Dia Mundial da Saúde Mental

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10 de Outubro

O tema principal do Dia Internacional da Saúde Mental, a coexistência de doenças físicas e mentais, reflete bem a realidade da experiência das pessoas.

Apesar de tendermos a considerar cada doença isoladamente, as pessoas são, com frequência, afetadas por múltiplas enfermidades. Para muitos, sofrer de uma doença mental e física ao mesmo tempo é o mais comum. Esta realidade é especialmente prejudicial para certos setores da população como as pessoas idosas e os pobres, uma vez que as doenças tendem a aumentar e a agravar-se com a idade e em consequência de condições de vida desfavoráveis. A explosão mundial do HIV/AIDS (VIH/SIDA), o ressurgimento de causas de mortalidade como a tuberculose e o aparecimento de novas infeções sublinharam a relação entre doenças físicas, por um lado, e depressões, por outro. Daqui resultam outras complicações, uma vez que, em algumas pessoas afetadas por uma doença física, uma perturbação mental não só aumenta o grau de sofrimento como as torna menos capazes de manter um tratamento.

É evidente que, ao tratar uma doença, obteremos melhores resultados considerando o indivíduo como um todo, em vez de cuidarmos apenas de partes desse todo. Este fato requer que os que prestam cuidados de saúde – mental e física – trabalhem conjuntamente, concentrando as suas responsabilidades e pontos fortes individuais numa ação de cooperação.

Neste Dia Internacional de Saúde Mental, assumamos o compromisso de tratar as pessoas e não apenas algumas partes delas.

Todos os anos, no dia 10 de outubro, a Organização Mundial de Saúde se une para celebrar o Dia Mundial da Saúde Mental.

O dia é comemorado por iniciativa da Federação Mundial de Saúde Mental e da OMS apoia esta iniciativa através da conscientização sobre as questões de saúde mental, utilizando suas fortes relações com os Ministérios das organizações da sociedade civil e de saúde em todo o mundo.

O Dia Mundial da Saúde Mental, também é apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), é realizada anualmente no dia 10 de outubro para sensibilizar o público sobre problemas de saúde mental em todo o mundo. Este evento promove discussões abertas sobre doenças, bem como os investimentos em serviços de prevenção e tratamento.

O que é a Saúde Mental?

É sentirmo-nos bem connosco próprios e na relação com os outros. É sermos capazes de lidar de forma positiva com as adversidades. É termos confiança e não temermos o futuro.

Mente sã em corpo são!

A saúde mental e a saúde física são duas vertentes fundamentais e indissociáveis da saúde.

Problemas de saúde mental mais frequentes

Ansiedade

Mal-estar psicológico ou stress continuado

Depressão

Dependência de álcool e outras drogas

Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia

Atraso mental

Demências

Estima-se que em cada 100 pessoas 30 sofram, ou venham a sofrer, num ou noutro momento da vida, de problemas de saúde mental e que cerca de 12 tenham uma doença mental grave.

A depressão é a doença mental mais frequente, sendo uma causa importante de incapacidade.

Em cada 100 pessoas, aproximadamente, 1 sofre de esquizofrenia.

Quem pode ser afetado

A o longo da vida, todos nós podemos ser afetados por problemas de saúde mental, de maior ou menor gravidade. Algumas fases, como a entrada na escola, a adolescência, a menopausa e o envelhecimento, ou acontecimentos e dificuldades, tais como a perda de familiar próximo, o divórcio, o desemprego, a reforma e a pobreza podem ser causa de perturbações da saúde mental.

Fatores genéticos, infecciosos ou traumáticos podem também estar na origem de doenças mentais graves.

Falsos conceitos sobre a doença mental

A s pessoas afetadas por problemas de saúde mental são muitas vezes incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou marginalizadas, devido a falsos conceitos, que importa esclarecer e desmistificar, tais como:

As doenças mentais são fruto da imaginação;

As doenças mentais não têm cura;

As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes, preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas.

Estes mitos, a par do estigma e da discriminação associados à doença mental, fazem com que muitas pessoas tenham vergonha e medo de procurar apoio ou tratamento, ou não queiram reconhecer os primeiros sinais ou sintomas de doença.

O tratamento deverá ser sempre procurado, uma vez que a recuperação é tanto mais eficaz quanto precoce for o tratamento.

Mesmo nas doenças mais graves é possível controlar e reduzir os sintomas e, através de medidas de reabilitação, desenvolver capacidades e melhorar a qualidade de vida.

Todos nós podemos ajudar

Não estigmatizando;

Apoiando;

Reabilitando;

Integrando

Integração das pessoas com doença mental

Os indivíduos afetados por problemas de saúde mental são cidadãos de pleno direito. Não deverão ser excluídos do resto da sociedade, mas antes apoiados no sentido da sua plena integração na família, na escola, nos locais de trabalho e na comunidade.

A escola deverá promover a integração das crianças com este tipo de perturbações no ensino regular.

Deverão ser criadas mais oportunidades no mundo do trabalho para as pessoas portadoras de doença mental.

O envolvimento das famílias nos cuidados e na reabilitação destas pessoas é reconhecido como fator chave no sucesso do tratamento.

Para manter uma boa saúde mental

Não se isole

Reforce os laços familiares e de amizade

Diversifique os seus interesses

Mantenha-se intelectual e fisicamente ativo

Consulte o seu médico, perante sinais ou sintomas de perturbação emocional.

Não seja espectador passivo da vida!

Contribua para promover a sua saúde mental e a dos outros!

CUIDAR SIM EXCLUIR NÃO

10 de Outubro

Dia Mundial da Saúde Mental (10 de Outubro) é um dia para o global de saúde mental a educação, a consciência e a defesa.

Foi celebrado pela primeira vez em 1992 por iniciativa da Federação Mundial para Saúde Mental, uma organização de saúde mental global, com membros e contatos em mais de 150 países.

Este dia, a cada outubro milhares de simpatizantes vêm para celebrar este programa anual de conscientização para chamar a atenção à doença mental e seus principais efeitos sobre a vida das pessoas em todo o mundo.

I

O Dia Mundial da Saúde Mental convida-nos a refletir sobre as necessidades especiais de algumas das pessoas mais vulneráveis do mundo: as crianças e adolescentes que sofrem de perturbações mentais, de perturbações do comportamento ou de perturbações emocionais.

