Dia Nacional das Relações Públicas

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02 de Dezembro

O relações públicas é um dos profissionais da assessoria de comunicação da empresa que cuida da imagem institucional . Ele estrutura projetos, pesquisa ou quadro econômico, político, social e cultural, analisa o mercado, desenvolve promoções e eventos.

Para isso, ele necessita de muita habilidade comunicativa.

É necessário saber falar em público, redigir documentos e comunicados, adaptar a linguagem ao público e entender de estratégias de marketing.

Para promover uma boa imagem da empresa ou do órgão em que trabalha, o relações públicas deve criar artigos, sugestões de pauta e divulgar material para a imprensa, sempre se preocupando com a veracidade das informações passadas.

O relações públicas rastreia o noticiário verificar alguma matéria ou reportagem que foi pautada pelas informações que ele passou da empresa. Assim, o relações públicas produz relatórios de visibilidade da empresa na imprensa.

É responsabilidade desse profissional formular políticas de administração de crises. Qualquer problema que a empresa venha a ter com a sociedade deve ser “tratado” pelo relações públicas, de maneira que a empresa se desculpe pelo transtorno e amenize as conseqüências disso para sua imagem.

Para o exercício dessa ocupação, o profissional deve se formar em um curso de relações públicas.

O domínio de, ao menos, uma língua estrangeira é desejável, pois a comunicação é a base de sua profissão.

Conheça um pouco do perfil profissional e do histórico da data

de dezembro, é comemorado o Dia Nacional do Profissional de Relações Públicas, e a Universidade Federal do Maranhão aproveita a oportunidade para parabenizar profissionais e estudantes do curso, existente na Instituição desde 1976.

“A data se torna importante por ser um dia em que se trabalha a valorização desse profissional pouco reconhecido e com tamanha importância para o mercado de trabalho. Relações Públicas trabalham relacionamento com diversos públicos, com planejamento e objetivo”, comenta a coordenadora do Núcleo de RP e cerimonial da Instituição da Universidade, Raphisa Kashemyra.

Para a coordenadora do Núcleo de RP da Rádio Universidade e professora do curso de Comunicação Social, Amarilis Cardoso, a data serve para mostrar, também, o papel social que o profissional de RP exerce em seu ofício. “Esse profissional trabalha a comunicação em toda sua complexidade, um profissional que luta por um direito, que é o direito de se informar e faz com que o direito à comunicação seja legitimado. Essa é a bandeira e o norte da nossa profissão”, define Amarilis.

Conheça um pouco mais do perfil do RP.

Para quem não sabe, o profissional de Relações Públicas atua nas organizações do primeiro setor (governos), do segundo setor (empresas) e do terceiro setor (Ongs, associações comunitárias e civis, partidos, sindicatos). Nessas organizações, ele realiza pesquisa de opinião, auditoria de imagem e diagnósticos dos processos de comunicação. A partir dessas pesquisas, planeja as ações de comunicação, assessora a administração, gerencia as ações de comunicação e avalia as ações de comunicação empreendidas pelas organizações.

Por que 2 de dezembro é o Dia Nacional de Relações Públicas?

Em 2 de dezembro de l876, nasceu em Penedo, Estado de Alagoas, Eduardo Pinheiro Lobo, que foi o primeiro profissional de Relações Públicas no Brasil.

O marco inicial das Relações Públicas no Brasil aconteceu em São Paulo em 30 de janeiro de l914. Eduardo Pinheiro Lobo foi nomeado para chefiar o recém criado Departamento de Relações Públicas da empresa canadense THE SÃO PAULO TRAMWAY LIGHT AND POWER Co. LIMITED, concessionária da iluminação pública e do transporte coletivo na capital paulista. Na ocasião, a direção da Light, sentindo a necessidade de um setor especializado para cuidar do seu relacionamento com os órgãos da imprensa e com os poderes concedentes, desenvolveu um trabalho de Relações Públicas com a imprensa, objetivando o esclarecimento da opinião pública.

Em reunião de 12 de dezembro de l975, o Conselho Nacional da ABRP instituiu a “Medalha Eduardo Pinheiro Lobo” destinada a premiar as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que tenham prestado relevantes serviços à classe dos profissionais de Relações Públicas. As pessoas agraciadas com a medalha são os senhores Jarbas Passarinho, Divaldo Suruagy, Natalino Pereira de Souza, Domingos de Araújo da Cunha Gonçalves e Cândido Teobaldo de Souza Andrade.

No Brasil

30 de janeiro de 1914! Pela primeira vez no Brasil e talvez no mundo, criava-se um departamento com a denominação de Relações Públicas. Esta glória pertence à antiga “The Light and Power Co. Ltda.”, concessionária da iluminação pública e do transporte coletivo na capital paulista, conhecida durante muitos anos como “Light”, uma companhia canadense estabelecida no Brasil no Século XIX.

Na ocasião a direção da Light, sentindo a necessidade de um setor especializado para cuidar do seu relacionamento com os órgãos da imprensa e com os poderes concedentes, no sentido de desenvolver um trabalho de Relações Públicas com a imprensa, objetivou o esclarecimento da opinião pública.

A direção desse Departamento de Relações Públicas foi entregue ao engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo, nascido em 2 de dezembro de 1876, na cidade de Penedo (Alagoas). Durante dezenove anos, o engenheiro Lobo exerceu as funções de diretor de Relações Públicas da “Light”.

Em 1973, o professor Teobaldo de Andrade perguntava: “Por que não considerar esse pioneiro o ‘Pai das Relações Públicas no Brasil’?” A Lei nº 7.197, de 14 junho de 1984, instituiu o “Dia da Nacional das Relações Públicas”, quando foi declarado Patrono das Relações Públicas Eduardo Pinheiro Lobo.

Em reunião do então Conselho Nacional da ABRP, em 13 de dezembro de 1975, em São Paulo, foi instituída a “Medalha Eduardo Pinheiro Lobo”, destinada a premiar as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que tenham relevantes serviços prestados à classe dos Profissionais de Relações Públicas.

No campo governamental, a primeira manifestação do aparecimento de um serviço de Relações Públicas é indicada pela reorganização do Serviço de Publicidade Agrícola do Ministério da Agricultura e sua transformação em Serviço de Informação Agrícola (Decreto-Lei nº 2.094, de 28 de março de 1940).

Na história das Relações Públicas em nosso país, destaca-se a contribuição do grupo liderado pelo professor Mário Wagner Vieira da Cunha, do Instituto de Administração da Universidade de São Paulo, quando foram realizadas, em 1949, várias conferências sobre Relações Públicas e suas correlações com a propaganda e as ciências sociais.

Também em 1949, na cidade do Rio de Janeiro, o DASP promoveu o chamado “Curso de Relações com o Público”, tendo como professores Ibany da Cunha Ribeiro e Diógenes Bittencourt Monteiro.

Em 1953, a Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, na cidade do Rio de Janeiro, realizou o 1o. Curso de Relações Públicas sob a regência do professor Carlson, e posteriormente foram ministrados outros, por Harwood Childs, da Universidade de Princeton, uma das maiores autoridades, especialmente no que se refere à opinião pública.

Em São Paulo, o primeiro serviço de Relações Públicas, com esse título, deu-se em 1954, no Departamento de Águas e Esgotos, com a denominação de Seção de Relações Públicas.

Em 1955, pelo Decreto no. 25.112 de novembro foram criados os Setores de Relações Públicas nas Secretarias de Estado e Órgãos diretamente subordinados ao Governador, em decorrência desse decreto, o antigo DEA promoveu um Seminário de Relações Públicas para os ocupantes dos cargos de redator do Serviço Público (julho de 1956), que contou com a participação dos professores: Neville Shepherd, May Nunes de Souza, Juarez Brandão Lopes, Benedito Silva, Florindo Villa Alvarez e outros.

No segundo semestre de 1959, foi instituída a disciplina de Relações Públicas Governamentais no Curso de Administração Geral no então DEA. Em 1960 foi instalado o primeiro curso regular de Relações Públicas, “Curso Especial de Relações Públicas” e, em 1964, o curso foi transformado em Curso de Formação em Grau Médio, com três níveis.

No Estado do Rio de Janeiro, o primeiro Serviço de Relações Públicas, na área governamental, foi criado pela Prefeitura de Niterói, graças ao trabalho de Noé Matos Cunha, em 1957.

