Dia do Nascimento da Princesa Isabel

29 de Julho

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Princesa Isabel marcante personagem na História do Brasil

É com muito gosto que atendo ao pedido de Catolicismo de escrever algo sobre minha bisavó, a Princesa Isabel. Máxime porque, embora seja venerada no Brasil como a Redentora da raça negra, sua personalidade total não é geralmente conhecida. Dou aqui alguns traços, a fim de contribuir para esse conhecimento. Pouco se sabe, por exemplo, sobre seu vulto de grande dama, sua bondade bem brasileira e seu inalterável amor ao Brasil.

A Princesa Isabel era filha de D. Pedro II e de Da. Teresa Cristina Maria de Bourbon, das Duas Sicílias. Desse matrimônio nasceram quatro filhos –– um varão, duas mulheres e mais um varão. Os filhos homens morreram cedo, e portanto às filhas, Da. Isabel e Da. Leopoldina, transmitiu-se diretamente o direito à sucessão ao trono.

Isabel, a mais velha, nasceu em 20 de julho de 1848, batizada a 15 de novembro do mesmo ano com o nome de Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Rafaela Gonzaga, na capela imperial, pelo Bispo Conde de Irajá. Padrinhos por procuração: D. Fernando, rei de Portugal, e a rainha Maria Isabela, viúva de Francisco I das Duas Sicílias, sogra de D. Pedro II. Conta o livro de Hermes Vieira: “Antes do batismo, na escadaria da capela imperial, o Imperador, aproximando-se da filha e tomando-a nos braços, avançou um passo e a apresentou ao povo, que lá fora, curioso, comprimido, correspondeu ao gesto do monarca ovacionando Sua Alteza e aos soberanos do Brasil. Ouviram-se então os sons heróicos do Hino Nacional, confundidos com o vozerio consagratício da multidão, entoados pelas bandas de música postadas no passadiço e no coreto armado junto ao alpendre da torre da capela imperial”.

Uma princesa profundamente católica

Dia do Nascimento da Princesa Isabel
última fotografia da Família Imperial em Petrópolis, antes da proclamação da República

Da. Teresa Cristina, nossa terceira imperatriz, pertencia à Casa de Nápoles, que é profundamente católica. Esta esmerou-se sempre na aliança com o Papado, na defesa da Igreja. Por ocasião do chamado Risorgimento italiano (isto é, a unificação da península), a Casa de Nápoles perdeu seu trono porque não quis usurpar os Estados de outros soberanos, principalmente os Estados Pontifícios. Isto ocorreu em 1860, dez anos antes da queda de Roma, invadida pelas tropas garibaldinas. Garibaldi e a Casa de Sabóia concentraram todas as suas forças contra Nápoles, e só depois foram atacar os Estados Pontifícios. Da. Teresa Cristina recebeu e transmitiu arraigada formação católica à sua filha Isabel.

A Princesa Isabel realmente foi católica do fundo da alma até o fim da vida. Aos quatro anos, foi reconhecida solenemente como herdeira presuntiva do trono, e com 14 anos prestou o juramento de estilo perante as duas Câmaras da Assembléia. Em 1864 casou-se com o conde d’Eu, como resultado de um fato pitoresco e até comovedor.

D. Pedro II procurava noivos para suas duas filhas, as princesas Isabel e Leopoldina, e pediu à sua irmã Da. Francisca, casada com o príncipe francês de Joinville — daí o nome de nossa cidade em Santa Catarina — que procurasse para suas sobrinhas dois noivos apropriados, entre as Casas reais européias. Atendendo ao pedido, a Princesa de Joinville encontrou dois primos irmãos: o Duque de Saxe e o Conde d’Eu, este príncipe da Casa de Orleans, portanto muito proximamente aparentado com o marido dela. O Duque de Saxe estava destinado à Princesa Isabel e o Conde d’Eu a Da. Leopoldina. Mas, chegando aqui, os noivos viram que não combinavam, e resolveram trocar. A Princesa Isabel escreve, com muito charme: “Deus e nossos corações decidiram de outra maneira”.

O Conde d’Eu se casou então com a Princesa Isabel, e Da. Leopoldina com o Duque de Saxe. Hermes Vieira afirma: “o Conde d’Eu se sentia bem ao lado dela. Era simples, boa, afetuosa e pura. Possuía uma voz bem educada e tocava piano com sentimento e graça. Tinha uma sadia ingenuidade, uma singeleza de idéias, quer dizer, uma clareza de idéias admirável, além de muita sensibilidade. Isso, sem falar dos seus talentos, da sua instrução pouco comum para a época. Dominava corretamente o francês, o alemão e o inglês”. Formaram até o fim da vida um casal unidíssimo.

