América Espanhola

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América Espanhola – História

Logo que a Espanha iniciou sua colonização na América, percebeu-se que sua política de subjugação seria absurdamente arbitrária, violenta e intolerante.

Os espanhóis simplesmente dizimaram as áreas sob seu jugo, tendo extinguido civilizações avançadíssimas e destruído muitas provas materiais da existência dessas culturas.

Tudo isso ocorreu porque os exploradores da Espanha receberam do rei o direito de fundar novas cidades nas terras colonizadas, evangelizando os índios e utilizando todo o poderio bélico de que necessitassem para garantir seu intento.

Em troca dessa liberdade plena, a Coroa exigia o chamado “quinto” sobre toda a quantidade de metais preciosos extraídos das novas terras. Desta forma, garantia-se a ocupação do território sem gastos para o Estado que, para garantir a cômoda situação, permitiu todas as atrocidades cometidas pelos homens que para a América seguiram. Logo, surgiram os primeiros núcleos metropolitanos, sempre nas imediações das minas mais prolíficas.

Para trabalhar nas minas, os espanhóis escravizaram os indígenas (os maias no México e os incas na região andina, notadamente no território que hoje corresponde ao Peru), garantindo sua subserviência através de dois dispositivos: a encomienda e a mita.

A encomienda era o sistema de trabalho obrigatório e não-remunerado imposto aos índios que, em troca, recebiam o “direito” de ser cristianizados pelos encomenderos (seus senhores).

Era, em suma, a instituição que justificava o processo de escravização. Já a mita era o sistema de trabalho remunerado: o índio recebia o salário e, em troca, pagava pelo uso da terra.

Como o salário era sempre menor que o valor cobrado pelo direito à terra, o indígena se atolava em dívidas e ficava preso ao colonizador. Portanto, era também justificativa para a escravidão. Assim, num espaço muito curto de tempo, todos os nativos da América espanhola foram escravizados e suas comunidades desmanteladas. Suas culturas desapareceram e um grande índice de mortalidade se abateu sobre eles, resultado das muitas horas de trabalho forçado diárias e das péssimas condições de alimentação.

Como o excedente de mão-de-obra era bastante grande, os exloradores não se preocupavam com a condição dos trabalhadores: se morriam, havia milhares para substitui-los.

O problema da falta de alimento não atingiu a elite (somente os índios, que, ao serem obrigados a trabalhar nas minas, não mais podiam exercer sua cultura de subsistência. Assim, tinham que pagar por sua comida, mas não recebiam salários, ou recebiam dividendos miseráveis, tendo que optar por sujeitar-se à alimentação provida pelo colono ou por afundar-se em dívidas), que investia parte de seu lucro nas haciendas, locais onde eram produzidos grãos e outros gêneros, e nas estâncias, onde desenvolvia-se a pecuária, para seu sustento.

Com o desenvolvimento das atividades coloniais extrativistas, a Coroa espanhola criou alguns órgãos administrativos que objetivavam fiscalizar e garantir seu monopólio comercial, dentre as quais: a Casa de Contratação (que recolhia o quinto, ditava as normas comerciais e redigia os pressupostos legislativos) e o Conselho das Índias (responsável por regulamentar toda administração da colônia, lançando mão de vice-reinados e capitanias gerais, cujos senhores eram por ela escolhidos). Para garantir a afluência dos metais à Espanha e intimidar a ação de corsários, foram criados o regime de porto único e os comboios anuais de carregamento (ou seja, inúmeros navios navegando junto, que só podiam partir de alguns poucos e determinados portos americanos e ancorar num único porto espanhol). Porém, o contrabando não foi contido de maneira satisfatória.

América Espanhola – Exploradores

Os exploradores espanhóis, denominados juridicamente adelantados, recebiam direitos vitalícios de construir fortalezas, fundar cidades, evangelizar os índios e deter os poderes jurídico e militar. Isso, sob a condição de garantir para a Coroa o quimo de todo o ouro e prata produzidos e a propriedade do subsolo.