COMUNICAÇÃO – RELAÇÕES PÚBLICAS

O Cenário Brasileiro

A diferença entre a colonização das duas Américas reflete, como não podia deixar de ser, a distinção entre as filosofias que nortearam seus respectivos desenvolvimentos. Leva-se em conta também a variação de motivos que levaram seus habitantes a constituírem as respectivas sociedades.

É interessante notar que, enquanto no Brasil se desarticulava o ensino, nos Estados Unidos já, há muito, havia sido instalada a primeira impressora e a imprensa estava prestes a entrar na área dos veículos de comunicação de massa. E, ainda, que o incremento da profissão das Relações Públicas se deu longe dos moldes e intensidade com que eram feitos nos Estados Unidos.

Em 1872, a capital da província não contava com mais de 23.000 habitantes. O refluxo dos imigrantes, originalmente encaminhados apenas para as lavouras de café, aumenta consideravelmente a população das cidades, chamando sobre si a atenção dos importadores.

Estes, tendo em vista as novas tarifas protecionistas, estabelecidas por Alves Branco para produtos importados e percebendo o potencial do crescente mercado urbano, paradoxalmente, inauguram aqui a era industrial, esclarece SCHULTEN (1982,p. 63).

Bastante modesto seu início, a atividade fabril intensifica-se rapidamente, conquistando a cidade de São Paulo o nome de maior centro industrial do país. As greves são deflagradas, no Brasil, os protestos se faziam na maior parte contra os atrasos de pagamentos e as despedidas em massa durante as crises. Fiel à tradição de engenho e da fazenda, o empresário brasileiro considerava o operário um ser socialmente inferior, sem capacidade de participar das decisões que afetassem seu próprio destino (SAENS apud SCHULTEN,1986) e, certamente, não um parceiro de diálogo como pretendido pelas Relações Públicas.

A atitude dos empresários torna-se elitista e autoritária, mentalidade que exclui a possibilidade, de um diálogo entre todos, a não ser os bons homens que encabeçam os destinos de suas organizações.

Nascido em 1876, na cidade alagoana de Penedo, às margens do mais brasileiros dos rios nacionais – o Rio São Francisco. Eduardo Pinheiro Lobo foi aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro.

Em virtude da revolta armada, em 1896, aos seus 19 anos de idade, segue para a Inglaterra para estudar engenharia . Voltou para o Brasil, erradicado-se em São Paulo, onde constituiu, família ao casar-se com Ema Schwob Lobo, com quem teve seis filhos.

Trabalhou em algumas indústrias, ingressando na Light em 1906. Nesta empresa, como competente funcionário, logo se destacou, alcançando posições de relevo graças ao dinamismo.

GURGEL (1985,p.14) reforça que as Relações Públicas chegam ao Brasil, a 30 de Janeiro, com a criação do departamento de Relações Públicas na “The São Paulo Tramway Light and Power Co”. Sendo este, o primeiro serviço regular de Relações Públicas a funcionar no país. Acrescenta, ainda, que seus padrões eram Canadenses e Norteamericanos e seus regulamentos são Inglês.

Isto, de fato, ainda o é. Constata-se que o serviço atualmente, dispõe de 250 mil metros lineares de documentação a respeito da empresa, com relatórios todos redigidos em Inglês.

O primeiro serviço de Relações Públicas na América do Sul tem seu marco histórico no Brasil, em 1914, quando a direção da antiga “The San Paulo Tramway Light and Power Company Limited”, hoje Eletropaulo, criou o departamento de Relações Públicas. Na ordem de serviço que criava o departamento e a designação de Eduardo Pinheiro Lobo para diretor, estavam traçados os objetivos das Relações Públicas e o aparecimento do primeiro diretor de Relações Públicas no Brasil, acrescenta THOMAZI (1986,p.26)

O objetivo deste setor era dar informações ao público e coube ao engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo dirigir o Departamento, onde ficou por 19 anos.

WEY (1986,p.34) considera que, apesar de constar como marco inicial das Relações Públicas no Brasil, a criação do Departamento de Relações Públicas da The São Paulo Tramway Light and Power Co, em 1914, foi a partir de meados dos anos 50 que as atividades se profissionalizaram.

Eduardo Pinheiro Lobo faleceu em 1933 e conduziu seus trabalhos com espírito de um verdadeiro homem de Relações Públicas. No exercício de suas funções na Light, desenvolveu um trabalho para manutenção e gestão de um relacionamento eficiente com a impressa e seus diversos públicos. Assumiu em seu cargo de Superitendente de Relações Públicas, diante das pesquisas realizadas na fundação de Patrimônio Histórico da Light. Consta hoje nos arquivos das cartas da Inspetoria Geral da Empresa, o nome de Dr. Antonio Carlos Cardoso sucessor de Eduardo Pinheiro Lobo.

O Departamento tinha, como atribuições cuidar dos negócios da Light com as autoridades estaduais e municipais, administrar passes escolares concedidos pela companhia aos estudantes e, ainda, outros assuntos.

Numa época difícil para a empresa, durante a seca que assolava São Paulo, procurou sempre a transparência e o esclarecimento à opinião pública.

Pois, devido ao aumento de energia elétrica que absorvia a capacidade de geração de suas duas usinas durante a estiagem, estava a Light no fim de seus recursos, quando conseguiu receber energia extra de uma usina em Sorocaba.

O reservatório de regularização alimentado de uma usina da Parnaíba, no rio Tietê, estava com o nível baixo e o suprimento recebido em Sorocaba, constituiu um alívio normalizando a situação, como se verá mais adiante. Mesmo com a redução de energia, a Light desfrutou de elevado prestígio, graças ao seu eficiente serviço de Relações Públicas. A empresa não foi condenada pela redução de energia.

Com um serviço de Relações Públicas bem planejado e executado eficientemente, a Light soube harmonizar os interesses diversos da empresa e do público, facilitando a cooperação e a credibilidade entre eles.

A repercussão deste trabalho teve ecos importantes, que ficaram para sempre marcados na história da comunicação brasileira.

Por exemplo, em 1941, a Companhia Siderúrgica Nacional, durante a Segunda Guerra Mundial, foi implantada no Brasil. É nela que, dez anos mais tarde, Sylla M. Chave instalaria o que viria a ser o primeiro departamento de Relações Públicas verdadeiramente nacional.

Seguindo esta mesma influência pioneira, a Escola Brasileira de Administração, da Fundação Getúlio Vargas, promove, em 1953, um curso de Relações Públicas, ministrado por Eric Carlson, difundindo o interesse pela causa de Relações Públicas que o legado de Eduardo Pinheiro Lobo suscitara em toda a Nação.

A Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em 1967, funda o curso de graduação de Relações Públicas, quando já havia uma ampla compreensão sobre a necessidade de sistematização desse conhecimento específico, tendo em vista o crescente fascínio que as técnicas de Relações Públicas suscitavam nas classes empresariais.

Posteriormente, os cursos profissionalizantes se proliferaram por vários estados brasileiros.

Ainda sob a influência das idéias de Eduardo Pinheiro Lobo, em 21 de Julho de 1954, foi fundada a Associação Brasileira de Relações Públicas. E em 11 de Dezembro de 1967, era sancionada a Lei n° 5.377, disciplinando a profissão de Relações Públicas brasileiras, cujo regulamento foi complementado pelo decreto n ° 63.283, de 26 de Dezembro de 1968. A profissão passou, assim, a ser oficial. E logo mais tarde em 1972, o Conselho Federal dos Profissionais de Relações Públicas aprovava o “Código de Ética”.

A figura extraordinária de Eduardo Pinheiro Lobo deveria perpetuar-se na memória de todos os brasileiros, em particular dos habitantes da cidade de Penedo por ser o berço de Eduardo Pinheiro Lobo; e São Paulo, por ter sido o primeiro estado a utilizar-se da expressão e da profissão de Relações Públicas, deixando, assim, um ensinamento para as instituições de comunicação, privadas ou públicas, acadêmicas ou não, no que diz respeito ao reconhecimento do trabalho dos pioneiros da Comunicação Social.

Erick Martorano da Silva, técnico em Relações Públicas, juntamente com o incentivo do professor Natalino Pereira de Souza, reconhece o valor e enaltece o trabalho realizado na Light por Eduardo Pinheiro Lobo na Obra Um símbolo de Pioneirismo das Relações Públicas (s.d.). Este trabalho foi realizado como registro histórico da criação “ Medalha Mérito Eduardo Pinheiro Lobo”, pela Associação Brasileira de Relações Públicas, Seção Regional de Pernambuco.

