Maurício de Nassau

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Nascimento: 17 de junho de 1604, Dillenburg, Alemanha.

Falecimento: 20 de dezembro de 1679, Cleves, Alemanha.

Maurício de Nassau – Vida

Maurício de Nassau
Maurício de Nassau

Maurício de Nassau nasceu em 14 de novembro de 1567 em Dollingen (hoje Alemanha).

Seu pai era o holandês rebelde William de Orange-Nassau , o silencioso, e sua mãe Ana de Saxony.

Ele estudou na Universidade de Leiden (fundada por seu pai em 1574).

Ele foi nomeado stadtholder das províncias da Holanda e da Zelândia em 1584, o capitão geral dos Países Baixos em 1588 e Stadtholder de Gelderland, Utrecht e Overijssel em 1591.

Seu primo William Louis de Nassau, stadtholder de Friesia, Groningen e Drenthe, aumento do recrutamento e da formação de tropas e recapturado Groningen, grande parte Overijssel, Gelderland, na zona conhecida como a Zeeland Flanders.

Em 1597, ele dirigiu as últimas tropas espanholas do que hoje é a Holanda. Em 1609, Johan van Oldenbarnevelt, primeiro-ministro dos Países Baixos, negociado a chamada trégua dos doze anos com a Espanha. Adotado causa calvinista ortodoxa contra os Remonstrants heterodoxas.

Ele tornou-se príncipe de Orange para a morte de seu irmão mais velho, Felipe Guillermo em 1618, ele foi Oldenbarnevelt ser julgado por traição e executado em 1619. Em 1621 ele lutou contra os espanhóis.

Mauricio de Nassau morreu em Haia, em 23 de abril de 1625.

Governo de Maurício de Nassau

Maurício de Nassau
Maurício de Nassau

Apesar do brilho exterior que a Companhia das Índias Ocidentais aparentava, as dividas atingiam elevadas somas e para cobertura das dividas foi contraído um empréstimo junto aos acionistas da empresa, porém ficou estabelecido que a guerra de pirataria até então praticada só poderia continuar no caso de conseguirem novas fontes de recursos das possessões ultramarinas sobre tudo do Brasil, e o constante estado de gerra em Pernambuco e o desespero que reinava entre os habitantes das capitanias atingida pelas guerrilhas, exigia uma reforma do sistema de governo holandês na Cidade de Recife, após os entendimentos de Frederico Henrique de Orange e os Estados Gerais, foi indicado para ocupar ao cargo de Governador que ia ser criado, o Conde João Maurício de Nassau Siegem, filho de João de Nassau Siegem e de Margarida de Schleswig Holstein nascido em 17 de Junho de 1604 em Dillenburg achava-se portanto em estreita relação de parentesco com a Casa de Orange, portanto o seu avô João de Nassau era irmão de Taciturno, ainda criança foi educado no Liceu de Herborn e cursou as Universidades de Basilea e Genebra, como voluntário se alistou no exercito da República Holandesa, tomou parte da expedição palatina de Frederico Henrique contra Spinola em 1620, bem como na conquista de Goch em 1627, e ainda no celebre assedio de Bois-le-Duc e durante o cerco de Maestricht em 1632 consolidou a sua fama militar na rendição do Forte Schenkenschanz a 4 de Agosto de 1636.

Compareceu o Conde João Maurício de Nassau a sessão do Diretório Geral da Companhia da Índias Ocidentais afim de inteirar-se das condições de procurador da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil durante o prazo de cinco de anos.

Para o novo governo em Recife foi elaborado um regulamento bem minucioso que tornou o Conde Maurício de Nassau em Comandante em Chefe das Forças de Mar e Terra e em Administrador dos Negócios Interiores e como ajudante foram nomeados os senhores Mathijs Van Ceulen, Johan Gijsseling e Adriaen Van Der Dussen que organizaram uma frota de doze embarcações com dois mil e setecentos soldados.

Maurício de Nassau, com o desejo incontido de entrar em ação se pós ao mar com os quatros primeiros navios prontos no dia 25 de Outubro de 1636 no porto de Nova Dieppe que em sua companhia seguiam o pregador Franziskus Plante, o médico e naturalista Willen Piso, o astrônomo Geogr. Maregraf e dos irmãos Post (Pieter Post arquiteto e Franz Post pintor).

Devido aos ventos desfavoráveis fizeram com que os navio fossem obrigados a aguardar em Portsmouth a mudança do tempo, e assim foi que só a 23 de Janeiro de 1637 chegou Maurício de Nassau em Recife, onde os holandeses o saudaram com o maior jubilo como o seu salvador na necessidade e desventura.

Bem cedo o Governador Maurício de Nassau percebeu em que perigo se encontrava a colônia, pois as enormes dificuldades para dar as capitanias as plenitude de suas capacidades produtoras esgotadas pelas prolongadas guerras, o de acabar com as desavenças entre holandeses e portugueses e o de apaziguar as tribos indígenas atraídas pelas grandes lutas e faze-las voltar aos trabalhos nas roças.

O Governador Maurício de Nassau em sua primeira carta enviada de Pernambuco para a sede da Companhia das Índias Ocidentais manifestou a opinião de que o Brasil criteriosamente administrado poderia vir a ser a melhor fonte de renda da Companhia das Índias Ocidentais, porém para tanto seria necessário expulsar da Nova Holanda as tropas do Conde Bagnuoli e fortificar as fronteiras norte e sul da região contra as incursões do inimigo para que a população pudesse regressar as aldeias abandonadas e retomarem aos seus trabalhos na indústria do açúcar.

Tendo Maurício de Nassau recebido um aviso de que o Conde Bagnuoli com uma tropa de quatro mil portugueses e nativos armados haviam se estabelecido em Porto Calvo, e em 5 de Fevereiro de 1637 o Governador Maurício de Nassau marchou contra as tropas do Conde Bagnuoli e na tentativa dos portugueses de deter a marcha das tropas do Governador Maurício de Nassau sobre Porto Calvo, travaram uma luta de quase duas semanas porém o comandante português viu que era inútil prolongar a luta pela defesa, então mandou içar a bandeira branca; muito material de guerra caiu em poder da tropa holandesa a qual se renderam muitos homens.

A perda por parte dos holandeses nesta batalha foi realmente pequena porém o Governador Maurício de Nassau teve de lamentar a morte de seu primo Carlos Von Nassau.

A rígida disciplina das tropas de Maurício de Nassau poupou Porto Calvo de saques e incêndios e para dar aos adversários uma mostra de sua generosidade, ele admitiu a sua mesa os oficiais inimigos prisioneiros e sem perda de tempo os holandeses seguiram no encalço dos espanhóis e portugueses que fugiram para o sul, neste momento Bagnuoli achava inteiramente desanimado com a queda de Porto Calvo e a sua tropa estava toda desordenada, porém a esperança dos holandeses de alcançar os fugitivos na fronteira sul de Pernambuco, ficou frustada devido a travessia do Rio São Francisco, porém os holandeses no intento de levar por diante a sua perseguição, apoderaram-se da Vila de Penedo situada na margem sul do rio São Francisco, porém Maurício de Nassau achou mais prudente desistir deste ponto porque a margem norte do rio oferecia melhor linha de defesa, por isto mandou construir defronte a Vila de Penedo o Forte Maurits, e com o êxito de sua primeira expedição que estendeu o domínio da Companhia das Índias Ocidentais até o rio São Francisco.

E na volta para Recife o Governador Maurício de Nassau tratou de estabelecer sobre bases solida a administração da Nova Holanda, e por isto começou a tomar varias medidas e entre elas; fez executar varias sentenças de morte aos que tinham cometidos roubos ou crimes de morte, aos que tinham praticados delitos de menor gravidade recebiam ordem de expulsão, tomou a iniciativa de cuidar da saúde publica e assistencial da população, onde teve como principal colaborador o medico Willen Piso na construção de um hospital, na fundação de um asilo para pobres e órfãos, deu ampla liberdade de religião, introduziu as leis reguladoras do matrimonio que estava em vigor na Holanda, tornando extensiva aos portugueses e aborígenes, intensificou a fiscalização dos armazéns, nomeou novos intendentes, e no ano de 1637 após ter criado novos cargos administrativo e nomeado novos funcionários e ter efetivado a distribuição das tropas e criado para guarda da Cidade de Recife uma milícia civil.

Maurício de Nassau passou a cuidar do maior empreendimento que foi o de restituir ao domínio da Companhia das Índias Ocidentais, a capacidade máxima de produção de açuda, porém para isto era necessário uma grande quantidade de dinheiro, e como Maurício de Nassau bem sabia que não era permitido solicitar dinheiro ao conselho dos XIX.

