Guerra da Bósnia

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Guerra da Bósnia
Guerra da Bósnia

Guerra civil pela posse de territórios na região da Bósnia-Herzegóvina entre três grupos étnicos e religiosos: os sérvios, cristãos ortodoxos; os croatas, católicos romanos; e os bósnios, muçulmanos.

Mais tarde atinge também a Croácia. Tem início em abril de 1992 e se estende até dezembro de 1995, com a assinatura do Acordo de Dayton.

É o conflito mais prolongado e violento vivido pela Europa depois da II Guerra Mundial, com duração de 1.606 dias e 200 mil mortos.

Guerra da Bósnia, guerra civil pela posse de territórios na região da Bósnia-Herzegóvina entre três grupos étnicos e religiosos: os sérvios, cristãos ortodoxos; os croatas, católicos romanos; e os bósnios, muçulmanos. Mais tarde atinge também a Croácia. Tem início em Abril de 1992 e se estende até Dezembro de 1995, com a assinatura do Acordo de Dayton. É o conflito mais prolongado e violento vivido pela Europa depois da II Guerra Mundial, com duração de 1.606 dias e 200 mil mortos.

Nacionalismo

Com o fim dos regimes socialistas, a partir da desintegração da URSS, emergem as diferenças étnicas, culturais e religiosas entre as seis repúblicas que formam a Iugoslávia, impulsionando movimentos pela independência. Na Bósnia-Herzegóvina cresce o nacionalismo sérvio que quer restaurar a chamada Grande Sérvia, formada por Sérvia e Montenegro, parte da Croácia e quase toda a Bósnia. Quando os bósnios decidem pela independência do país e os sérvios não aceitam, os combates entre os dois grupos intensificam-se. A situação de guerra civil é caracterizada em abril de 1992.

Limpeza étnica

Nas áreas ocupadas, os sérvios da Bósnia fazem a chamada limpeza étnica: expulsão dos não sérvios, massacre de civis, prisão da população de outras etnias e reutilização dos campos de concentração da II Guerra Mundial. A Bósnia-Herzegóvina pede a intervenção militar internacional, mas só recebe ajuda humanitária, como alimento e medicamentos. A Croácia entra no conflito. No primeiro momento reivindica parte do território bósnio e, em uma segunda etapa, volta-se contra a Sérvia. Com o acirramento da guerra, a Otan envia tropas. A ONU manda uma força de paz, que, no fim de 1995, chega a 40 mil membros. Tentativas de cessar-fogo propostas pela ONU são repetidamente desrespeitadas. No início de 1995, os sérvios dominam 70% do território da Bósnia-Herzegóvina. O quadro muda após a Batalha de Krajina, em agosto, da qual os croatas saem vitoriosos. A relação de forças torna-se mais equilibrada e facilita a estratégia dos Estados Unidos de promover uma negociação de paz.

Negociação

Um acordo proposto pelos EUA, negociado em Dayton, Ohio, é assinado formalmente em dezembro de 1995, em Paris. Ele prevê a manutenção do Estado da Bósnia-Herzegóvina com suas fronteiras atuais, dividido em uma federação muçulmano-croata, que abrange 51% do território, e em uma república bósnia-sérvia, que ocupa os 49% restantes. É previsto um governo único entregue a uma representação de sérvios, croatas e bósnios. Em 1996, a missão de paz da ONU na região é assumida pelas tropas da Força de Implementação da Paz, da Otan, com 60 mil militares e mandato até dezembro de 1996. Para reforçar o Acordo de Dayton, várias vezes sob ameaça, os EUA realizam no decorrer do ano reuniões em Roma e Genebra.

Tribunal de Haia

Em maio de 1996, o Tribunal Internacional de Haia inicia o julgamento de 57 suspeitos de crimes de guerra. Os acusados mais importantes são o líder sérvio Radovan Karadzic, presidente do Partido Democrático Sérvio e da República Sérvia (Srpska), e seu principal comandante militar, o general Ratko Mladic. Ambos são responsáveis pelo massacre ocorrido na cidade de Srebrenica, no qual 3 mil refugiados bósnios muçulmanos foram executados e enterrados em fossas e 6 mil encontram-se desaparecidos. Em maio de 1997, o Tribunal de Haia condena o sérvio-bósnio Dusan Tadic a 20 anos de prisão por crime contra a humanidade em virtude da participação no extermínio de muçulmanos na Bósnia.

Fonte: www.geocities.yahoo.com.br

Guerra da Bósnia

A guerra na ex-Iugoslávia tem origem em conflitos que remontam a séculos.