Compreende-se cada vez melhor que o sofrimento ligado a estas doenças compromete o desenvolvimento saudável e o bem-estar das crianças e adolescentes do mundo inteiro. Estes jovens, que já são tão profundamente vulneráveis, podem ser alvo de rejeição social e de discriminação, ser privados dos cuidados de que necessitam e de oportunidades de educação adequada e nunca terem a possibilidade de construir o futuro, tal como todos os jovens merecem.

Tanto os países em desenvolvimento como os países desenvolvidos têm o dever de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para atenuar essas dificuldades, melhorando o diagnóstico e o tratamento bem como a sensibilização do público e a educação. Os governos devem estar à altura do dever estabelecido na Convenção sobre os Direitos da Criança — o instrumento jurídico internacional mais ratificado da história — de assegurarem “o desenvolvimento da personalidade da criança, dos seus dons e das suas aptidões mentais e físicas, na medida das suas potencialidades”.

Neste Dia Mundial da Saúde Mental, reafirmemos a nossa determinação de fazer valer os direitos das crianças que são enunciados na Convenção. Prometamos prestar à saúde mental dos jovens toda a atenção que merece.

II

O Dia Mundial da Saúde Mental é dedicado aos efeitos dos traumas e da violência nas crianças e nos adolescentes. Para milhões de jovens de todo o mundo, a violência está presente na sua infância e adolescência sob a forma de maus tratos e de abandono, de violência sexual ou de bandos de rua. Em vários países, essa violência está a aumentar. As taxas mundiais de homicídio aumentaram para mais do dobro desde 1985.

A violência deixa sempre cicatrizes, mas muitas delas são difíceis de detectar à superfície. As crianças e adolescentes não precisam ser atingidas por uma bala ou agredidas fisicamente, para sofrer danos permanentes. Quando os vizinhos são baleados, quando as mães são espancadas, quando a sociedade vive sob a ameaça constante do crime ou da guerra, as crianças podem apresentar as marcas desse sofrimento durante muito tempo. Muitas vezes lutam sozinhas, pois a família e os amigos ignoram a situação difícil em que se encontram ou não as podem ajudar.

Temos de romper o silêncio que rodeia toda esta questão e ajudar a compreender melhor o que se pode fazer para ajudar os que são afetados por ela. Mediante o recurso de intervenções inovadoras, dando formação aos trabalhadores do setor da saúde, para que reconheçam os sinais de traumas e depressão, ajudando as famílias a apoiarem os seres que amam, eliminando o estigma associado às perturbações mentais e falando abertamente sobre os custos reais da violência para os jovens, podemos dar um contributo decisivo. Que este Dia Mundial da Saúde Mental sensibilize para a urgência dessa missão.

10 de Outubro

O termo ‘doença mental’ ou trastorno mental engloba um amplo espectro de condições que afetam a mente. Doença mental provoca sintomas tais como: desequilíbrio emocional, distúrbio de conduta e enfraquecimento da memória. Algumas vezes, doenças em outras partes do corpo afetam a mente. Outras vezes, desconfortos escondidos no fundo da mente, podem desencadear outras doenças do corpo ou produzir sintomas somáticos.

As perturbações psiquiátricas são muito diversas nas suas manifestações, tanto nas vivências como nos comportamentos. Receios irracionais vividos com grande dramatismo, estados de tristeza intensa e profundo desânimo, experiências fora do normal, estranhas para o próprio e para os outros, revelam a complexidade da mente humana e a sua fragilidade.

O Dia da Saúde Mental foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com o propósito de mudar nossa forma de ver as pessoas com doenças mentais. Em todo o mundo, um bilhão de pessoas sofrem de doenças mentais e transtornos neurológicos no mundo todo, segundo um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Algumas das doenças mentais mais comuns são as esquizofrenias, Alzheimer, epilepsias e alcoolismos. A OMS trabalha para melhorar a qualidade de vida dos doentes mentais, bem como de seus familiares e de todas as pessoas ao seu redor.

As notícias positivas são que tratamentos adequados e de bom custo-benefício estão disponíveis, e que soluções para lidar com os problemas de desordens mentais existem.

Transtornos mentais são reais, diagnosticáveis, comuns e universais. Se não tratados, podem produzir sofrimento e graves limitações nos indivíduos, além de perdas econômicas e sociais. Prevenção e tratamento são possíveis, mas muitas pessoas não são corretamente tratadas. Uma política nacional bem definida e programas de promoção de saúde mental e controle dos referidos transtornos são soluções plausíveis e eficazes para a população.

Novas oportunidades estão surgindo para entender o funcionamento cerebral. Investimentos em pesquisas, as neurociências e as ciências sociais, abrirão novas frentes para se entender e cuidar de pessoas que tenham transtornos mentais. Colaboração internacional em pesquisa e treinamento têm importância vital para desenvolvimento de programas de saúde mental em todos os países.

Saúde Mental como prioridade: melhoria dos serviços com participação social e cidadania

No Brasil, a Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde propõe o debate sobre a ampliação do acesso à atenção, com foco nas ações da saúde mental na atenção primária e na organização das redes articuladas de saúde. Na oportunidade será realizado um debate sobre o tema, bem como serão apresentadas algumas experiências exitosas de municípios brasileiros que lidam com esses desafios de formas mais efetivas.

Em inúmeras regiões do Brasil, já não são mais as doenças infecciosas os maiores problemas sanitários. As doenças crônico-degenerativas e as mentais representam o maior fardo social e econômico, segundo estudos da OMS. A saúde mental mostrou ser de grande preocupação dessa instituição, já que o Dia Mundial da Saúde de 2001 elegeu o assunto como pauta, sob o mote: “Excluir, não. Cuidar, sim”.

O Brasil – precisamente a psiquiatria e o movimento de saúde mental – adquiriu incontestável liderança latino-americana e respeitável renome internacional. A participação do governo brasileiro em reuniões que resultaram na Declaração de Caracas de 1990, sobre a reforma psiquiátrica, e a adoção da Resolução CD40-R19 do Conselho Diretivo da OPAS, sobre cuidados de saúde mental, confirma que a posição das bases tem o respaldo das mais altas autoridades sanitárias do país.

Estamos profundamente preocupados – e com razão – com as mortes provocadas pelas guerras, homicídios, terrorismo e outras formas de violência. Contudo, as mortes por suicídio e os fatores que levam a este estão longe de suscitar a atenção suficiente. Há cerca de um milhão de suicídios todos os anos. Se a este número acrescentarmos as numerosas tentativas de suicídio, podemos compreender a dimensão real deste problema de saúde pública e a tragédia humana que causa e afeta, no total, 10 milhões de pessoas.

