Estudos Planetários.

Ele permaneceu em Cornell até 1981.

Contribuições e realizações

Carl Sagan autor de mais de 20 livros sobre o espaço e do universo.

Ele ganhou um prêmio Pulitzer por seu trabalho.

Sua série de TV Cosmos continua a ser um dos shows mais assistidos da história da televisão.

Carl Sagan ajudou a NASA com missões espaciais dos EUA para Vênus, Marte e Júpiter.

Particularmente, sua descoberta das altas temperaturas da superfície do planeta Vênus é altamente considerado. Ele também trabalhou em compreender as atmosferas de Vênus e Júpiter e as mudanças sazonais em Marte.

O filme 1997 Contactar foi inspirado pelo livro de mesmo nome de Sagan. Contrariamente à crença popular de que os estrangeiros seria destrutivo para a humanidade, Carl Sagan defendia que os estrangeiros seria simpático e bem-humorado.

Carl Sagan é conhecido por ser um dos primeiros cientistas a propor que pode haver vida em outros planetas.

Ele encorajou NASA para explorar o sistema solar para sinais de vida. Ele recebeu a Medalha de bem-estar público, o maior prêmio da Academia Nacional de Ciências, em 1994.

Vida e morte

Em seus últimos trabalhos escritos, Carl Sagan argumentou que as possibilidades de veículos espaciais extraterrestres visitarem a Terra eram muito pequenas.

Carl Sagan morreu de pneumonia em 1996 com a idade de 62.

Carl Sagan
Carl Sagan

Uma Estrela de 1ª Magnitude

Há momentos em que somos tomados por uma profunda sensação de perda, bem diferente daquela que sentimos com a perda de entes queridos próximos. Uma sensação mais sóbria, menos desesperadora, porque nos atinge de maneira mais distante, mais indireta. Mas não menos profunda.

Muitas pessoas — mas proporcionalmente poucas se consideramos todos os habitantes de nosso planeta — experimentaram essa sensação indesejada e incômoda no dia 20 de dezembro do ano que se foi (1996).

Aos 62 anos, Carl Sagan, o astrônomo norte-americano, o sábio ser humano do planeta Terra, nos deixou.

Os astrônomos sabem que quanto maior e mais brilhante é uma estrela, mais rápida e furtiva é sua existência. E a estrela de Sagan sempre brilhou muito… muito intensamente.

Ficamos órfãos — todos nós, que acreditamos que nossa época e nossas conquistas são as mais notáveis de nossa jornada neste Universo — de nosso paradigma, nossa pipe-line, nosso exemplo, nosso mestre.

Carl Sagan
Carl Sagan tornou-se conhecido do grande público por seus livros de divulgação científica e por protagonizar como apresentador a série televisiva “Cosmo”

Júbilos e Perdas

Nós vivemos numa época maravilhosa, em que a compreensão das questões essenciais que afligem o ser humano desde as suas origens começa a ser vislumbrada através do tênue feixe de luz que a pequena lanterna-ciência lança sobre as trevas de nossa ignorância.

Poucas pessoas conseguem ver essas maravilhas, contemplar este momento único, Regozijar-se de pertencer a este tempo, a esta época.

Menos pessoas ainda compreendem que a nossa maior conquista é a própria lanterna!

Ninguém se esforçou mais do que Carl Sagan para mostrar a todos, cientistas e leigos, a importância de tornar acessível a todos a posse dessa lanterna.

Ninguém, mais do que Sagan, teve a coragem e a iniciativa de por a prova o pensamento científico, sem preconceitos, sem soberba, sem arrogância.

Empunhando magistralmente as palavras e com um domínio invejável de vastas áreas do saber científico, Sagan duelava impiedosamente com magos, ufólogos, curandeiros, falsos-profetas de nosso tempo, e nunca perdia.

Esgrimia aguerrido com a lanterna-ciência, como um Luke Sky Walker a serviço do bom-senso, contra os Darth Vader da fantasia travestida de realidade.

Podemos lembrar dele como um astrônomo de renome internacional; por sua participação em alguns projetos da NASA; por sua constante aparição nos meios de comunicação de massa; por seus inúmeros e deliciosos livros.

Mas certamente, para os que conhecem, ainda que superficialmente, sua obra e suas idéias, Carl Sagan será lembrado como um ser humano muito especial, com uma visão de mundo extremamente científica e, ao mesmo tempo, sentimentalmente poética: a ciência era sua musa; falar da ciência era sua poesia.

E ao conseguir mostrar quão bela e, como diria o Sr. Spock, quão fascinante é a visão do Universo proporcionada pelo pequeno feixe de nossa lanterna-ciência, Sagan inexoravelmente incutia em seus interlocutores o desejo, a ânsia pela posse dessa lanterna mágica.

Carl Sagan era um sonhador. Perseguiu seus sonhos por toda a sua vida. Muitos, ele os viu realizados. Outros, deixou-os para realizar s gerações futuras.

Carl Sagan
Carl Sagan foi um astrônomo de primeira linha. Mas foi divulgando a Ciência que ele se destacou como o melhor entre os melhores

Quando lembro-me lendo seus livros, seus artigos em revistas, vendo-o na TV, em reportagens ou seriado, não posso deixar de regozijar-me e agradercer, não sei bem a quê ou a quem, o privilégio de existir nesta época, e compartilhar, ainda que distante na superfície de nosso planeta, porém muito próximo no mundo das idéias, da existência de um ser humano como Carl Sagan.

Biografia Resumida de Carl Sagan

Carl Edward Sagan nasceu em 9 de novembro de 1934, filho Rachel e Samuel Sagan (um alfaiate russo, emigrante da União Soviética), em New York, nos Estados Unidos.

Aos 12 anos teve seu interesse irreversivelmente atraído pela astronomia.

Em 1954 formou-se em física na Universidade de Chicago, onde, em 1955 bacharelou-se, em 1956 completou o mestrado e em 1960 completou também seu Doutorado em Astronomia e Astrofísica.

Entre 1960 e 1968 Carl Sagan lecionou em algumas das principais universidades norte-americanas: Harvard, Stanford e Cornell.

Nessa última, onde lecionou a partir de 1968, fundou e dirigiu o Laboratório de Estudos Planetários.

Foi colaborador da NASA, como consultor e conselheiro, desde os anos 50, e em diversos projetos de grande envergadura, tendo participado de forma decisiva na preparação e planejamento das missões Apolo (à Lua), Mariner e Viking (à Marte), Voyager (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) e Galileo.

Junto com outros pesquisadores e nomes de peso no cenário artístico americano (Paul Newman, etc), fundou e dirigiu a The Planetary Society.

Recebeu 22 títulos de honra concedidos por instituições de ensino superior dos Estados Unidos.