Dessa forma, a Espanha procurava assegurar, sem gastos materiais, a ocupação de seus territórios na América, o fortalecimento de sua monarquia e o aumento das riquezas do Estado.

Ciclo da mineração

A partir de meados do século XVI, com a descoberta de minas de ouro no México e de prata no Peru, organizaram-se os núcleos mineradores, que requeriam uma grande quantidade de mão-de-obra. Aproveitando-se da elevada densidade populacional da Confederação Asteca e do Império Inca, os exploradores passaram a recrutar trabalhadores indígenas, já acostumados a pagar tributos a seus chefes, sob a forma de prestação de serviços.

Para adequar o trabalho ameríndio, foram criadas duas instituições: a encomienda e a mita.

Encomienda

Sistema de trabalho obrigatório, não remunerado, em que os índios eram confiados a um espanhol, o encomendero, que se comprometia a cristianizá-los.

Na prática, esse sistema permitia aos espanhóis escravizarem os nativos, principalmente para a exploração das minas:

Mita

Sistema que impunha o trabalho obrigatório, durante um determinado tempo, a índios escolhidos por sorteio, em suas comunidades. Estes recebiam um salário muito baixo e acabavam comprometidos por dívidas.

Além disso, poderiam ser deslocados para longe de seu lugar de origem, segundo os interesses dos conquistadores.

A escravização indígena, pela encomienda e pela mita, garantiu aos espanhóis o necessário suprimento de mão-de-obra para a mineração, porém trouxe para as populações nativas desastrosas conseqüências.

De um lado, a desagregação de suas comunidades, pelo abandono das culturas de subsistência, causou fome generalizada. Do outro, o não-cumprimento das determinações legais que regulamentavam o trabalho das minas provocou uma mortalidade em massa, quer pelo excesso de horas de trabalho, quer pelas condições insalubres a que esses indígenas estavam expostos.

Lutas entre espanhóis e astecas em Tenochtitlán, antiga capital do México em 1520, segundo gravura índia. contra os cavalos, canhões e armas de aço dos espanhóis, os índios tinham fracos escudos de pele ou madeira, pedações de pau e lanças de madeira. Repare no canto direito superior, a representação de uma capela cristã em chamas.

O aniquilamento da população, ao lado do extermínio das culturas agrícolas, que provocou uma escassez de gêneros alimentícios, fez com que os proprietários das minas e os comerciantes investissem seus lucros em áreas complementares de produção, para o atendimento do mercado interno. Foram organizadas as haciendas, áreas produtoras de cereais, e as estâncias, áreas criadoras de gado.

Esse setor complementar resolveu o problema de abastecimento para as elites coloniais. A massa trabalhadora, por seus ganhos irrisórios, ainda não conseguia satisfazer as suas necessidades básicas, sendo obrigada a recorrer a adiantamentos de salários. Todavia, impossibilitados de saldar seus compromissos, os trabalhadores acabavam escravizados por dívidas.

A destruição das comunidades indígenas no império espanhol

(…) Os índios das Américas somavam entre 70 e 90 milhões de pessoas, quando os conquistadores estrangeiros apareceram no horizonte; um século e meio depois tinham-se reduzido, no total, a apenas 3,5 milhões.
(…) Os índios eram arrancados das comunidades agrícolas e empurrados, junto com suas mulheres e seus filhos, rumo às minas. De cada dez que iam aos altos páramos gelados, sete nunca regressavam.

As temperaturas glaciais do campo aberto alternavam-se com os calores Infernais do fundo da montanha. Os índios entravam nas profundidades, e ordinariamente eram retirados mortos ou com cabeças e pernas quebradas, e nos engenhos todo o dia se machucavam. Os mitayos retiravam o minério com a ponta de uma, barra e o carregavam nas costas, por escadas, à luz de uma vela. Fora do socavão, moviam enormes eixos de madeira nos engenhos ou fundiam a prata no fogo, depois de moê-la e lavá-la.