É animador saber que, hoje, compreendemos melhor os comportamentos suicidas. Isto deveria ajudar-nos a evitar muitas mortes desnecessárias, a proteger as pessoas em risco e a apoiar as famílias que perderam um ser querido.

Um dos principais fatores de risco, no caso do suicídio, é a presença de distúrbios mentais, como a depressão ou a esquizofrenia. Outro é uma tentativa de suicídio anterior, que torna mais urgente a necessidade de garantir uma ajuda rápida e eficaz aos que dela precisam. Mas, apesar de existirem maneiras eficientes e pouco dispendiosas de tratar estes distúrbios, nem todos os que precisam têm acesso a elas. A falta de pessoal qualificado e de medicação é agravada pela ignorância sobre os distúrbios mentais e os comportamentos suicidas bem como pelos estigmas a eles associados.

Se não forem tratadas, as doenças mentais podem ser fatais. Uma das melhores formas de reduzir o catastrófico impacto do suicídio é procurar resolver dentro da comunidade distúrbios mentais que estão intimamente ligados a ela. Neste Dia Mundial da Saúde Mental, prometamos agir inspirados por esta idéia.

Prestemos ao suicídio a atenção que merece.

O tema principal do Dia Internacional da Saúde Mental, a coexistência de doenças físicas e mentais, reflete bem a realidade da experiência das pessoas.

Apesar de tendermos a considerar cada doença isoladamente, as pessoas são, com frequência, afetadas por múltiplas enfermidades. Para muitos, sofrer de uma doença mental e física ao mesmo tempo é o mais comum. Esta realidade é especialmente prejudicial para certos setores da população como as pessoas idosas e os pobres, uma vez que as doenças tendem a aumentar e a agravar-se com a idade e em consequência de condições de vida desfavoráveis. A explosão mundial do HIV/AIDS (VIH/SIDA), o ressurgimento de causas de mortalidade como a tuberculose e o aparecimento de novas infecções sublinharam a relação entre doenças físicas, por um lado, e depressões, por outro. Daqui resultam outras complicações, uma vez que, em algumas pessoas afetadas por uma doença física, uma perturbação mental não só aumenta o grau de sofrimento como as tornam menos capazes de manter um tratamento.

É evidente que, ao tratar uma doença, obteremos melhores resultados considerando o indivíduo como um todo, em vez de cuidarmos apenas de partes desse todo. Este fato requer que os que prestam cuidados de saúde – mental e física – trabalhem conjuntamente, concentrando as suas responsabilidades e pontos fortes individuais numa ação de cooperação.

Neste Dia Internacional de Saúde Mental, assumamos o compromisso de tratar as pessoas e não apenas algumas partes delas.

POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL

BREVE HISTÓRICO

A internação de pessoas portadoras de transtornos mentais no Brasil remonta à metade do Século XIX. Desde então, atenção aos portadores de transtornos mentais foi quase sinônimo de internação em hospitais psiquiátricos especializados.

Cabe ressaltar ainda que a oferta desse atendimento hospitalar concentrou-se nos centros de maior desenvolvimento econômico do país, deixando vastas regiões carentes de qualquer recurso de assistência em saúde mental.

A partir dos anos 70, têm início experiências de transformação da assistência, pautadas no começo pela reforma intramuros das instituições psiquiátricas (comunidades terapêuticas) e mais tarde pela proposição de um modelo centrado na comunidade e substitutivo ao modelo do hospital especializado.

Com a proclamação da Constituição, em 1988, cria-se o Sistema Único de Saúde (SUS) e são estabelecidas as condições institucionais para a implantação de novas políticas de saúde, entre as quais a de saúde mental.

Consoante com diversas experiências de reforma da assistência psiquiátrica no mundo ocidental, e as recomendações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) contidas na Carta de Caracas (1990), o Ministério da Saúde, a partir da década passada, define uma nova política de saúde mental que redireciona paulatinamente os recursos da assistência psiquiátrica para um modelo substitutivo de base comunitária. Incentiva-se a criação de serviços em saúde mental de atenção comunitária, pública, de base territorial, ao mesmo tempo em que se determina a implantação de critérios mínimos de adequação e humanização do parque hospitalar especializado.

O QUE É A REFORMA PSIQUIÁTRICA?

É a ampla mudança do atendimento público em Saúde Mental, garantindo o acesso da população aos serviços e o respeito a seus direitos e liberdade

É amparada pela lei 10.216/2001, conquista de uma luta social que durou 12 anos

Significa a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio na família e na comunidade

O atendimento é feito em Caps – Centros de Atenção Psicossocial -, Residências Terapêuticas, Ambulatórios, Hospitais Gerais, Centros de Convivência

As internações, quando necessárias, são feitas em hospitais gerais ou nos Caps/24 horas. Os hospitais psiquiátricos de grande porte vão sendo progressivamente substituídos.

Política Nacional de Saúde Mental

O Governo brasileiro tem como objetivo reduzir progressivamente os leitos psiquiátricos, qualificar, expandir e fortalecer a rede extra-hospitalar – Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHG) – incluir as ações da saúde mental na atenção básica, implementar uma política de atenção integral a usuários de álcool e outras drogas, implantar o programa “De Volta Para Casa”, manter um programa permanente de formação de recursos humanos para reforma psiquiátrica, promover direitos de usuários e familiares incentivando a participação no cuidado, garantir tratamento digno e de qualidade ao louco infrator (superando o modelo de assistência centrado no Manicômio Judiciário) e avaliar continuamente todos os hospitais psiquiátricos por meio do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares – PNASH/ Psiquiatria.

Cenário atual

Tendência de reversão do modelo hospitalar para uma ampliação significativa da rede extra-hospitalar, de base comunitária

Entendimento das questões de álcool e outras drogas como problema de saúde pública e como prioridade no atual governo

Ratificação das diretrizes do SUS pela Lei Federal 10.216/01 e III Conferência Nacional de Saúde Mental

Dados importantes

3% da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes

>6% da população apresente transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas

12% da população necessita de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual

2,3% do orçamento anual do SUS para a Saúde Mental.

Desafios

Fortalecer políticas de saúde voltadas para grupos de pessoas com transtornos mentais de alta prevalência e baixa cobertura assistencial

Consolidar e ampliar uma rede de atenção de base comunitária e territorial, promotora da reintegração social e da cidadania

Implementar uma política de saúde mental eficaz no atendimento às pessoas que sofrem com a crise social, a violência e desemprego

Aumentar recursos do orçamento anual do SUS para a Saúde Mental.