Após a Segunda Guerra o líder da resistência der da resistência ao nazismo, General Tito, manteve a união nacional. Com sua morte, em 1980, as rivalidades ressurgiram. Em 1987 a guerra voltou e a ONU mostrou muita indecisão. Estruturada na divisão capitalismo x comunismo, não se adaptou à um conflito que envolve parâmetros não ideológicos, mas culturais e religiosos. Na Europa pós-Guerra Fria potências antes aliadas estão agora em campos diferentes e estrategistas temem que a divisão do poder mundial não se dê mais no âmbito da ideologia, mas no das diferenças culturais. Esta guerra aponta para isso de forma preocupante.

Há na ex-Iugoslávia três grupos oponentes: os sérvios, católicos ortodoxos, os croatas e eslovênos, católicos romanos, e os bósnios, muçulmanos. A razão do conflito está na tentativa de cada um em criar seu próprio estado independente e étnicamente homogêneo. Para isso, tentam à força estabelecer seu território e, na medida do possível, expulsar ou até eliminar as minorias de outras religiões que alí se encontram, através da chamada “limpeza étnica”.

Com a desintegração do leste europeu, o líder sérvio Slobodan Milosevic passa a controlar a antiga Iugoslávia. Forma ao sul do país a atual República Iugoslava, que engloba Sérvia e Montenegro, e alimenta o sonho de formar, com os sérvios do resto do território, a “Grande Sérvia”. Mas em 1991 Croácia e Eslovênia, no norte do país, também proclamam-se independentes. Sérvios residentes na Croácia não aceitam a divisão e, apoiados por Milosevic, tomam as armas. Seguem-se sete meses de guerra, em que muitos deles são obrigados a emigrar para Sérvia e Montenegro. Mas alguns resistem e proclamam a República Sérvia da Krajina, uma ilha em território croata, enquanto Milosevic invade a Eslovênia. A ONU impõe então uma moratória de armas de três meses, forçando a retirada sérvia da Eslovênia e estabilizando provisoriamente a divisão territorial tal qual estava naquele momento.

Mas no início de 1992 os muçulmanos declaram a independência da Bósnia-Herzegovina, na região central do país, com capital em Sarajevo. É a vez dos sérvios da Bósnia da Bósnia não aceitarem o novo estado. Sempre com o apoio da Sérvia, formam milícias e proclamam imediatamente a República Sérvia da Bósnia. Sua violência é tão grande que os bósnios pedem a intervenção da ONU. Face à evidências de massacres promovidos pelos sérvios, esta decreta um embargo econômico à Sérvia e Montenegro e já em maio de 1993 se compromete em proteger seis cidades bósnias sitiadas, denominadas “zonas de segurança”, entre elas Sarajevo. Suas populações muçulmanas aceitam entregar suas armas à ONU acreditando na proteção dos “capacetes azuis”. Quanto aos croatas, antes aliados dos Bósnios contra a Sérvia, passaram a observar com interesse a possibilidade de, no caso de uma vitória sérvia, dividir com ela a Bósnia-Herzegovina (há poucas semanas retomaram até a República Sérvia da Krajina, sem resistência dos sérvios, num aparente acordo para uma futura divisão da Bósnia).

Entretanto a ONU não ofereceu a segurança prometida às seis cidades. Face à seu imobilismo, os Sérvios não hesitaram em bombardeá-las e atacaacute;-las e atacar os comboios de ajuda. Com pouco armamento e sem ordens para atacar, os “observadores” da ONU serviram de “escudos humanos” para os sérvios, que chegaram a tomar algumas das seis cidades. Aos 83 anos, o Abbé Pierre visitou Sarajevo em julho e ficou impressionado com a “falta de palavra da ONU, que não ofereceu a ajuda prometida às cidades sitiadas”. Voltou denunciando a situação desumana em que estão seus habitantes.

A situação mudou nos últimos meses. A comunidade internacional decidiu usar a força e mostrou que tem poderio suficiente para forçar alguma solução. Por que então leva tanto tempo para decidir-se à tomar atitudes enérgicas ? A resposta está no confuso e antagônico envolvimento das grandes potências no conflito.

A guerra da Bósnia não interessa aos EUA, que não têm na região o menor interesse. Quando têm, como na Guerra do Golfo, bastam-lhe poucos dias para resolver o problema. Mas a cerca de um ano das eleições, os congressistas não estão dispostos a arriscar vidas americanas, pois custaria-lhes votos.