A mita era uma máquina de triturar índios. O emprego do mercúrio para a extração da pra­ta por amálgama envenenava tanto ou mais do que os gases tóxicos do ventre da terra. Fazia cair o cabelo, os dentes e provo­cava tremores incontroláveis. (…) Por causa da fumaça dos fornos não havia pastos nem plantações num raio de seis léguas ao redor de Potosi, e as emanações não eram menos implacáveis com os corpos dos homens.

A administração colonial

A fim de garantir o monopólio do comércio, a Espanha criou dois órgãos administrativos:

Casa de Contratação, sediada em Sevilha, para organizar o comércio, funcionar como Corte de Justiça e fiscalizar o recolhimento do quinto;
Conselho das Índias, que funcionava como Supremo Tribunal de Justiça, nomeava os funcionários das colônias e regulamentava a administração da América, através dos vice-reinados e capitanias gerais.

Os vice-reis, escolhidos entre membros da alta nobreza metropolitana, eram representantes diretos do monarca absoluto. Cabia-lhes controlar as minas, exercer o governo, presidir o tribunal judiciário das audiências e zelar pela cristianização dos índios. Os capitães-gerais, subordinados aos vice-reis, encarregavam-se de controlar os territórios estratégicos, mas ainda não submetidos pela metrópole.

Para controlar a entrada de metais preciosos e afastar os ataques dos piratas, foram instituídos o regime de porto único e os comboios anuais de carregamentos.

Porém, estas medidas provocaram efeito contrário, estimulando o contrabando, devido à escassez e à demora na chegada de mercadorias.

O único porto por onde era permitido sair em direção à América e dela retornar era o de Sevilha, substituído em 1680 por Cádiz. Na América, existiam três terminais: Vera Cruz (México), Porto Belo (Panamá) e Cartagena (Colômbia). Os comboios de flotas e galeones, que partiam de Sevilha e chegavam a esse porto, serviam para proteger a prata que era transportada. Tanto zelo e tantas restrições ao comércio colonial explicam-se pela preocupação do Estado espanhol de garantir a cobrança de impostos alfandegários.

A colonização espanhola

Segundo o Tratado de Tordesilhas de 1494 a Espanha ficaria com a maior parte do continente americano.

A viagem de Colombo à América em 1492 trouxe à Espanha perspectivas de enriquecimento, já que Colombo acreditava ter encontrado um novo caminho para as Índias. Na s expedições seguintes, o navegador manteve a mesma crença e conforme procurava as riquezas orientais fundou vilas e povoados, iniciando a ocupação da América. Os espanhóis foram o primeiro povo europeu a chegar às novas terras, o primeiro a achar g randes riquezas e a dar início à colonização no início do XVI. Ao chegarem, logo descobriram ouro (no México asteca) e prata, no Império Inca, regiões do atual Peru e Bolívia.

A metrópole espanhola organizou uma grande empreitada mineradora, usando a mão-de-obra compulsória indígena, seguindo formas de trabalho que já existiam na região antes da chegada dos europeus.

Outras áreas da América hispânica se especializaram na pecuária, agricultura e atividade portuária em função das áreas mineradoras.

Logo após empreenderem um sangrento processo de dominação das populações ameríndias, os espanhóis efetivaram o seu projeto colonial nas terras a oeste do Tratado de Tordesilhas.

Para isso montaram um complexo sistema administrativo responsável por gerenciar os interesses da Coroa espanhola em terras americanas.

Economia e sociedade na América espanhola

A ocupação e exploração da América foi um desdobramento da expansão marítimo-comercial européia e elemento fundamental para o desenvolvimento do capitalismo.

A colonização promovida pelos espanhóis deve ser entendida a partir da lógica mercantilista, baseada portanto no Exclusivo metropolitano, ou seja, no monopólio da metrópole sobre suas colônias.