 

10 de Outubro

Dia Mundial da Saúde Mental

SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO BÁSICA O VÍNCULO E O DIÁLOGO NECESSÁRIOS

INCLUSÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA

INTRODUÇÃO: DIRETRIZES GERAIS

O desenvolvimento da estratégia Saúde da Família nos últimos anos e dos novos serviços substitutivos em saúde mental – especialmente os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – marcam um progresso indiscutível da política do SUS. Esse avanço na resolução dos problemas de saúde da população por meio da vinculação com equipes, e do aumento de resolutividade propiciado pelos serviços substitutivos em crescente expansão, não significa, contudo, que tenhamos chegado a uma situação ideal, do ponto de vista da melhoria da atenção.

Os serviços de saúde mental existentes na maioria das cidades brasileiras têm se dedicado com afinco à desinstitucionalização de pacientes cronicamente asilados, ao tratamento de casos graves, às crises, etc. Uma grande parte do sofrimento psíquico menos grave continua sendo objeto do trabalho de ambulatórios e da atenção básica (AB) em qualquer uma de suas formas.

Os CAPS, dentro da atual política de saúde mental do Ministério da Saúde, são considerados dispositivos estratégicos para a organização da rede de atenção em saúde mental. Eles devem ser territorializados, ou seja, devem estar circunscritos no espaço de convívio social (família, escola, trabalho, igreja, etc.) daqueles usuários que os freqüentam. Deve ser um serviço que resgate as potencialidades dos recursos comunitários à sua volta, pois todos estes recursos devem ser incluídos nos cuidados em saúde mental. A reinserção social pode se dar a partir do CAPS mas sempre em direção à comunidade.

Os CAPS, dentro da atual política de saúde mental do MS, são considerados dispositivos estratégicos para a organização da rede de atenção em saúde mental.

Apesar de estratégico, o CAPS não é o único tipo de serviço de atenção em saúde mental. Aliás, a atenção em saúde mental deve ser feita dentro de uma rede de cuidados. Estão incluídos nesta rede: a atenção básica, as residências terapêuticas, os ambulatórios, os centros de convivência, os clubes de lazer, entre outros.

Os municípios com menos de 20 mil habitantes não precisam ter CAPS, segundo a à lógica de organização proposta pelo MS, e podem começar a estruturar sua rede de cuidados a partir a atenção básica.

Segundo estimativas internacionais e do Ministério da Saúde, 3% da população (5 milhões de pessoas) necessita de cuidados contínuos (transtornos mentais severos e persistentes), e mais 9% (totalizando 12% da população geral do país – 20 milhões de pessoas) precisam de atendimento eventual (transtornos menos graves).

Quanto a transtornos decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas, a necessidade de atendimento regular atinge a cerca de 6 a 8% da população, embora existam estimativas ainda mais elevadas. Para essa população específica, vemos que o sistema assistencial ainda vigente (mas em processo contínuo de revisão e reversão de seu modelo) privilegia as pessoas mais acometidas, nos dispositivos de atenção hospitalar.

A essas unidades, chegam os usuários vitimados por um longo processo de adoecer, no qual o tempo médio entre a detecção de problemas relacionados ao uso de álcool e a busca efetiva por cuidados pode chegar a cinco anos, evidenciando conseqüências diretas / indiretas da falta de acesso dos usuários a práticas de cunho preventivo, ou da ausência de efetividade das mesmas. Os usuários que já apresentam padrão de dependência para substâncias psicoativas não constituem a maior parcela da população de consumidores destas substâncias. Portanto, é mais útil pensar em “problemas associados ao uso de álcool e/ou outras drogas” do que em “dependência”.

Todos esses dados revelam a amplitude do problema a ser enfrentado. O que existe aí, epidemiologicamente falando? Sem contar com nenhum estudo recente, estimamos que uma grande parte das pessoas com transtornos mentais leves estão sendo atendidos na atenção básica (queixas psicossomáticas, abuso de álcool e drogas, dependência de benzodiazepínicos, transtornos de ansiedade menos graves, etc).

A realidade das equipes de atenção básica demonstra que, cotidianamente, elas se deparam com problemas de “saúde mental”: 56% das equipes de saúde da família referiram realizar “alguma ação de saúde mental”.1 Por sua proximidade com famílias e comunidades, as equipes da atenção básica são um recurso estratégico para o enfrentamento de agravos vinculados ao uso abusivo de álcool, drogas e diversas formas de sofrimento psíquico.

Existe um componente de sofrimento subjetivo associado a toda e qualquer doença, às vezes atuando como entrave à adesão a práticas preventivas ou de vida mais saudáveis. Poderíamos dizer que todo problema de saúde é também – e sempre – mental, e que toda saúde mental é também – e sempre – produção de saúde. Nesse sentido, será sempre importante e necessária a articulação da saúde mental com a atenção básica.

Contudo, nem sempre a atenção básica apresenta condições para dar conta dessa importante tarefa. Às vezes, a falta de recursos de pessoal e a falta de capacitação acabam por prejudicar o desenvolvimento de uma ação integral pelas equipes. Além disso, atender às pessoas com problemas de saúde mental é de fato uma tarefa muito complexa.

Nessa compreensão, baseamos a idéia de que urge estimular ativamente, nas políticas de expansão, formulação e avaliação da atenção básica, diretrizes que incluam a dimensão subjetiva dos usuários e os problemas mais graves de saúde mental. Assumir este compromisso é uma forma de responsabilização em relação à produção de saúde, à busca da eficácia das práticas e à promoção da eqüidade, da integralidade e da cidadania num sentido mais amplo.

As ações de saúde mental na atenção básica devem obedecer ao modelo de redes de cuidado, de base territorial e atuação transversal com outras políticas específicas e que busquem o estabelecimento de vínculos e acolhimento. Essas ações devem estar fundamentadas nos princípios do SUS e nos princípios da Reforma Psiquiátrica.

Podemos sintetizar como princípios fundamentais desta articulação entre saúde mental e atenção básica:

Noção de território

Organização da atenção à saúde mental em rede

Intersetorialidade

Reabilitação psicossocial

Multiprofissionalidade/interdisciplinaridade

Desinstitucionalização

Promoção da cidadania dos usuários

Construção da autonomia possível de usuários e familiares.

ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA

APOIO MATRICIAL DA SAÚDE MENTAL ÀS EQUIPES DA ATENÇÃO BÁSICA

O apoio matricial constitui um arranjo organizacional que visa outorgar suporte técnico em áreas específicas às equipes responsáveis pelo desenvolvimento de ações básicas de saúde para a população. Nesse arranjo, a equipe por ele responsável, compartilha alguns casos com a equipe de saúde local (no caso, as equipes da atenção básica responsáveis pelas famílias de um dado território). Esse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilização pelos casos, que pode se efetivar através de discussões conjuntas de caso, intervenções conjuntas junto às famílias e comunidades ou em atendimentos conjuntos.

A responsabilização compartilhada dos casos exclui a lógica do encaminhamento, pois visa aumentar a capacidade resolutiva de problemas de saúde pela equipe local. Assim, ao longo do tempo e gradativamente, também estimula a interdisciplinaridade e a ampliação da clínica na equipe.

A ampliação da clínica significa o resgate e a valorização de outras dimensões, que não somente a biológica e a dos sintomas, na análise singular de cada caso.

Assim, riscos2 como os sociais e outros se incorporam à avaliação clínica.

A responsabilização compartilhada dos casos exclui a lógica do encaminhamento, pois visa aumentar a capacidade resolutiva de problemas de saúde pela equipe local.

Como Organizar as Ações de Apoio Matricial

Onde houver Caps, Oficinas e/ou outros equipamentos da Saúde Mental: os diversos membros dessas equipes de saúde mental farão o apoio matricial s diferentes equipes da atenção básica, programando sua carga horária para encontros semanais, e formas de contato para demandas inesperadas ou intercorrências.

No caso de municípios onde o número de CAPS é insuficiente para garantir apoio matricial a todas as equipes da atenção básica é possível compor esse apoio com a implantação de equipes de apoio matricial (conforme item b) e/ou planejar a expansão do número de CAPS.

Onde não houver serviços de saúde mental: criação de equipes de apoio matricial compostas, no mínimo, por um médico psiquiatra (ou generalista com capacitação em saúde mental), dois técnicos de nível superior (psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, enfermeiro, etc.) e auxiliares de enfermagem, para no mínimo 6 e no máximo 9 equipes de PSF ou para grupos populacionais entre 15 a 30 mil habitantes.

No caso de municípios com menos de 20 mil habitantes é possível pensar em equipes de apoio matricial mais simples, compostas por um médico generalista com capacitação em saúde mental e um técnico de saúde mental de nível superior.

A Coordenação de Saúde Mental tem recomendado que os municípios com menos de 20 mil habitantes organizem sua atenção em saúde mental sem os CAPS, trabalhando com a lógica de apoio matricial proposta anteriormente.

As equipes de saúde mental de apoio à atenção básica incorporam ações de supervisão, atendimento em conjunto e atendimento específico, além de participar das iniciativas de capacitação.

Responsabilidades Compartilhadas entre as Equipes Matriciais de Saúde Mental e da Atenção Básica

As equipes de saúde mental de apoio à atenção básica incorporam ações de supervisão, atendimento em conjunto e atendimento específico, além de participar das iniciativas de capacitação. Além disso, as seguintes ações devem ser compartilhadas:

a. Desenvolver ações conjuntas, priorizando: casos de transtornos mentais severos e persistentes, uso abusivo de álcool e outras drogas, pacientes egressos de internações psiquiátricas, pacientes atendidos nos CAPS, tentativas de suicídio, vítimas de violência doméstica intradomiciliar;

b. Discutir casos identificados pelas equipes da atenção básica que necessitem de uma ampliação da clínica em relação às questões subjetivas;

c. Criar estratégias comuns para abordagem de problemas vinculados a violência, abuso de álcool e outras drogas, estratégias de redução de danos, etc. nos grupos de risco e nas populações em geral;

d. Evitar práticas que levem à psiquiatrização e medicalização de situações individuais e sociais, comuns à vida cotidiana;

e. Fomentar ações que visem a difusão de uma cultura de assistência não manicomial, diminuindo o preconceito e a segregação com a loucura;

f. Desenvolver ações de mobilização de recursos comunitários, buscando construir espaços de reabilitação psicossocial na comunidade, como oficinas comunitárias, destacando a relevância da articulação intersetorial (conselhos tutelares, associações de bairro, grupos de auto-ajuda, etc);

g. Priorizar abordagens coletivas e de grupos como estratégias para atenção em saúde mental, que podem ser desenvolvidas nas unidades de saúde, bem como na comunidade;

h. Adotar a estratégia de redução de danos nos grupos de maior vulnerabilidade, no manejo das situações envolvendo consumo de álcool e outras drogas. Avaliar a possibilidade de integração dos agentes redutores de dano a essa equipe de apoio matricial;

i. Trabalhar o vínculo com as famílias, tomando-a como parceira no tratamento e buscar constituir redes de apoio e integração.

FORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PRIORITÁRIA PARA INCLUSÃO DA SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA

Para que as ações de saúde mental sejam desenvolvidas na atenção básica, é fundamental a capacitação destas equipes

Formação Profissional

Os pólos de Saúde da Família, bem como os pólos de saúde mental, já vinham desenvolvendo capacitações específicas em suas áreas, porém, de forma desarticulada. Na atual gestão, esses pólos deverão se adequar às novas diretrizes da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, por meio dos Pólos de Educação Permanente em Saúde, discutindo propostas conjuntas.

A Coordenação de Saúde Mental, em seu Programa Permanente de Formação para a Reforma Psiquiátrica, prevê a implantação de Núcleos Regionais de Capacitação e Produção de Conhecimento no interior dos Pólos de Educação Permanente em Saúde. Esses núcleos estão se constituindo com representantes de SMS, SES, unidades acadêmicas envolvidas, etc. São, portanto, instrumentos de apoio/cooperação para os municípios que estiverem realizando ações de saúde mental na atenção básica no sentido de qualificar a rede e o cuidado, e de repensar as estratégias de formação.

Os Cursos a serem oferecidos podem ser voltados para as equipes da rede básica: médicos generalistas, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, incluindo propostas de atualização em Saúde Mental (temas afins), de acordo com os princípios da Reforma Psiquiátrica. Nesse contexto, é primordial que sejam desenvolvidas capacitações voltadas à promoção da autonomia dos usuários, e a participação da família como parceira no tratamento.

A Coordenação de Saúde Mental/DAPE propõe conteúdos básicos a serem abordados nesses cursos, podendo ser modificados de acordo com as demandas e necessidades locais. Há também a disponibilidade para o suporte e a orientação técnica aos núcleos em formação e aos gestores locais.