Por este motivo, através de um decreto governamental por ele assinado, declarou confiscado todos os engenhos de açúcar que não estivesse produzindo, os quais foram postos a venda no decorrer dos anos de 1637 e 1638, neste período os engenhos de açúcar apresentavam baixas produção, porém para este fato Maurício de Nassau atribuiu que as sistemáticas devastações das plantações praticadas pêlos inimigos, mas também a grande falta de trabalhadores negros escravos, pois o constante estado de guerra havia espalhado pelos quilombos nas matas os escravos que trabalhavam na agricultura e para suprir a falta dos negros escravos na colônia, o Governador Maurício de Nassau resolveu lançar mão de um meio drástico, deu ordem para aprontar uma esquadra que foi composta de nove navios com destino a Guiné, pois o porto de Elmira era o mais importante que os portugueses possuíam para embarque de escravos.

A expedição partiu em 25 de Junho de 1637 sob o comando do Coronel Van Koin; quando da chegada da expedição a Elmina as tropas de desembarque foram duramente atacadas por negros a serviço de Portugal, após cinco dias de muita lutas os holandeses fizeram calar a artilharia do forte português.

Elmina o baluarte mais importante da costa do ouro caia em poder dos holandeses, a guarnição portuguesa foi autorizada a se retirar livremente para a Ilha de São Tomé, e Elmina recebia então uma guarnição holandesa que ficou sob as ordens do Comandante Militar da Cidade de Recife.

Em Pernambuco Maurício de Nassau continuava as suas lutas e conquistas, assim como a Vila de São Jorge de Ilhéus; fundada em 1530 ao sul da Bahia, e os patriotas portugueses em resposta a este golpe realizaram diversos ataques na zona fronteira de Alagoas em diversas aldeias que foram incendiadas e arrasadas, e como represaria os holandeses penetraram em Sergipe e não deixaram pedra sobre pedra e no Ceará sob o comando do Major Joris Garstman libertou a tribo indígena Tapuias.

No início de 1638 chegava uma carta enviada pêlos diretores gerais da Companhia das Índias Ocidentais intimando ao governador a prosseguir em seus empreendimentos, deveria ele tomar para os holandeses a Bahia e com a ajuda de novas tropas e navios.

A ordem de preparar uma nova expedição contra uma cidade bem fortificada nada agradou a Maurício de Nassau, justamente no momento em que a colônia mais necessitava de sua presença, porque tudo nela ainda estava no período de desenvolvimento.

Tendo em vista a sua intensa atividade durante os primeiros meses de seu governo Maurício de Nassau quase não teve tempo de cuidar de si próprio e de se adaptar ao clima tropical, com isto acessos de febre o levaram por mais de três meses para o leito, e como oficial obediente que era e apesar de todas as duvidas de levar a cabo a missão a ele solicitada, começou a organizar a esquadra para a missão, porém com as notícias chegada a respeito dos inimigos, deixavam entrever probabilidade muito favorável ao êxito da conquista, pêlos fatos de que os portugueses estarem desprovidos de armas e munição e que os soldados recusavam obediência aos seus superiores e se achavam com muito medo dos holandeses, e que os seus maiores desejos eram de ver surgir diante da Bahia a armada espanhola – porém nesta época em Portugal explodia uma revolução dos portugueses contra a Espanha, com isto o rei da Espanha ficava impossibilitado de enviar novas expedições para o Brasil.

Maurício de Nassau julgando que não deveria esperar por mais tempo, deixou Recife em 8 de Abril de 1638 na firme confiança de levar efeito a rendição da capital inimiga com trinta barcos e um grande número de soldados.

E ao penetrar na baia de Todos os Santos os holandeses desembarcaram e ocuparam sem muita dificuldade as praias e com extraordinária rapidez renderam os quatro fortes de defesa da Bahia, mas a esperança de obter a queda da capital, não foi possível alcançar devido ao fato do Governador Pedro da Silva ter entregue o comando da defesa da capital ao Conde de Bagnuoli, que desejava ardentemente reparar a sua honra ferida desde a queda de Porto Calvo, e com grande bravura a cidade foi defendida pelas guarnições militares e por civis, e devido as necessidade do momento na Bahia criou-se uma estreita união entre comandantes e comandados e com isto, quando o clero baiano começou a pregar a guerra santa, todos os cidadãos que podiam pegar em armas vieram acudiram aos serviços de Bagnuoli.

A artilharia holandesa nas posições conquistada bombardeava constantemente a cidade, porém sem causar grandes perdas para os portugueses, em vista deste fato Maurício de Nassau resolveu tentar um assalto decisivo na madrugada do dia 17 de Maio, porém Bagnuoli tendo conhecimento dos planos do governador holandês, enviou uma força de combatentes em números muito superior do que as dos invasores holandeses.

Porém Maurício de Nassau muito fiel as suas tradições de grande guerreiro, nesta batalha se colocou na frente das linhas de combate com grande bravura e coragem, porém devido as grandes perdas e pela aproximação da época das chuvas viu-se obrigado a preparar com cautela a retirada das tropas holandesas e na madrugada do dia 25, velejou rumo a Recife.

Após a malograda expedição a Bahia, Maurício de Nassau e os membros de seu conselho solicitaram aos diretores da Companhia das Índias Ocidentais que fossem remetido reforços de tropas e armamento, e instigados pelo Estados Gerais o conselho dos XIX atendendo as solicitações do Governo de Recife, para isto foi confiado ao comandante polonês Cristóvão Artichofsky um regimento de infantes composto de doze companhias e com amplos poderes para poder agir em sua nova missão.

Em 20 de Março chegava a Pernambuco o comandante Artichofsky com a sua expedição, Maurício de Nassau e o Alto Comando saudaram a vinda das tropas de auxilio com grande alegria, porém logo foi convertida em amargo dissabor antes a conduta arrogante de Artichofsky.

Indignado com os fatos, Maurício de Nassau escreveu uma carta a sede da Companhia das Índias Ocidentais relatando que ele via os acontecimentos como um voto de desconfiança e que não se julgava merecedor, e com o decorrer do tempo a relação entre o Comandante Artichofsky e Maurício de Nassau ia se tornando cada vez mais tensa até chegar ao rompimento entre os dois.

Em Maio de 1639 Artichofsky deu conhecimento ao Governador de Recife a minuta de uma carta que pretendia enviar ao Burgo Mestre de Amsterdã Alberto Koenraats. Devido os relatos contido na carta do Comandante Artichofsky, o Governador Maurício de Nassau em 20 de maio convocou os membros do conselho e deu conhecimento do conteúdo da carta aos mesmos e deixou com os membros do conselho a decisão de escolha entre ele e o comandante, estava Maurício de Nassau na firme resolução de renunciar ao seu posto devido aos fatos.

Os membros do alto conselho tentaram conciliar as partes contundentes da seguinte forma: ao Comandante Artichofsky foi dado a ele uma licença e enviado a Holanda em Junho de 1639 e mantiveram Maurício de Nassau a frente do Governo da cidade de Recife.

Com o clima pouco tranquilizador da guerra dos países baixos e pela interferência da França nos negócios alemães e pelo estado de agitação dos Catalões e portugueses foi que o monarca espanhol decidiu desfechar um golpe mortal contra o inimigo mais perigoso – os países baixos, com emprego de duas armadas uma para o Mar do Norte e outra para Pernambuco.

Quando no início de 1639 os navios holandeses postados ao longo da costa avistaram e deram sinal da aproximação de uma poderosa esquadra composta de mais de trinta navios na altura de Recife sob o comando de Do Fernando de Mascarenha; Conde da Torre que em sua viagem foi acometido de fortes tempestade e de uma terrível epidemia de febre em parte de suas tropas a borda, que nesta circunstância julgou não estar em condições de levar a efeito a sua missão de atacar a Cidade de Recife, por isto seguiu o seu curso para a Bahia.

Quando chegou a Bahia Dom Fernando de Mascarenhas assumiu o posto de Governador e deu início aos preparativos para a guerra contra os holandeses, com os reforços chegados de Buenos Aires e do Rio de Janeiro e com os navios mercantes disponíveis mandou que fossem transformados em navios de guerra.

O governador de Recife não sabia como barrar as tropas organizadas por Matias de Mascarenhas, pois como o efetivo de homens eram muito reduzido e de sua frota de apenas vinte navios sob as ordens de Willen Corneliszoon Loos, e com a Companhia das Índias Ocidentais lhe negando auxílio, devido as suas dificuldades financeiras, Maurício de Nassau com os poucos recursos disponíveis armou a defesa de Recife com os antigos soldados e com os cidades da cidade que se mobilizaram e formaram corpos de voluntários e com grupos de índios amigos, e as guarnições dos pequenos fortes a margem do Rio São Francisco e os destacamentos enviados de Sergipe ficaram incumbidos de repelir as investidas do inimigo, impedindo que os invasores penetrassem no território holandês.

