Alfredo Volpi

Alfredo Volpi – Vida

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Nascimento: 14 de abril de 1896, Luca, Itália

Falecimento: 28 de maio de 1988, São Paulo

Filho de humildes imigrantes italianos, Volpi chegou ao Brasil antes de completar 2 anos de idade.

Ele se estabeleceu em São Paulo e viveu no bairro do Cambuci, durante muitos anos.

Iniciou a sua vida profissional e artístico como um decorador de parede e se tornou um dos mais renomados artistas brasileiros.

Introspectivo e de poucas palavras, ele não terminou o ensino fundamental.

Ele costumava dizer:… “(…) Eu nunca faz parte de nenhum movimento (…) Comecei a fazer borrões de tinta (…) Para dizer a verdade eu nem sabia o que significava impressionismo Eu só queria pintar “. Estas declarações explicam aspectos da sua vida e obra.

A maior parte da coleção significativa Volpi MAC USP foi doado pelo colecionador Theon Spanudis, uma das primeiras pessoas a apreciar e adquirir obras do artista.

As vinte e quatro obras, a maioria deles pinturas, um desenho e três cópias, mostram aspectos fundamentais de sua produção: as paisagens suburbanas naturalistas dos anos 30 e 40, produzidos durante os fins de semana, quando Volpi pintou na periferia de São Paulo com artistas que viria a formar o Santa Helena.

Uma das declarações de Mário de Andrade define muito bem o grupo: “trabalhou todos os dias e viveu durante os fins de semana”, referindo-se os passeios aos sábados e domingos com lona, pallets e pincéis.

A Coleção do MAC tem a fileira de casas da década de 50.

Volpi passou a se concentrar em casas, mas a natureza ainda está presente no fundo. A fase de fachada também está bem representada na coleção. Eles são exercícios plástico puro que enfatizam a simplificação das formas, a geometrização das criações e, em conjunto com uma pequena bandeira, representou o início da fase concreta de Volpi, afirmando-o como um artista maduro consciente de sua arte poética, apesar de ele ter sido sempre indiferentes aos agrupamentos e críticas sobre seu trabalho.

Alfredo Volpi – Pintor

Mesmo tendo nascido na Itália, de onde foi trazido com menos de dois anos, Volpi é um dos mais importantes artistas brasileiros deste século.

Antes de mais nada, trata-se de um pintor original, que inventou sozinho sua própria linguagem. Isso é muito raro na arte produzida em países do terceiro mundo, cuja cultura erudita sempre deve algo a modelos internacionais.

Diferentemente das de Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari, cujas analogias estilísticas com Léger e Picasso são reais, a pintura de Volpi não se parece com a de ninguém no mundo. Pode, quando muito ter, às vezes, um clima poético próximo ao da pintura de Paul Klee – mas sem semelhanças formais.

Embora fosse da mesma geração dos modernistas, Volpi não participou da Semana de Arte Moderna de 1922. Dela estava separado, em primeiro lugar, por uma questão de classe social. Imigrante humilde, lutava arduamente pela vida no momento em que os intelectuais e os patronos da “Semana” a realizaram.

Era um simples operário, um pintor/decorador de paredes, que pintava os ornamentos murais, frisos, florões etc., usados nos salões dos palacetes da época.

Acima de tudo, esse dado tem uma importância simbólica.

Mostra que a trajetória de Volpi foi desde sempre independente de qualquer movimento, tendência ou ideologia.

Alfredo Volpi - Obra
Alfredo Volpi – Obra

Auto-didata, Volpi começou, na juventude, fazendo pequenas e tímidas telas do natural, nas quais às vezes se nota um toque impressionista.

Na década de 30, sua pintura adquire um sabor claramente popular – embora permaneça, ao mesmo tempo, paradoxalmente, sempre concisa, sem a menor prolixidade nem retórica. É a década de 40 que marca sua decisiva evolução em direção a uma arte não representativa, não mimética, independente da realidade contemplada.

Volpi passa a trabalhar de imaginação, no atelier, e produz marinhas e paisagens cada vez mais despojadas, que acabam se transformando em construções nitidamente geométricas – as chamadas “fachadas”. É como se o artista refizesse sozinho, por si mesmo, todo o caminho histórico da primeira modernidade, de Cézanne a Mondrian.