Visando o estímulo para a formação permanente e não somente para capacitações pontuais, a estratégia de capacitação a ser desenvolvida pelos núcleos se entrelaça com a da implantação das equipes de apoio matricial, pois essas podem trabalhar na linha da formação continuada e em serviço, discutindo casos e textos junto às equipes da atenção básica.

Como Financiar a Formação

De acordo com o contexto local, o financiamento pode se dar através dos recursos do Projeto de Apoio à Expansão do Programa Saúde da Família (PROESF), de recursos da Secretaria de Gestão do Trabalho e de Educação na Saúde (SEGTES) para os Pólos de Educação Permanente em Saúde, de recursos específicos da Coordenação Geral de Saúde Mental, e das parcerias entre gestores locais e estaduais.

INCLUSÃO DA SAÚDE MENTAL NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DA ATENÇÃO BÁSICA

O Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB) está em processo de reformulação, sendo estratégico para a avaliação e planejamento em saúde

Inclusão de indicadores da saúde mental no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)

Está em discussão a introdução, no SIAB, de indicadores de monitoramento baseados no conceito de território, problema e responsabilidade sanitária, para evitar a exclusão do cuidado de casos graves na atenção básica e seu encaminhamento para a institucionalização.

Revisão dos sistemas de informação da AB, incorporando indicadores relacionados Saúde Mental

REFERÊNCIAS

1 Relatório da Oficina de Trabalho para “Discussão do Plano Nacional de Inclusão das Ações de Saúde Mental na Atenção Básica”, 2001
2 Relatório do Seminário Internacional sobre Saúde Mental na Atenção Básica, realizado em parceria MS/OPAS/UFRJ/Universidade de Harvard, 2002
3 Relatório da Oficina de Saúde Mental no VII Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva promovido pela ABRASCO, intitulada “Desafios da integração com a rede básica”, 2003

10 de Outubro

TRANSTORNO MENTAL

Verdades e Mentiras sobre Doenças Mentais

As doenças mentais são somente fruto da imaginação? Não. São doenças verdadeiras que causam muito sofrimento, podendo inclusive levar o doente à morte.

As doenças mentais são pura “frescura”, fraqueza de caráter, “doença de rico”? Não. As doenças mentais são causadas por fatores biológicos, psicológicos e sociais, e atingem todas as classes com a mesma intensidade.

Pessoas com doenças mentais são perigosas e devem ser excluídas da família, da comunidade e da sociedade? Não. Pessoas com problemas de Saúde Mental não representam perigo para a família, comunidade ou sociedade.

Por esse motivo, devem ser tratadas adequadamente e inseridas na comunidade, sem medo ou exclusão. Assim, poderão levar uma vida normal, feliz e produtiva, como todo mundo.

Já existe tratamento e cura para doenças mentais? Sim. Já existem tratamentos efetivos e sem sofrimento, ao alcance de todos.

Você sabe o que é loucura? Loucura é preconceito, é humilhar e excluir pessoas que sofrem de doença mental.

Os mitos em relação aos problemas de Saúde Mental são responsáveis por enorme medo e vergonha e com isso contribuem para que muitas pessoas que necessitam de ajuda, não busquem tratamento por falta de conhecimento.

Atualmente, cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de perturbações mentais ou neurológicas, ou de problemas psicossociais, como o uso abusivo de álcool e drogas. A grande maioria sofre silenciosamente com sua doença, e também com a exclusão social que a doença provoca.

A exclusão é resultado dos estigmas e preconceitos contra a doença mental. Os estigmas são rótulos negativos usados para identificar pessoas que sofrem de doenças mentais e são barreiras que impedem os indivíduos e suas famílias de buscar ajuda, pelo medo de serem excluídos.

É isso o que mais contribui para os baixos índices de busca por tratamentos adequados. Todo mundo está vulnerável a sofrer de problemas mentais, que são diagnosticáveis, tratáveis e podem ser prevenidos a tempo.

Existe um alto risco de suicídio entre pacientes com esses problemas e a vida de uma pessoa com doença mental pode ser salva com um tratamento apropriado. O tratamento pode melhorar ou mesmo evitar o sofrimento do paciente e de sua família, diminuindo as limitações e conseqüências negativas na sua vida profissional e social.

Já existem diversos tratamentos eficientes para muitos problemas mentais. Porém, as pessoas freqüentemente não procuram tratamento por não saberem reconhecer o problema ou por não ainda saberem que existem tratamentos adequados para os diferentes problemas.

Nos últimos anos, foram registrados progressos significativos na compreensão e na atenção aos problemas de saúde mental, aumentando o conhecimento científico das causas das doenças mentais e os tratamentos disponíveis para a maioria destas doenças. As reformas da assistência em saúde mental, em várias partes do mundo, demonstram que redes de atenção em saúde mental de base comunitária representam uma abordagem eficaz para o tratamento e que há menos necessidade dos hospitais psiquiátricos tradicionais.

Às portas do século XXI, ainda é imenso o preconceito em relação a “doenças mentais”. Antigamente, esse preconceito estava associado à falta de conhecimento sobre os distúrbios que afetam a mente.

Na Europa, durante a Inquisição, muitos doentes mentais foram acusados de bruxaria, de estarem “possuídos pelo demônio” e foram queimados em fogueiras nas praças públicas. Até 1801, quando o médico francês Henri Pinel libertou os loucos estes ficavam acorrentados em prisões ou porões de castelos, como se fossem criminosos perigosos e só a partir de Pinel, a loucura passou a ser considerada uma doença, mas mesmo assim, durante todo o século XIX e na primeira metade do século XX os recursos que se dispunham para cuidar dos problemas mentais eram poucos e ineficazes e o tratamento continuava sendo inadequado, internando-se os pacientes em manicômios (hospitais para loucos) e asilos, onde permaneciam por longos períodos ou mesmo até o fim da vida.

Utilizava-se nessa época, métodos cruentos e arriscados, como algumas cirurgias altamente incapacitantes (lobotomias) e também diversos tipos de choques (insulínico, cardiazol, malárico, térmico, e posteriormente o choque elétrico). Como em outras ocasiões na medicina, esses choques foram descobertos por acaso.

O choque térmico, por exemplo, passou a ser utilizado após a observação de doentes mentais que apresentaram um comportamento mais calmo depois que a carruagem que os transportava caiu num rio gelado.

Apesar de todo o progresso conseguido em muitos outros aspectos de saúde, a saúde mental ainda não recebe a atenção e os recursos que mereceria. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) declarou o dia 07 de abril de 2001, o Dia Mundial de Saúde Mental, com o sentido de sensibilizar o público em geral e provocar uma mudança positiva na posição pública acerca da doença mental. A idéia é despertar a atenção para a questão da saúde mental e para a melhoria dos cuidados de saúde mental.