No dia 19 de Novembro de 1639 a armada de Mascarenhas poz-se a navegar e após muita tempestade a armada em 11 de Janeiro de 1640 manobrava entre Itamaracá e a Paraíba quando o seu comandante tentou fazer o desembarque da tropa, o Comandante Willem Corneliszoon Loos tomou-lhe a dianteira e obrigou a entrar em combate, assim começava uma grande batalha naval ao longo da costa de Itamaracá que terminou com os holandeses vitoriosos e devido a morte de Willen Corneliszoon Loos em combate, sendo por isto substituído no comando pêlos imediatos Jacob Huygens e Alderik que no dia 17 de Janeiro comandaram no litoral da capitania do Rio Grande do Norte um novo ataque a esquadra inimiga, que apesar de sua brava resistência a mesma foi completamente aniquilado em sua capacidade de resistência, uma parte dos navios derrotados encontraram abrigo na enseada do Cabo de São Roque e outros fugiram para as Antilhas e outros escaparam para a Espanha.

A vitoria sobre a frota inimiga encheu Maurício de Nassau e toda a colônia do maior orgulho e após o regresso da esquadra vitoriosa a Cidade de Recife toda a população ocorreu as ruas em grandes festividades e na Holanda a notícia foi recebida com grande orgulho e para comemorar o feito foi cunhada uma medalha comemorativa com a esfinge de Maurício de Nassau, cujo reverso representava uma batalha naval e trazia a inscrição ” Deus abateu o orgulho do inimigo em 12,13,14 e 17 de Janeiro de 1640 “, contudo a Nova Holanda continuava a sofrer constante invasões dos inimigos, devido as proteções deficientes das fronteiras que atravessavam o Rio São Francisco; pelo fato aldeias de índios, fazendas e plantações eram novamente envolvidas em saques e incêndios, porém nestas novas investidas os saqueadores não tiveram muitos êxitos devido as derrotas de André Vidal na Paraíba e de Camarão e João Lopes Barbalho ao sul.

Os navios espanhóis e portugueses que haviam fugido da batalha no Rio Grande do Norte e se refugiados na enseada do Cabo de São Roque desembarcaram todas as forças de terra e seguiram viagem, tendo a frente destas tropas Luiz Barbalho que as conduziu até a Bahia, levando pânico e destruição em sua passagem por diversas vilas e povoados.

Maurício de Nassau ficou tão indignado com a fúria devastadora dos bandos incendiários que descediu pagar na mesma forma aos inimigos pois sob o comando de Lichthardt e Jol, uma esquadra foi enviada para a Bahia com ordens de tratar os habitantes dos arredores da Cidade de São Salvador da mesma maneira, aonde apenas fossem poupadas as mulheres e as crianças e devido a esta dura pena a vida econômica da Capitania da Bahia sofreu um pesado golpe que provocou um pânico no Brasil português.

Com esta vitoria de Lichthardt e Joe chegava ao Brasil uma ordem para que os mesmo fossem empregado em outra expedição conta a Bahia porém Maurício de Nassau não queria nem ouvir falar em lutas pois estava iniciando novo período de trégua na colônia e que havia coisas mais importante a executar do que se lançar a uma aventura com um número insuficiente de homens para o êxito, por este motivo o Governador recusava satisfazer o desejo da Companhia das Índias Ocidentais.

Em conseqüência dos desgastes com os diretores em 9 de Maio de 1640 o Governador de Recife Maurício de Nassau apresentou o seu pedido oficial de exoneração alegando que como coronel holandês poderia ser mais útil do que como governador no Brasil e que o seu prazo de permanência já havia sido esgotado, porém os Estados Gerais e os diretores não o atenderam ao seu pedido.

Em 1 de Dezembro de 1640, ocorreu na Europa um movimento destinado a determinar o fim das hostilidades no norte do Brasil, e que após uma opressão de sessenta anos em que os portugueses sofriam do julgo espanhol que imperava desde o reinado de Felipe IV que se tornara insuportável, é quando e deflagrada a revolução restauradora que separou Portugal da Espanha e elevado ao trono de Lisboa o Duque de Bragança descendente por linhagem materna da antiga Casa Real de Borgonha, a independência portuguesa veio modificar as relações entre as duas nações que até então lutavam no Brasil, Portugal anteriormente amigo e aliado da Espanha tornou-se amigo e aliado natural dos inimigos da Espanha, para Dom João IV uma aliança com a Holanda tão poderosa no mar era necessariamente imprescindível se ele quisesse sustentar o seu reino contra a pressão da Espanha, porém teria de elucidar as relações sobre as possessões colônias ultramarinas.

Em 14 de Março de 1641 aportou em Recife uma caravela portuguesa conduzindo o novo Vice Rei em São Salvador Dom. Jorge de Mascarenhas Marques de Montalvão sucessor de Dom Fernando de Mascarenhas fidalgo português a serviço da Espanha para fazer a comunicação oficial ao Governador Maurício de Nassau dos acontecimentos ocorridos em Lisboa e com uma proposta de armistício.

Neste momento na Cidade da Bahia já se prestavam obediência ao novo Vice Rei Dom João IV pois as tropas já se encontravam desarmadas, os corpos de guerrilheiros já tinham recebido ordens para não mais cruzarem as fronteiras da Nova Holanda.

A confirmação da revolução portuguesa foi recebida com muito jubilo por toda as partes do Brasil-Holandes e o novo reino português encontrou em toda Europa um total reconhecimento e os adversários do reino espanhol reconheciam que a partir deste momento as coisas estavam mudando na península ibérica, principalmente os holandeses que esperavam tirar grandes vantagens devido a fraqueza de seus inimigos espanhóis e por conta deste fato e que em Maio de 1641 os Estados Gerais resolveu ampliar as suas ligações quando enviou em auxilio de Lisboa uma frota de navio de guerra e recomendaram a Maurício de Nassau para que aproveitasse da situação favorável para efetuar novos ataques contra as colônias espanholas, e os diretores da Companhia das Índias Ocidentais exigiram de Maurício de Nassau que ele empreendesse uma nova ofensiva e que conquistasse tudo aquilo que pudesse conquistar antes da celebração de um pacto de paz entre a Holanda e Portugal.

E devido as ordens recebidas o Governador Maurício de Nassau demonstrou que também era um bom diplomata, pois recusou-se a empreender um novo ataque a Bahia pois julgava ser o fato um inútil desperdiço de força, apenas limitou-se a guarnecer a capitania de Sergipe e ponderou aos diretores da Companhia das Índias Ocidentais de que não era a Bahia que deveria ser atacada e sim Angola, pois as vantagens de uma expedição traria a Nova Holanda maiores lucros devido ser em Angola o maior mercado de escravos da costa oeste do continente negro, e com o renascimento da cultura de cana de açúcar em Pernambuco se fazia necessário cada vez mais de um número maior de escravos, e enquanto não houvesse uma comunicação oficial de que esta colônia espanhola tivesse sido restituída a Portugal a sua tomada não afetaria as negociações de paz entre a Holanda e Portugal.

Uma expedição comandada pelo Almirante Joe composta de vinte e um navios rumou para São Paulo de Luanda capital de Angola aonde chegou em 21 de Agosto de 1641.

Quando o governador da cidade pensando ser os mesmos navios mercantes espanhóis que vinham buscar escravos, não ofereceu resistência, com isto as tropas holandesas puderam fazer o desembarque e se apoderarem da estrada real e penetrarem em São Paulo de Luanda antes que os fortes do porto e as baterias pudessem romper fogo, com isto todas as cidadelas capitularam antes aos holandeses.

Após esta conquista o Comandante Joe dirigiu-se com parte de sua frota para o Golfo de Guiné e conquistou a Ilha de São Tomé, rica em açúcar e para assegurar as suas plantações contra saque, os abastados plantadores firmaram um acordo com o Comandante Joe de um pagamento de certa soma em dinheiro e da entrega de vultosa quantidade de açúcar com isto adquiriram o direito de conservar as suas propriedades rurais sob as ordens da Companhia das Índias Ocidentais, porém a alegria dos holandeses de permanecerem na Ilha de São Tomé não durou por muito tempo, pois os soldados desembarcados na Ilha de São Tomé começaram a morrer de febre e a epidemia se estendeu para os navios holandeses onde veio a falecer em 31 de Outubro o Comandante Joe, porém antes do regresso da expedição o sucessor do Comandante Joe ocupou a Ilha de Ano Bom.

Devido ao estado consternado da Ilha de São Tomé, muito dificuldade teve o Governador Maurício de de Nassau em achar elementos que quisessem desempenhar qualquer cargo na administração daquela ilha açucareira e por este motivo o governador viu-se obrigado a transformar a Ilha de São Tomé em uma colônia presidiaria, e remeter para ela todos indivíduos culpados de ter acometido qualquer delito, e propôs a diretoria da Companhia das Índias Ocidentais a anexação de Angola, da Ilha de São Tomé e da Ilha de Ano Bom na Nova Holanda, e sujeitar todos estes territórios a uma administração comum, pois a dependência da vida econômica pernambucana da importação de um número muito grande de negros impunha uma estreita ligação entre o norte do Brasil e Angola, e por este motivo sendo estes territórios administrados em Recife traria uma grande economia de recurso para a Companhia das Índias Ocidentais e além do mais Pernambuco ficava mais perto das novas conquistas do que Amsterdã e que não deveriam-se de esquecer que Pernambuco foi quem fizera as conquistas das colônias espanholas por tropas holando-brasileiras.