Apesar de sua importância, o livro teve uma edição artesanal, em 1979, com divulgação restrita. Ainda assim, é o único estudo mais sistematizado sobre o pioneiro das Relações Públicas, reunindo uma série de documentos relacionados ao personagem estudado.

A Revista RP – Relações Públicas em Revista, de número 30, publicado em São Paulo, em 1974, apresenta capa com foto e a manchete EDUARDO PINHEIRO LOBO: PIONEIRO DE RP NO BRASIL. No interior da publicação, encontra-se uma breve matéria com apresentação de Eduardo Pinheiro Lobo e comentários a respeito da importância de sua atuação para a atividade profissional mencionada.

Na edição de número 55, a mesma revista registra a homenagem a esse pioneiro feita no IV Congresso Brasileiro de Relações Públicas, apresentando o documento de criação do departamento de Relações Públicas na Light, em 1914, e a transcrição da palestra proferida por José Grandjean dos Santos Pinto, sob o título A FIGURA E OBRA DE EDUARDO PINHEIRO LOBO.

O autor do artigo foi assistente de gerência de Publicidade e Divulgação e de Relações Públicas da Light – Serviços de Eletricidade S. A, em São Paulo, tendo sido, portanto, contemporâneo do personagem estudado.

Estas revistas são encontradas na Casa do Penedo, uma entidade de preservação da memória da cidade alagoana de Penedo. Esta instituição preserva também algumas fotos e documentos do pioneiro.

É diante de todos estes fatores e autores que intercambiam idéias a respeito do pioneirismo das Relações Públicas no Brasil tais com, Roberto de Paula Leite, Cândido Teobaldo de Souza Andrade, Sylla M. Chaves ( apud Samuel H. Jameson), Cicília Krohling Peruzzo, Margarida Maria Krohling Kunsch, Hebe Wey, J.B. Serra Gurgel, Maria Stella Thomazi, Helga Iracema Schulten, entre muitos outros, que buscam sob esta construção de pensamento salientar a contribuição da criação do primeiro departamento de Relações Públicas na Light, tendo a frente, como diretor, o engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo, considerado Patrono das Relações Públicas no Brasil.

História das Relações Públicas no Brasil: retrospectiva e aspectos relevantes

Relações Públicas no contexto da sociedade

PENSAR AS RELAÇÕES PÚBLICAS no Brasil nos leva a relembrar alguns fatos marcantes que se destacam na sua trajetória no país. Um dos primeiros aspectos a considerar diz respeito à necessidade de levarmos em conta a vinculação desta e de qualquer área do conhecimento e do mercado profissional com o contexto e a conjuntura vivida pela nação brasileira em diferentes momentos, períodos e décadas. Conforme nos ensina Chanlat (1996, p. 49), “Os contextos são os modos de leitura da situação. São as estruturas de interpretação, os esquemas cognitivos que cada pessoa possui e utiliza para compreender os acontecimentos que ocorrem e em particular o que nos interessa”. Portanto, a história das Relações Públicas no Brasil não é uma história neutra, está atrelada a uma conjuntura nacional, que, por conseguinte, sofre todas as influências, tanto social quanto global.

Com uma breve retrospectiva que faremos a seguir, veremos que é justamente nos períodos democráticos vividos pela sociedade brasileira que a área de Relações Públicas encontra maiores possibilidades para sua alavancagem e florescimento. Esta perspectiva é bastante presente na trajetória da vida do Prof. Walter Ramos Poyares.

Retrospectiva e os fatos que fizeram a história

Surgimento e o pioneirismo da Lighth, em 1914 – Criação do Departamento de Relações Públicas, tendo como chefe Eduardo Pinheiro Lobo – “patrono da profissão”. Experiência que, apesar de pioneira, foi isolada, não ocorrendo maior crescimento nas três décadas seguintes.

Décadas de 1940-1950

A constituição Brasileira de 1946 – Democracia no país.
Política industrial desenvolvimentista – Getúlio Vargas,
Processo de industrialização e a vinda das empresas multinacionais – Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Desenvolvimento dos meios de comunicação – mídia impressa e eletrônica.
Agência de Publicidade e Propaganda – crescimento do setor e os primeiros Departamentos de Relações Públicas.
Institutos de Pesquisas: IBOPE e MARPLAN – estudos de audiência para conhecer os efeitos dos anúncios. As pesquisas eram voltadas para os interesses comerciais para subsidiar as decisões das empresas anunciantes.
Grupo de Estudos no Instituto de administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Univerisdade de São Paulo (USP) – primeiros cursos especializados com conferencistas estrangeiros – Eric Carlson.
Criação da Companhia Siderúrgica Nacional: 1951 – primeiro departamento de Relações Públicas com características de Identidade Nacional.
Primeira empresa de Relações Públicas e Propaganda: 10/10/52 – Inácio Penteado da Silva Teles e Romildo Fernandes – Cia. Nacional de Relações Públicas e Propaganda.
Fundação da Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP): 1954 – Surgem os primeiros e efetivos departamentos de Relações Públicas nas empresas multinacionais e nas agências de Publicidade e Propaganda; o Jornalismo Empresarial começa a ganhar forças; surgem os boletins e os house organs.

Década de 1960

Conjuntura política e a ditadura militar a partir de 1964 e as influências negativas para o reconhecimento social das Relações Públicas.
Papel das Assessorias de Relações Públicas da Presidência da República – Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP): 1968 – Propaganda ideológica.

A história das Relações Públicas no Brasil demonstra que de fato houve tal influência. Bastaria citar a criação de departamentos e a publicação de guias e manuais dessa área nos ministérios das Forças Armadas.

O brasilianista Thomas Skidmore (1988, p. 221) afirma:

Os homens do coronel Costa transformarem a AERP, que não conseguira decolar no governo Costa e Silva, na operação de Relações Públicas mais profissional que o Brasil já vira. Uma equipe de jornalistas, psicólogos e sociólogos decidia sobre os temas e o enfoque geral, depois contratava agências de propaganda para produzir documentários para TV e cinema, juntamente com matérias para os jornais. Certas frases de efeito davam bem a medida da filosofia que embasava a AERP: “Você constrói o Brasil”; “Ninguém segura este País !”; “Brasil, conte comigo!”.

Um estudo de 116 spots contratados com 24 agências de propaganda mostrou que oitenta por cento exaltavam a importância do trabalho, o valor da educação e o papel construtivo das forças armadas. As mensagens, nas palavras do coronel Octavio, a fortalecer “uma saudável mentalidade de segurança nacional”, que é indispensável para a defesa da democracia e para a garantia do esforço coletivo com vistas ao desenvolvimento.

Acreditamos que a atuação agressiva dessa assessoria contribuiu para formar um conceito negativo da essência das Relações Públicas junto a formadores e multiplicadores de opinião, num período tão conturbado da vida nacional. Justamente nos meios intelectuais, artísticos, sindicais e da mídia é que a atividade da AERP passou a ser vista como suspeita e enganosa.

Na pesquisa que fizemos, houve quase um consenso na afirmação de que essa interferência do regime militar, tanto nos anos 60 (por meio da AERP) como nos anos 70 e 80 (por meio da AIRP – Assessoria de Imprensa e Relações Públicas, da ARP – Assessoria de Relações Públicas e da SECOM – Secretaria de Comunicação Social), cria equívocos sobre o papel das Relações Públicas na sociedade.

Entre muitos outros depoimentos obtidos, dois são bastante ilustrativos:

Os militares que atuaram em Relações Públicas na área do Governo, por terem acesso direto e privilegiado aos dirigentes de empresas, passaram a estes a idéia de que a função representaria um “poder oculto” dentro de suas organizações. E tanto se a louvou que ela viria a banalizar-se, num desgaste sem precedente para nós.

O desenvolvimento na década de 60, como na de 70, ocorreu de uma práxis de convívio um tanto suspeito com o regime vigente. O crescimento das Relações Públicas deu-se principalmente em razão de dois fatos. Um, o de que a atividade era de interesse dos militares, a ponto de vários gerentes de relações públicas em grandes organizações, na época, terem sido militares. Outro, o de que a própria estratégia de Relações Públicas adotada a partir da gestão do General Médici virou um paradigma para todo o serviço público e se reproduziu até mesmo em algumas grandes empresas. Deriva daí a grande expansão desse mercado para os jornalistas, que passaram a ser contratados para a produção de trabalhos de nossa área. Isso levou a uma grande crise entre os profissionais de Relações Públicas. (Kunsch, 1997, p. 27)

IV Congresso Mundial de Relações Públicas no Rio de Janeiro – 10 a 14 de outubro de 1967. Walter Ramos Poyares participou como membro da comissão organizadora e conferencista do painel “Formação Profissional de Relações Públicas”.