Por ser de convicções firmes, a princesa era difamada

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A Princesa Isabel e o Conde d’Eu com seus três filhos

Logo que a Princesa Isabel se estabeleceu com casa própria — no hoje palácio Guanabara, que era o palácio Isabel da época — procurou, em seu papel de princesa herdeira mas não regente, fomentar uma vida cultural e social no Rio de Janeiro. Promovia então toda semana um serão e um jantar, mais elegante ou menos, mais cultural ou menos. Isso para fomentar a cultura geral na Corte. Esses serões eram muito concorridos. O próprio Imperador ia uma vez por semana à casa da filha para jantar.

Em 1871, por motivo da viagem do casal imperial, Isabel prestou juramento como Regente do Império perante as duas Câmaras. “Juro manter a Religião Católica Apostólica Romana, a integridade e indivisibilidade do Império, observar e fazer observar a Constituição política da Nação Brasileira e mais leis do Império, e prover o bem do Brasil quanto a mim couber. Juro fidelidade ao Imperador e entregar-lhe o governo logo que cessar o seu impedimento”.

Nesse mesmo ano, a 27 de setembro, sendo presidente do Conselho o visconde do Rio Branco, pai do barão do Rio Branco, foi votada a Lei do Ventre Livre, na sessão que ficou chamada Sessão das Flores. Quando foi aprovada a Lei do Ventre Livre, uma chuva de rosas desatou-se no plenário da Assembléia. O ministro dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Mr. Partrige, colheu algumas dessas flores, e disse: “Vou mandar estas flores para meu país, para mostrar como aqui se fez uma lei que lá custou tanto sangue”. A Guerra de Secessão nos Estados Unidos custara 600 mil mortos…

Em 1876, na segunda regência, começou uma campanha de detração promovida pelos círculos republicanos, positivistas e anticlericais contra a Princesa Isabel, por causa de seu catolicismo. Tais círculos viam que ela — por sua firmeza de princípios, por sua formação profundamente católica, mas também pelo pulso que demonstrou nas regências — seria uma imperatriz que faria da Terra de Santa Cruz realmente uma bela exceção no mundo. Ela exerceria uma profunda influência por sua autenticidade, sua cultura, sua religiosidade, e por tudo aquilo que pode elevar o espírito de um povo. Isso os referidos círculos não desejavam de nenhum modo. Começaram então a campanha de detração: ela era feia; era carola; era boba; não era patriota; não gostava do Brasil; preferia ter médicos franceses a brasileiros, e outras calúnias. O Conde d’Eu, que sofria de surdez, era chamado de surdão, arrogante, e mantinha cortiços de aluguel. Até a surdez — da qual ele evidentemente não tinha culpa — era assacada em meio às calúnias. De tal maneira que, pouco a pouco, esse casal foi sendo demonizado, para se evitar que mais tarde ele subisse ao trono. Dizia-se, em certos círculos, que era preciso proclamar a república logo, porque se a Princesa Isabel assumisse o poder, acabaria com todo esse movimento ateu, positivista e republicano. Ela teria pulso e prestígio para fazer isso. Tornou-se corrente a frase: “Precisamos fazer a república enquanto o velho está vivo, senão a filha dará cabo de nós”.

A Princesa Redentora da raça negra

Em 1888 a Princesa Isabel, sendo novamente regente, assinou a Lei Áurea. Tendo provocado a queda do gabinete Cotegipe, a Princesa chamara o Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, que era abolicionista, à presidência do Conselho. Este fizera votar a Lei Áurea e a apresentara para a assinatura da Princesa Isabel. O Conde d’Eu, nessa ocasião, teve um momento de hesitação : “Não o assine, Isabel. É o fim da monarquia”. Ao que ela respondeu: “Assiná-lo-ei, Gaston. Se agora não o fizer, talvez nunca mais tenhamos uma oportunidade tão propícia. O negro precisa de liberdade, assim como eu necessito satisfazer ao nosso Papa e nivelar o Brasil, moral e socialmente, aos demais países civilizados”.