A organização econômica

A exploração mineradora foi a atividade econômica mais importante na América Espanhola, na verdade foi a responsável pela colonização efetiva das terras de Espanha, apesar de já haver ocupação anterior, no Caribe e América Central. O ouro na região do México e a prata na região do Peru, foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma clara política de exploração por parte da metrópole, que passou a exercer um controle mais rígido sobre seus domínios.

A mineração tornou-se responsável pelo desenvolvimento de atividades secundárias, complementares, diversificando a produção nas regiões vizinhas, responsáveis pelo abastecimento das minas, com produtos agrícolas – batata, milho, tabaco e cana de açúcar – sendo que os dois últimos destinavam-se à exportação; desenvolveram também a atividade criatória, fornecendo mulas e cavalos para as minas.

Mais tarde a pecuária se desenvolveu na região sul, fornecendo couro e charque à metrópole.

A produção artesanal indígena foi permitida, porém passou a ser controlada pela burocracia espanhola na colônia. Esse “sistema de obrajes” representava, na prática, uma forma de explorar a mão de obra indígena, forçado a trabalhar por seis meses, durante os quais recebia um pequeno pagamento.

A exploração do trabalho indígena

A exploração do trabalho indígena constituiu-se na base da exploração da América, e utilizou-se de duas formas diferentes: a encomienda e a mita.

É importante lembrar-mos que o colonialismo e o escravismo foram características da política econômica mercantilista.

A encomienda foi um sistema criado pelos espanhóis, e consistia na exploração de um grupo ou comunidade de indígenas por um colono, a partir da concessão das autoridades locais, enquanto o colono vivesse.

Em troca, o colono deveria pagar um tributo à metrópole e promover a cristianização dos indígenas. Dessa forma o colono de origem espanhola era duplamente favorecido, na medida em que utilizava-se da mão de obra e ao mesmo tempo, impunha sua religião, moral e costumes aos nativos.

A mita era uma instituição de origem inca, utilizada por essa civilização quando da formação de seu império, antes da chegada dos europeus. Consistia na exploração das comunidades dominadas, utilizando uma parte de seus homens no trabalho nas minas.

Os homens eram sorteados, e em geral trabalhavam quatro meses, recebendo um pagamento. Cumprido o prazo, deveriam retornar à comunidade, que por sua vez deveria enviar um novo grupo de homens.

Apesar de diferente da escravidão negra adotada no Brasil, a exploração do trabalho indígena também é tratada por muitos historiadores como escravismo.

Porém o termo predominante nos livros de história é Trabalho Compulsório.

A ação colonizadora espanhola foi responsável pela destruição e desestruturação das comunidades indígenas, quer pela força das armas contra aqueles que defendiam seu território, quer pela exploração sistemática do trabalho, ou ainda através do processo de aculturação, promovido pelo próprio sistema de exploração e pela ação catequética dos missionários católicos.

É importante destacar o papel dos religiosos no processo de colonização, tratados muitas vezes como defensores dos indígenas, tiveram uma participação diferenciada na conquista.

Um dos mais célebres religiosos do período colonial foi Frei Bartolomeu de Las Casas que, em várias oportunidades, denunciou as atrocidades cometidas pelos colonos; escreveu importantes documentos sobre a exploração, tortura e assassinato de grupos indígenas.

Muitas vezes, a partir desses relatos a Coroa interferiu na colônia e destituiu governantes e altos funcionários. No entanto, vale lembrar o poder e influência que a Igreja possuía na Espanha, e o interesse do rei (Carlos V)em manter-se aliado à ela, numa época de consolidação do absolutismo na Espanha, mas de avanço do protestantismo no Sacro Império e nos Países Baixos. Ao mesmo tempo, a Igreja na colônia foi responsável pela imposição de uma nova religião, consequentemente uma nova moral e novos costumes, desenraizando os indígenas.

