Dia da Unidade Humana

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Diversidade na escola

Pensar sobre esse tema nos leva a imaginar sobre as diversas expressões culturais existentes, e nos remete a propor uma definição sobre cultura. Segundo Chauí (1995, pg. 50) “A cultura é a criação coletiva de idéias, símbolos e valores pelos quais uma sociedade define para si mesma o bom e o mau, o belo e o feio, o justo e o injusto, o possível e o impossível, o inevitável e o casual, o sagrado e o profano, o espaço e o tempo.

A cultura se realiza porque os seres humanos são capazes de linguagem, trabalho e relação com o tempo.

A cultura se manifesta como a vida social, como a criação de obras de pensamento e de arte, como vida religiosa e política.”

A diversificada forma de manifestação cultural que o indivíduo apresenta em sociedade, vem atravessando fases de transformações sociais que exige de cada um de nos, maturidade e respeito diante das diferenças apresentadas.

Os pressupostos culturais diversos e a dinâmica da transformação cultural é notório, e algumas classes sociais (deficientes, indígenas, negros etc.) tem sido de alguma forma alvo de escárnio por algum grupo que se julga muitas vezes a voz da expressão moral, os quais tem estabelecido normas e condutas que devem ser observadas como padrão.

Nestes casos, o respeito às diferenças não tem sido levado em consideração, à diversidade tem sido vista como algo de horror e uma afronta aos bons costumes, surgindo com isso à discriminação e o preconceito, onde alguns são excluídos, são considerados seres inferiores e sem expressão social, por isso indigno de todo respeito que um cidadão merece.

Pensar em Diversidade é compreender que somos diferentes uns dos outros, é perceber que as diferenças existentes precisam ser superadas pelo respeito, e que temos muito que aprender com as diferenças. Nesta proposta de transformação, a escola poderá ser um canal na minimização do preconceito e discriminação, mas nem sempre isto é visto na prática.

Em muitas situações os professores não são capacitados para lidar com as adversidades e preconceitos existentes no dia a dia em sala de aula, com isso seus medos e preconceitos, por si só, é suficiente para que o aluno se exclua.

Uma educação não excludente e que trabalhe com o objetivo de mitigar as diferenças existentes, não é tarefa simples, requer qualificação por parte do educador, pois para saber lidar com as adversidades é necessário conhecer e compreender como elas se manifestam e em que contexto.

Portanto o educador que acolhe seus alunos, deverá ser um professor reflexivo que percebe e respeita as diferenças de cada um, que promova um ambiente de igualdade, sem limites de fronteiras, e propicia uma segurança que refletirá em um melhor e maior desenvolvimento intelectual do educando.

O respeito à diversidade precisa ser levado em consideração pelo professor como algo primordial, imprescindível em seu trabalho pedagógico, posto que, como assevera Morin: “Cabe à educação do futuro cuidar para que a idéia de unidade da espécie humana não apague a idéia de diversidade e que a da sua diversidade não apague a da unidade. […] É a unidade humana que traz em si os princípios de suas múltiplas diversidades. Compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade, sua diversidade na unidade”.

Portanto faz-se necessário pensar a educação escolar como um ambiente social de diferentes comportamentos, saberes e linguagens, com a finalidade de promover uma educação verdadeiramente democrática e cidadã.

História

Falar em unidade humana é quase uma redundância, já que a humanidade, por toda sua história, demonstra ter a união como valor inerente aos seus desdobramentos. Desde os primórdios, nós nos organizamos em tribos, em grupos…para o homem, é praticamente impossível viver só. A família, os amigos, os colegas formam círculos de convivência dos quais dependemos e sentimos falta.

Estudos de longa data demonstram que faz parte do convívio social a formação de vínculo afetivo construído inicialmente em casa com os pais. Posteriormente, este modelo de contato é utilizado para as outras relações, em seus vários níveis. Integrar pessoas, portanto, é abrir canais afetivos, que comunicam, todo momento, o que sentimos e como somos.

Deve-se aceitar e permitir que a maravilhosa, rica e plena diversidade humana floresça em liberdade completa, alcançando ao mesmo tempo uma unidade interior e experimentando uma sociedade unificada e harmoniosa. Há momentos em que a mistura humana parece demasiada, complexa demais, quando tensões ocultas vêm à tona ou antigos padrões de comportamento predominam. Mas na realidade esta mistura é perfeita. Fomos feitos para viver em união.

Cultura de paz e ações sócio-educativas: desafios para a escola contemporânea.