Depois da assinatura realizou-se grande festa no Rio de Janeiro, com grandes aclamações do povo. Estando a Princesa Isabel junto ao barão de Cotegipe na janela do palácio — o barão a estimava, embora estivessem em desacordo na questão da escravidão — ela perguntou-lhe: “Então, Senhor barão, V. Excia. acha que foi acertada a adoção da lei que acabo de assinar?”. Ao que o barão, com muito carinho, respondeu: “Redimistes, sim, Alteza, uma raça, mas perdestes vosso trono…”

D. Pedro II nesse momento estava em Milão, muito doente e com a perspectiva iminente de morte. Mas a 22 de maio ele sentiu certa melhora, e a Imperatriz teve a coragem de lhe dar a notícia da Abolição. Diz Heitor Lyra: “Enchendo-se de coragem, debruçada sobre a cabeceira do marido, deu-lhe com brandura a grande nova. O Imperador abriu lentamente os olhos emaciados e depois perguntou como quem ressuscitava: ‘Não há mais escravos no Brasil?’. ‘Não – respondeu a Imperatriz – a lei foi votada no dia 13. A escravidão está abolida’. ‘Demos graças a Deus. Telegrafe imediatamente a Isabel enviando-lhe minha bênção e todos os agradecimentos para o País’. Houve um momento de silêncio. A emoção dos presentes era grande. Virando-se lentamente, o Imperador acrescentou, numa voz quase sumida: ‘Oh! Grande povo! Grande Povo!’ O telegrama que foi mandado à Princesa Isabel tinha o seguinte teor: ‘Princesa Imperial. Grande satisfação para meu coração e graças a Deus pela abolição da escravidão. Felicitação para vós e todos os brasileiros. Pedro e Tereza’”.

Apesar de tudo, continua a detração contra a monarquia

O Papa Leão XIII resolveu premiar a Princesa Isabel com a maior distinção que os Soberanos Pontífices davam a chefes de Estado e a pessoas de grande relevo, nas ocasiões em que adquiriam méritos especiais. Enviou-lhe a Rosa de Ouro, que foi entregue a 28 de setembro de 1888, no 17o aniversário da promulgação da Lei do Ventre Livre. A data foi escolhida pelo próprio Núncio Apostólico, para a cerimônia que se realizou com toda magnificência na capela imperial. Entretanto, apesar de tudo, continuou a campanha de detração contra a monarquia, agora dirigida especialmente contra o Imperador: o velho está gagá; ele dorme o tempo todo; o Conde d’Eu e a Princesa Isabel vão se tornar tiranos aqui. Uma série de calúnias foi espalhada por todo o País.

A 15 de novembro, os militares que estavam no Rio de Janeiro — eram minoria, representavam um terço do Exército brasileiro — proclamaram a República. O golpe foi totalmente alheio à vontade do povo. Tanto que os republicanos embarcaram a Família Imperial rumo ao exílio, à noite, para que não houvesse reação popular. Na partida, a Princesa Isabel passando junto à mesa onde havia assinado a Lei Áurea, bateu nela o punho fechado e disse: “Mil tronos houvera, mil tronos eu sacrificaria para libertar a raça negra”.

D. Pedro II recusou 5 mil contos de réis — cerca de 4 toneladas e meia de ouro, uma fortuna — que lhe ofereceram os revoltosos, porque, dizia, o novo governo não tinha direito de dispor assim dos bens nacionais. Da. Teresa Cristina, mal chegando a Portugal, morreu de desgosto no Grande Hotel do Porto. Eu lá estive há alguns anos, quando o hotel inaugurou uma placa em memória dela. E D. Pedro II faleceu a 4 de dezembro de 1891, no Hotel Bedfor, em Paris, onde uma placa recorda o passamento do ilustre hóspede. Tal era o prestígio que cercava sua pessoa, que a República francesa concedeu-lhe funerais completos de Chefe de Estado.

Conde d’Eu possuía um castelo na Normandia, mas ele e a Princesa Isabel compraram um palacete em Boulogne-sur-Seine, que é um nobre bairro periférico de Paris. Lá ela abria seus salões para os brasileiros que iam visitá-los. E não só isso. Conseguiu se impor na sociedade parisiense a tal ponto, que várias memórias de personalidades da época a apresentam quase como uma rainha daquela sociedade. Era tida mesmo como a principal personagem. Somente ela e o presidente da República podiam entrar de carruagem no pátio interno da Ópera de Paris.