Sua linguagem não se parece com a desses mestres, mas os propósitos são os mesmos: libertar-se da narrativa e construir uma realidade pictórica autônoma do quadro. Cada tela, nessa época, parece sair exatamente da anterior, num processo contínuo e linear. Através dessas paisagens, que na passagem aos anos 50 se transformam em fachadas, Volpi chega, em 1956, à pintura abstrata geométrica – mas não porque ela está na moda e virou objeto de polêmica, e sim como conseqüência inexorável de sua própria evolução.

A fase rigorosamente abstrata é curtíssima. Dos anos 60 em diante, Volpi fez uma síntese única entre arte figurativa e abstrata.

Seus quadros admitem uma leitura figurativa (nas “fachadas”, nas famosas “bandeirinhas”), mas são, essencialmente, apenas estruturas de “linha, forma e cor” – como ele mesmo insistia em dizer.

Também ímpar é a síntese que faz entre suas origens populares e uma produção formalmente muito requintada, sem dúvida erudita. Finalmente, ele concilia e sintetiza brasilidade e universalidade. Pode-se dizer que o projeto estético procurado por Tarsila e articulado e explicitado por Rubem Valentim foi realizado na plenitude por Volpi, de maneira não intelectual e sim prodigiosamente intuitiva.

Alfredo Volpi – Biografia

Volpi nasceu em Lucca, na Itália, em 1896.

Filho de imigrantes, chegou ao Brasil com pouco mais de um ano de idade. Foi decorador de paredes.

Aos 16 anos pintava frisos, florões e painéis. Sempre valorizou o trabalho artesanal, construindo suas próprias telas, pincéis. As tintas eram feitas com pigmentos naturais, usando a técnica de têmpera.

Foi um auto didata. Sua evolução foi natural, tendo chegado à abstração por caminhos próprios, trabalhando e dedicando-se a essa descoberta. Nunca acreditou em inspiração.

Alfredo Volpi não participou dos movimentos modernistas da década de 20, apoiados pela elite brasileira. Manteve-se à parte desses grupos. Não teve acesso aos mestres europeus, como era comum na época.

Formou, na década de 30, o Grupo Santa Helena que com outros pintores,- Rebolo, Graciano, Zanini, Bonadei, Pennacchi,- constituiram um trabalho voltado para a pesquisa, desenvolvimento de técnicas apuradas e observação.

Na década de 40, através das paisagens de Itanhaém, seu novo caminho pictórico começou a se mostrar. Abandonou a perspectiva tradicional, simplificou e geometrizou as formas. Mais tarde, chegou à abstração. Após seu encontro com o pintor italiano Ernesto De Fiori, seus gestos ficaram mais livres, dinâmicos e expressivos. A cor, mais vibrante.

Nos anos 50, as bandeirinhas das festas juninas, de Mogi das Cruzes, integraram-se às suas fachadas. Posteriormente, destacou-as do seu contexto original.

A partir da década de 60, suas pinturas são jogos formais: todos os temas são deixados de lado e as bandeirinhas passaram a ser signos, formas geométricas compondo ritmos coloridos e iluminados

Volpi morreu aos 92 anos, em 1988, em São Paulo.

Alfredo Volpi – Pintor Brasileiro

Volpi, um dos quatro maiores pintores brasileiros, retratou o “simples” com sofisticação.

De origem italiana, herdou valores dos grandes mestres italianos, que incorporou à sua obra, mesclando às cores brasileiras.

Pesquisou a nossa paisagem, na periferia e no litoral, buscando tonalidades inusitadas de azuis, verdes, terras. Numa comunicação direta, representou o gosto popular. Coisas de um pintor despojado, singular, único.

Misturou pigmentos com gema de ovo, óleo de cravo, formando uma escala de cores própria, com as cores brasileiras, numa técnica inovadora em pintura sobre tela. (Têmpera).

Eliminou texturas, massas, técnicas , deixando apenas a cor e a forma na tela. Deteve-se numa construção geométrica simples, as “bandeirinhas”.

” Um pintor de bandeirinhas eu? Quem pinta bandeirinhas é o Penacchi. Eu pinto formas , cores.” (Alfredo Volpi) Simplificava para extrair a essência.

Preservou o prazer de criar e de pintar, sem teorias e enquadramentos; manteve a integridade mesmo cercado por movimentos artísticos radicais. Participou de diversas mostras e salões do Construtivismo e Concretismo (56 e 57).