Sagan teve participação decisiva na explicação do efeito estufa na atmosfera de Vênus. Também ajudou a explicar as mudanças sazonais na atmosfera de Marte e o efeito de moléculas orgânicas complexas na atmosfera de Titan, satélite de Saturno.

Além de inúmeros artigos em boletins e revistas especializadas, em revistas de divulgação e em revistas para o grande público, Sagan publicou vários livros. Alguns técnicos e outros de divulgação científica.

Recebeu o prêmio Pulitzer de literatura, em 1978, por seu fascinante livro, Os Dragões do Éden.

Recebeu 3 prêmios Emmy (o “Oscar” da TV) por sua série para TV, Cosmos. Estima-se que Cosmos tenha sido assistida por mais de 500 milhões de pessoas em mais de 60 países. Seu livro, de mesmo nome, permaneceu por mais de 70 semanas na lista dos mais vendidos do New York Times.

Em seus últimos anos, vivia em Ithaca, New York.

Com 62 anos, foi acometido de uma forte pneumonia, adquirida devido a fragilização causada em seu organismo pela mielodisplasia — doença da medula, perniciosa como o câncer, que o acompanhava há cerca de 2 anos.

Em 20 de dezembro de 1996, Carl Sagan deixou finalmente seu planeta natal. Deixou-nos e rumou, sozinho, para as estrelas.

Com a palavra, Carl Sagan

Sagan e a Fé em nossa época

“De fato, a época mais excitante, satisfatória e estimulante para se estar vivo é justamente aquela em que se passa da ignorância ao conhecimento desses assuntos fundamentais; a época em que se começa na imaginação e se termina no entendimento.

Em todos os 4 bilhões de anos da história da vida em nosso planeta, e nos 4 milhões de anos de história da família humana, só a uma geração cabe o privilégio de viver este momento único de transição: essa geração é a nossa.”

Sagan e a Ciência

“A Ciência é antes um modo de pensar do que propriamente um conjunto de conhecimentos.”

“A Ciência nos esclarece sobre as questões mais profundas das origens, naturezas e destinos – de nossa espécie, da vida, de nosso planeta, do Universo. Pela primeira vez na história humana somos capazes de adquirir uma verdadeira compreensão desses temas. Toda cultura sobre a Terra tem tratado deles e valorizado a sua importância. Todos nós nos sentimos tolos, quando abordamos essas questões grandiosas. A longo prazo, a maior dádiva da Ciência talvez seja nos ensinar , de um modo ainda não superado por nenhum outro empenho humano, alguma coisa sobre nosso contexto cósmico, sobre o ponto do espaço e do tempo em que estamos, e sobre quem nós somos”.

Sagan e as Pseudociências

“Eu afirmo que existe muito mais maravilha na Ciência do que na pseudociência. E, além disso, em qualquer medida que este termo tenha algum sentido, a Ciência tem a virtude adicional, que não é desprezível, de ser verdadeira”.

“Caso se explicasse a Ciência ao indivíduo médio de uma maneira que fosse acessível e emocionante, não haveria espaço para a pseudociência. Mas há um tipo da Lei de Gresham que estabelece que na cultura popular a Ciência ruim tira o espaço da boa. E penso que a culpa disso é, em primeiro lugar, de nós da comunidade científica por não fazermos um trabalho melhor de popularização da Ciência, e, em segundo, dos media, que é nesse sentido quase uniformemente terrível. Todo jornal na América tem uma coluna diária de astrologia. Quantos têm uma coluna ao menos semanal de astronomia? E eu acredito que também é culpa do sistema educacional. Nós não ensinamos como pensar. Esta é uma falha muito séria que pode até, em um mundo equipado com 60.000 armas nucleares, comprometer o futuro da humanidade.”

Sagan e o Ceticismo (filosófico)

“Parece-me que é necessário um equilíbrio muito cuidadoso entre duas necessidades conflitantes: o escrutínio mais cético de todas as hipóteses que nos são oferecidas e ao mesmo tempo uma grande abertura a novas idéias. Obviamente que essas duas modalidades do pensamento estão em alguma tensão. Mas se você puder exercitar somente uma delas, qualquer que seja, você tem um problema sério.

Se você for somente cético, então nenhuma idéia nova chega até você. Você nunca aprende nada de novo. Você se transforma em uma velho excêntrico convencido de que o absurdo é que governa o mundo (evidentemente que há muitos dados para lhe dar apoio.). Mas, de quando em quando, talvez uma vez em cem casos, uma nova idéia acaba acertando, válida e maravilhosa. Se você estiver no hábito demasiado forte de ser cético com tudo, você não a perceberá ou se sentirá agredido, e de qualquer maneira estará barrando o caminho da compreensão e do progresso.

Por outro lado, se você estiver aberto a ponto de ser crédulo e não tiver um grama de ceticismo, então você não conseguirá distinguir as idéias úteis das sem valor. Se todas as idéias tiverem validade igual então você está perdido, porque então, me parece, nenhuma idéia tem validade alguma.

Algumas idéias são melhores do que outras. O aparato para distingui-las é uma ferramenta essencial para lidar com o mundo e especialmente com o futuro. E é precisamente a mistura dessas duas modalidades de pensamento que é central ao sucesso da Ciência.

Os cientistas realmente bons fazem ambas as coisas. Quando estão por sua própria conta, falando consigo mesmos, eles criam um monte de idéias novas e as criticam sem piedade. A maior parte das idéias nunca chega ao mundo exterior. Somente as idéias que passam por rigorosos filtros pessoais conseguem sair e são criticadas pelo restante da comunidade científica. Acontece às vezes que as idéias que são aceitas por todos acabam por se mostrar erradas, ou ao menos parcialmente erradas, ou ao menos substituídas por idéias mais gerais. E, se por um lado, naturalmente, existem algumas perdas pessoais — vínculos emocionais a idéias que voccê mesmo ajudou a criar –, não obstante a ética coletiva é de que toda vez que uma idéia assim cai e é substituída por algo melhor, a Ciência beneficiou-se. Em Ciência, freqüentemente acontece que os cientistas digam, “Sabe, esse é um argumento bom mesmo; minha posição está errada”, e então mudam mesmo de idéia e você nunca mais ouve aquela visão antiga. Isso acontece mesmo. Não tão freqüentemente como deveria, porque os cientistas são humanos e a mudança às vezes é dolorosa. Mas acontece todos os dias. Mas ninguém consegue lembrar qual foi a última vez em que algo assim aconteceu na política ou na religião. É muito raro que um senador, por exemplo, diga “esse é um bom argumento. Vou mudar minha afiliação política.”

Sagan e a Educação

“As vezes fico admirado por ver como há muito mais capacidade e entusiasmo para a Ciência entre os jovens da escola primária que entre os estudantes universitários. Alguma coisa acontece nos anos de escola que lhes desestimula o interesse (e não se trata apenas da puberdade); devemos compreender e evitar esse perigoso desestímulo.”