Uma hindu, que se tornaria mais tarde Maharani de Karputhala, escreve em suas memórias que ela via a Princesa Isabel como uma verdadeira rainha, uma fada. Não só isso — rainha e fada — mas também com toda a bondade brasileira e católica, característica da Princesa Isabel. A Maharani narra que, quando menina, de passagem pela capital francesa, teve uma crise aguda de apendicite. Operada com os recursos incipientes da época, passou longa convalescença no hospital. A sociedade parisiense toda, curiosa, ia visitá-la. Ela dizia que se sentia um bichinho exótico, que as pessoas iam vê-la como num zoológico. E a única que foi visitá-la com bondade e para lhe fazer bem foi a Princesa Isabel. Ela conta que minha bisavó aproximou-se do seu leito, agradou-a muito, acariciou-a e consolou-a. E no fim, disse: “Minha filha, eu não sei que religião você tem. Mas sei que há um Deus que ama todas as crianças do mundo. Aqui está uma imagem da mãe d’Ele. Guarde-a consigo, e quando você estiver numa grande aflição, peça a Ela para interceder junto ao seu Filho”. Infelizmente a Maharani não se converteu à Igreja Católica, permaneceu pagã até o fim da vida, mas nos momentos de apuro ajoelhava-se diante da imagem de Nossa Senhora, que a Princesa Isabel tinha lhe dado. Porque sabia que seria atendida.

Santos Dumont, testemunha da bondade da Princesa

Santos Dumont, nessa época, realizava suas experiências em Paris. Sabendo que ele passava muito tempo no campo onde fazia seus experimentos, a princesa mandava-lhe farnéis a fim de que ele não precisasse voltar à cidade para almoçar. Certa vez, escreveu-lhe: “Sr. Santos Dumont, envio-lhe uma medalha de São Bento, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente de seu relógio, na sua carteira ou no seu pescoço. Ofereço-a pensando em sua boa mãe, e pedindo a Deus que o socorra sempre e ajude a trabalhar para a glória de nossa Pátria. Isabel, Condessa d’Eu”. Santos Dumont usou a medalha por toda a vida. E noutra ocasião disse-lhe: “Suas evoluções aéreas fazem-me recordar nossos grandes pássaros do Brasil. Oxalá possa o Sr. tirar de seu propulsor o partido que aqueles tiram de suas próprias asas, e triunfar para a glória de nossa querida Pátria”.

Muito tocante também é o fim da carta que ela escreveu ao Diretório Monárquico para anunciar os casamentos de seus filhos mais velhos. O Diretório era composto pelo Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, pelo Visconde de Ouro Preto e pelo Conselheiro Lafayette de Oliveira. A carta é datada de 9 de setembro de 1908: “Minhas forças não são o que eram, mas o meu coração é o mesmo para amar a minha Pátria e todos aqueles que lhe são dedicados. Toda a minha amizade e confiança”. Era o jeito brasileiro, a bondade brasileira perfeitamente encarnada naquela nobre dama.

Mesmo longe do Brasil, tudo fazia para engrandecer o País

Outra amostra de seu profundo interesse pelo Brasil está registrada numa carta ao Cons. João Alfredo. O Banco do Brasil –– não me recordo em que mandato presidencial ocorreu o fato –– estava num descalabro republicano: desordem total, contas que não estavam acertadas, funcionalismo completamente rebelde. E o presidente da República de então concluiu que o único que teria inteligência, força, garra e pulso para pôr ordem naquela situação seria o Cons. João Alfredo, e o convidou a assumir a presidência do Banco do Brasil. João Alfredo respondeu: “Eu sou monarquista, e portanto só posso aceitar esse cargo se a minha Imperatriz autorizar”. Escreveu à Princesa Isabel, explicando o caso. E ela respondeu-lhe: “Para o bem de nossa Pátria, o Sr. deve aceitar”. João Alfredo assumiu a presidência do Banco do Brasil, pôs em ordem o funcionalismo e acertou a contabilidade. Pagou todos os atrasados, todas as dívidas, deixando tudo em perfeito estado. Depois pediu demissão e morreu pobre, pois não recebeu nada por aquela importante gestão.