A paz não pode ser apenas garantida pelos acordos políticos, econômicos ou militares. No fundo, ela depende do comprometimento unânime, sincero e sustentado das pessoas. Cada um de nós, independentemente da idade, do sexo, do estrato social, crença religiosa ou origem cultural é chamado à criação de um mundo pacificado .

As palavras do Diretor Geral da UNESCO, Koïchiro Matsuur, pretendem mostrar a necessidade e importância de estarmos engajados no movimento pela Paz, construindo uma Cultura que permita conjugar atitudes individuais e coletivas em prol do bemestar dos cidadãos e do desenvolvimento humano.

Mas, o que significa Cultura da Paz?

Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças e os adultos de uma compreensão dos princípios e respeito pela liberdade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, individual e coletiva, da violência que tem sido parte integrante de qualquer sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da paz pode ser uma resposta a diversos tratados, mas tem de procurar soluções que advenham de dentro da (s) sociedade (s) e não impostas do exterior.

Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado em seu sentido negativo, quando se traduz em um estado de não-guerra, em ausência de conflito, em passividade e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, condenada a um vazio, a uma não existência palpável, difícil de se concretizar e precisar. Em sua concepção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática da não-violência para resolver conflitos, a prática do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrática frente à vida, que pressupõe a dinâmica da cooperação planejada e o movimento constante da instalação de justiça.

Uma cultura de paz implica no esforço para modificar o pensamento e a ação das pessoas no sentido de promover a paz. Falar de violência e de como ela nos assola, deixa de ser a temática principal. Não que ela vá ser esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia-a-dia e temos consciência disto. Porém, o sentido do discurso, a ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de palavras e conceitos que anunciem os valores humanos que decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A violência já está bastante denunciada, e quanto mais falamos dela, mais lembramos sua existência em nosso meio social e ambiental. É hora de começarmos a convocar a presença da paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.

Um dos primeiros passos neste sentido, refere-se à gestão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencialmente violentos e reconstruir a paz e a confiança entre pessoas emergentes de situação de guerra, é um dos exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão estende-se às escolas, instituições e outros locais de trabalho por todo o mundo, bem como aos parlamentos e centros de comunicação, a lares e associações.

O conflito é um processo natural e necessário em toda sociedade humana, é uma das forças motivadoras da mudança social e um elemento criativo essencial nas relações humanas.

Um outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento sustentado e o respeito pelos direitos humanos, reforçando as instituições democráticas, promovendo a liberdade de expressão, preservando a diversidade cultural e o ambiente.

A cultura da paz está pautada em valores humanos que precisam ser colocados em prática, a fim de passarem do estado de intenção para o exercício da ação, transformando-se, concretamente, em atos. Tais valores, que se traduzem em éticos, morais e estéticos, nos encaminham para o despertar de expressões de amor e manifestações de respeito, que têm estado adormecidas, nos últimos tempos.

Os homens, ao definirem sua posição em relação ao amor, tradicionalmente têm definido também sua posição diante da vida, daí a importância do mesmo, já que esta necessidade claramente humana não se expressa exclusivamente no amor conjugal … mas inclui, além disso, o amor aos filhos, aos pais, aos amigos, à pátria e outras formas de manifestação desse afeto que se encontra na base do comportamento humano.

O amor, em seus diversos modos, vem sendo relegado a um segundo plano, pelas pessoas que acabam priorizando a necessidade de obter êxito em seu trabalho ou de resolver as dificuldades da vida diária. O que tem provocado, por uma lado, ignorar o próprio potencial que temos para amar, e por outro, minimizar sua importância. Mostrar, livre e sem inibição, nossa capacidade de amar tem sido uma tarefa das mais difíceis, atualmente.

Isto porque, idiosincrasias e identidades nacionais, além de influências sociais, acrescidas da idade, sexo, escolaridade, ocupação e outros constituintes da especificidade psicológica de cada um, repercutem sobre o modo como assumimos o amor. Assim, ele pode ser considerado como uma parte especial da cultura contemporânea, na qual encontram-se uma série de valores, atitudes e formas de comportamento.

O amor é um sentimento que se caracteriza por envolver a personalidade como um todo, traduzindo-se em valorização pessoal e auto-estima. Ou seja, se converte em um motor que impulsiona e regula a conduta de alguém no sentido de compelir à realização ou propor coisas que antes não eram sequer cogitadas.