Regulamentação da profissão – Lei 5.377 de 11 de setembro de 1967, sob a égide do AI nº 5.

1º Curso Superior Relações Públicas Escola de Comunicações Culturais da USP – hoje ECA/USP.

Jornalismo Empresarial.

Criação da Associação Brasileira dos Editores de Jornais e Revistas de Empresas (ABERJE): 1967;

Surgimento da Programação e Assessoria Editorial (PROAL): 1968.

Nesta mesma década, em 1961, Poyares criou e foi diretor do curso, em nível de pós-graduação, de Opinião Pública e Relações Públicas.

Década de 1970

Atuação das Assessorias de Relações Públicas no governo federal: Assessoria Executiva de Relações Públicas (AERP), Assessoria de Imprensa e Relações Públicas (AIRP), Assessoria de Relações Públicas (ARP) e Secretaria de Comunicação Social (SECOM);
Propaganda ideológica e aproveitamento de fatos políticos relevantes.
Proliferação das escolas de comunicação e surgimento de novos cursos.
Acomodação e euforia injustificada da categoria com a regulamentação da profissão.

Década de 1980

Abertura política e transição democrática: grandes transformações no campo acadêmico e nas organizações.
Criação do Prêmio Opinião Pública – CONRERP SP/PR.
Campanha de valorização profissional e o VI Congresso Brasileiro de Relações Públicas em 1982 – Brasília, DF.
Plano de Comunicação Social da Rodhia: 1985.
Novas configurações e terminologias dos Departamentos de Relações Públicas – Comunicação Social.
A dimensão comunitária – as primeiras experiências nas universidades.
A ABERJE e suas mudanças Associação Brasileira de Comunicação Empresarial no Brasil.

Década de 1990

Transformações geopolíticas mundiais e o fenômeno da globalização – o repensar a profissão.
Internacionalização das empresas e assessorias de comunicação e Relações Públicas. Assessorias de imprensa se transformam em assessorias de comunicação.
Terceirização dos serviços de Comunicação Empresarial e as possibilidades ampliadas para as Relações Públicas.
A importância da comunicação no âmbito corporativo/institucional – O mercado e o papel das assessorias de comunicação, de imprensa e de Relações Públicas.
As iniciativas do Conselho Federal do Profissionais de Relações Públicas e do Conselho Regional dos Profissionais de RP – de são Paulo e Paraná – Parlamento Nacional para revisão da regulamentação de profissão.

Documento: “Conclusões do Parlamento Nacional de Relações Públicas”.

Início do Terceiro Milênio

Relações Públicas na sociedade contemporânea: desafios e exigências;

Fortalecimento e consolidação da área tanto no nível acadêmico e no mercado profissional. Crescimento de novos cursos.
Estágio avançado do mercado da Comunicação Organizacional no Brasil e novas exigências para uma crescente profissionalização e, pelas suas peculiaridades, cabe às Relações Públicas gerenciar essa comunicação.
O Estado democrático. Nos regimes totalitários não há lugar para a prática da comunicação simétrica.

Nova postura das organizações frente à sociedade, aos públicos e à opinião pública. Prestação de contas e responsabilidade social.

Neste contexto, o Prof. Walter Ramos Poyares, no seu livro Imagem pública: glória para uns e ruína para os outros (1998), alerta para qual deve ser o papel das Relações Públicas e sua contribuição para a cidadania e a democracia.

Conclama à participação ativa:

A formação de uma consciência participativa, traduzida na constituição e operação de entidades diversas, implica convocar os profissionais da mobilização social, conceito mais amplo da especialização profissional de Relações Públicas. Já se foi o tempo em que Relações Públicas serviam de biombo para candidatos a socialites. (Poyares, 1998, p. 171)

A globalização, a revolução tecnológica e a complexidade contemporânea irão exigir cada vez mais das organizações, mas sem perder a perspectiva de sua dimensão social e do cultivo dos valores democráticos.

O Professor Walter Ramos Poyares, ao defender esses valores democráticos e um Brasil com menos desigualdades sociais, propõe que, Em muitos casos, os profissionais de RP poderiam agir como verdadeiros ombudsmen, canalizando a vontade do povo em causas por seu bem-estar. Tudo isso, porém, deveria obedecer à metodologia mais moderna de comunicação, pesquisa, avaliação, usando equipamento informatizado. Reconheço que há vários problemas a examinar na montagem de mecanismos de ação pelos profissionais de comunicação e RP. A meta a perseguir é o reequilibro da sociedade, a redução dessas disparatadas diferenças e desníveis. Refazendo-se o tecido social, estabiliza-se a democracia. Permitem os companheiros que este profissional de longa vivência e algum acervo de realizações os convoque para a missão de despertar a consciência de cidadania e combater a deterioração crescente do caráter nacional.

Não podemos suportar mais a imagem de um país de espertos, corruptos e ladravazes. Os profissionais de RP são compreensão e podem, nessa qualidade, arregimentar para recoser esse tecido, em mil partes rompido, e através de milhares de pequenos movimentos ou organizações trabalhar fecundamente para a transformação em realidade dos fundamentos que definem o regime democrático brasileiro de direito: I. a soberania; II. A cidadania; III. A dignidade da pessoa humana; IV. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V. o pluralismo político. (Poyares, 1998, p. 175-176)

Referências bibliográficas

CHANLAT, J.-F.. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1996. Vol. 1.
KUNSCH, M.M.K. Relações públicas e modernidade. São Paulo: Summus, 1997.POYARE
S, W.R. Imagem pública: glória para uns e ruína para outros. São Paulo: Globo, 1998.
SKIDMORE, T.E. Brasil: de Castelo a Tancredo – 1964-1985. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1988.

Relações Públicas no Brasil: a teorização das práticas

Relações Públicas: teoria versus prática

Este trabalho teve como objetivo abordar a teorização da prática da atividade de Relações Públicas no Brasil, a partir da análise das dissertações mestrado e teses de doutorado defendidas nos Programas de Pós-graduação em Comunicação da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo e da Universidade Metodista de São Paulo. A escolha destas instituições se deu pelo pioneirismo da USP na instituição do curso de Relações Públicas, pela proximidade física com a Metodista e pela tradição dos programas de pós-graduação das duas instituições.

Diversos autores discutem sobre a área de Relações Públicas e, historicamente, os aspectos práticos são preferidos aos teóricos, reforçando as deficiências apontadas por Andrade (1983), entre elas a utilização de assessoria de imprensa para a resolução de conflitos, sem existir planejamento e ações integradas com os demais setores da empresa, o que provoca o reconhecimento da atividade “apenas” como uma questão técnica, dificultando sua consolidação como campo de conhecimento.

Em 2006, a profissão de Relações Públicas completou cem anos de uma existência marcada por acontecimentos históricos, como a luta pelo fim da ditadura nos países latinos (década de 1960) e o início da chamada “nova democracia”. O estudo destes cem anos nos ajuda a entender como a profissão se criou e se firmou mundialmente. Ao conhecer o “nascimento” de uma carreira temos mais parâmetros para analisarmos melhor como o seu crescimento e mudanças podem ser úteis para o desenvolvimento futuro.

História das Relações Públicas no Brasil

No inicio do século XX, enquanto a Europa está em guerra, a situação nos países da periferia é de desenvolvimento e crescimento, para o que é necessário a estruturação dos sistemas de energia e transporte. É neste contexto que vem para o Brasil, em 1914, a empresa “The Light and Power Co”. Uma vez instalada, a empresa, que tinha padrões de trabalho e modo de produção canadenses e norte-americanos, sentiu a necessidade de criar um departamento de comunicação que auxiliasse na adequação dos procedimentos comunicacionais à cultura brasileira, buscando a criação de uma imagem positiva junto a este seu ‘novo’ público.

Um departamento de comunicação instalado nas próprias dependências significava uma preocupação a mais com todas as pessoas afetadas pelo trabalho da empresa e demonstrava que ela acompanhava os acontecimentos e a eventual repercussão junto à empresa. Neste sentido, o objetivo do departamento de Relações Públicas da Light, que ficou sob a tutela do engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo por 19 anos, era somente informar o público.