Em carta à irmã de um monarquista eleito deputado, Ricardo Gumbleton, de tradicional família paulista, o qual não queria aceitar o cargo de deputado, a Princesa observa: “Não concordo, absolutamente! Diga a seu irmão que ele deve aceitar a cadeira de deputado e propugnar pela grandeza moral, econômica e social de nossa Pátria. Não aceitando é que ele estará procedendo de maneira contrária aos interesses da coletividade. Não nos deve importar o regime político sob o qual esteja o Brasil, mas sim conseguir-se colaboradores de boa vontade capazes de elevar o nosso País. De homens como ele é que o Brasil precisa para ascender mais, para fortalecer-se mais. Faça-lhe sentir que reprovo sua recusa”. Esse fato revela uma vez mais que ela procurava colocar o bem do Brasil acima dos próprios interesses.

Na França, representou o que havia de melhor do Brasil

Ela ainda viveu até 1921. Cada vez mais fraca, mas conservando sempre aquela grande classe, aquele grande porte que a caracterizava. Em suas fotografias no exílio, ela mantém um porte imperial que não apresentava aqui no Brasil. No infortúnio, a noção da sua missão foi se cristalizando cada vez mais. E realmente, nessas fotografias, sua atitude era de uma imperatriz. No batizado de meu pai, ela manifesta uma nobreza e uma categoria impressionantes. E foi assim até o fim da vida.

Morreu sem poder voltar ao Brasil. Representou na França o que havia de melhor do Brasil. Muito mais do que nosso corpo diplomático, muito mais do que nossos homens de negócio, ela foi um exemplo do que o Brasil era ou deveria ser. E a França entendeu isso. Assis Chateaubriand escreveu, em Juiz de Fora, a 28 de julho de 1934: “Apagada a sua estrela política, depois de vencida a tormenta da abolição, ela não tinha expressão dura, uma palavra amarga para julgar um fato ou um homem do Brasil. No mais secreto de seu coração, só lhe encontrávamos a indulgência e a bondade. Este espírito de conduta, esse desprendimento das paixões em que se viu envolvida, era a maior prova de fidelidade, no exílio, à pátria distante. Mais de 30 anos de separação forçada não macularam a alvura dessa tradição de tolerância, de anistia aos agravos do passado, que ela herdara do trono paterno. […] Foi no exílio que ela deu toda a medida da majestade e da magnanimidade do seu coração. […] Ela viveu no desterro […] como a afirmação de Pátria, acima dos partidos e dos regimes. Debaixo da sua meiguice, da sua adorável simplicidade, quanta fortaleza de caráter, quanto heroísmo, quantas obras valorosas”.

Faleceu no castelo d’Eu. Apagou-se suave e docemente. A República reconheceu o que o Brasil tinha perdido. O presidente Epitácio Pessoa determinou três dias de luto nacional, e que fossem celebradas exéquias de Chefe de Estado. Também a Câmara Federal votou que seu corpo fosse trazido para o Brasil num vaso de guerra, o que só se realizou em 1953. Em 13 de maio de 1971, seu corpo e o do Conde d’Eu foram transladados solenemente à catedral de Petrópolis, e lá repousam à espera da ressurreição dos mortos e do Juízo final.

Essa foi a insigne mulher que nosso Brasil registra em sua história. Ela não foi uma intelectual. Foi princesa e patriota até o fundo da alma. Uma senhora que tinha consciência de ter nascido para o bem de um País. E encarnou essa missão na Pátria e no exílio até o fim de sua existência. Foi um modelo de princesa, de imperatriz e de católica. Ela foi o tipo perfeito de grande dama brasileira.

Fonte: www.fundadores.org.br

Dia do Nascimento da Princesa Isabel

29 de Julho

No dia 29 de julho de 1846 nascia a Princesa Isabel, segunda filha do Imperador D. Pedro II, no Paço de São Cristóvão, Rio de Janeiro. Recebeu o pomposo nome Isabel Cristina Leopoldina Augusta. Isabel, por causa da avó materna, Rainha de Nápoles; Cristina, que lembraria sua mãe, a Imperatriz Dona Tereza Cristina; Leopoldina, em homenagem a sua avó paterna, a primeira Imperatriz do Brasil e Augusta como premonição do futuro que a aguardava.

A esses nomes acrescentaram-lhe os tradicionais dos príncipes de Bragança: Micaela, Gabriela, Rafaela Gonsaga.

Com a morte de seu irmão mais velho, o Príncipe Dom Afonso, tornava-se, aos onze meses de idade, herdeira do trono e sucessora de seu pai. Em 1848 nasceu o seu segundo irmão varão, o Príncipe Dom Pedro, que veio a falecer dois anos depois.

Para herdar o trono fundado por Dom Pedro I, restava uma frágil princesa de quatro anos de idade que seria, daí em diante, a Princesa Imperial.