Por mais que os altos poderes da Companhia das Índias Ocidentais se interessassem pelo projeto eles não deram atenção aos pedidos do Governador Maurício de Nassau, eles desejavam administrar as colônias separadamente os territórios americanos dos africanos por temerem que o Governador Maurício de Nassau rompesse os laços com a Companhia das Índias Ocidentais e fundasse um principado independente nos trópicos, porém o governador nesta época estava apenas querendo tirar proveito da situação para aumentar o domínio colonial holandês, por este motivo e que em Outubro de 1641 ordenou que uma esquadra composta de dezesseis navios sob o comando de Lichthardt e Koin partiram para conquistar a capitania do Maranhão, que sem muito trabalho a esquadra penetrou no porto de São Luiz, a cidade se rendeu sen a menor resistência e logo as tropas holandesas apoderaram-se da cidadela quase indefesa e desta maneira em fins de Novembro de 1641 foi o Maranhão incorporado ao domínio holandês, enquanto se dilatava os domínios da Companhia das Índias Ocidentais, o negociador português Mendonça Furtado fora enviado a Holanda em 12 de Junho para firmar com os Estados Gerais um tratado de aliança ofensiva e defensiva contra a Espanha.

Nesse ajuste foi assegurado a Dom João IV o envio de uma forte esquadra auxiliadora e foi permitido a ele aliciar os países baixo e para as colônias foi estabelecida uma trégua nas hostilidade por dez anos, que nas Índias Orientais só entraria em vigor um ano depois da devida ratificação e nas Índias Ocidentais logo após a proclamação oficial.

O Rei Dom João IV de Portugal só ratificou o tratado a 18 de Novembro de 1641 apesar de se achar declarado que se deveria ser ratificado em Lisboa até 12 de Setembro.

Somente em 3 de Julho de 1642 é que o Governador Maurício de Nassau recebeu a noticia da assinatura do tratado e dois dias após deu conhecimento aos moradores de Recife, em conseqüência do não cumprimento por parte do monarca de Portugal do prazo para ratificação do tratado, e por ter os holandeses conquistado algumas colônias após o acordo do tratado, devido aos fatos houve muitos protestos na Bahia e em Lisboa aonde o sentimento geral era de que os portugueses haviam caído numa cilada dos holandeses.

Mendonça Furtado queixou-se acerbadamente e exigiu em Haia a entrega das terras anexadas a Companhia das Índias Ocidentais desde o dia 12 de Junho de 1641. Em resposta da solicitação do encarregado dos negócios português foi dito que de acordo com o texto da convenção a Companhia das Índias Ocidentais ficara autorizada a ampliar o seu domínio até a cessação das hostilidades, e o tratado assinado entre Portugal e Holanda não foi aceito nos círculos comerciais da Holanda, pois os diretores das companhias de comércio preferiam pela continuação da guerra do que o tratado de paz.

No inicio de 1642 o poder colonial holandês no Brasil abrangia a oito capitanias: Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe foi quando Maurício de Nassau concedeu a cinco capitanias os seus brasões especiais que foram as seguintes: Rio Grande do Norte uma ema em pé sobre uma trave ondeada, Paraíba seis pães de açúcar, Itamaracá três cachos de uva, Pernambuco uma virgem coroada com uma cana de açúcar na mão direita e um espelho na mão esquerda, Alagoas três peixes e a de Sergipe um sol brilhante sobre três coroas abertas.

Com a publicação do armistício cessaram as hostilidades militares e os ataques dos bandos de depredadores com isto ia surgindo um rápido desenvolvimento econômico para a Nova Holanda por este motivo o Governador Maurício de Nassau escreveu uma carta ao Colégio dos XIX relatando que dentro de pouco tempo o Brasil cobriria todas as despesas efetuadas com a conquista do norte do Brasil.

E era justamente na remessa de dinheiro da Nova Holanda e que estava faltando aos diretores da Companhia das Índias Ocidentais, porque quanto mais apertada se encontrava a companhia, tanto mais eles exigiam de suas possessões ultramarinas e como o resultado das vendas dos produtos brasileiros não fossem compensadores os diretores da Companhia das Índias Ocidentais e o Colégio dos XIX recomendavam a Maurício de Nassau que cuidasse da cultura das especiarias da Índia em Pernambuco tais como arroz, do algodão, do anil e do gengibre produtos que o norte do Brasil produzia em abundância porém cuja exploração era negligenciada pêlos agricultores da colônia.

Porém não foi fácil a tarefa para Maurício de Nassau, em virtude dos insuficientes recursos a sua disposição reparar todos os danos causados pelas guerras em Pernambuco e ao mesmo tempo em satisfazer as solicitações dos diretores em suas anciãs de maiores lucros, entretanto o Governador Maurício de Nassau apesar de tudo soube insuflar um novo alento a política agriculta ao estimular o plantio da cana e a fabricação de açúcar, acabou com as vendas forçadas, anulou as confiscações, e aos portugueses fugitivos foi permitido as suas volta sem imposição de qualquer penalidade, as antigas dividas foram prorrogadas, foram concedidos adiantamentos para a reconstrução e reparos dos engenhos de açúcar e foi reduzidos os elevados impostos de exportação do pau brasil, foi dado incentivo a cultura do fumo e empreendeu o desenvolvimento da pecuária na capitania do Rio Grande do Norte e junto as tribos indígenas ele incentivou as culturas do feijão e da ervilha.

Sendo detentora dos direitos de comercialização e transporte no norte do Brasil a Companhia das Índias Ocidentais não estava em condições financeiras para desempenhar o seu papel, pela deficiência dos seus navios para o transportes de suas mercadorias, com isto o comércio paralisou em Pernambuco e como um pesadelo oprimia o monopólio da Companhia das Índias Ocidentais.

Devido ao fato em Amsterdã os membros da Companhia das Índias Orientais e os comerciantes da metrópole se rebelaram e pediram que o monopólio concedido a Companhia das Índias Ocidentais fosse estendidos a todo circulo comercial da Holanda para que pudessem participar do lucrativo comércio do açúcar.

E com respeito a esta solicitação o Governador Maurício de Nassau foi consultado e se colocou totalmente a favor, pelo fato de que sem liberdade de ação comercial não se podia pensar em desenvolvimento da colônia, o seu parecer foi resolutorio com isto os portos do norte do Brasil foram abertos a todos os comerciantes holandeses, e para Companhia das Índias Ocidentais restou apenas o monopólio da exportação do pau brasil e a importação de material bélico e de escravos negros.

Com as redes do governo em suas mãos Maurício de Nassau, a Nova Holanda se mantinha em paz, para isto o que muito contribui foi a reforma da administração municipal e a criação das camarás dos escabinos em substituição das antigas e mal organizadas camarás portuguesas, que contava com igual número e o mesmo direito de holandeses e portugueses, e como chefe de administração, procurador do estado e arrecador dos impostos foi colocado o Governador Maurício de Nassau, e para a direção dos hospitais e orfanatos foram chamados os portugueses de Recife, e aos portugueses também foram dados os direito de formarem aos lados dos diretores das diferentes capitanias um corpo consultivo.

Na assembléia geral dos escabinos, portugueses e pessoas consideradas entre os habitantes das capitanias de Pernambuco, de Itamaracá e da Paraíba se reuniram em Recife afim de tratarem da situação política e econômica da Nova Holanda e sobre as medidas a serem adotadas contra os grupos de bandoleiros baianos, esta reunião foi o primeiro parlamento que se reuniu na América do Sul, os representantes portugueses deram um voto de confiança ao Governador Maurício de Nassau porém criticaram severamente a situação em que se achavam e exigiram para a religião católica a igualdade de direito em relação ao calvinismo.

E por mais que fosse ao encontro dos portugueses e procurasse desfrutar de suas amizades, Maurício de Nassau nunca confiou qualquer cargo de responsabilidade embora tivesse entre os portugueses muitos amigos íntimos e entre eles João Fernandes Vieira, Manuel Calado e outros.