Foi eleito pelos intelectuais do Movimento Concretista como o “…primeiro e último grande pintor brasileiro” (Haroldo e Augusto de Campos). Representante da arte brasileira na XXVII Bienal de Veneza (1952), recebeu o Grande Prêmio na II Bienal Internacional de São Paulo (1954), tornando-se o pintor mais solicitado pelos compradores no mercado de artes.

Foi homenageado em Sala especial da VI Bienal de São Paulo (1961), com uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1972), e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (75 e 98) . Sua obra parece se integrar com o indivíduo num todo harmonioso, e vem à tona com fluidez e liberdade de uma força natural. Olívio Tavares Araújo 1981.

“A beleza individual destas imagens, qual variações da mesma melodia simples, integradas por um ritmo \rude e varonil, faz jorrar uma força que não falhará em seduzir, envolver e , finalmente, nos arrebatar para este doce e gratuito brinquedo de dançar, cantar, e amar a vida feliz, que é presenteada a todos sem avareza.” Ladi Biezus autor do projeto editorial “Volpi: a construção da catedral.”1981 MAM São Paulo.

“Sua obra parece se integrar com o indivíduo num todo harmonioso, e vem à tona com fluidez e liberdade de uma força natural.” Olívio Tavarez Araújo 1981.

“…Seus temas, tão maravilhosamente ligados à paisagem e à gente brasileira, às suas cores, ritmos e formas, e ao seu inesgotável imaginário.” Jacob Kilntowitz 1989.

Alfredo Volpi – Artista

Alfredo Volpi (Lucca, Itália 1896 – São Paulo SP 1988). Pintor. Muda-se com os pais para São Paulo em 1897 e, ainda criança, estuda na Escola Profissional Masculina do Brás. Mais tarde trabalha como marceneiro-entalhador e encadernador. Em 1911, torna-se pintor decorador e começa a pintar sobre madeiras e telas.

Na década de 1930 passa a fazer parte do Grupo Santa Helena com vários artistas como Mario Zanini (1907-1971) e Francisco Rebolo (1903-1980), entre outros.

Em 1936, participa da formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo e integra, em 1937, a Família Artística Paulista. Sua produção inicial é figurativa, destacando-se as marinhas executadas em Itanhaém, em São Paulo. No fim dos anos de 1930, mantém contato com o pintor Emídio de Souza (1868-ca.1949), que fôra asssistente de Benedito Calixto (1853-1927). Em 1940, ganha o concurso promovido pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com trabalhos realizados a partir dos monumentos das cidades de São Miguel e Embu e encanta-se com a arte colonial, voltando-se para temas populares e religiosos. Realiza trabalhos para a Osirarte, empresa de azulejaria criada em 1940, por Rossi Osir (1890-1959).

Sua primeira exposição individual ocorre em São Paulo, na Galeria Itá, em 1944. Em 1950, viaja para a Europa acompanhado de Rossi Osir e Mario Zanini, quando impressiona-se com obras pré-renascentistas. Passa a executar, a partir da década de 1950, composições que gradativamente caminham para a abstração. É convidado a participar, em 1956 e 1957, das Exposições Nacionais de Arte Concreta e mantém contato com artistas e poetas do grupo concreto. Recebe, em 1953, o prêmio de Melhor Pintor Nacional, dividido com Di Cavalcanti (1897-1976); o Prêmio Guggenheim, em 1958; o melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro em 1962 e 1966, entre outros.