O reconhecimento oficial como sucessora de seu pai teve lugar a 10 de agosto de 1850 , quando a Assembléia-Geral, proclamou-a Herdeira do Trono na forma dos Artigos 116 e 117 da Constituição do Império.

A 29 de julho de 1860 completava D. Isabel seus 14 anos e, de acordo com o Artigo 106 da Constituição, deveria prestar o juramento de “manter a religião católica apostólica a romana, observar a Constituição política da nação brasileira e ser obediente às leis e ao imperador”.

A 30 de junho de 1887, com a partida do Imperador para a Europa para tratamento de saúde, começava a 3a Regência e a 3a fase política da vida da Princesa.

A escravidão estava de tal maneira presente na vida do Império que várias tentativas visando aboli-la acabavam esbarrando no conservadorismo dos fazendeiros e proprietários, mesmo entre os liberais.

As relações entre a Regente e o Ministério de Cotegipe eram tensas, embora aparentassem ser cordiais.

Enquanto a Princesa aliava-se ao movimento popular, o Ministério de Cotegipe defendia a manutenção da escravidão. Aproveitando-se da oportunidade oferecida por um incidente de rua, a Princesa substitui o Gabinete.

O novo ministério. conhecido como o Gabinete da Abolição, tinha a frente o Conselheiro João Alfredo, a quem a Princesa sugeriu na Fala do Trono que se fizesse o quanto antes a abolição da escravatura.

A 13 de maio, um domingo, seriam as últimas votações e a Princesa, certa da vitória, descia de Petrópolis para aguardar no Paço da Cidade o momento de assinar a Lei Aurea.

Na euforia e no entusiasmo pelo seu dia de glória, só ouvia a Princesa os louvores e os aplausos – Viva Isabel I.

Coroando a atitude da “Redentora” faltava a benção da Igreja, com a Rosa de Ouro, concedida à Princesa pelo Papa Leão XIII, em 28 de setembro de 1888.

Fonte: Viva Brazil; Soleis

Dia do Nascimento da Princesa Isabel

29 de Julho

UMA NOVA FACE DA PRINCESA ISABEL

Há 500 anos as mulheres aparecem na história do Brasil “por detrás dos panos”, como bem definiu a escritora Schuma Schumaher , autora do “Dicionário das Mulheres do Brasil”, obra que, incluindo as “excluídas”, resgatou o papel de mulheres protagonistas da história.

Dia do Nascimento da Princesa Isabel

Com a Princesa Isabel (ou “Dona Isabel A Redentora”), não foi diferente:conhecida como “a princesa que assinou a lei da libertação dos escravos com uma pena de ouro e pedras preciosas sob uma chuva de pétalas de flores”, por anos foi citada assim nos livros escolares.

“Como princesa podia tudo, né mamãe? “Perguntava aquela menininha que ao vestir uma fantasia de princesa se achava a “dona do mundo”e não queria obedecer mais ninguém. Mas também não foi assim. Nascida no Palácio de São Cristóvão , no Rio de Janeiro, em 29 de junho de 1846 , filha de Dom Pedro II e de Dona Thereza Cristina, Isabel sucedeu aos irmãos Afonso e Pedro, falecidos em 1847 e em 1850.

E como se morria no século XIX! Senão de parto, de doenças infecciosas e epidemias de varíola, febre amarela e tantas outras doenças tropicais!(Não podemos esquecer que o saneamento era péssimo em uma cidade de clima tropical , e nem se cogitava em sulfas, antibióticos, pois não se havia descoberto ainda a existência dos germes e bactérias!)

Isabel teve a sorte de receber como preceptora a Condessa de Barral (Luísa Margarida Borges de Barros), baiana casada com o francês Marquês de Abrantes , que introduziu no Brasil os hábitos da corte francesa. Adquiriu profundos conhecimentos de Latim ,Francês, Inglês e Alemão com vários mestres e interessava-se pelo voto feminino.

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Casou-se em 15 de outubro de 1864 com o príncipe francês Luis Felipe Maria Gastão de Orleans e, após muito tempo o casal teve 3 filhos, dos quais apenas um deu continuidade à dinastia.

Ela substituiu o imperador Pedro II nas três viagens que este fez ao exterior e este período reveste-se da maior importância porque foi, até hoje, a única brasileira a administrar o país. E foi exatamente durante seu governo que as principais leis de combate à escravidão foram promulgadas.