Nesta época a sede do governo holandês no norte do Brasil era na cidade de Recife que se tornara demasiadamente pequena para conter a expansão da população que sofria com a alta dos valores das moradias, então o governador e o conselho resolveram repovoar a cidade de Olinda que por causa das guerras se encontrava em escombros e abandonada, e uma parte dos antigos habitantes portugueses foram se estabelecer em Olinda com o auxilio do governador que lhes fornecia material de construção e apesar da proposta da mudança da capital para a Ilha de Itamaracá localizada exatamente no meio da Nova Holanda aonde se poderia ser facilmente defendida por uma pequena esquadra, o Governador examinou a proposta, porém não acatou devido ao fato de que Recife já possuía um ancoradouro bem defendido por excelentes fortificações e que se achava organizada para o trafego ultramarino e era até então o principal porto de embarque de açúcar brasileiro, porém o Governador Maurício de Nassau via perfeitamente que era indispensável aumentar a área da cidade afim de poder acolher os imigrantes holandeses e portugueses que afluíam para Recife nesta época, e para esta expansão foi escolhida a Ilha de Antônio Vaz cujos pântanos ele mandou aterrar e construir dois palácios; o de Friburgo a beira do rio Beberibe e de Boa Vista a margens do rio Capibaribe ao lado ocidental da ilha, que serviu como residência oficial de Maurício de Nassau, para lá também mudaram o pintor Franz Post e o seu irmão o arquiteto Pieter Post que foi o autor do plano para a cidade nova “Mauricia” que se levantou entre o Forte Ernestus e a Fortaleza Friedrich Heinrich.

O cientista Dr. Villem Piso e seu amigo Georg Maregraf, colecionaram no Parque de Friburgo material necessário para a grande obra Historia Naturais Brasileira, e pesquisaram as doenças tropicais reinantes na colônia e estudaram as ervas medicinais indígenas e os antídotos empregados pêlos indígenas e empregou com bom êxito nos pacientes europeus, observaram também os insetos, repteis, peixes e moluscos fizeram algumas pesquisas sobre a geografia e o clima em relação aos habitantes, da terra, a fauna e a flora e sobre o plantio e tratamento da cana de açúcar e da raiz da mandioca.

O Governador Maurício de Nassau que mantinha grande interesse pela exploração da colônia e para satisfazer aos interesses da Companhia das Índias Ocidentais mandou o administrador da Capitania da Paraíba Elias Herckmans de empreender uma expedição ao interior da capitania a procura de minas de ouro e prata, todavia esta expedição não apresentou o resultado desejado, porém melhores resultados vieram abater mais tarde, no Ceará quando uma expedição dirigida por Mathias Beck encontrou uma mina rica em prata, porém em conseqüência da situação cada vez mais ameaçadora em que se achava a Nova Holanda não pode ser explorada.

Nesta época na cidade de Mauricia o Governador Maurício de Nassau fez de tudo para o seu crescimento, com as melhorias efetuadas ela se tornou a preferida dos conselheiros, comerciantes e funcionários superiores, ao passo que a parte mais antiga de Recife ia se tornando um bairro comercial, onde se localizavam os escritórios, armazéns, e as residências dos empregados do comércio, dos operários do porto, e mandou construir uma ponto para estabelecer uma comunicação mais comada entre Recife e a Ilha Antônio Vaz, e nas proximidades do Palácio de Boa Vista também ergueu outra ponte sobre o rio Capibaribe para de melhorar as comunicações e a defesa da nova cidade contra possível invasão.

E pelo fato de não confiar nos portugueses Maurício de Nassau, em varias correspondências com o Conselho dos XIX, solicitava o aumento das forças militares na Nova Holanda, apesar da suspensão das hostilidades.

Os Altos Conselheiros em resposta a Maurício de Nassau declaram que estavam fartos de suas solicitações no tocante ao envio de reforços para suas tropas e que os diretores e os acionistas, desejavam ver o capital investido no Brasil render juros e não prejuízos como vinha sendo apresentado e exigiram dele que as suas cartas fossem mais polidas e respeitosas e ele se empenhasse mais pela Nova Holanda e que fosse mais econômico em seus gastos e que reduzisse para dezoito companhias o efetivo de suas tropas.

Estas medidas do diretório fez Maurício de Nassau enviar a Holanda em principio de Maio de 1642 o seu secretário particular Johan Carl Tolner com a incumbência de fazer uma exposição detalhada aos Estados Gerais da exata situação em que se achava a Nova Holanda e de que não era possível manter um território tão vasto como o norte brasileiro com a quantidade de soldados a seu dispor, pois a qualquer momento poderia haver uma revolta dos portugueses descontentes e que a libertação de Portugal do jugo espanhol tinha reanimado na América do Sul o sentimento nacional português, e que Dom João IV não descansaria enquanto a Nova Holanda voltasse a ser de Portugal, quanto mais não fosse por vingança pela tomada do Maranhão, Angola e São Tomé.

As advertências do Governador Maurício de Nassau eram bem fundadas, prova disto foi a grande rebelião que surgiu na Capitania do Maranhão em 1642 quando portugueses e os índios Tapuias assaltaram o Forte Monte Calvário em Itapicurú, sitiando a Cidade de São Luiz, quando o governador de Recife mandou em auxilio dos sitiados o Tenente Coronel Henderson com algumas companhias e quando as suas tropas chegaram para combate a rebelião já tinha ganho grandes proporções, e logo após as primeiras investidas Henderson se viu obrigado a se retirar do combate com suas tropas, devido a este fato a cidade de São Luiz resistiu por mais de um ano aos ataques dos holandeses até que em 28 de Fevereiro de 1644 Antônio Teixeira entrou triunfante com suas tropas na Cidade de São Luiz salvando o Maranhão do jugo estrangeiro e livrou o Pará da perigosa vizinhança inimiga, e também na Ilha de São Tomé os portugueses nesta época se revoltaram, porém o governador despachou de Recife uma expedição em socorro as tropas holandeses na ilha, que conseguiram sufocar o levante após muita luta.

Profundas consternação se abateu sobre os habitantes de toda a colônia quando souberam de que o governador tão querido e respeitado, insistia em suas intenções de se retirar do Brasil, e de todas as partes, de modo comovente partiram manifestações para sua permanência a frente do governo de Recife, todavia Maurício de Nassau sentia que por trás das constantes negativas dos diretores da Companhia das Índias Ocidentais a respeito de seus atos, pretensões e gastos se ocultava algo mais, do que o espirito mercantil dos diretores, queriam eles se descartar de Maurício de Nassau que tanto custava para a Companhia das Índias Ocidentais, que não lhe perdoavam pelo insucesso contra a Bahia, e não concordavam com o tratamento que ele despedia aos portugueses e aos indígenas.

E em suas obsessões esperavam os diretores da Companhia das Índias Ocidentais salvarem as finanças da empresa mais rápido que possível, e para que isto acontecesse passaram a recorrer ao velho expediente de pilhagem aos navios mercantes inimigos, e assim foi que o Conselho dos XIX insistia pela destruição do Governador.

Por isto em 6 de Maio de 1644 o Governador Maurício de Nassau renunciava ao governo da Cidade de Recife junto ao Alto Conselho, entregando ao mesmo tempo um relatório que deu o nome de Testamento Político do Conde, logo que os habitantes da Nova Holanda tomaram conhecimento que Maurício de Nassau estava realmente disposto a regressar a Holanda, apoderou-se em todas as classes uma verdadeira consternação a que se aliava uma grande inquietação pelo futuro do Brasil-Holandes; apelos e petições foram dirigidas ao governador, ao Estados Gerais e aos diretores das Câmaras, para que ficasse sem efeito a fatal resolução de Maurício de Nassau, e apesar das noticias chegada do Ceará, que lá havia sido levantada uma revolução e que havia sido assassinado Gildeon Morris juntamente com os seus em Fortaleza, mas os diretores da Companhia das Índias Ocidentais sabedores de tudo, não mudaram as suas atitudes a respeito da situação.

E no dia 11 de Maio de 1644 Maurício de Nassau acompanhado de grande séquito deixou a Cidade de Recife e dirigiu-se a Olinda e de lá seguiu viagem para a Paraíba, aonde foi recebido de uma maneira triunfal, de todas as partes corriam pessoas para contemplar o governador pela última vez e sob a salva da artilharia e ao som da canção Wilhelmus Von Nassaven foi realizado o embarque do Conde Maurício de Nassau em uma frota composta de treze navios que partiu em 13 de Maio com destino ao porto de Texel.

Quando de sua chegada teve uma recepção digna para com os seus atos no Brasil, e em principio de Agosto ele apresentou suas contas perante a Assembléia dos Altos Poderes e entregou um relatório sobre a situação então reinante na Nova Holanda, e solicitou a eles que dessem mais atenção aos lavradores individuais, aos naturais do pais e aos negros escravos e fez criticas a Companhia das Índias Ocidentais por não haver depositado confiança ao seu governo e de não terem fortalecido o seu prestigio perante aos conselheiros, funcionários, portugueses e naturais do pais, e opinou; que se tinham a intenção de conservar o Brasil, o melhor seria convertê-lo numa verdadeira Nova Holanda, tomando do inimigo espanhol todas as possessões sul-americana, e fundindo as duas companhia em uma só para se formar uma grande Companhia de Comércio.

Maurício de Nassau – Príncipe

Maurício de Nassau
Maurício de Nassau

Em 23 de janeiro de 1637 desembarcou no Recife o príncipe Maurício de Nassau.