Nesta época, começo do século XX, as empresas começam a identificar a necessidade de serem bem vistas pela sociedade, em especial pelas instituições governamentais, por acionistas e pelos potenciais consumidores, percebendo a importância da construção de uma identidade e imagem organizacional. Em 1914, foi instituído o “Dia Nacional do Relações Públicas” pela lei nº 7197, um possível reflexo do trabalho de comunicação viabilizado pela Light and Power ou ainda do desenvolvimento da informação institucional, trabalhada Eduardo Pinheiro Lobo, que foi declarado Patrono das Relações Públicas e, em 1975, pai das Relações Públicas brasileiras.

Em 1952, surge a primeira agência brasileira de Relações Públicas, a “Companhia Nacional de Relações Públicas”. Esta empresa prestava serviços especializados de relações públicas, estudos de formação de opinião pública e propaganda, sob a direção de Romildo Fernandes e Jorge Ignácio Penteado da Silva Telles. A Companhia mais tarde passaria a se chamar “Assessoria Nacional de Comunicação Ltda” (GURGEL, 1985). Somente na década de 1960 surgem os primeiros cursos regulares de relações públicas, em resposta a uma demanda de mercado.

O fascínio que as técnicas de Relações Públicas exerciam nas classes empresariais fez com que a Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em 1966, pensasse o primeiro o curso de graduação de Relações Públicas, que começou a funcionar no ano seguinte. Neste mesmo ano, era sancionada a lei nº 5.377 que regulamentava a profissão de Relações Públicas.

Em 1968, a General Motors do Brasil criou o Departamento de Relações Públicas, que realizou uma experiência pioneira encaminhando uma carta de apresentação do departamento recém-criado aos funcionários. Nesta apresentação, era solicitada a colaboração dos mesmos para o aprimoramento da comunicação dentro da empresa. Esta solicitação só conseguiu seis respostas, o que levou ao desenvolvimento de um trabalho de esclarecimento com a utilização de um Manual de Relações Públicas.

Entre sanções e decretos de lei que determinavam, por exemplo, a separação da atividade de Assessoria de Imprensa e Relações Públicas, o Prof. Cândido Teobaldo de Souza Andrade lançava o livro “Dicionário Profissional de Relações Públicas e Comunicação” pela Editora Saraiva. Este livro representou uma das primeiras publicações nacionais da área, servindo como um guia aos profissionais que pouco conheciam os conceitos de comunicação.

Nos primeiros anos da década de 1980, o país se encontrava em processo de abertura política. A sociedade busca a autoconfiança e já não aceita a subordinação (TEIXEIRA, 2002). Começa então o resgate da importância da comunicação como instrumento na gestão de empresas, porém não mais como uma atividade dividida em setores como relações públicas, assessoria de imprensa e propaganda institucional. No aspecto conceitual, a preocupação se concentrava em definir os aspectos operacionais da atividade de Relações Públicas.

Um acontecimento marcante para a área na década de 1990 foi a realização do Parlamento de Relações Públicas, um encontro anual realizado de 1992 a 1997 envolvendo profissionais de todas as partes do país. O Parlamento possibilitou aos profissionais a manifestação de dúvidas e insatisfações acerca da profissão e promoveu uma reflexão sobre a atividade, uma readequação da profissão aos novos tempos e às novas exigências do mercado.

Do Parlamento resultou um documento no qual os profissionais definem novas funções e atividades específicas de Relações Públicas. A partir destas definições, o Parlamento cumpriu, em parte, o objetivo de democratizar a atividade e tornar a comunicação um fator estratégico fundamental para a sobrevivência da profissão no mercado. Mas mesmo assim, as reflexões continuam no âmbito da prática e para que uma área seja definida como campo científico é preciso que exista um arcabouço teórico que fundamente as práticas estabelecidas. Tendo isso em vista, é que, neste trabalho partimos da apresentação das teorias de uso mais freqüente na formação do profissional desta área.

Definição de Relações Públicas

Diversos autores definem Relações Públicas como sendo uma função administrativa da comunicação. Como definição geral existe certo consenso sobre a atividade de relações públicas estar relacionada a um planejamento estratégico do processo de comunicação nas organizações. O objetivo deste planejamento seria alinhar os interesses das organizações com os de seus públicos, de modo a conseguir a boa vontade destes, despertando a credibilidade e a confiança em seus produtos.

Para entendermos o porquê da dificuldade de conceituar “Relações Públicas”, identificamos o que seja uma definição a partir da constituição de uma área.

A Comunicação é um campo que sintetiza as características definidoras de sociedade na medida em que envolve, segundo Polistchuk e Trinta (2003, p. 63):

(…) um ethos, que diz respeito à atitude de quem opina ou argumenta, um logos, que se refere à racionalidade inerente à opinião ou ao argumento apresentado; e um pathos, que tem a ver com a arte de tornar apaixonante o fato mesmo de opinar ou de argumentar.

E as Relações Públicas são uma área que pertence à comunicação, pois interpretam os acontecimentos e identificam as possibilidades de resolução por meio de atitudes comunicacionais. A problemática toda se resume em sistematizar este processo, criando um modelo definidor desta área.

Ao se depararem com a diversidade de conceitos de Relações Públicas conforme os diferentes autores, os estudantes da área vêem ampliadas as dificuldades naturais para quem inicia a exploração teórica de um campo. Ao pesquisar as diversas definições dos autores, parece-nos que ocorre certa contradição entre a definição da área e a especificação da atividade, com ênfase na administração dos relacionamentos estratégicos como sendo função do relações-públicas, mas também como uma definição do que pode vir a ser a área. Essa confusão deve-se à dificuldade de conciliar conceitos para exemplificar, de modo simples e conciso, o que é a área, o profissional e a atividade.

Conceituando Relações Públicas

Habermas (2003) discute amplamente o desenvolvimento do significado e utilização dos termos “público” e “opinião pública” tanto nos aspectos históricos como sociológicos. No processo de des-construção da esfera pública, ao comentar sua mudança estrutural, o autor primeiro coloca o “público” como sujeito da esfera pública, portador da “opinião pública”, cuja função seria tornar público assuntos de interesse do povo, nos debates judiciais, significado que se modifica com a entrada da mídia no contexto, passando a significar um “atributo de quem desperta a opinião pública; public relations, nome com que são batizados os relacionamentos com os públicos” (HABERMAS, 2003, p. 14).

Para melhor conceituar a área, James Grunig e Todd Hunt elaboraram o que chamaram de modelos para descrever quatro tipos de relações públicas que acreditavam ser os mais usados em toda a história da área, tanto no aspecto teórico quanto prático da profissão (GRUNIG e HUNT, 1984, p. 21). Estes quatro modelos (agência de imprensa/divulgação, informação pública, assimétrico e simétrico) surgem de uma proposta para entender como são praticadas as Relações Públicas, simplificando o estudo das teorias e das práticas, possibilitando conhecer qual o modelo mais praticado pelas organizações. Os quatro modelos diferem um do outro em suas finalidades.

Tanto o primeiro quanto o segundo modelo se caracterizam por serem modelos de uma mão, em que o retorno das informações não é importante e tão pouco necessário para a boa realização do trabalho. Diferente destes, os modelos “assimétrico” e “simétrico” têm como fundamento o retorno de informações e por isso são denominados “modelos de duas mãos”.

Os diferentes modelos podem ser encontrados em uma única organização. Um elemento de extrema importância para a definição de qual modelo é mais utilizado e que está presente nos trabalhos de Relações Públicas é a pesquisa. Grunig e Hunt (1984, p. 24) explicam que a principal intenção dos que trabalham com Relações Públicas é informar o público de maneira dirigida e, para isso, utilizam-se de pesquisas que apontem os diferenciais de cada público. O modelo “agência de imprensa/divulgação” raramente utiliza a pesquisa, a não ser para descobrir quais informações devem constar em cada meio de comunicação e o quanto o público está satisfeito com determinado produto ou serviço. O modelo “informação pública” também utiliza a pesquisa como subsídio para formatar a comunicação para públicos abrangentes e menos conhecidos. Às vezes usam a pesquisa para verificar se a informação correta chegou ao destino pretendido, demonstrando que as organizações que praticam esse modelo não têm conhecimento da amplitude da importância da pesquisa.