A primeira regência estendeu-se de 7 de maio de 1871 a 31 de março de 1873, durante o ministério do Visconde do Rio Branco. Nessa ocasião, a princesa sancionou a Lei do Ventre Livre , já em 28 de setembro de 1871 , libertando todos os nascidos de mães escravas , bem como todos os escravos pertencentes ao governo.

A segunda regência foi de 26 de março de 1876 a 27 de setembro de 1877, e ela ainda assumiu o governo pela terceira vez no período de 5 de janeiro de 1877 a 22 de agosto de 1888.

Nessa época, as campanhas abolicionistas estavam no auge, e os governos do Pará e Amazonas já tinham libertado seus escravos desde 1884.

Dia do Nascimento da Princesa Isabel

As fugas de nativos geraram uma crise que culminou com a demissão do ministro escravocrata Barão de Cotegipe . Estrategicamente Isabel nomeou, então, para conselheiro João Alfredo, que encaminhou rapidamente o projeto da lei sancionada por ela em 13 de maio de 1888.

Muito festejada pela população, a Lei Áurea conferiu-lhe o título de “A Redentora” e Dona Isabel recebeu também a comenda “Rosa de Ouro” oferecida pelo Papa Leão XIII ,em 28 de setembro de 1888.

Segundo a historiadora Hebe Maria de Mattos, “a abolição da escravatura no Brasil foi um acontecimento ímpar, quando pela primeira vez foi reconhecida a igualdade civil de todos os brasileiros”.

A Revista Illustrada publicada no Rio de Janeiro em 28 de julho de 1888 mostra em desenho de D’Agostini uma família de negros depositando flores em retrato da princesa colocado em sua casa. As homenagens se repetiriam pela imprensa mundial, em reconhecimento pelo feito.

Documentos da época relatam os “grandes festejos de 13 de maio, quando se armaram grandes coretos e, ao som de bandas os negros cantavam modinhas populares dedicadas à princesa “.

Dia do Nascimento da Princesa Isabel

A Lei Áurea coroou esforços que se faziam há anos. A insuspeita camélia, que hoje ainda floresce no Museu Imperial ,em Petrópolis, era o símbolo dos abolicionistas que, liderados pela princesa, promoviam eventos com o fim de arrecadar fundos dedicados à compra de alforrias.

O atual bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, era um imenso quilombo que se dedicava à produção de camélias,segundo nos conta Eduardo Silva em seu livro “As Camélias do Leblon”. André Rebouças ,(primeiro negro brasileiro a se formar em Engenharia e chegar a professor catedrático)em seu diário, comenta, deslumbrado:”12 de fevereiro:primeira batalha de flores em Petrópolis: primeira manifestação abolicionista de Isabel!”

Na maior de todas as batalhas de flores, em 1 de abril, a princesa entregou 103 títulos de liberdade.

(Segundo outros autores eles teriam planos de implantar uma espécie de “reforma agrária”distribuindo terras aos negros para que dela tirassem seu sustento, o que não aconteceu devido ao advento da república).

Robert Daibert Jr.,autor de “Isabel, A Redentora dos Escravos”, comenta que “republicanos como Rui Barbosa não conseguiam compreender a devoção dos ex-escravos pela princesa, e em 13 de maio de 1891 um grupo deles foi preso em Minas Gerais porque comemoravam o terceiro aniversário da abolição ostentando a bandeira do império”.

José do Patrocínio, membro da elite negra, rompeu com seus aliados republicanos e passou a apoiar abertamente a Princesa Isabel, “a santa e meiga mãe dos cativos”.A ação da regente se confundia com uma atitude divina:exaltando sua figura, lealdades distintas cobertas pelo manto de uma mãe protetora, Nossa Senhora do Rosário. Ao final da luta, Isabel foi coroada rainha da paz , mas não chegou efetivamente a reinar.Destronada pela república, foi para o exílio onde morreu, mas jamais foi esquecida.

É coroada até hoje nas festas populares, nas congadas e homenagens a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e 13 de maio.

Fonte: www.causaimperial.org.br

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29 de Julho

A ABOLIÇÃO E A LEI ÁUREA
Isabel, a princesa uraniana

A escravidão foi a grande nódoa dos primeiros quatro séculos de história do país. Sua abolição veio como fruto de um longo processo, mas foi a Princesa Isabel que ganhou o status de redentora da raça negra. Seu mapa ajuda a entender por que o peso do símbolo foi mais forte que o peso dos fatos.