Hoje em dia, com o progresso da Medicina, especialmente no ramo da Psiquiatria após a “Revolução Bioquímica” da década de 50 e a “Revolução Científica” da década de 80 e a “Década do Cérebro” dos anos 90, cada vez mais o Transtorno Mental vem se inserindo no contexto dos problemas de Saúde Pública.

Agora eles podem ser adequadamente identificados e diagnosticados, e mais importante ainda, já se conta com recursos terapêuticos específicos que possibilitam o tratamento ambulatorial, evitando-se assim as internações desnecessárias que muitas vezes tornavam-se hiatrogênicas por asilarem o portador de transtorno mental.

Cuidar sim, discriminar não.

Cada ser humano nasce e se desenvolve de maneira única. Nenhuma pessoa é igual à outra, reconhecer isso é fundamental para compreender e respeitar os diferentes.

Direitos de cidadão

É preciso que pessoas com transtornos mentais sejam reconhecidos como seres integrais, dignos, com direito à liberdade, à integridade física e moral, à reabilitação para o trabalho e à qualidade de vida. Para alcançar esses objetivos, devemos trabalhar em conjunto e diminuir o preconceito por parte dos profissionais de saúde, das famílias e das comunidades. Afinal, aceitar e tratar com respeito e afeto o portador de transtorno mental é o melhor caminho para a sua reabilitação e para o fortalecimento de sua cidadania.

10 de Outubro

Saúde Mental e Pobreza no Brasil: desafios atuais

Na conceituação da OMS, saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social que não se caracteriza unicamente pela ausência de doenças. Singer (1987) acredita que esta formulação inclui as circunstâncias econômicas, sociais e políticas, como também a discriminação social, religiosa ou sexual; as restrições aos direitos humanos de ir e vir, de exprimir livremente o pensamento… Este conceito, reconhece como paradoxal, alguém ser reconhecido com saúde mental, quando é afetado por pobreza extrema, discriminação ou repressão. O autor argumenta que, nesse sentido, a formulação da OMS relaciona a saúde da pessoa com o atendimento de suas necessidades e as possibilidades do sistema socioeconômico e sociopolítico em atendê-las.

Assim, a doença não resulta apenas de uma contradição entre o homem e o meio natural, mas também, necessariamente, da contradição entre a pessoa e o meio social. Pensar a questão da saúde mental é, antes de tudo, pensar sobre o homem e sobre sua condição de “ser” e “estar-no-mundo”. Aristóteles, precurssor da psicologia, definiu o homem como um ser racional, destinado a viver em sociedade. Diz Mounier que o primeiro movimento que revela um ser humano, na primeira infância, é um movimento em direção ao outro. Essa necessidade de relação com outros é descrita por Fromm (1981) como um imperativo do qual depende a saúde mental dos homens. As concepções filosóficas de Marx (1986) definem o homem como um conjunto das relações sociais, tendo como atividade vital o trabalho. Para o autor, o conceito de homem sadio baseia-se na liberdade e independência, sendo, ao mesmo tempo, ativo, relacionado e produtivo.

Para Freud, saúde mental é poder amar e trabalhar; amar no sentido incondicional que o verbo exige e trabalhar no sentido de criar, sendo ao mesmo tempo útil e produtivo. Alguns estudos, como o de Miranda (1980), apontam que os índices satisfatórios de crescimento econômico de uma sociedade não garantem as pessoas condições de saúde mental, pois, as perversões do sistema de relações pessoais são os geradores naturais das perturbações mentais. Acrescenta ele ainda, que qualquer organização social está fundada sobre dois tipos de sistema: o de cooperação ou de exploração. Nas sociedades de sistema de exploração, todas as instituições, inclusive as instituições sanitárias, estão voltadas para a tarefa de garantir a manutenção daquele sistema em contraposição às necessidades da comunidade.

A Conferência de Alma Ata, realizada em 1969, examinou o íntimo inter relacionamento e a interdependência da saúde com o desenvolvimento econômico e social.

Nessa ocasião, discutiu-se que a saúde ao mesmo tempo leva e está subordinada a progressiva melhoria da qualidade de vida, enfatizando a necessidade de as ações de saúde serem desenvolvidas conjuntamente com a adoção de medidas, tais como: distribuição mais eqüitativa da renda, atenção especial às crianças, adolescentes, mulheres e idosos, combate à pobreza, acesso aos serviços educacionais, etc. Destaca a importância da participação comunitária integral e organizada que resulte na autoconfiança das pessoas, famílias e comunidade, recomendando que estes objetivos sejam apoiados pelos governos locais e que se utilizem os recursos da comunidade.

Basaglia (1980) acredita que o combate à doença mental é a luta contra a miséria do bairro, que no estado de degradação em que vive, é a fonte de produção de um mal-estar social, inclusive da loucura. Nesse contexto, o autor defende o argumento de que o papel do profissional de saúde é, antes de tudo, político, no sentido de levar a pessoa a descobrir seus motivos para a tomada de consciência das contradições em que ele vive. A pobreza constitui o modo de existência da maioria do povo brasileiro. Essa característica fornece um retrato aproximado do modo de sentir, pensar e adoecer da maioria da população. Vivendo em precárias situações ambientais e forçados a um regime alimentar carente, apresenta ela baixos níveis de saúde e sofre de mutilações psíquicas que as descriminam, tornando a mais vulnerável às doenças mentais, emprestando a essas um caráter de maior gravidade.

Loyello (1986) identifica que o mundo da pobreza possui estabilizadores e recuperadores que podem influenciar na prevenção da saúde mental. Segundo ele, é pelo processo educativo, pela educação em saúde objetivando informar e buscar estilos de vida mais saudáveis, que se pode modificar comportamentos, promovendo a organização para a reivindicação em favor do atendimento às necessidades humanas reais, como: necessidade de amor, de compreensão, segurança, identidade, salários dignos, condições de trabalho, melhorias na qualidade de vida, direito ao lazer, etc. O autor prossegue, afirmando que a pobreza obriga a limitação dos prazeres às necessidades básicas de sobrevivência, reduzindo as pessoas a um fatalismo que os torna intolerantes pela falta de esperança, pela falta de perspectiva, de luta e de transformação. A isto some-se o fato de que essa população acha-se submetida a constantes opressões pelos meios de comunicação de massa, através das reiteradas mensagens consumistas, propondo aquilo que eles não podem obter.