Em contrapartida, os modelos de duas mãos são assim nomeados, pois fazem um uso extensivo de pesquisas, dos dois tipos: formativa, que ajuda a planejar e determinar os objetivos; e avaliativa, que descobre se os objetivos foram alcançados.

O modelo assimétrico utiliza a pesquisa formativa para descobrir quais são as características dos públicos e o que eles esperam da organização, identificando políticas e metas corporativas. Com a pesquisa avaliativa, neste modelo verifica-se o retorno das informações, se a comunicação ocorreu da maneira como foi planejada e se o comportamento dos públicos foi modificado depois da campanha de relações públicas promovida (GRUNIG e HUNT, 1984, p. 25).

No modelo simétrico, a pesquisa formativa é usada para identificar o que os públicos percebem da organização e determinar as conseqüências das políticas organizacionais para estes públicos. Neste modelo, este tipo de pesquisa pode ser usado para a organização compreender e administrar a comunicação de forma a melhor atender o interesse público. E a pesquisa avaliativa é usada para conhecer a compreensão mútua entre a alta administração e os públicos atingidos pela organização (GRUNIG e HUNT, 1984, p. 25).

Estes quatro modelos foram desenvolvidos após extensa pesquisa, a partir da qual Grunig e Hunt (1984, p.24) buscavam uma maneira mais eficaz de conduzir a comunicação das organizações. Mas com a ampliação dos estudos, estes pesquisadores percebem que definir modelos não bastava, e elaboram o que fica conhecido como Princípios de Excelência em Comunicação, a partir de pesquisa realizada ao longo de 10 anos, em cerca de 3000 empresas norte-americanas, que acreditamos não seja relevante ser descrita neste trabalho.

As conceituações brasileiras

Simões (1995, p. 13) apresenta o mundo das Relações Públicas a partir da força política da opinião pública, que exerce pressão sobre as organizações existentes no sistema social, estabelecendo sua definição, a causa da sua existência, os instrumentos utilizados, dentre outros aspectos. Simões define a profissão a partir dos aspectos conceitual e operacional. A definição conceitual enxerga as Relações Públicas como uma “ciência”, na medida em que haja a preocupação com um conhecimento que permita explicar, prever e controlar o exercício de poder entre a organização e seus públicos (SIMÕES, 1995, p.43). A definição operacional procura responder à pergunta “como se exerce esta atividade?”, como é realizado o trabalho comunicacional. Neste aspecto, Relações Públicas é capaz de analisar as tendências, prevendo as conseqüências das decisões a serem tomadas, agindo a partir de programas planejados de comunicação para assessorar as tomadas de decisão. No contexto da ciência, Simões define como objetos da atividade a organização e os públicos (SIMÕES, 1995, p.43).

Para Kunsch (1997, p. 113), as relações públicas funcionam de maneira integrada às demais áreas de comunicação e, juntas, formam o que é definido por “comunicação integrada“, entendida como uma interdependência das áreas de uma organização em termos comunicacionais para que haja excelência no fluxo de informações e relacionamentos.

O posicionamento de Kunsch se dá na linha de Andrade, para quem a principal (e talvez única) função específica de Relações Públicas é a responsabilidade de promover uma comunicação eficaz dentro das organizações (ANDRADE, 1983, p.97). Ao discutir a formação deste profissional, este autor apresenta como problema para reconhecimento do profissional da área a competência no uso do idioma nas comunicações escritas, reforçando a ‘teoria’ de que “rp não escreve bem”. Como solução, sugere que os relações-públicas treinem sua capacidade de escrita e busquem sempre se aperfeiçoar, uma necessidade comum à maioria das profissões.

Estas definições deixam claras as divergências existentes quanto à conceituação de Relações Públicas tanto no que diz respeito aos pressupostos teóricos como quanto à atuação prática. Conforme aponta França (2003) a maior dificuldade em conceituar a atividade de Relações Públicas surge justamente da aceitação de definições originadas do meio profissionais, sem uma problematização teórica, sem a devida análise, pela academia, por princípio de onde deve partir o debate crítico sobre a essência da atividade.

Metodologia

A análise das dissertações de mestrado e teses de doutorado contribui para identificarmos o desenvolvimento das Relações Públicas no Brasil.

Para isso, quantificamos as dissertações e teses defendidas nas instituições reconhecidas como as melhores do país no ensino de Comunicação: Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP) no período de 2000 a 2006 e na Universidade Metodista de São Paulo, entre 1979 e 2006,3 o que totalizou vinte e quatro trabalhos na ECA/USP e oito na Universidade Metodista de São Paulo.

A partir das questões: Quais teorias fundamentam a área? O que caracteriza Relações Públicas no Brasil?, organizamos o material de pesquisa com a intenção de responder à pergunta-problema: “qual a bibliografia que fundamenta a produção científica na área de Relações Públicas nos últimos anos?” entendendo a bibliografia deste conjunto de trabalhos como um indicador dos interesses dos pesquisadores brasileiros em relação ao estudo teórico da atividade. O objetivo geral foi verificar o desenvolvimento teórico da atividade de Relações Públicas e sua adequação à realidade organizacional no Brasil, avaliando especificamente as temáticas mais recorrentes das obras específicas de Relações Públicas; a existência de teorias próprias no contexto brasileiro e a diversidade bibliográfica utilizada nos programas de pós-graduação das duas universidades pesquisadas.

Os trabalhos realizados nas duas universidades pesquisadas diferem em muitos aspectos e, na busca de um denominador comum que nos ajudasse a responder os questionamentos colocados e entender a trajetória teórica da área de Relações Públicas, o primeiro passo foi fazer uma classificação por ‘tipo de trabalho’, ‘ano de defesa’, ‘título dos livros utilizados na bibliografia especializada’, ‘autores utilizados’ e ‘origem dos autores utilizados’ para, em seguida, proceder à categorização. O estabelecimento das categorias se deu segundo os princípios da Análise de Conteúdo, como abordagem para estudo da ‘mensagem’, considerando que ela expressa um sentido, que não pode ser considerado um ato isolado, mas vinculado às condições contextuais dos emissores (FRANCO, 2005, p. 13).

Discussão dos resultados

A Escola de Comunicações de Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) apresenta um número maior de trabalhos do que a Universidade Metodista de São Paulo, o que é reflexo direto do tempo de existência dos dois Programas e, indireto, do perfil do corpo docente da ECA/USP, em número maior, atuando em linhas de pesquisa mais específicas à área, pela própria formação acadêmica e até experiência profissional

O primeiro item de análise são as categorias temáticas dos livros presentes nas bibliografias avaliadas, separadas em nove categorias: a origem de relações públicas; mudanças e renovações na atividade; ensino de relações públicas; manuais, handbooks e guides; interfaces de relações públicas/outras áreas; planejamento e prática de relações públicas; cases; pesquisa em relações públicas; outras temáticas. É importante ressaltar que os resultados comentados referem-se ao registro das obras a partir de uma única citação, pois o mesmo autor é citado em diversas obras, freqüência que é comentada no item distribuição por autores. A análise das obras nacionais e estrangeiras, como também sua distribuição por autores nos ajuda a entender as linhas de pensamentos de Relações Públicas nos últimos anos.

Categorias temáticas das obras

A origem de relações públicas, mudanças e renovações na atividade e ensino de relações públicas.

É perceptível o reconhecimento da necessidade de conceituação da área pelos pesquisadores, o que, porém, ocorre sem diversidade de fontes, limitando a reflexão. A utilização de obras referentes à “Origem e conceituação” em ambas as universidades fica em torno de 26%. Importante ressaltar que, na análise detalhada, durante o fichamento, verificamos a preocupação de alguns pesquisadores em conceituar a atividade, quer seja como campo teórico de estudo, quer seja em relação à prática nas organizações.

Categorizamos em “Mudanças e renovações na atividade” obras que explicitamente refletem a busca de novos caminhos para a área dentro das linhas de pesquisa trabalhadas. Neste sentido, consideramos os resultados obtidos insuficientes para a renovação necessária, reforçando a percepção da falta de inovação e um corpo teórico restrito na área. Não existem obras atuais – edições após 1990 – que apresentem descobertas que respondam às mudanças que a sociedade como um todo vem vivendo diante das novas dinâmicas de comunicação, relacionamentos comerciais e demandas sociais.