A ESPADA, A CRUZ E A FOME IAM DIZIMANDO A FAMÍLIA SELVAGEM

A exploração do trabalho indígena

A sociedade colonial era rigidamente estratificada, privilegiando a elite de nascimento, homens brancos, nascidos na Espanha ou América:

Chapetones – eram os homens brancos, nascidos na Espanha e que vivendo na colônia representavam os interesses metropolitanos, ocupando altos cargos administrativos, judiciais, militares e no comércio externo.
Criollos – 
Elite colonial, descendentes de espanhóis, nascidos na América, grandes proprietários rurais ou arrendatários de minas, podiam ocupar cargos administrativos ou militares inferiores.
Mestiços – 
de brancos com índios, eram homens livres, trabalhadores braçais desqualificados e superexplorados na cidade (oficinas) e no campo ( capatazes).
Escravos negros – 
nas Antilhas representavam a maioria da sociedade e trabalhavam principalmente na agricultura.
Indígenas –
 grande maioria da população, foram submetidos ao trabalho forçado através da mita ou da encomienda, que na prática eram formas diferenciadas de escravidão, apesar da proibição oficial desta pela metrópole.

COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA

Após a chegada de Colombo a um território ate então ignorado pelos europeus, o interesse espanhol se manifestou em mais uma serie de viagens, das quais resultou a notícia da existência de minerais preciosos.

Tal situação levou à conquista do território americano e das nações que nele habitavam.

Os soldados de Cortez venceram os astecas; Pedro de Lavarado e seus homens dominaram a região da Guatemala; Francisco Pizarro e seus comandados destruíram o poderoso Império Inca.

A Colômbia dos Chibchas foi arrasada pelas tropas de Jimenez de Quesada; Pedro de Valdivia e Diego de Almagro conquistaram o Chile aos araucanos e Pedro de Mendonza com suas tropas aniquilou os Charruas, dominando a vasta região do Rio da Prata. Terminada a conquista, a Coroa espanhola preocupou-se com a efetiva posse e domínio de seu vasto império americano.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Ao contrário das demais nações que colonizaram outras partes da América, a Espanha conseguiu localizar e dominar vastas áreas mineratórias, onde a população já trabalhava na extração de metais preciosos.

Era necessário ampliar esta capacidade de extração, com a finalidade de abastecer a metrópole. Tomaram-se, então, algumas medidas que engedraram uma poderosa máquina burocrática. No entanto, na maioria das vezes, esta máquina emperrava, devido às distancias e à cobiça dos funcionários.

Durante a fase da conquista, a Coroa não dispendeu recursos maiores. Os “adelantados” eram pessoas que ficaram encarregadas de conquistar vários territórios, apropriando-se de suas riquezas e de sua população, podendo utilizá-las como bem o aprouvessem, desde que estavam obrigados a pagar determinados impostos à Coroa. Para fazer frente aos desmandos e à cobiça dos “adelentados”, a Coroa, já na metade do século XVI, procurou substituí-los por funcionários nos quais pudesse confiar um pouco mais. Foram então criados os Vice-Reinados e as Capitanias Gerais. A “audiência”, que primitivamente era um tribunal, passou a acumular funções administrativas ao lado das judiciárias. A “audiência” era formada pelo Vice-Rei (quando sua sede era a mesma sede do Vice-Reinado) e vários ouvidores, isto é, juizes.

Suas funções podem ser resumidas numa palavra: fiscalização, vigilância sobre todos os funcionários.

As cidades eram administradas pelos cabildos, que poderíamos definir como sendo uma câmara municipal, formada pelos elementos da classe dominante.

Era presidida por um alcaide e composta por um numero variável de regidores.

Na metrópole ficavam os departamentos encarregados das decisões finais: a Casa de Contratação e o Real e Supremo Conselho das Índias

A Casa de Contratação foi criada em 1503, para ter todo o controle da exploração colonial. Teve sua sede em Sevilha, um dos portos privilegiados pela Coroa para receber com exclusividade, os navios que chegassem da América. Outro porto também privilegiado foi o de Cádiz, para onde se transferiu a Casa de Contratação posteriormente.