Obviamente, não podemos perder de vista nosso contexto atual, pois, não há dúvida, que os processos de automação, a velocidade do cotidiano e, de um modo geral, os complexos e ameaçadores tempos que vivemos, estão latentes em nossa subjetividade e possuem um valor estressante, modificando a atitude e concepção do fenômeno amoroso. A isto se juntam velhos vícios que, ainda hoje, permeiam a educação e a orientação que os pais dão aos filhos, educando a menina e o menino com padrões psicológicos e morais totalmente diferentes. O que acaba se estendendo aos contextos escolares e funcionando como impedidores da manifestação do amor em sua versão mais simples.

Compreendemos que é imprescindível que os meios de comunicação maciça, as escolas e universidades, assim como todos os que, a título individual ainda acreditam na necessidade deste sentimento, divulguem-no, educando e propagando-o sob formas de intercâmbio e comunicação entre casais, entre pais e filhos, com o resto da família e a sociedade em geral. O amor, entendido como um componente essencial da cultura é, não só, causador de um desfrute estético para quem o possui, como também provoca o bem-estar físico, psíquico e social, transformando-se em um poderoso meio promotor de saúde e autodesenvolvimento humano.

É então no entrelaçamento paz – desenvolvimento – direitos humanos – democracia, que podemos vislumbrar a Educação para a Paz.

… Um processo educativo, dinâmico, contínuo e permanente, fundamentado no conceito de paz positiva e na perspectiva criativa do conflito, como elementos significantes e definidores, e que, através da aplicação de enfoques sócio-afetivos e problematizantes, pretende desenvolver um novo tipo de cultura, a cultura de paz, que ajude as pessoas a desvelar criticamente a realidade para poder situar-se frente a ela e, conseqüentemente, atuar.

Complexidade e Transdisciplinaridade

O paradigma da complexidade … incita a distinguir e fazer comunicar, em vez de isolar e de separar, a reconhecer os traços singulares, originais, históricos dos fenômenos, em vez de ligá-los pura e simplesmente a determinações ou leis gerais, a conceber a unidade- multiplicidade de toda entidade, em vez de a heterogeneizar em categorias separadas ou de a homogeneizar em indistinta totalidade.

As palavras de Morin nos levam a refletir sobre a necessidade de serem pensados, cientificamente e com consciência, os princípios que regem nossas práticas, seja em pesquisa ou estudos, seja no cotidiano. Um outro olhar está convocado a ser posto sobre o que fazemos ou investigamos.

Alguns componentes deste desafio, e que podem ser nominados de Constituintes da Complexidade, são fundamentais para o nosso propósito imediato. A começar queremos chamar a atenção para a insuficiência do Princípio da Universalidade, que, partindo de concepções generalizadoras, estabelece como referência o que é homogêneo, nivelando e criando padrões a serem seguidos e ou acreditados como definitivos, sem que a relação espaço-temporal tenha qualquer relevância. Por outro lado, impede que sejam consideradas as diferenças como informações importantes e necessárias, para dedicar-lhe o status de insuficientes ou anômalas.

Não podemos mais deixar de ter em conta a referência e a interferência da história e seu percurso; os atravessamentos sócio-culturais, político-econômicos não só pertencem, como integram a constituição e o desenvolvimento humanos. Logo, nos deparamos com a impossibilidade utilizar apenas o universal como parâmetro, pois que o dado singular também marca a sua presença. Em uma palavra, universal e singular coexistem. Assim, torna-se impraticável isolar unidades, pois elas já são dotadas de multiplicidade.

Seguindo esta diretriz, podemos perceber que a relação causal de condução linear, ou seja, a premissa “se isto, então aquilo”, dá lugar a uma outra lógica de pensamento regida pelo princípio da endoexocausalidade. Isto é, a ênfase está no que se constrói a partir da relação entre o que é interno, individual, e o que é externo, coletivo. Assim, o critério de previsibilidade que oferece condição para a ciência controlar os fenômenos, necessariamente tropeça na imprevisibilidade que se efetiva como fato. E acontecimentos inesperados se colocam como pregnantes e indispensáveis de serem analisados.

Tais pressupostos viabilizam abordar a diversidade cultural em bases que acompanham o rigor de qualquer estudo científico, sem engessá-la ou tentar enquadrá-la em modelos tradicionalmente instituídos como dotados de credibilidade. Para o ser humano, ainda que pareça uma aventura, passa a ser condição “sine qua non” reconhecer-se em sua humanidade e, ao mesmo tempo, reconhecer a diversidade cultural inerente a tudo o que é humano. Deste modo, ele é singular e múltiplo em sua existência.