Causa e efeito do que observamos anteriormente, verificamos que praticamente não são utilizadas obras que pensem e discutam a área no âmbito do ensino e formação dos profissionais de Relações Públicas. Só foram encontradas três obras dessa categoria em trabalhos defendidas na ECA/USP.

Como estudante da área, percebemos que, para o desenvolvimento das Relações Públicas, são necessárias teorias que apóiem os aspectos de formação do profissional na graduação. O que muitas vezes acontece é passarmos pela graduação sem entender a essência da área de atuação escolhida. Esta carência resulta em um profissional que fica preso à conceitos e definições superficiais, situação esta que vai se refletir no ingresso no mercado, fazendo com que muitas vezes atue em áreas paralelas às relações públicas e que serviriam como pilares para a efetividade das ações, como Marketing, ou somente em atividades operacionais, sem utilizar as possibilidades de atuação estratégica, amplamente mencionadas e detalhadas por Kunsch e Simões e outros teóricos.

Planejamento e Pesquisa em Relações Públicas – prática e cases

Por não existir muitas obras que tratem da prática da atividade nas organizações, o resultado (em torno de 10%) para o agrupamento de obras sobre planejamento é relevante. Comparando os trabalhos das duas instituições, temos resultados bem próximos, o que significa poucas mudanças no planejamento e na prática de Relações Públicas. Na ECA/USP esse aspecto aparece com um pouco mais, talvez devido ao maior acervo bibliográfico, constituído também por autores estrangeiros. A maior presença de autores estrangeiros notada de certa forma é negativa ao desenvolvimento de um corpo teóricoprático próprio do país, dificultando o estabelecimento de uma terminologia própria o que, entre outros aspectos, o que pode prejudicar a difusão da área no ambiente corporativo.

As duas únicas obras de pesquisa encontradas são de autoria de um dos mais destacados pesquisadores de Relações Públicas, James Grunig. Elas foram utilizadas em trabalhos realizados na ECA/USP, o que indica uma preocupação dos pesquisadores em apresentar informações atuais sobre o tema de sua pesquisa. A representação da categoria “Cases” se restringe a uma obra em cada instituição pesquisada. Estas obras são utilizadas na medida em que é necessária uma complementação para desenvolvimento do tema do trabalho, explicitando a perspectiva da comunicação e das relações públicas fora do Brasil e num futuro próximo.

Uso de Manuais, Handbooks, Guides

No geral, a presença desta categoria é semelhante nas duas instituições analisadas, em torno de 12%. Em números absolutos, é visível a maior utilização nos trabalhos defendidos na ECA/USP. Vale lembrar que muitos destes guias são importados, o que indica uma falta de cultura da comunidade acadêmica brasileira na produção deste tipo de obra.

Interfaces Relações Públicas/outras áreas e outras temáticas

O agrupamento de obras que apresentam Relações Públicas no contexto de outras áreas – política, governamental, educação, jornalismo – demonstra a preocupação dos pesquisadores em ampliar as perspectivas de estudo, respondendo talvez às transformações das dinâmicas das organizações e à complexidade da sociedade atual como um todo. A ECA/USP apresenta maior quantidade absoluta de obras classificadas nessa categoria.

Este resultado é um indicador positivo para identificação de Relações Públicas não somente pela ação operacional, mas também como uma área estratégica, na medida em que interage com outras áreas, não só de comunicação, mas da empresa como um todo, respondendo aos princípios de comunicação integrada defendidos por Kunsch.

Uso de autores nacionais X autores estrangeiros

Verificamos que os trabalhos realizados na Universidade de São Paulo apresentam um equilíbrio no uso de autores nacionais e estrangeiros. Acreditamos que isso acontece devido ao maior acervo e possibilidade de integração com outras universidades fora do país e maior incentivo em pesquisas acadêmicas por parte da USP. Já os trabalhos da Universidade Metodista de São Paulo se caracterizam pela maior presença de obras nacionais, um resultado que mostra uma restrição bibliográfica da instituição, além de caracterizar a cultura do estudante, que restringe a pesquisa a uma única biblioteca, não ampliando a busca em outras fontes.

Os autores mais citados são Cândido Teobaldo de Souza Andrade, um dos pioneiros da atividade no Brasil e autor das primeiras obras que definem as Relações Públicas; James Grunig, pesquisador que busca conceituar a área a partir da prática, com pesquisas que são referências na prática e no ensino de Relações Públicas. NE seqüência, Margarida M. K. Kunsch, consultada principalmente pelos seus estudos em comunicação integrada, concentrando-se na temática do Planejamento, além de obras de caráter de quantitativo sobre a produção científica. Outro autor citado com destaque é Roberto Porto Simões Portador, que trabalha a área a partir de um aspecto político Cerca de 80% são classificados em “Outros”, pois as obras consultadas se distribuíam entre diversos autores, mostrando uma pulverização dos estudos.

Considerações finais

Diversos autores nos dizem que o saber acontece na confluência do que entendemos como prática e de sua sistematização, ou seja, a teoria.

A pesquisa realizada buscou verificar, a partir de um pequeno recorte de análise bibliográfica, como isso acontece na área de Relações Públicas no Brasil e o resultado enfatiza aquilo que estudantes de graduação sentem no dia-a-dia: uma dificuldade de conceituação teórica, apesar da abrangência de atuação prática. Ao nos aproximarmos dos teóricos brasileiros, e das pesquisas, verificamos uma ênfase na afirmação sobre a importância da atividade para as organizações e destaque dos aspectos operacionais, porém, partindo de definições que não se reportam aos princípios teóricos do campo da comunicação.

Um dos aspectos de destaque é a carência de obras que expliquem o que é a atividade no contexto do ensino de graduação, que problematizem o trabalho dos professores desta área, e que, em um certo sentido, oriente os estudantes quanto à aquisição de conhecimento no contexto da formação acadêmica e profissional, enquanto na graduação. Indo mais longe, acreditamos que tal base serviria até como incentivo aos formandos e jovens profissionais para um maior empenho em pesquisas na área, contribuindo para superar algumas das deficiências de produção na área neste trabalho apontadas. Em outro sentido, a falta de pesquisas também é preocupante tendo em vista sua importância em Relações Públicas, uma área que lida diretamente com a opinião pública, um tema complexo, que oferece várias vertentes de exploração e apresenta inúmeras variáveis para sua compreensão.

Os resultados demonstram o quanto as Relações Públicas são difundidas no Brasil e a importância de as universidades oferecerem subsídios aos estudantes quanto ao conhecimento de todas as visões sobre a área. A partir da categorização das obras de trabalhos defendidos Universidade de São Paulo e na Universidade Metodista de São Paulo, verificamos a limitação bibliográfica e a baixa produção acadêmica. Acreditamos que se as mesmas obras se repetem nos trabalhos ao longo dos anos analisados, para diferentes temas de pesquisas, sem que haja acréscimo de novos títulos ou mesmo autores diferentes, é porque não há um incentivo ou interesse em sistematizar descobertas, ou mesmo questionar práticas.

Estas considerações nos indicam apenas um caminho, a necessidade de um maior empenho no incentivo à pesquisa e sistematização do conhecimento no país no que diz respeito às Relações Públicas. Trabalhos inéditos recentes discutem o posicionamento da atividade, a necessidade ou não de regulamentação e até mesmo, a adequação como uma área do saber, mas sim talvez uma subárea dentro do campo da comunicação (FRANÇA e FERRARI, p. 3, 2007).

Tendo isso em vista, vemos como importante e urgente a abertura deste debate entre os interessados, incluindo estudantes de graduação, futuros pesquisadores e profissionais.

Como continuidade deste trabalho levantamos os seguintes caminhos:

Análise de conteúdo dos trabalhos de pós-graduação, buscando especificar as lacunas de pesquisa.
Levantamento, em anais de congressos, dos trabalhos ainda inéditos nas editoras.
Sistematização das linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação.
Levantamento das pesquisas e publicações sobre o desenvolvimento conceitual dos aspectos relacionados à área: públicos, terminologia, áreas de atuação.
Pesquisa junto ao mercado para avaliação da prática e conseqüente aprimoramento da teoria.