Cronologia

1894: Nasceu em Lucca, Itália. Veio com a família ao Brasil, fixando-se em São Paulo. Exerceu vários ofícios, inclusive o de decorador de interiores e pintor de paredes.
1911 –
Começa a trabalhar como pintor-decorador de paredes.
1914:
Executa sua primeira obra.
1925:
Inicia sua participação em mostras coletivas.
1927:
Conhece Mário Zanini sobre quem exerceu grande influência.
1928:
Forma o Grupo Santa Helena, onde trabalha ao lado de Bonadei e Rebollo. Conheceu Ernesto de Fiori, com quem vija à Europa e que iria influenciá-lo de maneira decisiva.
1934 –
Volpi já participa das sessões conjuntas de desenho de modelo vivo no Grupo Santa Helena.
1937 –
Expõe com a Família Artística Paulista.
1938:
Participa do Salão de Maio e da I Exposição da Família Artística Paulista, ambos em SP.
1939:
Após visita a Itanhaém, inicia série de marinhas.
1940:
Participa do VII Salão Paulista de Belas Artes .
1941:
Participa do XLVII Salão Nacional de Belas – Artes do Rio de Janeiro, da I Exposição do Osirarte e do I Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, em São Paulo.
1944 –
Primeira exposição individual.
1950:
Faz sua primeira individual na cidade de São Paulo.
1952 –
Participa da representação brasileira na Bienal de Veneza
1953:
Ganha o prêmio da II Bienal Internacional de São Paulo, responsável pela sua maior visibilidade. Participa da XXVII Bienal de Veneza.
1956/57
: Participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta.
1957:
Tem sua primeira retrospectiva, no Museu de Arte Moderna – Rio de Janeiro. 1975 Retrospectiva no MAM – São Paulo.
1958 –
Ganha o Prêmio Guggenheim. Realiza afrescos na capela Nossa Senhora de Fátima, em Brasília.
1959 –
Exposição em Nova York. Participação na V Mostra Internacional de Tóquio.
1960 –
Sala Especial na VI Bienal de São Paulo
1962 –
Recebe o prêmio da crítica carioca, como melhor pintor do ano.
1964 –
Participação na Bienal de Veneza.
1966 – Realiza o afresco Dom Bosco no Itamarati. Sala Especial na I Bienal da Bahia.
1970 –
Ganha prêmio de pintura no II Panorama do MAM – SP.
1972 –
Grande retrospectiva do MAM – RJ.
1973 –
Recebe a medalha Anchieta da Câmara Municipal de São Paulo. Ordem de Rio Branco no grau de grão-mestre.
1975 –
Grande retrospectiva do MAM – SP.
1976:
Retrospectiva no Museu de Arte Contemporânea – Campinas.
1980:
Exposição retrospectiva Volpi/As Pequenas Grandes Obras/ Três Décadas de Pintura na galeria A Ponte, em São Paulo.
1981 –
Exposição – Volpi Metafísico, no Centro de Controle Operacional do Metrô de São Paulo.
1983 –
Homenagem de rua “Pinte com Volpi”, organizada pela Paulistur.
1984:
Participa da mostra Tradição e Ruptura, Síntese de Arte e Cultura Brasileiras, da Fundação Bienal. Em seu aniversário de 90 anos, o MAM-SP faz a exposição Volpi 90 Anos.
1986
– Em comemoração aos 80 anos de Volpi, o MAM – SP organiza uma importante retrospectiva, com a participação de 193 obras.
1988:
Morre em São Paulo.
1993:
A Pinacoteca do Estado de São Paulo expõe ” Volpi – projetos e estudos em retrospectiva – décadas de 40-70

Comentário Crítico

Alfredo Volpi, filho de imigrantes italianos, chega ao Brasil com pouco mais de um ano de idade e instala-se com a família no Cambuci, tradicional bairro de São Paulo. Ainda criança, estuda na Escola Profissional Masculina do Brás e trabalha como marceneiro, entalhador e encadernador. Em 1911, aos 16 anos, inicia a carreira como aprendiz de decorador de parede, pintando frisos, florões e painéis de residências.

Na mesma época, começa a pintar sobre madeira e telas. Volpi freqüenta mostras no centro antigo de São Paulo, entre elas a polêmica exposição pintura moderna de Anita Malfatti, de 1917, que se tornaria um marco do modernismo no Brasil. Sua primeira exposição coletiva ocorre no Palácio das Indústrias de São Paulo, em 1925. Privilegia no período retratos e paisagens. Possui grande sensibilidade para a luz e sutileza no uso das cores, por isso é comparado aos impressionistas. No entanto, algumas obras da década de 1920, como Paisagem com Carro de Boi, pertencente à Pinacoteca do Estado de São Paulo – Pesp, pela movimentação curva da estrada e a árvore retorcida, remetem a composições românticas, o que indica conhecimento da tradição e sua recusa à pintura de observação. Em 1926, assiste em São Paulo à conferência do teórico do futurismo italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944).