Os que vêem a diversidade das culturas tendem a minimizar ou a ocultar a unidade humana; os que vêem a unidade humana tendem a considerar como secundária a diversidade das culturas. Ao contrário, é apropriado conceber a unidade que assegure e favoreça a diversidade, a diversidade que se inscreve na unidade.

Responder a pergunta sobre “Quem somos?” não pode estar separado de onde estamos, de onde viemos e para onde vamos. Em outras palavras, a unidade humana não está só no fato de pertencer à espécie e a diversidade humana não se encontra apenas nos conteúdos psicológicos, culturais, sociais, políticos, religiosos, mas é no movimento de entrelaçar todos os componentes que se constrói a rede interativa característica do desenvolvimento, verdadeiramente, humano.

O ponto de partida de que falamos, pressupõe uma maneira de funcionar que possa legitimar sua proposta, estabelecendo métodos de proceder que unam a suposta teoria com a prática. Obviamente, este outro modo de perceber o ser humano carece de uma metodologia para abordá-lo e, por extensão o seu entorno, que leve em conta o que está para além de cada uma destas instâncias. Ou seja, ter a visibilidade do que transcende uma e outra, não sendo possível estudar separadamente cada facção, ou mesmo imprimir como determinante alguma das partes. Em uma palavra, utilizar a perspectiva transdisciplinar.

Lançando mão do velho exemplo culinário para ilustrar o que dizemos, vamos descascar algumas frutas (banana, laranja, mamão e pêra, por exemplo), cortá-las em pedaços e colocá-las em um recipiente. Ao misturá-las, temos uma salada de frutas. Esta sobremesa, de sabor próprio, mantém seus constituintes reconhecíveis e, caso não se goste de alguma das frutas, podemos separá-la, e não comê-la. Caracterizamos com isto, a possibilidade de desconsiderar algo que pertence ao prato servido, ou priorizar uma parte para saborear.

Agora, em vez de misturar os pedaços de frutas em um recipiente, vamos colocá-los no copo do liqüidificador e ligá-lo, fazendo uma vitamina. O que podemos constatar? A composição é outra e apresenta um novo sabor. As frutas que lá estão e que permanecem sendo as que coloquei na mistura anterior (banana, laranja, mamão e pêra, por exemplo), estão entrelaçadas de tal forma que não é possível separálas, eliminar alguma delas, ou priorizar qualquer uma das partes que constitui o composto, que é único e múltiplo a um só tempo. As frutas estão para além delas mesmas, transcendendo uma a outra.

Com tal ilustração pretendemos apontar que a transdisciplinaridade se mostra como uma perspectiva metodológica possível para estudarmos o ser humano em sua amplitude, porque ela nos permite abordá-lo em sua complexidade, considerando a coexistência do que é individual e coletivo, singular e plural, específico e geral, respeitando a rede de interações que constituem a teia da própria vida.

Ações Sócio-Educativas

O princípio que inspira as ações sócio-educativas parte do reconhecimento das diferenças entre pessoas e grupos. Ele vai nos dar a chave para realizar uma ação conjunta com todas as partes implicadas, para efetuar mudanças que incidam sobre a melhora da qualidade de vida. Fomentando a consciência crítica e favorecendo a transformação social, o processo educativo passa a ser responsabilidade não só das pessoas diretamente envolvidas com ele (pais e filhos, professores e alunos…), mas também da comunidade a que pertencem. Intervenção que teria como finalidade possibilitar e promover estilos de vida alternativos, que favoreceriam o crescimento pessoal, tanto individual como o coletivo, ajudando e apoiando os menores e os jovens a realizar eleições responsáveis positivas e críticas.6

A implantação de ações sócio-educativas deve envolver mulheres e homens de todos os níveis da sociedade numa larga e cruzada rede de atividades, que permitam colocar em prática os pressupostos teóricos e os princípios metodológicos que regem a Cultura de Paz.

As bases que alicerçam as ações sócio-educativas estão voltadas a:

Identificar formas de violência. – Adquirir hábitos de discussão e posicionamento crítico em relação às realidades sociais passadas e atuais. – Desenvolver o espírito de tolerância e a capacidade de diálogo. – Construir um quadro de valores humanistas em que a solidariedade surja como suporte lógico de todos os comportamentos individuais e coletivos.