Bibliografia

ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith e GEWANDSZNAIDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais – pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.
ANDRADE, Candido Teobaldo de Souza. Para entender Relações Públicas. São Paulo: Loyola, 1983.
BARROS, Antonio (org.) Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005
FERRARI, Maria Aparecida. Os efeitos dos valores organizacionais na determinação da prática e do papel dos profissionais de relações públicas – estudo comparativo entre organizações do Brasil e do Chile. Tese defendida na ECA-USP, em 2000.
FONSECA Jr., Wilson Corrêa da. “Análise de conteúdo”. In: DUARTE, Jorge e BARROS, Antonio (org.) Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.
FRANÇA, Fábio e FERRARI, Maria Aparecida. “Reflexões sobre uma nova proposta de classificação da comunicação e de suas áreas”. Trabalho apresentado no VII Encontro dos Núcleos de Pesquisa em Comunicação – NP. Relações Públicas e Comunicação Organizacional do XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos, 29 de agosto a 02 de setembro de 2007.
FRANCO, Maria Laura P. B. Análise do conteúdo. Brasília: Líber Livro, 2005.
GRUNIG, James, TODD, Hunt. Managing Public Relations. New York, Holt, Rinehart & Winston, 1984.
GURGEL, J. B. Serra e. Cronologia da evolução histórica das relações públicas. 3. ed. Brasília: Linha Gráfica, 1985.
HABERMAS, Jurgen. Mudança estrutural da esfera pública. 2a. edição. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Relações públicas e modernidade: novos paradigmas da comunicação. São Paulo: Summus, 1997.
LESLY, Philip. The Nature and Role of Public Relations. Public Relations Handbook. 2ª.ed. New Jersey – USA: Prentice Hall. 1978.
POLISTCHUK, Ilana e TRINTA, Aluízio Ramos Azevedo. Teorias da Comunicação: O pensamento e a prática da comunicação social. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
SIMÕES, Roberto Porto. Relações públicas: função política. 3.ed. Porto Alegre: Sagra, 1995. 197p.
TEIXEIRA, João Evangelista. Relações Públicas na UMESP: trinta anos de história. João Evangelista Teixeira. São Bernardo do Campo: UMESP, 2002.

Lei Nº 7.197, de 14 de junho de l985 Institui o “O Dia Nacional das Relações Públicas”

Faço saber que o Congresso Nacional decretou, o Presidente da República nos termos do 2º do art. 59, da Constituição Federal, sancionou, e eu, Lomanto Júnior, 1º Vice-Presidente do Senado Federal, no exercício da Presidência, nos termos do 5º do art. 59 da Constituição Federal, promulgo a seguinte Lei:

Artigo 1º – Fica instituído o dia dois de dezembro como o “Dia Nacional das Relações Públicas”.

Artigo 2º – Na data estabelecida no artigo anterior, as associações e entidades ligadas à atividade de Relações Públicas farão, em todo o País, promoções que de qualquer modo assinalem e festejem o transcurso da efeméride.

Artigo 3º – É declarado Patrono das Relações Públicas, Eduardo Pinheiro Lobo, nascido em Penedo, Estado de Alagoas, em l876, e falecido em São Paulo, a 15 de fevereiro de l933.

Artigo 4º – Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Artigo 5º – Revogam-se as disposições em contrário.

SENADOR LOMANTO JÚNIOR
1º Vice-Presidente, no exercício da Presidência.

Por que 2 de Dezembro é o “Dia Nacional das Relações Públicas?’’

Em 2 de dezembro de l876, nasceu em Penedo, Estado de Alagoas, Eduardo Pinheiro Lobo, que foi o primeiro profissional de Relações Públicas no Brasil.

O marco inicial das Relações Públicas no Brasil aconteceu em São Paulo em 30 de janeiro de l914.

Eduardo Pinheiro Lobo foi nomeado para chefiar o recém criado Departamento de Relações Públicas da empresa canadense THE SÃO PAULO TRAMWAY LIGHT AND POWER Co. LIMITED, concessionária da iluminação pública e do transporte coletivo na capital paulista.

Na ocasião a direção da Light, sentindo a necessidade de um setor especializado para cuidar do seu relacionamento com os órgãos da imprensa e com os poderes concedentes, desenvolveu um trabalho de Relações Públicas com a imprensa, objetivando o esclarecimento da opinião pública.

Em reunião de 12 de dezembro de l975, o Conselho Nacional da ABRP instituiu a “Medalha Eduardo Pinheiro Lobo” destinada a premiar as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que tenham prestado relevantes serviços à classe dos profissionais de Relações Públicas.

As pessoas agraciadas com a Medalha são os senhores Jarbas Passarinho, Divaldo Suruagy, Natalino Pereira de Souza, Domingos de Araújo da Cunha Gonçalves e Cândido Teobaldo de Souza Andrade.

LEI Nº 7197 QUE INSTITUIU O DIA NACIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Professor Doutor Fábio França conta a história sobre a Lei nº 7197 que institui o Dia Nacional de Relações Públicas

Instituição e significação

A criação do “Dia Nacional das Relações Públicas” nasceu dentro da Associação Brasileira de Relações Públicas por iniciativa do professor Cândido Teobaldo de Souza Andrade.

O tema, juntamente com a eleição do engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo como Patrono das Relações Públicas, foi debatido no congresso da ABRP de 1976, realizado em Alagoas, nas cidades de Maceió e Penedo, terra natal de Pinheiro Lobo.

Eduardo Pinheiro Lobo, nasceu em 02/12/1914, por isso denominou-se o dia nacional das relações públicas, por ter sido um grande colaborador para a Associação Brasileira de Relações Públicas

O autor do Projeto de Lei da Câmara N. 75, de 1980, foi o deputado por Alagoas, e sócio da ABRP, Divaldo Suruagy. A tramitação do projeto ocorreu de 1983 a 1984, quando foi transformado em norma jurídica n. 7197 e promulgado seu texto integral no Diário Oficial da União, em 14 de junho de 1984, página 8601, Coluna 1, sob a denominação de Lei nº 7197, que Institui o “Dia Nacional das Relações Públicas”, assinado pelo Senador Lomanto Júnior, 1º Vice-Presidente, no exercício da Presidência.

Diz a lei:

Art. 1º – Fica instituído o dia dois de dezembro como o “Dia Nacional das Relações Públicas”.

Art. 2º – Na data estabelecida no artigo anterior, as associações e entidades ligadas à atividade de relações públicas farão, em todo o País, promoções que de qualquer modo assinalem e festejem o transcurso da efeméride

Interessante observar que a iniciativa de se criar esse dia aconteceu no limiar da redemocratização do País, o que prova a perspicácia e a preocupação dos dirigentes da Associação Brasileira de Relações Públicas daquela época em revitalizar e legitimar a atividade, que foi, praticamente, sufocada durante 20 anos pelo regime militar.

Faz, portanto, 23 anos que a ABRP se preocupou em criar o Dia Nacional de Relações Públicas, convicta de que a comemoração desta data viria fortalecer a atividade, valorizá-la e dar-lhe a necessária visibilidade pública por meio de promoções oficiais que deveriam ser desenvolvidas pelas entidades a ela ligadas.

Viria ainda intensificar a união dos profissionais em torno de um objetivo comum – afirmar de maneira positiva a importância e o papel das relações públicas na construção de uma nova sociedade democrática.

O aceno ao retorno gradual, mas efetivo, do regime democrático deu novo ânimo às relações públicas, tanto pela expansão da atividade no meio acadêmico, como pela criação de consultorias e agências, que passaram a oferecer livremente às organizações os seus serviços.

Desde esta época, a ABRP e os seus associados passaram a celebrar o dia dois de dezembro com orgulho e entusiasmo por meio de encontros, semanas, seminários e outros eventos.

A preocupação era somar forças, unir e não dispersar. Aproveitar a data para promover as relações públicas nas organizações e na sociedade como uma atividade capaz de contribuir, pela união e o trabalho de seus profissionais, para a consolidação da nova sociedade que surgia.

Esse espírito de união corporativa é o que deveria ter persistido até o presente para dar credibilidade e legitimidade ao exercício pleno da atividade.

O Dia Nacional das Relações Públicas é o dia dois de dezembro, conforme diz a lei. Seguindo a recomendação legal, hoje é também comemorado e apoiado pelo Sistema Conferp/Conrerps e pelo Sindicato da categoria.

Todas essas entidades querem que seus associados unam-se em prol de uma mesma causa, dos mesmos objetivos para que as relações públicas sejam cada vez mais reconhecidas e praticadas pelos empresários brasileiros.

Fonte: UFGNet/ www.ufma.br/www.portal-rp.com.br/www.usp.br/www.sinprorp.org.br/www.conrerp.org.br

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