“Eu acredito que parte do que impulsiona a Ciência é a sede de maravilhamento. É uma emoção muito poderosa. Todas as crianças a sentem. Em uma sala de aula de primeira série, todos a sentem; em uma sala de aula do último ano do ensino médio, quase ninguém a sente, ou sequer a reconhece. Algo acontece entre a primeira e a última séries, e não é só a puberdade. Não somente as escolas e a mídia não ensinam muito ceticismo, mas também há pouco incentivo dessa agitante sensação de maravilhamento. Ciência e pseudociência, ambos despertam esse sentimento. Popularizações pobres da Ciência estabelecem um nicho ecológico para a pseudociência.”

Sagan e a ameaça nuclear

“Estamos numa encruzilhada da história humana. Nunca dantes houve um momento tão perigoso e tão promissor. Somos a primeira espécie a ter a evolução em nossas próprias mãos. Pela primeira vez possuímos os meios de promover nossa própria destruição, inadvertida ou intencional.”

“Entramos irrevogavelmente, creio eu, num caminho que nos levará às estrelas — a não ser que, por monstruosa capitulação ao egoísmo e à estupidez, venhamos a nos destruir antes disso.”

Sagan e a Tendenciosidade dos Meios de Comunicação

“Enquanto algumas doutrinas marginais recentes são amplamente promovidas, a discussão cética e a dissecação de suas falhas gritantes não são divulgadas.”

Sagan e os Discos Voadores, Passados e Presentes

“Examinamos uma série de artefatos, lendas e folclore de muitas culturas, e concluímos que não há um só caso que proporcione alguma evidência convincente de contatos com extraterrestres.”

Sagan e a Comunicação com Civilizações Extraterrestres

“Através de toda a nossa história, temos meditado sobre as estrela e imaginado se a humanidade é de fato única ou se, em algum outro lugar na escuridão do céu noturno, haverá outros seres comtemplando e imaginando da mesma forma que nós, como colegas pensantes na imensidão do cosmo.”

Sagan e a Coragem Intelectual

“Meu ponto de vista pessoal é que, não importa quão inortodoxo é o raciocínio e quão desagradáveis as conclusões, não há desculpas para tentar eliminar novas idéias — muito menos que os cientistas o façam.”

Sagan e Jornada nas Estrelas

“Tive o mesmo problema com Jornada nas Estrelas, que sei ter tido larga aceitação, e em relação ao qual alguns amigos solícitos me disseram que eu deveria ter uma visão alegórica e não literal. Quando, todavia, astronautas provindos da Terra se instalam num planeta distante e lá encontram seres humanos em meio a um conflito entre duas superpotências nucleares — que se intitulam Yangs [Ianques] Coms [comunistas], ou seus equivalentes fonéticos —, a descrença não pode deixar de vir à tona. Numa sociedade global terrestre, daqui a muitos séculos, os oficiais da nave são embaraçosamente anglo-americanos. Somente duas das 12 ou 15 naves interestelares têm nomes não ingleses, Kongo e Potenkin (Potemkin e não Aurora?). E a idéia de um cruzamento bem-sucedido entre um “vulcaniano” e uma terrestre simplesmente ignora tudo o que hoje sabemos sobre biologia molecular. (Como observei em outro lugar, tal cruzamento tem a mesma probabilidade de sucesso de um acasalamento entre um homem e uma rosa).”

Sagan e a Ficção Científica

“Acredito que eu tenha hoje a mesma sede de maravilhas dos meus 10 anos de idade. Mas desde então aprendi um pouco a respeito do modo como o mundo realmente se ajusta. Acho que a ficção científica me levou à Ciência. Considero a Ciência mais sutil, mais intrincada e mais impressionante do que grande parte da ficção científica.”

“A interligação entre a Ciência e a ficção científica por vezes produz resultados curiosos. Nem sempre fica claro se é a vida que imita a arte ou vice-versa.”

“Não receio em afirmar que, se sobrevivermos, a ficção científica terá dado uma contribuição vital para a continuidade e a evolução de nossa civilização.”

Sagan e a Divulgação Científica

“A Ciência real pode tornar a ficção tão excitante como a ciência espúria, e penso que é importante aproveitar toda a oportunidade de divulgar as idéias da Ciência numa civilização que, ao mesmo tempo em que se baseia nela, quase nada faz para torná-la compreendida.”

“É um desafio supremo para o divulgador da Ciência deixar bem clara a história real e tortuosa das grandes descobertas, bem como os equívocos e, por vezes, a recusa obstinada de seus profissionais a tomar outro caminho. Muitos textos escolares, talvez a maioria dos livros didáticos científicos, são levianos nesse ponto. É muitíssimo mais importante apresentar de modo atraente a sabedoria destilada durante séculos de interrogação paciente e coletiva da Natureza do que detalhar o confuso mecanismo de destilação. O método da Ciência, por mais enfadonho e ranzinza que pareça, é muito mais importante do que as descobertas dela”.

Sagan e a Beleza do Universo

“Se olharmos para qualquer ponto do universo, encontraremos algo de estupendo. Antes de mais nada, encontraremos um universo extremamente belo, construído de maneira sutil e intrincada.”

Sagan e o Amor à Vida

“A espécie humana precisará crescer muito, deixar sua infância para trás. Talvez nossos descendentes nesses tempos remotos olhem para trás, para a longa e errante jornada empreendida pela raça humana a partir de suas obscuras origens no distante planeta Terra , e, relembrando nossas histórias pessoais e coletivas, nosso romance com a Ciência e a religião, tenham uma visão plena de clareza, compreensão e amor.”

Carl Sagan – Biografia

Carl Sagan
Carl Sagan

O ser humano está em constantes mudanças. E essas mudanças se desenvolvem de maneira retilínea, quando se trata da evolução da própria espécie, visto que nos patamares da psicologia, a descoberta científica incentiva esse amadurecimento. Na obra de Sagan, observamos que o desenvolvimento humano se inicia a partir do momento em que o mesmo se prosta diante da natureza e observa os fenômenos periódicos (não poderia ser diferente, uma vez que a periodicidade de um acontecimento nos remete sempre a uma causa comum).

É interessante observarmos que em 2001, uma Odisséia no Espaço(A.C. Clarke, 2001: Uma Odisséia Espacial. Editora Expressão e Cultura, 1969.) o autor relaciona o início da evolução do homem a partir do momento em que o mesmo se utiliza dos meios naturais para fazer prevalecer a sua vontade, daí o salto até os dias de hoje.

Esse homem que nos no passado dividia o seu espaço com répteis gigantescos e se abrigava em cavernas, com o passar do tempo torna-se sedentário, inventa a escrita, descobre a máquina a vapor, defraga a Segunda Guerra e enfim pisa na lua (início para aquele que seria (e ainda) o maior desafio ao próprio homem: desvendar o Cosmos.