Ao chegar, reconheceu que era essencial eliminar o último foco de resistência – Porto Calvo.

Esta condição era essencial para restabelecer a segurança no campo, visando o soerguimento da lavoura canavieira, além de destruir as derradeiras esperanças dos pernambucanos na reconquista da terra.

Em 3 de março de 1637 caiu em suas mãos Porto Calvo depois de uma luta desigual de 10 x 1, com sítio terrestre que durou 15 dias e que contou com bombardeio com canhões de grosso calibre. Bagnuolo forçado por Nassau retirou-se para o sul do rio São Francisco.

Após neutralizar Porto Calvo, expulsar Bagnuolo para o sul do São Francisco, na sua margem esquerda, Nassau levantou 2 fortes, consolidando assim a conquista.

A Holanda dominava, agora, imenso, rico e estratégico território do Brasil, desde o Rio Grande do Norte até o rio São Francisco.

As perspectivas de rápida recuperação econômica da capitania, combinadas com tolerância religiosa mínima e clima de respeito aos moradores, fizeram arrefecer um pouco o sentimento de revolta dos luso-brasileiros para com o invasor.

Em conseqüência, Nassau criou ambiente tranqüilo em torno da base naval do Recife. Isto feito aplicou-se, a estender o domínio da Holanda ao restante do Brasil.

Em 1º de maio de 1638 Nassau atacou a Bahia, em Salvador.

Ao ultimato aos baianos teve como resposta: ” As cidades de el-rei não se rendem senão com balas e espada na mão e depois de muito sangue derramado “.

Nassau não conseguiu sitiar completamente a praça, deixou abertas algumas comunicações com o interior.

No dia 18 de maio de 1638, 3.000 holandeses investiram as trincheiras com fúria. No mais aceso da peleja, acometeu a retaguarda inimiga, de surpresa, o bravo capitão Luís Barbalho.

O contra-ataque obrigou o invasor a retirada precipitada, causando muitas baixas em suas fileiras.

A 26 de maio de 1638, por ter se tornado insustentável a permanência na Bahia, Nassau retornou a Pernambuco, humilhado com o insucesso da expedição.

Na defesa das trincheiras de Salvador morreu o intrépido capitão Sebastião Souto, considerado um mestre da arte de guerra da emboscada ou na guerra brasílica.

Sucedeu-lhe, no comando e na fama, neste tipo de guerra, Antônio Dias Cardoso, que tão assinalados serviços iria prestar à continuação da luta.

Esta expedição de Nassau era o terceiro malogro dos holandeses, no sentido de ocupar território baiano.

O Recôncavo estava defendido por 11 fortes, e a cidade envolvida por muralhas protegidas por trincheiras. Salvador era agora,” jardim com fortes muros e tesouro muito bem garantido.” Aprendera muito com a invasão de 1624.

Em janeiro de 1639 aportou em Salvador a Esquadra do Conde da Torre que vinha incumbido de libertar Pernambuco. Enviou líderes em emboscadas para a Paraíba e Pernambuco para atrair o invasor para o interior.

Recrutou tropas no sudeste, inclusive o bandeirante Raposo Tavares que liderou tropa expedicionária vinda de São Paulo e Rio de Janeiro.

Ao conde da Torre tentar desembarcar em Pau Amarelo, foi impedido por esquadra invasora. Perseguido aceitou combater e foi batido. Foi um grande desastre.!

Parte da esquadra do Conde da Torre foi desembarcada em Ponta do Touros no Rio Grande do Norte. A tropa desembarcada era comandada por Luiz Barbalho e integrada por Henrique Dias e combatentes sulistas ao comando de Raposo Tavares. Decidiram abrir caminho de volta à Bahia, a ferro e fogo, percorrendo 400 léguas de território ocupado pelo inimigo.

Ao fim de quatro meses de épica marcha, na retaguarda inimiga, assinalada por combates e padecimentos, entraram triunfantemente em Salvador, após vencerem inúmeros obstáculos, relatados por Luís Barbalho e Henrique Dias em documentos revelados por José Antônio Gonçalves de Mello Neto, historiador pernambucano.

Comandou este feito e com ele se imortalizou Luís Barbalho, atualmente denominação histórica da unidade de Infantaria de Feira de Santana, na Bahia.

Estes bravos, liderados por filhos da terra brasileira, salvaram de destruição a força expedicionária. Chegaram em tempo à Bahia para fazer malograr uma expedição punitiva. Reacenderam a chama de reação e causaram grandes prejuízos no plano de Nassau de recuperação econômica de Pernambuco. Legaram às gerações brasileiras do porvir exemplo imortal de responsabilidade na defesa da terra.

Nesta marcha participaram tropas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de outras capitanias do sul, que já ofereciam, assim, no passado distante, magnífico exemplo de solidariedade e integração, constante na história militar do povo brasileiro.

Em março de 1640, Nassau enviou à Bahia uma expedição punitiva de 1.300 homens.

Em fevereiro de 1641 chegou ao Brasil a notícia da Restauração do Trono de Portugal por D.João VI, pondo fim a União das Coroas. Impossibilitado de sustentar guerras contra a Holanda e Espanha, Portugal concordou em celebrar tratado de aliança ofensiva e defensiva com a Holanda e um armistício de dez anos nas lutas das colônias.

Reconheceu a conquista de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte e acedeu na cessação das hostilidades contra os holandeses no Brasil, enviando determinação expressa. A Holanda comprometeu-se a não expandir suas conquistas no Brasil durante dez anos. Enquanto isto fora acordado entre Portugal e Holanda, Maurício de Nassau expandiu a conquista no Sergipe, em 1841 e no Maranhão em desrespeito ao tratado e o fez publicar só 2 anos depois.

Mandou recensear as populações das vilas, para controlá-las rigorosamente e, assim, descobrir com base em sua movimentação, a presença de companhias de emboscadas partidas da Bahia ou da insurreição pernambucana em marcha.

Aos luso-brasileiros ficou assegurado tratamento de confiança e sem constrangimentos. Esta foi a deixa para o governador da Bahia enviar agentes para agitar Pernambuco e ajudar a planejar a Insurreição Pernambucana.

A resistência heróica dos luso-brasileiros havia debilitado os negócios no Brasil de Companhia das Índias. Nassau partiu para a Holanda em julho de 1644. Antes em 28 de fevereiro de 1644 com o concurso do Pará, o Maranhão libertara-se do jugo holandês.

A insurreição estava em marcha no Nordeste. Os holandeses para atrair os índios para a sua causa “concedeu liberdade ampla e total aos índios”. E estes passaram a guerrear os luso-brasileiros com crueldade. No Rio de Grande do Norte eles massacraram luso-brasileiros reunidos numa igreja em Cunhaú, matando-os barbaramente, inclusive algumas tiveram os corações arrancados pelas costas. Isto incendiou o ânimo dos luso-brasileiros.

Maurício de Nassau – Biografia

Maurício de Nassau
Maurício de Nassau

João Maurício de Nassau-Siegen nasceu em 17 de junho de 1604, no Castelo de Dillemburg, cidade do condado de Nassau, na Alemanha. Era filho de Jan de Middelste (João, o do Meio) e de Margaretha van Holstein, Princesa do Holstein-Sanderburg.

João Maurício viveu em Dillemburg apenas seus dois primeiros anos de vida. Em 1606, a família transferiu-se para Siegen, onde passou sua infância.

Como era costume na época, Nassau foi instruído inicialmente pelo seu pai, pedagogo, freqüentando depois a escola de Siegen. Em 1614, aos dez anos, foi enviado à universidade de Basiléia, na Suíça, indo, em 1615, para Genebra.

Do início de 1616 até 1619 ele viveu em Kassel, onde continuou seus estudos no Colégio Mauritianum. Ali, ele aprendeu o francês, o italiano, e o espanhol (que lhe foi útil no Brasil), além de retórica, história, filosofia, teologia, astronomia e matemática, essencial à arte militar. O Colégio também ensinava aos seus alunos aristocráticos montaria, música, dança e esgrima.

Nassau destacou-se em várias campanhas militares, entre as quais a Guerra dos Trinta Anos (1618), o sítio de Den Bosch (1632), a reconquista de Schenckenshaus (1636) tornando-se conhecido e respeitado rapidamente.

Em 1632, iniciou a construção de um palácio em Haia (hoje um ponto turístico da cidade holandesa). Seus compromissos financeiros para a conclusão da obra (muito mais altos do que o previsto) convenceram-no a aceitar o convite da Companhia das Índias Ocidentais para assumir o governo político e militar no Brasil, com o título de governador e comandante-em-chefe e uma ótima remuneração.

Maurício de Nassau chegou ao Recife em 23 de janeiro de 1637 e, encantado com a beleza da terra tropical, passou a chamar Pernambuco de Nova Holanda. A sua comitiva era composta de pintores, como Frans Post e Albert Eckhout, escultores, astrônomos, arquitetos e outros cientistas, sendo recebido com alegria não apenas pelos holandeses como pelos próprios civis luso-brasileiros, esperançosos de dias melhores, já que a colônia encontrava-se num estado lamentável, predominando a desordem e a corrupção.