Criado em 1511, o Real Supremo Conselho das Índias tinha sede em Sevilha e sua função era a administração das colônias, cabendo-lhe nomear os funcionários coloniais, exercer tutela sobre os índios e fazer as leis para a América.

Não se pode esquecer de mencionar a Igreja Católica, no que se refere aos aspectos político-administrativos, visto que ela desempenhou papel relevante também nesse setor, atuando de forma a equilibrar e garantir o domínio metropolitano.

ECONOMIA COLONIAL

Girava em torno dos princípios mercantilistas. Tais princípios, expressos no “Pacto Colonial” imposto pela metrópole às colônias, priorizava acima de qualquer outro interesse, o fortalecimento do Estado Espanhol, em detrimento de uma possível acumulação de capitais nas áreas americanas.

Assim, a estruturação imposta visava essencialmente o envio dos metais preciosos à Espanha, sob a forma de tributos ou de simples pagamento das utilidades necessárias aos colonos e que estes eram obrigados a adquirir através dos comerciantes metropolitanos.

Mas não se pode pensar que todo império espanhol se limitava a fornecer ouro e prata para a Espanha.

De fato, pode-se verificar três grandes momentos ao longo da evolução econômica colonial:

a) O saque inicial, ocorrido principalmente na região do México e Peru
b)
 A agricultura, com a instalação de numerosas “haciendas” (fazendas), produtoras de genros alimentícios ou matérias-primas. Tais propriedades tiveram inicio em função das necessidades das áreas mineradoras, mas quando estas se esgotavam, passavam a ter vida própria
c)
 Das grandes unidades produtoras de artigos para o mercado externo, principalmente na região do Rio da Prata e no Caribe.

Cobravam-se impostos variados dos colonos, o mais importante dos quais era o quinto, incidente sobre a extração metálica. Mas havia também impostos de importação e exportação, além de contribuições forçadas que, periodicamente, o governo metropolitano impunha.

Aspecto de capital importância é o da organização da mão-de-obra, onde se destacaram os sistemas da encomienda e a mita.

Com o sistema de encomiendas, os encomenderos recebiam da Cora direitos sobre vastas áreas. Podiam cobrar tributos em dinheiro ou em trabalho dos índios, mas eram obrigados a ampará-los e protegê-los, instruindo-os na fé católica. Isto dizia a lei, mas a realidade normalmente era bastante diferente.

A mita era uma forma de escravidão ligeiramente dissimulada, empregada sobretudo nas áreas de mineração. As tribos indígenas eram obrigadas a fornecer um determinado número de pessoas para trabalhar nas minas.

Os mytaios eram obrigados, constantemente, a fazer deslocamentos de centenas de quilômetros desgastando-se fisicamente e trabalhado arduamente na extração mineral.

Analisando as manifestações do comércio colonial, evidencia-se o papel do monopólio.

O comércio das colônias com a metrópole realizava-se em ocasiões pré-determinadas, ligando dois ou três portos americanos ao porto de Sevilha. Os comboios eram fortemente policiados, para evitar a presença de corsários, principalmente ingleses.

SOCIEDADE COLONIAL

Em muito se assemelhava à da Espanha, no que se refere ao seu caráter fechado e aristocratizante. Nas áreas coloniais, alem dos convencionados critérios econômicos de diferenciação de classes, temos também o caráter racial, ou étnico.

Chapetones –Altos funcionários ou comerciantes privilegiados.
Criollos – Brancos nascidos na América, grandes proprietários de terra e de minas. Havia restrições a esse grupo, por serem nascidos na América.
Mestiços – Artesãos
Índios – Sobrevivente do massacre inicial.
Escravos – Estima-se que durante o período colonial entraram cerca de 1,5 milhão de africanos, principalmente para as áreas de grande lavoura de exportação. Na mineração foram empregados os indígenas.

Colonização espanhola na América

A conquista espanhola data de 1519, quando Hernan Cortez conquistou o Império Asteca (México). No ano de 1531, foi a vez de Francisco Pizarro conquistar o Império Inca (Peru).