Na linguagem do autor, Cosmos é tudo o que já foi, tudo o que é e que será. O homem é apenas uma fagulha da enorme fogueira da sabedoria cósmica . Sem dúvida, todos os tópicos abordados em sua obra fornecem dados mais do que palpáveis para essa verificação. O autor então nos mostra que o homem da antigüidade já observava o universo e estudava os astros no intuito de desvendá-lo. Tamanha a apreciação do sapiens nesse período, que os grandes filósofos (Demócrito e suas idéias avançadas, como o átomo, o início do cálculo diferencial e integral, propondo a divisão de sólidos em placas bem finas, para o cálculo de seu volume. Pitágoras e suas hipotenusas e catetos, que muito influenciou Platão. Aristóteles, que explicou o sistema de eclipses e fases da lua Aristarco, primeiro a supor que a Terra não era o centro do universo. Eratóstenes, primeiro a medir o diâmetro da Terra. Hiparco, que estimou brilho de cerca de 850 estrelas, e fez mapas de constelações. Ptolomeu que formulou uma teoria sobre o universo, mas com a Terra no centro. Entre muitos outros.) em muito contribuíram para modificar a abordagem hoje dada a diverso fenômenos cosmologicos.

De onde viemos? Quando viemos? Para onde vamos e o melhor, como vamos? Eram os Deuses Astronautas (sic)?(Erik Von Daniken, Eram os Deuses Astronautas. Companhia Melhoramentos de S.P. S.A.)

E foi exatamente da necessidade do homem em obter resposta para o porque de tudo isso que ele criou a muralha que o defende ou que o isola: a religião, exercendo nesse período um papel fundamental no aprisionamento e limitação no descobrir, no bloqueio em buscar respostas que estavam lá fora.

É interessante que ao lermos as páginas de Cosmos chegamos a uma conclusão, ou melhor, abramos aqui um parênteses: no final da idade antiga (mais precisamente no período de transição para a idade média) acontece o incêndio que destrói a biblioteca de Alexandria. Não que haja alguma influência direta, mas o homem medieval se distância dos fogos do céu e das artérias da terra para então se enclausurar num período que ficou conhecido como a época das trevas.

Vejamos que essa analogia só se refere ao Ocidente, visto que no Oriente, civilizações como a Chinesa possuiam uma outra visão para os fenômenos que nos rodeavam.

O universo nem reparou nesse descuido: continuou simplesmente sendo o que era, destruindo estrelas, criando novos sistemas solares, regendo a dança de enormes corpos celestes nessa e em todas as galáxias existente.

É nesse dilema que o homem retorna a idéia de universalidade como um todo e temos na metade da idade moderna o que poderíamos chamar hoje de o primeiro astronauta, ou melhor, maronauta (puro neologismo): Cristóvão Colombo! Ora, se o autor atento na necessidade do homem da idade moderna em descobrir novas terras, novos caminhos, novos horizontes, qual a diferença (em causa) da necessidade que o mesmo tem em desbravar o universo? Desde então retomamos ao que poderia chamar de “busca pelo conhecimento objetivo”.

Mais uma vez o autor expõe claramente os fenômenos que rodeavam o ser humano e que serviriam como catapulta a impulsionar suas inquietudes. E como não poderia ser diferente, o papel que a Revulução Industrial desenvolveu nessa interação foi preponderante para que o homem enfim pudesse se lançar ao descobrimento que o rodeavam.

Vejamos o que temos até aqui: todos os fenômenos extra-galáticos, explodindo a milhões de anos-luz daqui, aqui nessa esquina do universo, Kepler desenvolve suas leis para os corpos celestes (leis essas que enviariam o homem ao espaço), Copérnico com o Heliocentrismo e Newton com suas teoria sobre a Gravitação Universal atravessando brilhantemente um dos períodos mais sombrios do planeta. E interessante e estranho como apenas uma pequena parcela da humanidade contribui para a “evolução” do todo.

Eis então que uma bifurcação na história, segundo o autor, nos levaria por um caminho diferente: Entre as revoluções americanas e francesas, Conde de La Pérouse comandava uma experdição ao oceano Pacífico, sob ordem de Luis XVI. O comandante convocava a corporação do navio na França, entre um dos muitos voluntários rejeitados, estava um jovem oficial da artilharia, chamado Napoleão Bonaparte. Qual seria o rumo da história humana, se entre a tripulação do navio, que pereceu em sua maioria após perderem-se no Pacífico Sul em 1778, estivesse Napoleão Bonaparte?

Os ideais de Liberdade, Iguadade e Fraternidade iniciam o que denominamos Época Conteporânea, a “Idade do Ouro”.

O homem chega enfim ao século XX em uma posição “previlegiada”: todos os continentes já foram dominados, os mares todos navegados. Matéria se converte em energia, o poderio bélico se expande, mais do que o cogumelo de Hiroshima, assinatura da debilidade Humana.

O avanço aero-espacial na segunda metade do século foi enorme: o homem cria os satélites e enfim (comparado à tripulação que atracara na terra de Santa Cruz) ele chega até a lua.

O Cosmos é realmente imenso. Suas possibilidades infinitas.

Cosmos é mágico: o autor nos coloca frente a nossa insignificância diante do imenso e maravilhoso universo. Mas as evidências deixam muito claro que o homem ainda tem muito o que aprender.

As Vidas das Estrelas

Tudo no Universo é formado de átomos. Estes átomos são todos formados nas estrelas, “o hidrogênio em nosso DNA, o cálcio em nossos dentes, o ferro em nosso sangue”, com a exceção do hidrogênio, sendo este formado no evento conhecido como “Big Bang”, que deu início ao Cosmos.

Os átomos são formados de prótons, nêutrons e elétrons. Os prótons prótons possuem carga positiva, os elétrons possuem carga negativa e os nêutrons como o próprio nome diz não possuem carga elétrica. A diversidade dos átomos se d através da quantidade variada do número dessas cargas chamadas elementares.

A atração entre as cargas opostas de elétrons e prótons é o que sustenta o átomo. As cargas iguais, por exemplo, os prótons no núcleo do átomo, se repelem firmemente. Então, a explicação para como o núcleo se mantém coeso é que existe uma força nuclear que age somente a pequenas distâncias, “a qual, como um grupo de ganchos que se prende somente quando os prótons e os nêutrons ficam muito próximos, suplantando deste modo a repulsão elétrica entre os prótons.

Os nêutrons que contribuem com forças nucleares de atração e nenhuma força elétrica de repulsão, providenciam um tipo de cola que ajuda a manter o núcleo coeso”.