Qual a real importância da Lei Áurea e da participação da Princesa Isabel para o fim do trabalho escravo no Brasil? A resposta pode estar em alguns números: quando a Lei Áurea foi sancionada, havia pouco mais de 700 mil escravos no país, menos de 6% de sua população total. Em São Paulo, já quase não havia escravos desde antes de 1880, substituídos nas fazendas de café pela mão de obra dos imigrantes italianos. Províncias inteiras já estavam livres da escravidão, como o Ceará e o Amazonas, que a extinguiram ainda em 1884.

O fim do cativeiro dos negros era questão de tempo. Com a proibição do tráfico negreiro em 1850 e com a Lei do Ventre Livre de 1871, o sistema escravista tendia ao desaparecimento natural, pela absoluta falta de braços. Em 25 de outubro de 1887 o Exército manifestara sua terminante recusa de perseguir escravos fugidos, solicitando à Princesa Isabel que não lhe atribuísse tal missão. Quem melhor expressou essa atitude foi o marechal Deodoro da Fonseca, ao escrever:

Diante de homens que fogem calmos, sem ruído, tranqüilamente, evitando tanto a escravidão como a luta e dando, ao atravessar cidades, enormes exemplos de moralidade, (…) o Exército brasileiro espera que o governo imperial conceder-lhe-á o que respeitosamente pede em nome da humanidade e da honra da própria bandeira que defende.

A mesma bandeira imperial, aliás, que Castro Alves retratara maculada pela barbárie da escravidão no inflamado poema O Navio Negreiro:

Auriverde pendão da minha terra
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança,
Tu, que da liberdade após a guerra
Foste hasteada dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha
Que servires a um povo de mortalha!,

Dia do Nascimento da Princesa Isabel
Castigos físicos cruéis faziam parte da rotina dos escravos.

Assim, em parte pressionado pela Inglaterra, em parte obrigado à modernização para adequar-se ao novo contexto do capitalismo internacional, em parte ainda acuado pela emergência de uma classe média urbana e de uma intelectualidade a quem repugnavam as idéias escravocratas, o Império do Brasil não tinha mesmo muita saída.

A Lei Áurea não caiu de sopetão sobre a opinião pública, mas foi o ato final de um longo processo iniciado décadas antes. Basta observar que o trâmite da lei foi tranqüilo, quase consensual. Na fala do trono de 3 de maio de 1888, a princesa já a prenunciara claramente ao dizer que “a extinção do elemento servil (…) é hoje aspiração aclamada por todas as classes”.

Quatro dias depois, em 7 de maio, o ministro João Alfredo apresenta a lei ao parlamento e sequer se dá ao trabalho de justificá-la. Desnecessário, aliás, pois em 8 de maio a lei é aprovada por maioria esmagadora: 89 votos a 9. A princesa estava em Petrópolis e de lá desce ao Rio especialmente para sancioná-la. No domingo, 13 de maio, às 15h15, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea em meio a manifestações de júbilo e festas populares.

Se por um lado o fim da escravatura era apenas questão de tempo, seria, por outro lado, excesso de rigor negar à princesa – e à família real, por extensão – qualquer mérito no processo abolicionista. Isabel Cristina, a herdeira do trono que por tantas vezes já assumira a regência durante as longas viagens de seu pai ao exterior, tinha real simpatia pela causa abolicionista e vinha externando consistentemente esta posição ao longo das duas décadas anteriores. Entretanto, a cautela caracterizava as atitudes do trono, cuja base de sustentação contava com muitos elementos escravocratas. O fato é que, numa análise fria, o 28 de setembro de 1871, data da Lei do Ventre Livre, tem uma importância estratégica para o fim da escravidão maior do que a própria Lei Áurea, sendo esta, antes de tudo, um ato simbólico.

Ato simbólico… É exatamente aí que a abordagem astrológica encontra seu lugar. Mais do que explicar fatos, mapas de eventos históricos servem para explicar como esses fatos são percebidos, que representações se constroem em torno deles, de que significados se investem aos olhos de seus contemporâneos e das gerações futuras. Mapas astrológicos são teias de símbolos. Compreender por que o 13 de maio de 1888 assumiu uma dimensão tão grande na história do país é compreender um pouco mais o que a sociedade brasileira pensa de si mesma e como deseja ser vista.

Fonte: www.constelar.com.br

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