Esse massacre frustrador de necessidades induzidas e não atendidas, aliados aos acenos de fantasia de “igualdade e oportunidade para todos”, e que na verdade não está ao alcance das classes mais baixas na escala social, arrebata seus sonhos e, além de gerar a sensação de impotência, pode provocar o sentimento de agressividade e conseqüente violência para com todos: o cônjuge, filhos, colegas… com o mundo. Juntando-se a isso a inadequação das moradias, insegurança no trabalho, a carência alimentar, os baixos salários, as precárias condições de saúde, de educação e a falta de consciência política da dura realidade, resta a alienação, a prostituição, a busca de drogas, a delinqüência e/ou o aprofundamento da crise… a doença mental. Os profissionais da saúde mental e particularmente os médicos e enfermeiros têm assumido uma série de papéis no desenvolvimento histórico, como reflexo das mudanças ocorridas no âmbito social mais amplo.

Destas evoluções surgem os especialistas, com uma visão fragmentada do homem. No momento atual, busca-se construir um novo perfil de profissionais capazes de promover o reencontro do homem consigo mesmo. Acreditamos que esse novo profissional pode contribuir, provocando mudanças, ajudando na busca de soluções de libertação das classes dominadas, através de uma prática educativa, na qual educar significa, como disse Paulo Freire, levar a pessoa a pensar por si própria, e possibilitando a experimentação ao risco do erro, tanto no campo intelectual como no das relações interpessoais. A promoção da saúde mental que acreditamos e defendemos só encontrará expressão numa prática em que o dominado tenha condições de refletir e possa descobrir-se e conquistarse como sujeito de sua própria história. Os profissionais de saúde, comprometidos com a questão da saúde mental, precisam reconhecer seu papel político, sua função educativa e exercitar a análise e a crítica da realidade; as contradições socio-econômicas que nele se apresentam; discutir as possibilidades de mudanças, a importância da organização das categorias trabalhadoras menos favorecidas, em sindicatos e associações; a necessidade urgente de melhores condições de vida para todos; seus direitos e deveres como cidadãos; discutir também a questão da saúde mental x doença mental, considerando o conceito de saúde mental que emerge da noção de bem-estar coletivo e tendo sempre presente que esse caráter social da saúde mental é determinado pelo modo como as pessoas trabalham, desejam, organizam a identidade, sofrem, amam, dominam, rejeitam, aprovam, consomem, pensam no destino, na vida, na morte; criam, introjetam o mundo objetivo; objetivam a subjetividade e fantasiam a realidade, porque, como Basaglia, acreditamos que a prevenção das doenças mentais é fomentada pela luta contra a miséria, contra a ignorância e contra a alienação do homem.

A demanda por cuidados de saúde mental nem sempre é explícita.

Uma das formas subjetivas de expressão dessa demanda é a procura pelas receitas. De acordo com Júnior (1987), é cultural o fato de, quando a pessoa não se sente bem, procurar remédios. A tendência de medicalização da sociedade é fomentada pela indústria farmacêutica e geralmente transforma os temas psicológicos em temas somáticos, atribuindo a “problemas dos nervos”. Estes problemas aparentemente se resolvem nas consultas rápidas e se encaixam com o desejo da pessoa em resolver “magicamente” as ansiedades e as dificuldades emocionais, sem confrontá-las abertamente. Prossegue, afirmando que essa medicalização acaba por “entorpecer” os problemas sociais e psicológicos da população.

Quando a situação torna-se insuportável, quando não é mais possível equilibrar os conflitos, o destino dessas pessoas é o manicômio ou os hospitais psiquiátricos. Todavia, o trabalho a ser desenvolvido antes da receita, ou mesmo depois dela, e o verdadeiro cuidado de saúde devem procurar despertar na pessoa suas motivações para trabalhar as contradições que a afligem, descobrir seus temores, suas angustias, enfim, fazer a educação para a saúde mental. Esse trabalho requer do profissional de saúde, além de competência, a capacidade de abrir mão do poder que subjetivamente ele exerce sobre o cliente, partindo do princípio de que a última palavra e a solução dos problemas estão em cada pessoa. Nessa busca, os caminhos são dolorosos porque se percorrem trilhas de abordagens filosóficas como as necessidades emocionais de felicidade, amor, necessidades reais induzidas, necessidades individuais e coletivas. A atividade coletiva dirigida para um objetivo determinado permite a sensação de esperança, porque se caminha em direção ao futuro, pelos próprios meios, impedindo o crescimento do processo alienador, do conformismo e da despersonalização, além de proporcionar a sensação de apoio e proteção, por perceber que pertence a uma coletividade e por experimentar a contradição de, mesmo pertencendo a essa coletividade, sentir-se livre para lutar com todas as suas potencialidades individuais.

Referências

BASAGLIA, F. Em busca de necessidades perdidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
FLORES, Alberto Vivar. A relação EU-TU e o Problema da Alteridade Pessoal. Trabalho apresentado no I Seminário de Antropologia Filosófica/UFPB. João Pessoa, 1990.
FROMM, Erich. A Psicanálise da Sociedade Contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
JUNIOR, B.B. e cols. Políticas de saúde mental no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1987
LOYELLO, W. Conferencias na EPM. Impresso. Mimeo. São Paulo, 1986.
MARX, Karl. Do Socialismo Utópico ao Humanismo. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1986.
MIRANDA, L.S. Psiquiatria e Sociedade. In: Encontro com a Civilização Brasileira.. n.27. 121-130. Rio de Janeiro. 1980
OPAS/OMS. Relatório sobre a saúde no mundo 2001 – Saúde mental: nova concepção, nova esperança. Geneva/Suíça. 2001. wrh@who.int
PITTA, Ana. Os centros de reabilitação social: espaços de reabilitação? Jornal Brasileiro de Psiquiatria. Rio de Janeiro: ECN. v.43, n.12, p. 647 – 654, 1994.
RAIMUNDO, Ana Maria Galdini, et al. Hospital dia em psiquiatria: revisão dos últimos cinco anos da literatura. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro: ECN, v.43, n.4, p. 205-211, 1994.
SINGER, Paul. Prevenir e Curar. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 1987.
UNICEF, Conferencia de Alma Ata. Brasil, 1979.

Fonte: Rádio das Nações Unidas/www.adeb.pt/Centro de Informação das Nações Unidas em Portugal/www.ugt.org.br/ portal.saude.gov.br/ www.pucpr.br/www.consciencia.net/

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