“Para equilibrar a repulsão elétrica, pedaços de matéria nuclear devem ser colocados muito próximos para que as forças nucleares, de pequeno alcance, operem. Isto só pode acontecer em temperaturas muito elevadas, quando as partículas se movem tão rapidamente que as forças repulsivas não têm tempo para agir, temperaturas de dezenas de milhões de graus. Estas temperaturas, no Universo, só ocorrem no interior das estrelas”.

O Universo é composto em quase 99% de hidrogênio e hélio. Vejamos a nossa estrela, o Sol. Uma grande bola de hélio e hidrogênio incandescente, que produz violentas tempestades solares. A atividade na superfície do Sol é relativamente fria alcançando cerca de 6.000 graus, porém seu interior tem cerca de 40 milhões de graus.

“As estrelas e seus planetas nascem do colapso gravitacional de uma nuvem de g s e poeira interestelares. A colisão das moléculas de gás no interior da nuvem aquece-a eventualmente ao ponto onde o hidrogênio começa a se transformar em hélio: quatro núcleos de hidrogênio se combinam para formar um núcleo de hélio, com uma liberação subordinada de um fóton de raio gama. Sofrendo absorção e emissão alternadas pela matéria subjacente, trabalhando gradualmente … superfície da estrela, perdendo energia a cada etapa, a jornada épica do fóton leva um milhão de anos, como luz visível, atinge a superfície sendo irradiado para o espaço. A estrela se transforma. O colapso da nuvem pré-estelar foi detido. O peso das camadas exteriores da estrela é agora suportado por temperaturas e pressões altas geradas no interior das reações nucleares. O sol tem estado nesta situação estável nos últimos cinco bilhões de anos. Reações termonucleares, como as em uma bomba de hidrogênio, potencializaram o Sol em uma contida e contínua, convertendo cerca de quatrocentos milhões de toneladas de hidrogênio em hélio a cada segundo. Quando olhamos para cima … noite e vemos as estrelas, tudo o que vemos está brilhando por causa da fusão nuclear distante…O Sol brilha palidamente em neutrinos, os quais como os fótons, não pesam nada e viajam … velocidade da luz”.

Neste exato momento bilhões de neutrinos estão atravessando o seu corpo, vindos diretamente do Sol. Apenas uma pequena parte interage coma matéria.

“Mas o destino de uma estrela, o final de seu ciclo de vida, depende muito da sua massa inicial. Quando o hidrogênio central tiver todo reagido para formar o hélio, daqui a cinco ou seis bilhões de anos, a zona fusão do hidrogênio migrar lentamente para fora até atingir o local onde as temperaturas são maiores do que dez milhões de graus. A fusão do hidrogênio se encerrar . Enquanto isto, a gravidade própria do Sol forcar uma nova concentração do núcleo rico em hélio e um aumento posterior em suas temperaturas e pressões interiores. Os núcleos de hélio serão comprimidos ainda mais. A cinza se transformar em combustível e o Sol se engajar em um segundo ciclo de reações de fusão”.

“Este processo gerar os elementos carbono e oxigênio, e providenciar uma energia adicional para que o Sol continue a brilhar por um tempo limitado. Tornar-se- uma estrela gigante vermelha, atingirá e devorará os planetas Mercúrio e Vênus, e provavelmente também a Terra”.

Com este acontecimento todo o planeta Terra ser inundado pelo derretimento das calotas polares. Quem sabe este não ser um novo dilúvio e terão de serem construídas novas Arcas de Nóe? Logo após, o planeta continuar sendo aquecido, sua superfície inundada ferver e se tornar ressecada sem nenhuma chance para a vida.

“Após todo o hélio central ter sido quase inteiramente usado, se iniciar uma nova rodada de reações, e a atmosfera solar ser expandida. Os restos do Sol, o centro solar exposto, ser uma pequena estrela quente, esfriando no espaço, colapsando em uma densidade jamais imaginada na Terra, mais de uma tonelada em uma colher de chá. O Sol se tronar uma anã branca, esfriando até se tornar uma anã preta, escura e morta”. Se uma estrela com dez vezes mais massa que o Sol, a partir do momento que começa a colapsar, atinge uma densidade muito maior da qual o nosso Sol atingir , ela tornar-se… um buraco negro.

O autor sugere que “a origem e a evolução da vida estão ligadas de modo muito íntimo com o origem e evolução das estrelas”. Para explicar isso, ele enumera quatro pontos.

“Primeiro: os átomos foram feitos a muito tempo nas gigantes vermelhas, e sua abundância se iguala com … dos elementos químicos de modo a não deixar dúvidas que supernovas e gigantes vermelhas são o forno e o cadinho no qual a matéria foi forjada”.

“Segundo: a existência de átomos pesados na Terra sugere que houve uma supernova próxima pouco antes do sistema solar ser formado”.

“Terceiro: quando o Sol se estabilizou, sua radiação ultravioleta penetrou na atmosfera terrestre, e seu aquecimento gerou raios. Essas fontes de energia lançaram as moléculas orgânicas complexas que levaram a origem … vida”.

“Quarto: a vida terrestre ocorre quase que exclusivamente … luz solar”.

Com isso o autor conclui que a evolução da vida na Terra têm uma relação muito direta com supernovas distantes no Universo.

A vida e sua evolução no cosmos

Há muito tempo nos questionamos se há vida em outros lugares além do planeta Terra. Muitas evidências indicam que isso é possível, havendo chances significativas de haver vida em outros lugares. A existência de inúmeros sóis como o nosso pelo universo, e de planetas que giram em torno deles, já é um bom pressuposto para se acreditar na existência dessa vida.

Mas como será ela? De que será formada? Como se originaram e como evoluem? Para termos alguma idéia, vamos inicialmente analisar como que a vida surgiu aqui no planeta Terra.

No início, só existiam moléculas orgânicas, que foram se agrupando para a formação de seres microscópicos, que depois evoluíram para o que somos hoje, assim como as outras espécies do planeta. Entre as estrelas, existem nuvens de gás e poeira; onde foram encontradas dúzias de diferentes tipos de moléculas orgânicas pelos rádio-telescópios, o que sugere que a essência da vida esteja em toda a parte. Talvez a origem e a evolução da vida seja uma inevitabilidade cósmica.

Nesses bilhões de planetas da Via Láctea, pode ser que a vida nunca desponte; que desponte e se extinga; que nunca evoluam além de suas formas mais simples; ou que, em raras ocasiões, ela desenvolva inteligências e civilizações mais adiantadas do que a nossa.

As observações de que as condições da Terra são por coincidência perfeitamente adaptadas à vida, podem ser uma confusão de causa e efeito. Nós, como produtos da Terra, estamos supremamente bem adaptados ao seu ambiente porque surgimos e evoluimos aqui. Não será possível que organismos diferentes evoluam em um mundo de ambiente diferente?