Desenvolver atitudes de solidariedade em relação ao “outro”: indivíduo, povo, cultura. – Adquirir hábitos de discussão e posicionamento crítico face a outros povos. – Identificar situações de violação dos direitos humanos.

Identificar as “justificativas” para atentados à liberdade individual e refletir sobre as mesmas.

Contribuir para a conscientização do papel de cada um e de todos no combate às diferentes formas de discriminação. – Identificar meios e profissionais da comunicação social que servem à defesa dos direitos dos cidadãos.

Identificar indicadores de violência – Relacionar o saber científico com as vivências sociais

Promover hábitos de pesquisa

Clarificar conceitos

A Educação para a Paz está – tem de estar – presente em todas as palavras, todas as atitudes, todos os momentos de todos os dias.

Como podem as idéias e os ideais ligados pela expressão “Cultura de Paz” serem transformados em políticas e ações, públicas e privadas, que mudem as vidas, onde quer que elas sejam ou estejam?

Esta pergunta, que nos inquieta a todos, pode ser respondida com sugestões a serem exercidas na prática educativa, que têm como principal argumento as informações advindas do cotidiano. Tais ações, tipicamente sócio-educativas, estão pautadas na singularidade do desenvolvimento humano sustentado pela interação sujeito-mundo, a qual nos permite compreender a proposta pedagógica de Paulo Freire, por um lado, e as concepções psicológicas de Vigotski, por outro, proporcionando uma interpenetração pertinente à visão transdisciplinar.

A ação educativa de alfabetizar como compreensão “da palavra e do mundo” (o texto e o contexto), por exemplo, se converte em praxis transformadora, porque, ao tomar conhecimento daquilo que o rodeia, o homem passa da esfera mecânica e passiva de apreensão da realidade para a dimensão crítica e participativa, na qual a consciência aflora como fruto do processo de ação-reflexão.

A definição de Desenvolvimento Humano sugerida por Vigotski, sustentada pela interação das instâncias psicológicas, antropológicas e orgânicas, permite vislumbrar o sujeito em sua complexidade. Ademais, o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, definido também por ele, admite como ponto de partida, acreditar que somos dotados de potencialidades que, ao serem estimuladas, favorecem o aparecimento de manifestações imprevisíveis, inesperadas, alimento de nossa criatividade.

A ação sócio-educativa baseada na interlocução Freire-Vigotski, advém do diálogo acerca dos problemas das pessoas, favorecendo a que elas expressem o mundo em que vivem a partir do seu modo de concebê-lo. E, nesta interação, tomar consciência do que é vivido pelo próprio grupo e a realidade concreta do dia-a-dia que o cerca. Assim, a ação sócio-educativa se efetiva através de dois princípios: o da realidade objetiva e o do interesse individual/coletivo. Toda ação educativa pretende alcançar um fim, um objetivo que não permite a neutralidade.

Os principais problemas da educação não são exclusivamente questões pedagógicas, mas também questões políticas.

No caso dos jovens, quando começam a não ir mais para a escola, quando a terminam mais mal do que bem e não têm perspectivas nem formativas, nem de trabalho, quando em seu grupo social restrito vivem como algo “normal” o estar sem fazer nada, isto gera um cotidiano isento de normas, de responsabilidade e de preocupações.

Quando estes adolescentes e jovens, pontualmente algum(a) menor, interiorizam, estas formas de funcionamento em que se sentem livres das normas e limites do sistema social, sem se dar conta de que outras normas e outros limites estão movendo suas atuações, quando a rua se converte para eles(as) em um espaço enganoso de liberdade, educadores e educadoras, temos que recuperar a rua como um espaço livre e educativo. Educativo não no sentido que eles rechaçam, mas no de recuperar e reconstruir aqueles valores positivos, como a solidariedade e o companheirismo, que vão sendo esquecidos, ou quando existem, estão sendo manipulados pelas circunstâncias do próprio contexto; de torná-los conscientes da realidade “tão pouco livre” que vivem; de viabilizar alternativas para suas necessidade, carências e problemáticas. Mas, fundamentalmente, no sentido de conhecerem possibilidades diferentes de relação e atuação, em que é possível expressarem suas opiniões, transformando-se assim em protagonistas de suas próprias vidas.