O processo de conquista foi extremamente violento, contribuindo para a dizimação das populações nativas.

O uso da violência deveu-se à ânsia da descoberta dos metais preciosos e da vontade de escravizar os nativos da América.

Após a conquista dos territórios, a Espanha iniciou a organização de seu imenso Império Colonial na América, através da imposição de estruturas políticas, econômicas e administrativas que atendessem o seu interesse mercantilista, qual seja, a acumulação de capitais.

Estruturas Sociais, Econômicas e Administrativas

Organização político-administrativa

Divisão da área colonial em quatro vice-reinados ( Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Prata ) e quatro capitanias-gerais (Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile).

Conselho das Índias, ligado diretamente ao rei, ficava encarregado da administração geral das colônias e a Casa de Contratação era encarregada da fiscalização, da regulamentação do comércio e da cobrança dos tributos.

O poder local era exercido através dos Cabildos, as Câmaras Municipais. A administração espanhola era bastante descentralizada, estando cada unidade colonial subordinada diretamente à metrópole.

Organização da economia colonial

Como se sabe, o sentido da colonização era, através da exploração, obter produtos valiosos que pudessem auxiliar os Estados europeus na acumulação de capitais, ficando a área colonial obrigada a comprar os excedentes produzidos na Europa. Desta forma, a atividade econômica principal foi a mineração ( ouro e prata ). A grande quantidade de ouro e prata, retirada da América e enviada para a Europa, comprometeu o desenvolvimento industrial da Espanha e gerou uma enorme inflação na Europa, processo conhecido como a “revolução dos preços”, em virtude da desvalorização da moeda e pelo aumento geral dos preços.

O comércio dos metais preciosos era controlado pela Casa de Contratação, que adotou o sistema de porto único – todo metal precioso deveria ser enviado para Sevilha.

O trabalho adotado nas minas foi o trabalho compulsório dos indígenas, sob a forma da encomienda: o colono tinha o direito de explorar o trabalho indígena, em troca de sua cristianização.

Havia também uma outra forma de exploração do nativo, exercida pela Metrópole, que realizava o recrutamento em massa do indígena, obrigando-o a realizar obras públicas, era o repartimiento.

Esta exploração era semelhante a Mita, uma forma de trabalho compulsória que existia na época pré-colombiana.

Organização social

A sociedade colonial na América Hispânica estava assim estruturada: os chapetones, espanhóis que vinham para a colônia e ocupavam os cargos burocráticos e administrativos; os crillos, constituída por espanhóis nascidos na América. Eram os grandes proprietários de terras e escravos, formavam a elite econômica, muito embora ficassem excluídos das funções políticas; os mestiços, resultado da miscigenação do branco com o índio e os escravos negros.

Independência da América espanhola

A CRISE DO IMPÉRIO COLONIAL ESPANHOL

O processo de independência das colônias espanholas está relacionado ao desenvolvimento das idéias liberais no século XVIII, tais como o Iluminismo, a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.

No final do século XVIII e início do século XIX, a Espanha já não é mais uma grande potência européia. Tanto a Inglaterra como a França, passaram a ter acessos às áreas coloniais da Espanha.

Em 1713, a Inglaterra passa a ter o direito sobre o asiento, ou seja, sobre o fornecimento de escravos para as colônias) e o chamado permisso, quer dizer, comércio direto com as colônias. No ano de 1797, com o decreto da abertura dos portos, as colônias espanholas passaram a manter relações comercias diretamente com as nações amigas da Espanha. No ano de 1799, o governo procurou anular o decreto, provocando uma forte reação colonial.

O PROCESSO DA INDEPENDÊNCIA

O processo da independência da América Hispânica está diretamente relacionado com a deposição de Fernando VII em 1808, quando as tropas francesas ocuparam a Espanha. Napoleão Bonaparte nomeia seu irmão, José Bonaparte, como o novo rei da Espanha, desencadeando uma forte reação nas colônias, que passaram a formar as Juntas Governativas – com caráter separatistas e lideradas pelos criollos.