Toda a vida na Terra está intimamente interligada. Possuímos uma química orgânica e uma herança evolutiva comuns. Como conseqüência, nossos biólogos são profundamente limitados. Estudam somente um tipo de biologia, um único modelo de organização da vida; o que revela que suas teorias quanto às condições naturais de outros planetas pode estar errada. As atuais espécies que habitam nosso planeta surgiram de acordo com a evoluçÃo e adaptação das mesmas às condições naturais que lhe foram impostas.

A evolução dos organismos vivos na Terra ocorreu de duas maneiras: a evolução física e a da mente, apesar de as duas estarem intimamente ligadas.

A evolução física se deu de duas formas: a evolução artificial e a evolução natural. A evolução mental, no entanto, percorreu caminhos e obstáculos diferentes; desenvolvendo-se de modo mais complexo e variado.

Para que essa evolução fosse viável, desenvolveu-se a memória; que possibilitou a indentificação do animal em sua espécie, sua descendência, a comunicação, a alimentação, ou, resumidamente, como viver.

A memória divide-se em dois tipos: a memória cerebral e a dos genes. A memória genética comanda as reações instintivas do corpo, como as reações químicas do organismo e suas necessidades para manter o bom funcionamento. Ela comanda a digestão, as trocas gasosas da respiração, a quantidade e a intensidade dos batimentos cardíacos, o nível de glicose no sangue e muitas outras funções.

Essa memória genética é extremamente importante para a manutenção das nossas funções vitais, pois se fosse para realizarmos todas as operações que nossos corpos realizam instintivamente; já estaríamos extintos, devido à complexidade dessas tarefas e do tempo necessário para realizá-las.

A outra memória é a cerebral, que guarda os nosso pensamentos, experiências e fantasias. As pricipais responsáveis por essa memória são as redes de conexões neurais. É principalmente devido a elas que nossos cérebros evoluíram bastante nos últimos milhões de anos em relação às outras espécies.

O cérebro é um local muito grande em um espaço muito pequeno. Ele compara, sintetiza, analisa e gera abstrações. Apesar disso, chegou uma época onde houve a necessidade de sabermos muito mais informações do que podia ser convenientemente contida em nossos cérebros. Surgiu daí um estoque de informações localizado fora de nosso corpo, de que nos utilizamos até hoje. A esse depósito demos o nome de biblioteca, e sua invenção foi um passo determinante no surgimento da sociedade atual.

A escrita é talvez a maior das invenções humanas, unindo pessoas, cidadãos de épocas distantes que nunca se conheceram.

Alguns dos primeiros autores escreveram na argila e seu propósito era manter os registros importantes guardados. Por milhares de anos a escrita se manteve realizando-se uma cópia de cada vez de cada documento. Com a invenção da imprensa, a escrita passou a ser mais difundida; e com o advento do tipo móvel, houve uma explosão no número de publicações existentes, tornando a escrita e as informações dos bibliotecas cada vez mais acessíveis às pessoas comuns, até se chegar aos dias de hoje, onde o conhecimento é pedra fundamental no desenvolvimento de nossa sociedade.

Decorreram vinte e três séculos após a fundação da Biblioteca de Alexandria. Se não existissem livros nem registros escritos, como nos desenvolveríamos nesse tempo? Com quatro gerações por século, passaram-se quase cem gerações de seres humanos. Se a informação passasse somente através da linguagem oral, pouco saberíamos sobre nosso passado; e nosso progresso seria lento. Tudo dependeria das descobertas antigas contadas acidentalmente a nós e da precisão dos relatos.

Há dez mil anos atrás, não havia vacas leiteiras, cães de caça ou cereais de espigas grandes. Quando domesticamos os ancestrais dessas plantas e animais, controlamos as suas proles; assegurando-nos de que variedades que apresentavam propriedades consideradas desejáveis se reproduzissem preferencialmente.

Essa é a essência da seleção artificial. Já aquela vida que foi alterada ao longo das eras e está inteiramente livre das alterações que fizemos nos animais selvagens e nos vegetais, estão sujeitos à evolução natural.

Charles Darwin, em sua obra “A origem das espécies”, analisou a natureza, concluíndo sua característica prolítica: nascem muito mais plantas e animais do que os que apresentam possibilidade de sobreviver. Com isso, o ambiente seleciona as variedades que são, por acidente, melhor adaptadas à sobrevivência. As mutações servem de meio para a adaptação das espécies, multiplicando a variedade. São as mudanças no DNA, o instrumento de transmissão de dados biológicos entre as gerações de uma espécie, que conduzem a evolução da vida na Terra.

Um grande salto evolutivo foi dado a cerca de dois bilhões de anos atrás, com o surgimento do sexo. Antes disso, a evolução ocorria por mutações fortuitas no código genético de um organismo, pois a reprodução se dava a partir de um único indivíduo, o que tornava a evolução lenta. Com o advento do sexo, dois organismos podiam trocar páginas inteiras de seu DNA, produzindo novas variedades prontas para o crivo da seleção. Devido a isso, os organismos são feitos para se engajarem no sexo; pois aqueles que o acham desinteressante logo se tornam extintos. Isso explica o comportamento animal, onde há uma supervalorizaçao da prática do sexo como fator reprodutivo.

Apesar da clara diferença, as células animais e vegetais evoluíram provavelmente de um ancestral comum, devido ao seu funcionamento semelhante; com estruturas análogas e modo de transmissão das características aos seus descendentes extremamente semelhante. Isso leva a crer que há bilhões de anos atrás, quando só existiam moléculas simples, houve o surgimento de uma organização celular semelhante às celulas atuais, que se tornou o ancestral comum de plantas e animais; o que implica em um distante grau de parentesco entre o ser humano e as plantas que o rodeiam. Logo, quando o homem corta uma árvore, está destruíndo um parente distante; ou próximo se levarmos em consideração uma comparação com seres de outros mundos.

Nós, seres humanos, parecemos bem diferentes de uma árvore. Sem dúvida, percebemos o mundo de uma maneira bem diferente de um vegetal. Mas no fundo, no íntimo molecular da vida, árvores e nós somos essencialmente idênticos. Mesmo se a vida em outro planeta apresentar a mesma química molecular da vida aqui, não há razão para esperarmos que pareçam organismos familiares. Consideremos a enorme diversidade de formas de vida na Terra, todas compartilhando do mesmo planeta e de idêntica biologia molecular. Estes prováveis animais e vegetais encerram provavelmente diferenças radicais de qualquer organismo que conhecemos aqui.

Pode ser que a evolução das espécies também tenha ocorrido em algum outro planeta, ou que esteja ocorrendo nesse exato momento, ou ainda que ainda vá ocorrer em algum lugar no futuro.