Em meados dos anos 30 se aproxima do Grupo Santa Helena. Formado por Francisco Rebolo (1903-1980), Mario Zanini (1907-1971), Fulvio Pennacchi (1905-1992) e Bonadei (1906-1974), entre outros, é assim denominado pelo crítico Sérgio Milliet (1898-1966) porque alugam salas para escritórios de pintura e decoração no edifício Santa Helena, na Praça da Sé. Volpi não chega a se instalar no local, mas participa de excursões para pintar os subúrbios e de sessões de desenho com modelo vivo junto ao grupo. Em 1936, toma parte na formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Nesse ano, expõe com o Grupo Santa Helena. Em 1937, conhece o pintor Ernesto de Fiori (1884-1945), recém chegado da Itália, importante no desenvolvimento de sua pintura.

Com De Fiori aprende que o assunto da pintura e suas possibilidades narrativas não são tão importantes quanto seus elementos plásticos e formais. Certas soluções, como o uso de cores vivas e foscas e um tratamento mais intenso da matéria pictórica, surgem de diálogos com o artista ítalo-alemão. A partir de 1937, participa dos Salões da Família Artística Paulista, organizado por Rossi Osir (1890-1959), pintor que reúne um grupo heterogêneo de artistas e intelectuais para conversar sobre arte. Sem abandonar o trabalho de decoração de paredes, em 1939 inicia a série de marinhas e paisagens urbanas realizadas em Itanhaém, litoral de São Paulo. Nessa época conhece o pintor naïf Emídio de Souza (1868-ca.1949), de quem adquire algumas telas. No início da década de 1940, seu trabalho passa por uma rigorosa simplificação formal, mas a perspectiva sugerida no quadro não chega a representar a recusa da planaridade da tela.

Casa-se com Benedita da Conceição (Judith) em 1942. Em 1944, realiza a primeira exposição individual, na Galeria Itá, em São Paulo, e participa de coletiva organizada por Guignard (1896-1962), em Belo Horizonte, ocasião em que visita Ouro Preto. A têmpera, na passagem da década de 1940 para os anos 50, confere à sua pintura uma textura rala, como em Casa na Praia (Itanhaém), pertencente ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC/USP. Nesse período, o caráter construtivo de sua pintura se afirma entre os planos das fachadas, telhados e paisagem. Em 1950, viaja para a Europa com Zanini e Rossi Osir. Passa por Paris, se instala em Veneza e faz visitas a Pádua para ver o afresco de Giotto (ca.1266-1337) na capela dos Scrovegni. Seu interesse por pintores pré-renascentistas confirma algumas soluções pictóricas que havia alcançado em seu trabalho. Encontra na obra de Paolo Uccello (1397-1475) jogos de ilusão em que ora o fundo se opõe à figura e a projeta para a frente, ora ambos se entrelaçam na superfície da tela. Volpi constrói assim um espaço indeterminado que permite o surgimento de uma estrutura que se esvai, fluida, ressaltada pela têmpera, e uma forte vontade de ordenação.

Participa das três primeiras Bienais Internacionais de São Paulo e, em 1953, divide com Di Cavalcanti (1897-1976), o Prêmio de Pintura Nacional. Da série das fachadas surgem as bandeirinhas de festa junina, que, mais que um motivo popular, se tornam elementos compositivos autônomos. Participa, em 1957, da 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, mas nunca se prende ao rigor formal do movimento. No Rio de Janeiro, realiza retrospectiva em que é aclamado por Mário Pedrosa (1900-1981) como “o mestre brasileiro de sua época”, em 1958. No mesmo ano, pinta afrescos para a Capela da Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, e telas com temas religiosos. Nos anos 60 e 70 suas composições de bandeirinhas são intercaladas por mastros com grande variação de cores e ritmo. A técnica da têmpera lhe permite renunciar à impessoalidade do uso de tintas industriais e do trabalho automatizado e mecânico, do qual os artistas concretistas se aproximam.

A prática artesanal torna-se para Volpi, uma resistência à automatização e, simultaneamente, afirmação de seu lirismo ao invés de reiteração ingênua do gesto. A trajetória original e isolada de Volpi vai dos anos 10 até meados dos anos 80. Todas as suas transformações são gradativas e brotam de seu amadurecimento e diálogo com a pintura.

Fonte: rogallery.com/www.mre.gov.br/www.mac.usp.br/www.galeriaerrolflynn.com.br/www.itaucultural.org.br/www.pinturabrasileira.com

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