No início de fevereiro, atacou Porto Calvo, em Alagoas, conseguindo vencer as tropas luso-brasileiras no local que era o último foco de resistência contra a ocupação holandesa.

Nassau tratou de desbravar o interior e projetou, no Recife, a cidade Maurícia ou Mauriciópolis, construída para ser o centro do poder no Brasil. Promoveu melhorias urbanas, calçou ruas com pedras, proibiu o tráfego de carros de boi para não destruir as vias, criou um corpo de bombeiros voluntário, implantou o imposto territorial urbano, construiu casas e pontes, dois palácios suntuosos como o Palácio de Friburgo, que servia de residência ao governador e possuía um aviário, um jardim zoológico e um jardim botânico.

Restabeleceu a produção da capitania quando ofereceu empréstimos para recuperação dos engenhos de açúcar; determinou que a justiça fosse igual para todos, holandeses ou moradores da terra; respeitou as diferentes crenças religiosas; financiou a compra de novos escravos, mesmo sendo contra a escravidão, porém proibiu o trabalho dos negros aos domingos, assim como a separação dos casais na hora da venda.

O Conde João Maurício de Nassau-Siegen governou o Brasil de 1637 a 1644. Sua administração ficou fortemente marcada pela construção de centros urbanos, de canais para evitar inundações, pontes, escolas, teatros, hospitais, asilos, estradas e fortes. Fundou uma imprensa, criou bibliotecas, museus e um observatório astronômico, transformando assim o Recife, de pequeno povoado de pescadores, numa cidade muito desenvolvida para a época.

Era um homem gentil, simpático e tolerante. Foi um administrador hábil, que se mostrou a princípio liberal e soube captar a simpatia dos brasileiros Revelou-se um excelente administrador para o povo, mas não para a Companhia das Índias Ocidentais. Nassau tinha um plano pessoal de governo, queria fazer fortuna e se destacar para receber o título de príncipe, além de ter uma visão colonizadora que não interessava a Companhia. A esta só interessava o lucro.

No dia 11 de maio de 1644, Nassau partiu do Recife, a cavalo, com destino à Paraíba, sendo saudado e aclamado por tropas perfiladas, autoridades e pela população em geral, inclusive índios tapuias.

No dia 23 do mesmo mês, embarcou com uma frota para a Holanda, levando para seu palácio de Haia, objetos e pinturas que decoravam sua residência no Brasil, reintegrando-se à carreia militar.

Em 1647, foi novamente chamado para governar o Brasil, mas como exigiu plenos poderes, um exército maior e melhor remuneração, a Companhia não concordou e, por conseguinte, o conde alemão não mais retornou ao país.

Nesse mesmo ano de 1647, Nassau foi dirigir os governos de Kleve, Mark e Ravensburg, o que lhe valeu a condecoração de grão-mestre da Ordem Teotônica.

Em 1652, foi elevado à dignidade de Príncipe do Império Alemão, sendo eleito grão-mestre da Ordem de São João da Alemanha.

Foi nomeado comandante-em-chefe do exército dos Países Baixos em 1665.

Com 70 anos de idade, em 1674, tomou parte na Companhia dos Países Baixos Espanhóis (atualmente Bélgica), lutando na Batalha de Senef.

Em 1675, recolheu-se à cidade de Cleves, escolhida para viver os seus últimos dias, falecendo em 20 de dezembro do ano de 1679, aos 75 anos, sendo suas cinzas guardadas como um tesouro, até que foram levadas para o jazigo da família, em Siegen.

Apesar de divergências entre historiadores, Maurício de Nassau foi considerado como homem de tino político, idealista, tolerante e hábil, um administrador que deu um grande impulso econômico e cultural a Pernambuco, tornando-se um imortal no Velho e no Novo Mundo.

Segundo o pesquisador do período holandês Marcos Galindo, “Pernambuco nunca viveu outro momento com tanta importância no cenário universal” como na época do seu governo.

Johann Mauritius van Nassau-Siegen, dito João Maurício de Nassau

Maurício de Nassau
Maurício de Nassau

Príncipe progressista holandês nascido no castelo de Dilenburg, na Alemanha, que a serviço da Companhia das Índias Ocidentais dos Países Baixos, governou o Brasil holandês (1637-1644), e cujo período de governo do conde, militar e administrador holandês passaram para a história como a idade do ouro do Brasil colonial holandês.

Educado nas universidades de Herborn, Basiléia e Genebra, segundo seu biógrafo Barlaeus, participou como voluntário, aos l6 anos, na guerra dos trinta anos, distinguiu-se em campanhas militares, como em Breda (1625) e Maastricht (1632).

Iniciou a construção de um palácio em Haia (1632), a futura Mauritshuis, que se tornaria um dos pontos de atração turística da capital holandesa e por causa dos encargos financeiros dessa construção, aceitou o governo civil e militar do Brasil holandês, com o título de governador-geral, capitão-general e almirante.

Pelo cargo receberia da Companhia das Índias o elevado salário de 1.

500 florins mensais, uma ajuda de custos de seis mil florins e dois por cento sobre o produto de todas as presas feitas no Brasil.

Desembarcou em Pernambuco (1637).

Aqui chegando desbaratou as tropas portuguesas e espanholas em Porto Calvo, fronteira com Alagoas (1637) o que lhe trouxe a confiança de seus compatriotas, e pode, então, empenhar-se em sua obra administrativa conquistando a estima dos brasileiros pelas medidas democráticas que adotou.

Substituiu a antiga organização municipal portuguesa pela câmara de escabinos, que assegurava a participação de todos, sem distinção de nacionalidade ou credo religioso, mediante voto popular.

Instituiu uma nova autoridade para procurador da companhia, espécie de burgomestre ou promotor público, denominado escolteto.

Além disso, mandou vender a crédito os engenhos de açúcar abandonados pelos proprietários em conseqüência da guerra e facilitou recursos aos novos senhores de engenho para replantar os canaviais e adquirir escravos.

Perseguiu a agiotagem e diminuiu as custas judiciais.

Mudou a sede do governo de Olinda para Recife, onde ergueu uma nova cidade, Maurícia (Mauritzstadt), com ruas calçadas, pontes e um nível de urbanização desconhecido até então no Brasil.

Dois palácios coroaram a obra do administrador: o Vrijburg, de despachos, na confluência dos rios Capibaribe e Beberibe, com a fachada voltada para o mar; e o de veraneio, fora do centro urbano, conhecido por Boa Vista.

Cercou-se de intelectuais e artistas, entre os quais se destacavam os pintores Frans Post e Albert Eckhout e os cientistas Georg Marcgraf e Guilherme Piso.

Seu espírito de tolerância nem sempre agradou a católicos e calvinistas, que protestaram contra as liberdades concedidas aos judeus.

As medidas que tomou em benefício do abastecimento, incentivando o cultivo da mandioca, a que chamou o pão do país, e das frutas, inclusive do caju, nem sempre contaram com a compreensão dos que só se preocupavam com os lucros da monocultura da cana.

Tentou sem êxito apossar-se da Bahia (1638) e, após a pacificação entre Portugal e Espanha, procurou estender seu domínio até o Maranhão, mas não teve apoio do governo central.

Sentindo-se desprestigiado em seus ideais de construir uma nova nação, voltou à Europa (1644).

Politicamente ainda foi governador de Kleve, na atual Alemanha (1647), e assumiu o comando do Exército (1665).

Lutou contra a Espanha (1671) e ocupou o cargo de governador de Utrecht (1674).

Em seguida abandonou a carreira político-militar e retornou (1674) para suas propriedades em Kleve, e lá veio a falecer em 20 de dezembro (1679).

Negativamente um dos responsáveis pelo aumento do tráfico internacional de escravos negros a partir do momento que mandou uma esquadra para a África, para conquistar a colônia portuguesa de São Jorge da Mina, na Guiné (1637), após a vitória de Porto Calvo.

O Diário do Conde de Nassau

“Dentro de mais dois dias estarei deixando esta grande terra.

Ainda me lembro, quando aqui cheguei, do estado em que se encontrava a Conquista. A Companhia,em 1630, tinha tomado Pernambuco. Ocupou Olinda, depois caiu a Aldeia Recife e, após um período de lutas, com a perda do Arraial, uma boa fortificação pelos portugueses, a conquista foi quase definitiva.

Em 1637, após uma longa viagem desembarquei em terras do Brasil. Foi um deslumbramento – o verde das matas, os pássaros, o grande rio, que me lembrou as terras e os canais de Amsterdam. O Recife, desorganizado como cidade, estava com muitos da Companhia, e nele ainda se sentiam as marcas das primeiras lutas. No outro lado do rio, a ilha, onde estava situado o grande alojamento e o Forte Ernesto, este levantado em redor de um pequeno convento de capuchos.