Deste modo, um dos passos para que o jovem se perceba socialmente produtivo é permitindo que participe do mercado de trabalho a partir de sua profissionalização. Entretanto, para que esta escolha seja valorizada, ela deve estar vinculada ao interesse do próprio jovem, ao respeito por sua opção de carreira a seguir, e não pela imposição do adulto que não quer mais lhe ver como um indolente. Só assim, eles estarão reconhecendo a existência de suas potencialidades, se apropriando de suas capacidades, seus afetos, modos de comportamento mais positivos, mais humanos, que transcendem a sua pessoa e o seu entorno.

A perspectiva preventiva da ação sócio-educativa se faz a partir do momento em que é possível utilizar outras formas de se relacionar, de atuar e participar, ocorrendo uma leitura nova e positiva da bagagem pessoal que cada um traz consigo.

Em resumo, esta ação quando pretende estimular as potencialidades do jovem, despertando e favorecendo seu papel de protagonista

Constitui o momento do processo educativo no qual se vão traçar objetivos educativos que impliquem em responsabilidade, organização, normas e limites na convivência, no compartilhar … e tudo isto com a finalidade de que descubram outras experiências que lhes façam sentir-se pessoas com capacidade de opção.

REFERÊNCIAS

Arquero, M. (1998). Educación de calle: hacia un modelo de intervención en marginación juvenil. 2.ed. Madrid: Editorial Popular.

Jares, X.R. (1999). Educación para la paz: su teoría e prática. 2.ed.Madrid: Editorial Popular.

Lara, I. S. & Silva, M. M. (2000). Por uma pedagogia para a não violência. Porto: Profedições Ltda.

Morin, E. (1996). Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Morin, E. (2000). Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez.

Ortiz, F. C. & Ortiz, R.P. (20001). Amor vs amor. Cuba: Ed. Puebloy Educación.

Osorio, A. R. (2001). Conocer para transformar. Encarte. Barcelona: Cisspraxis.

Vygotsky, L. (1988). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes.

A unidade humana, sem a consciência do indivíduo, seria somente a expressão de um rebanho. O plano de Deus para a evolução progride mediante a expansão da consciência, até incorporar as mais amplas e inclusivas esferas do ser.

Os sábios antigos sempre ensinaram que a evolução da humanidade não se desenvolve, simplesmente, por acidente ou casualidade, mas sob o esboço de um plano e desejo concebidos por Deus e reconhecidos pelas mentes humanas, que são receptivas à sua impressão. Diziam que o plano, para esse particular ciclo da história humana, tem três objetivos: elevar o nível da consciência humana, aclarar a situação internacional por meio do estabelecimento de justas relações entre as nações do mundo e promover o crescimento da idéia de grupo.

A exigência de liberdade, elemento tão inerente ao pensamento e aspiração humanos, é um passo necessário na evolução. Entretanto, quando está erroneamente orientada, a busca da liberdade pode se manifestar no desejo de ser independente do todo e na ênfase sobre a diferença dos demais. Isso conduz a um potencial para o que é, segundo se diz, o único e verdadeiro mal: a separatividade.

Partindo dessa premissa, há que se integrar o valor do indivíduo à realidade da humanidade. Existe um curioso atributo da natureza humana: a necessidade de se auto- definir, definir a própria identidade, por parte de um grupo maior e separado. De alguma maneira, às vezes, parece que a reação da humanidade ante a globalização é o desenvolvimento de uma consciência tribal – uma visão cada vez mais estreita do que constitui o próprio grupo, sua própria identidade e filiação.

A globalização diz respeito, essencialmente, aos níveis externos dos acontecimentos mundiais. Não obstante, se a humanidade responder sabiamente a tal fenômeno, despertará para a percepção da unidade que pulsa em toda a vida. A raça humana deve sempre desenvolver o sentido de universalidade da unidade humana.

Assim poderemos contemplar o desenvolvimento do plano de Deus, na expansão da consciência, revelada pela crescente disponibilidade da educação de massa e do reconhecimento, cada dia mais amplo, de culturas e experiências de indivíduos, cujas vidas são muito diferentes das nossas.

Verificamos, também, que a globalização, de algum modo, está ocorrendo antes que o sentido de universalidade esteja suficientemente ancorado na consciência humana. O impacto que exerce o sentido da totalidade sobre a consciência, ainda que assustador, é profundamente reconfortante, pois, apesar de estarmos submersos no todo, não perdemos nossa identidade.

A onda de globalização das últimas décadas é somente o começo. Não sabemos, realmente, aonde estamos indo, mas é claro que a humanidade determinará o seu destino em coletividade.

Fonte: www.cead.ueg.br/Auroville International/pepsic.bvs-psi.org.br/www.quiosque.com.br

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