A Biologia se assemelha muito mais à Hitória do que à Física. Temos que conhecer o passado para compreender o presente. Muitos assuntos ainda são muito complicados para nós, mas podemos nos conhecer melhor através da compreensão de outros. O estudo de um único instante de vida extraterrestre desprovincializaria a Biologia, que reconheceriam pela primeira vez que outros tipos de vida são possíveis.

Se existirem seres inteligentes em planetas de estrelas razoavelmente próximas, poderão eles terem algum indício de nossa progressão evolucionária dos genes para cérebros e bibliotecas que ocorreu no obscuro planeta Terra?

Uma das formas seria captando ondas de rádio com rádiotelescópios, que passaram a ser emitidas pela terra a partir das tranmissões da TV em rede mundial, há algumas décadas atrás. Essas ondas viajam à velocidade da luz, varrendo uma grande distância em um curto espaço de tempo.

Uma outra forma, seria uma dessas civilizações inteligentes interceptar uma das naves Voyager, que foram lançadas para fora do sistema solar, carregando um disco com mensagens de saudações, músicas e informações sobre o nosso planeta de modo que se alguma civilização vier a encontrá-la algum dia, descubra que não estão sozinhos no universo. Que saibam que existe aqui uma espécie de inteligência desenvolvida, que deseja contato com alguma civilização no Cosmo, para que não se sinta sozinha e isolada no meio do vazio interestelar que aflige os astrônomos e cientistas engajados nessa eterna procura, até hoje sem resposta.

Nosso Presente

Foi a Terra visitada por extraterrestres no passado? ou mesmo no presente? De fato mais de uma civilização alienígena já foi encontrada, fato ocorrido na descoberta dos europeus da civilização egípcia e a tradução de suas inscrições. No início do século XIX Joseph Fourier descobriu, ao inspecionar uma escola, um jovem de 11 anos, fascinado por línguas orientais, que mais tarde, com o fornecimento de materiais em princípio por Fourier, decifrou os hieróglifos egípcios, seu nome era Jean François Champollion, que mais tarde iria desvendar os mistérios dos hieróglifos egípcios, um encontro com uma civilização alienígena.

Hoje vários radiotelescopios buscam mensagens extraterrestres vindas do longínquo espaço cósmico. Talvez vindas de uma civilização que contempla o firmamento do mesmo modo que nós, só que a milhares de intransponíveis anos-luz de distância.

OK, mas haveria realmente alguém por aí, disponível para conversação? Frank Drake propôs uma fórmula que estima o número de civilizações técnicas existentes na galáxia a qualquer momento, influenciado por vários fatores, que vão de astronomia até política. c Como somos o único exemplo desse tipo de civilização, esses fatores são apenas estimados, podendo livremente ser reformulados ao bem entender de quem quiser.

Como resultado temos apenas 10 civilizações técnicas no momento, mas admitindo que a fração de inteligências que alcançam a maturidade e ultrapassam o perigo de autodestruição como sendo umcentésimo, esse número chega à casa dos milhões, algo tentador.

Isso nos leva a pensar sobre um possível encontro diplomático interestelar, desde que iniciamos a exploração, seja marítima, seja espacial ou qualquer outra, nos deparamos com o conhecimento do novo, do diferente. Durante essas explorações marítimas encontramos nossas primeiras civilizações alienígenas, os nativos das terras novas. Os resultados desses encontros invariavelmente não foram dos melhores, sempre levando à destruição do mais fraco, pelo mais forte. A idéia de uma nova ocorrência, de escala cósmica, não é absurda, caso nós humanos encontremos uma civilização, esperamos que os fatos passados não se repitam. Seria uma perda inestimável de novas culturas, novos modos de pensamento, ciência e política. Uma troca de informações e estudos da civilização nova, levaria a avanços gigantescos, provendo lucros para ambos participantes.

A cerca de 2000 anos, emergiu uma civilização científica esplêndida na nossa história, onde sua base era em Alexandria. Apesar das grandes chances de florescer, ela decaiu. Sua última cientista foi uma mulher, considerada pagã, seu nome era Hipácia. Com uma sociedade conservadora à respeito do trabalho da mulher e do seu papel, com o aumento progressivo de poder da igreja, formadora de opiniões e conservadora quanto à ciência, e devido à Alexandria estar sob domínio romano, essa biblioteca foi, em 415, junto com o assassinato de Hipácia, ateada fogo, junto com todo o progresso científico e filosófico da época.

Com o passar dos séculos, o ser humano foi expandindo seus limites, passando de interação apenas com a família, até o envio de pequenas naves interplanetárias pelo sistema solar e além, os primeiros artifícios humanos a deixar o planeta permanentemente.

Este estágio de desenvolvimento tecnológico tem sido mal empregado, durante essa última metade de século, varios países desenvolveram a bomba nuclear. Uma teste termonuclear ocorrido num ano qualquer recente, foi equivalente à todo o poder explosivo lançado durante toda a segunda guerra mundial, sobre todas as cidades bombardeadas. Cerca de dois megatons(2 milhões de toneladas de TNT).

Um homem chamado L. F. Richardson colheu dados sobre guerras entre 1820 e 1945, e como resultados de seus estudos construiu um diagrama que mostrava um período de tempo que deve ser esperado para a ocorrência de uma guerra com certo número de mortes. Pelos seus resultados, a guerra final, estaria localizada ao redor de 2820, levando 1000 anos a partir do ano do primeiro conflito computado. Mas a proliferação do armamento nuclear, baixaria esse número assustadoramente para o início do século XXI, um futuro muito próximo.

Apesar da grande variedade de dados alarmantes sobre o perigo nuclear, as finanças para o desenvolvimento e manutenção da tecnologia vem aumentando gradativamente, centenas de bilhões de dólares. Qual é a justificativa razoável para termos milhares de ogivas preparadas para atingir um ponto estratégico no planeta a qualquer momento? É preciso uma mudança radical no modo de pensar dos governantes egoístas, para que nossa sobrevivência nesse frágil planeta azul seja algo mais certo.

O custo de um programa russo do avião F-16 ou americano F/A-18 de um ano é o equivalente ao valor dos gastos da NASA por mais de uma década. O aumento de financiamento espacial é necessário, é a curiosidade e sede por respostas intrigantes que estão em jogo, e a identificação do ser humano no Cosmos, o nosso papel. É acima de nós que vamos encontrar respostas às perguntas mais intrínsecas à nossa alma. A busca de nossa origem é o sentimento mais profundo do ser humano, e a resposta realmente “está la fora”, no Cosmos.

Pode-se ver que o autor busca uma aproximação do leitor, ao tocar nos pontos mais delicados da civilização atual, tenta nos mostrar que é preciso uma mudança em larga escala dos conceitos valorizados hoje, dos nossos “representantes” políticos, para uma mudança no modo de pensar e agir da sociedade amanhã. Sem essa revolução nosso planeta tem uma grande chance de nunca chegar a descobrir se é o único a abrigar uma raça inteligente, ávida por conhecimento, mas num certo ponto de desenvolvimento, ávida por destruição também.