ETAPAS

Antes dos movimentos separatistas ocorreram revoltas coloniais contra o domínio espanhol, destacando-se a revolta dos índios do Peru, liderados por Tupac Amaru.

Entre os precursores da independência das colônias hispânicas, destaque para Francisco Miranda, que planejou a independência da Venezuela, movimento que fracassou.

O movimento emancipacionista contou com a liderança dos chamados “libertadores da América” – Simón Bolívar, José de San Martin, José Sucre, Bernardo O’Higgins, Augustin Itúrbide, Miguel Hidalgo e José Artigas.

A primeira tentativa de emancipação ocorreu no México, em 1810, sob a liderança do padre Miguel Hidalgo. No ano de 1821, o General Augustin Itúrbide proclama a independência do México.

A partir de 1823, e seguindo e exemplo mexicano, foi a vez das colônias da América Central proclamarem a independência, surgindo as Províncias Unidas da América Central, que fragmentou-se em diversas Repúblicas: Costa Rica, Honduras, El Salvador, Guatemala e Nicarágua. Cuba e São Domingos só tiveram a independência no final do século XIX.

No ano de 1818, sob a liderança de Símon Bolívar surge a Grã- Colombia, que em 1830 se separam, formando a Colômbia e a Venezuela. Em 1822 é proclamada a independência do Equador ( Sucre e Bolívar).

Bernardo O’Higgins liberta o Chile, com a ajuda de San Martín, no ano de 1817; San Martin e Bolívar libertam o Peru em 1821; em 1825 foia vez da Bolívia, sob o comando de Sucre.

Na região do Prata o grande libertador foi San Martín ( Argentina, 1816; Paraguai 1811 e Uruguai em 1828).

O processo de independência da América Hispânica contou com forte participação popular e com o apoio da Inglaterra, interessada em ampliar seu mercado consumidor.

Uma outra característica foi a grande fragmentação territorial, em virtude do choque entre os diversos interesses das elites coloniais.

Do ponto vista econômico, a independência não rompeu com os laços de dependência em relação às potências européias.

As novas nações continuavam a ser exportadoras de matérias-primas e importadoras de produtos manufaturados. No plano político, os novos dirigentes excluíram qualquer forma de participação popular nas decisões políticas.

Organização dos Estados Nacionais

Entre os libertadores da América, Símon Bolívar defendia a unidade política interamericana, com a proposta da criação de uma Confederação de países latino-americanos.

Este sonho de unidade territorial é conhecido como Bolivarismo, que contou com a oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos. A este, a fragmentação política contribuiria para a consolidação norte-americana sobre a região ( Doutrina Monroe); já para a Inglaterra, a fragmentação consolidaria sua hegemonia econômica. Ou seja, dividir para melhor controlar.

Na organização dos Estados Nacionais na América Hispânica duas tendências de governo se apresentam: a Monarquia e a República – com vitória dos movimentos republicanos. A seguir, novos conflitos quanto a organização do regime republicano- federalista ou centralista.

O federalismo propunha umas ampla autonomia em relação ao poder central, exprimindo os princípios do liberalismo econômico.

Já o centralismo era defendido como forma de manter a unidade nacional e a manutenção de privilégios.

O principal fenômeno político destas novas nações americanas foi o surgimento do caudilhismo. O caudilho era um chefe político local, grande proprietário de terra e que procurava manter as mesmas estruturas sociais e econômicas herdadas do período colonial. Foi responsável pela grande instabilidade na formação dos Estados Nacionais.

O caudilhismo contribui, de maneira decisiva, para a fragmentação política e territorial da América Hispânica.

Outros fatores para a fragmentação: ausência de vínculos econômicos entre as colônias e atividades econômicas voltadas para atenderem as exigências do mercado externo.

Fonte: www.saberhistoria.hpg.ig.com.br/www.historiaonline.pro.br/www.vetorvestibular.com.br

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