Não fiquei morando no Recife, estava muito desarrumado para o meu gosto, fui para a ilha, que se chamou antes de Antônio Vaz. Nela me instalei em um grande sobrado, perto do rio, e, de onde avistava o Recife. Sobre o seu telhado, meu amigo Sr. Marcgrave instalou um observatório; várias vezes ali subi para observar os astros e ver, à distância, o mar e as terras em redor.

Pouco depois de ter me instalado com toda a criadagem e meus amigos Senhores Piso, Macgrave, Post e Eckhout, além do poeta Plante, e outros, fui ver a antiga vila de Olinda. Que tristeza! Do Recife eu a avistei logo, – no horizonte vi as ruínas da igreja matriz que marcavam o alto de uma colina. A silhueta de Olinda é muito bonita, ao se recortar contra o céu. Foi uma pena a sua destruição. Dos restos das construções se aproveitou a Companhia quando contratou a retirada, em 1639, de pedras para as obras do Recife.

O primeiro governante, um português chamado Duarte Coelho, escolheu o sítio, para instalar a sede da Capitania, a cavaleiro do mar e tendo como porto de apoio as terras baixas do Recife, protegidas pelas muralhas de pedras natural.

Chegando, naquela antiga vila, pude percorrer as suas ruas incendiadas; o incêndio da cidade, ateado pelos da Companhia, em 1631, foi extenso e, não fossem os índios que acudiram os padres, teriam se consumido totalmente algumas das grandes construções dos religiosos. Perto da antiga Matriz, bastante arruinada, me deparei, ao lado do mar, com a grande construção dos padres da Companhia. Que maravilha, – estes jesuítas não construíam para o momento, mas sim, vendo o futuro.

Na Matriz, no Colégio da Companhia de Jesus e noutras em ruínas ainda pude ver os ricos altares. Não vi imagens de santos, deviam ter sido tiradas dos altares pelos portugueses.

A vila, no que se referia às moradias, ao casario, estava desmantelada.

Era mais bonita de fora que de dentro.

Mas, naquele ano de 1637, após a minha chegada, a preocupação era tentar a paz. Sem uma boa convivência não poderia haver governo. Isto logo foi conseguido e se tanto não se obteve foi por falta de maior apoio dos da terra e da Companhia das Índias.

Quando considerei a minha maior permanência me interessei pelas melhoras das condições do Recife.

Do Recife, como era, me descreveram os da terra, aqueles que conheceram a prosperidade de Olinda, lá pelo princípio do século e, mesmo outros, ainda vivos, que assistiram a chegada de um visitador religioso, em 1595, e, mas recuando no tempo, do Jesuíta Cristóvão Gouveia. Essa gente velha, me informou, através do padre Manoel do Salvador, que os da terra chamavam “dos óculos”, da impressão que daquela cidade em descrições, disse naqueles tempos os visitantes.

Um tal Gabriel Soares de Souza chegou a deixar manuscritos sobre a vila e o resto do Brasil; uma cópia do que se escreveu me chegou as mãos, através daquele religioso.

Por essas notícias pude entender os interesses da Companhia na conquista. Realmente Olinda e o Recife eramo foi conquistada a capitania, deixou boa memória do dia do desembarque um soldado; sua descrição é saborosa notáveis nessas partes do Brasil.

Quando foi conquistada a capitania, deixou boa memória o dia do desembarque um soldado; sua descrição é saborosa. Li antes de vir para essas terras. Me informei, de muito mais, não iria chegar sem nada saber. É verdade que para melhor se conhecesse no futuro sobre essa terra extraordinária, vieram homens cultos os quais sobre ela estudariam e escreveriam, recolhendo para tanto muito material.

Mas, voltando a falar do Recife, me ocorreu dizer mais sobre a aldeia junto ao mar. O Recife, quando em 1630, era muito pequeno e, nele já se tinha dificuldades de terras para construção.

Junto aos arrecifes, na entrada da barra havia um forte, na laje. Outro apenas existia em terra e, ainda outro, em construção na língua de terra que ligava a Olinda. Os grandes armazéns, reconstruídos depois pela Companhia, foram incendiados em 1630 pelo Sr. Matias de Albuquerque e no casario existente, alguns sobrados, de mais de um pavimento. Encontrou-se no Recife uma igreja, antiga, desde os primeiros dias, dedicada a um São Frei Pedro Gonçalves. Dela logo os da Companhia se apossaram e transformaram para o culto reformado. Suas ruas eram estreitas e sujas. Não gostei dessa parte e me instalei, como disse, na ilha. Lá, quando cheguei ainda não havia grande número de casas de moradia. A travessia desde o Recife era difícil. O rio, muito largo no trecho e de fortes correntezas, obrigava a uma balsa, presa a um grande cabo. Como era ruim atravessar. Se assim continuasse não cresceria as construções na ilha, lugar como disse mais aprazível.

Recife muito deve, nos primeiros dias da Conquista, ao Governador Sr. D. Van Weerdenburch. Ele fortificou, construiu defesas e proveu de água a aldeia.

Os primeiros dias foram difíceis. O inimigo não dava trégua. Senhor do conhecimento da terra ele se instalou perto do Recife e de lá combatia sempre os nossos.

Voltando ao Recife, ele deveria ser tão notável quanto foi antes Olinda.

Assim logo cuidou-se da construção de dois palácios. Um para residência oficial, onde seriam os despachos e onde se pudesse receber e, outro, para repouso, poderia dizer, de inverno. O primeiro deles construído na parte de terra ao Norte do Forte Ernesto e voltado para o continente, Olinda e o Recife. Lugar encantador e onde se tem, além do palácio, com suas duas altas torres, um jardim, no qual, para divertimento dos da casa, instalou-se viveiros, jaulas com animais e plantou-se coqueiros, muitos dos quais transplantou-se já adultos. Para os palácios mandou-se fazer móveis e adquirir tapetes, além de orná-los com quadros pintados pelos nossos artistas. O grande salão do principal, os das torres, estava bem ornamentado, e nele se recebia muito bem. Nos jardins, quantas vezes me diverti, a maneira nossa, como muito vinho e cerveja. Vai-se levando os móveis e os quadros. Deixa-se o palácio vazio, quem vier depois que o ornamente e lhe dê vida.

Além dos palácios, construiu-se a igreja dos Calvinistas, onde eles puderam realizar decentemente seus cultos.

Mas, foi com as novas construções na ilha, que se deteve mais o governo.

O Recife já não cabia mais de construções. A população era muita e as casas poucas.

Assim, foi encarregado o irmão do pintor Frans Post, o arquiteto Pieter Post, de fazer o traçado das ruas para a expansão do casario em direção ao Forte, e isto deveria ser feito a maneira nova, numa cidade moderna.

O projeto foi entregue e iniciou-se a demarcação das ruas e abertura dos canais. Estes deveriam se interligar ao sistema antigo de defesa, e, ao se expandir, a parte velha, esta será mantida separada da nova, por um canal.

Assisti eu mesmo, ainda me lembro bem, a demarcação, no solo conquistado aos alagados, da nova cidade. Nela, praças ao lado do canal principal, e casinhas pequenas foram construídas. Como ficou elegante, aprazível – moderna. Dela fez desenhos o Sr. Post. Espera-se usá-los no futuro.

No entanto, sem pontes não haveria maior crescimento. Assim, projetou-se e construiu-se duas grandes pontes. Uma para o Recife, outra para as terras na outra banda do Palácio da Boa Vista.

A primeira, iniciada em pedra, foi concluída diante da desistência do construtor, em madeira. A segunda foi feita toda de madeira.

Para construir a primeira ponte foi instituída uma contribuição antecipada, a qual, por insuficiente, teve que ser complementada pelo pagamento da passagem, o pedágio, o que sabe-se depois veio desagradar bastante os da terra. Paciência, não poderia arcar com tantas despesas inesperadas apenas com o valor antes arrecadado.

O Recife cresceu comigo nesses anos em que estive nas possessões da Companhia, e sei, talvez um dia, percamos toda a conquista, mas, nessa cidade Maurícia e aquele lugar do Recife não serão abandonados em favor de Olinda.

É com tristeza que deixo esta terra e antevejo o seu futuro grandioso. Eles, os que ficaram, dirão futuramente o quanto devem a esse período do governo.

Hoje, neste instante da partida vejo, comparando com o Recife que vi quando cheguei, o quanto esta cidade é linda, debruçada no grande rio.

No momento, me sinto profundamente triste mas, satisfeito pelo que vi e participei.

Dessa terra levo muitas memórias e dela fixou aspectos extraordinários, de suas paisagens e da gente, os pintores, Srs. F. Post, Zacharias Wagner, e o notável Albert Eckhout.

Um dia irão falar muito disto tudo.”

Fonte: www.buscabiografias.com/www.geocities.com/www.exercito.gov.br

 

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