Carl Sagan
Carl Sagan

Alguns dos livros publicados (que são mais de 30):

Cosmos

O maior de seus sucessos, o livro Cosmos fala sobre o papel do homem no universo, a relação que existe entre todas as coisas, e a capacidade do homem de tornar o mundo melhor. Ganhou uma versão na TV que foi considerada a série sobre astronomia mais vista do mundo. E também a melhor.

O Mundo Assombrado pelos Demônios

Fala sobre a relação existente entre a ciência e as pseudociências. Carl descreve o misticismo, as soluções que renunciam à compreensão do mundo em favor de especulações sem base na experiência sensível, etc.

Pálido Ponto Azul

Nesse livro Sagan oferece uma visão panorâmica das conquistas teóricas e práticas possibilitadas pela exploração do espaço.

Contato

Fala sobre a possibilidade de vida alienígena, a relação ciência – religiosidade, a manipulação e ignorância das massas. O que aconteceria se fizéssemos contato? É o que o livro e o filme tentam explicar. Imperdíveis.

Bilhões e Bilhões

Livro póstumo, lançado por sua esposa Ann Druyan, aonde são relacionados dezenove artigos diversos.

Cronologia de suas obras

1966 – Planetas
1966 
– Vida inteligente no universo
1973 
– Comunicação com inteligências estraterrestres
1973
 – A conexão cósmica . Uma perspectiva extraterrestre.
1973
 – Marte e a mente do Homen
1975
 – Outros mundos
1977 –
 Os Dragões do Éden: Especulação sobre a evolução humana
1977
 – Múrmurios da Terra: A viagem interestelar
1979 
– Refleções um romance da ciência
1980
 – Cosmos
1985 –
 Cometa. Escrito com Ann Druyann sua esposa.
1985 
O inverno nuclear: O mundo depois da guerra nuclear. Lançado na Inglaterra.
1986
 – Contato. Seu único livro de Ficção Científca.
1990
 – O caminho que nenhum homem trilhou: O inverno nuclear e o fim das raça armada. Escrito com Richard Turco.
1992 – 
As sombras dos ancestrais esquecidos: A procura de quem nós somos. Escrito com sua esposa Ann Druyann.
1994
 – Um pálido ponto Azul: A visão futura do humano no espaço.
1996 –
 O mundo assombrado pelos demônios: A ciência é como uma vela na escuridão.
1996-1997
 – Bilhões e Bilhões: A bordo dos pensamentos da vida e da morte.

Estudioso e divulgador da Astronomia

Carl Sagan
Carl Sagan

Carl Edward Sagan, Astrônomo e Biólogo, nasceu em New York, Estados Unidos, em 9 de novembro de 1934. Em 1960, obteve o título de doutor pela Universidade de Chicago. Dedicou-se à pesquisa e à divulgação da Astronomia.

Em 1968, foi para a Universidade de Cornell, onde dirigiu o Laboratório de Pesquisas Planetárias.

Sagan interessava-se pela pesquisa de vida extraterrestre, razão pela qual desenvolveu trabalhos voltados à escuta de sinais vindos do espaço cósmico. Em entrevista à Revista Veja (27 de março de 1996), Carl Sagan diz que as antenas de rádio da Universidade da Califórnia em Berkeley captaram, ao longo de alguns anos, 30 milhões de sinais intrigantes, e que depois de minuciosa seleção sobraram 164 transmissões classificadas como “misteriosas”.

Suas fontes não puderam ser identificadas, faltando para os cientistas aquilo que é essencial em ciência, que é a reprodução do fenômeno. “Sem que os sinais se repitam, não podemos considerá-los”, disse o astrônomo.

Nesta linha de pesquisa, porém, sempre defendeu a necessidade da promoção do pensamento crítico e racional, sem misticismos. Chefiou as expedições das sondas americanas Mariner e Viking, pioneiras na exploração do sistema solar e foi incentivador dos grandes projetos de rastreamento do cosmos em busca de sinais de alienígenas, pois acreditava que as chances da humanidade captar algum sinal desta natureza aumentam a cada ano com o barateamento e o refinamento das tecnologias. Carl Sagan tinha uma habilidade enorme para comunicar idéias complexas de modo simples, o que lhe permitiu editar, dentre outros, o livro “Cosmos” e logo depois a série televisiva com o mesmo nome, voltada para o grande público.

Foi o inspirador de muitos astrônomos jovens. Sagan era brilhante em suas idéias. Numa conferência, era capaz de discutir detalhes sobre moléculas orgânicas e a origem da vida, ou lançar uma discussão sobre política. Parecia entender de tudo. Representou um papel significativo no programa espacial americano desde o seu começo.

Foi consultor e conselheiro da NASA desde os anos 50, trabalhou com os astronautas do Projeto Apollo antes de suas idas à Lua, como ainda participou dos projetos da Mariner, Viking, Voyager, e das missões da sonda Galileo. Fez estudos que ajudaram a entender os mistérios das altas temperaturas de Vênus, as mudanças sazonais de Marte e a névoa avermelhada de Titã (satélite de Saturno), que deve possuir moléculas orgânicas complexas. Por seu trabalho, recebeu numerosos prêmios de reconhecimento, inclusive o prêmio mais alto da Academia Nacional de Ciências.

Foi eleito presidente da Divisão de Ciências da Sociedade Astronômica americana, presidente da Seção de Planetologia da União Geofísica americana e presidente da Seção de Astronomia da Associação americana para o avanço da ciência. Juntamente com o Astrônomo Frank Drake, foi também editor, por 12 anos, da revista Icarus. Foi co-fundador e presidente da Sociedade Planetária e ainda Cientista Visitante Distinto no Laboratório de jato-propulsão da NASA. Recebeu 22 títulos honoris causa de universidades americanas.

Seu último livro foi “O Mundo Assombrado Pelos Demônios – a ciência vista como uma vela no escuro”, já lançado no Brasil, no qual demonstra nítida preocupação com o espaço cada vez maior ocupado, nos meios de comunicação, pelas explicações pseudo-científicas e místicas. Carl Sagan morreu no dia 20 de dezembro de 1996 no Centro de Pesquisas do Câncer Fred Hutchinson, em Seattle, Estados Unidos, depois de uma batalha de 2 anos com grave doença na medula óssea. Ele já havia recebido um transplante de medula em abril de 1995. Sagan sempre será lembrado como um gigante da Astronomia mundial. O mundo da Astronomia ficou um pouco mais pobre, mas o céu, sem dúvida alguma, ganhou mais uma estrela. .

Fonte: www.famousscientists.org/www.ime.usp.br/www.fortunecity.com/www.cfh.ufsc.br

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