Além disso Grécia e Turquieacute;cia e Turquia, aliados estratégicos norte-americanos na região, têm na Iugoslávia um envolvimento antagônico: a Turquia, muçulmana, apoia os Bósnios, e a Grécia, ortodoxa, os Sérvios. Mas isso não impede os EUA de, com a Alemanha, armar discretamente a Croácia.

Não se esquecem que se com a ajuda internacional a Bósnia-Herzegovina se firmar, a Croácia será a última fronteira católica da Europa frente aos muçulmanos.

Quanto à Europa, sua indecisão se deve ao medo de uma generalização do conflito à suas portas, mais preocupante que uma guerra circunscrita à pequena Bósnia. De seu lado a Rússia apoia historicamente a Sérvia. Yeltsin até aceita medidas contra as milícias dacute;cias de Sérvios-Bósnios, mas não quer colocar tropas sob o comando da OTAN, pois abriria um precedente à sua segurança militar. E enquanto a Inglaterra mantém seu alinhamento com os EUA, a França mudou de postura com a eleição de Chirac que, ao contrário de Mitterand, não simpatiza com os sérvios e foi um dos responsáveis pela retomada de força da ONU.

Apesar de tanta ambigüidade, a comunidade internacional quer agora um acordo com o presidente sérvio Milosevic. Seu país sofre com o forte bloqueio econômico (que, aliás, atinge uma população que muitas vezes se opõe a seus sonhos territoriais e étnicos) e por isso tende a aceitar uma divisão da Bósnia segundo os moldes da ONU. Resta saber se, após tantos acordos rompidos, os muçulmanos confiarão numa ONU que se mostrou completamente perdida face aos novos parâmetros impostos pelo fim da Guerra-Fria. Pois sabem que se obtiverem armas, serão capazes de retomar rapidamente os territórios que perderam. E muitos países árabes já estão se cotizando para isso. O perigo é a Bósnia se tornar, a exemplo do que ocorreu na Espanha às vésagrave;s vésperas da Segunda Guerra, um ensaio geral de um próximo conflito mundial.

OS A NOS DE MILOSEVIC

Limpeza étnica

Nas áreas ocupadas, os sérvios da Bósnia fazem a ch amada limpeza étnica: expulsão dos não sérvios, mas sacre de civis, prisão da população de outras etnias e reutilização dos ca mpos de concentração da II Guerra Mundial. A Bósnia -herzegovina pede a intervenção militar internacional, mas só recebe aj uda humanitária, como alimento e medicamentos. A Cr oácia entra no conflito. No primeiro momento reivindica parte do território bósnio e, em uma segunda etapa, volta-se contra a S érvia. Com o acirramento da guerra, a OTAN envia tropas. A ONU manda uma for ça de paz, que, no fim de 1995, chega a 40 mil memb ros. Tentativas de cessar-fogo propostas pela ONU são repetidamente de srespeitadas. No início de 1995, os sérvios dominam 70% do território da Bósnia-herzegovina. O quadro muda após a Batalha de Krajina, em Agosto, da qual os croatas saem vitori osos. A relação de forças torna-se mais equilibrada e facilita a estra tégia dos Estados Unidos de promover uma negociação de paz.

A gestão do ex-presidente Slobodan Milosevic na Iug oslávia foi marcada pela polémica e por vários conf litos. Desde que Milosevic chegou ao poder, a Iugoslávia p erdeu quatro de suas antigas repúblicas – a Croácia , a Bósnia, a Eslovénia e a Macedónia. Hoje o país é composto apenas pela S érvia e pela República de Montenegro.

Durante este período, a queda de Milosevic foi tida várias vezes como iminente pelo ocidente. Finalmen te, o candidato da oposição, Vojislav Kostunica, ganhou as eleições pr esidenciais de 24 de Setembro de 2000. A princípio, Slobodan Milosevic se recusou a aceitar a derrota. Depois de grandes mani festações lideradas pela oposição, Milosevic reconh eceu a vitória de Vojislav Kostunica.

Em 28 de Junho de 2001 Milosevic foi entregue aos i nvestigadores do Tribunal Internacional de Crimes d e Guerra das Nações Unidas, em Haia horas antes do início de uma confer ência em Bruxelas para arrecadar dinheiro para a re construção da Iugoslávia.

A extradição provocou uma crise no governo e a renú ncia do primeiro-ministro, Zoran Zizic. Além da pro messa de mais de US$ 1 bilhão para reconstrução.

Tribunal de Haia

Em Maio de 1996, o Tribunal Internacional de Haia inicia o julgamento de 57 suspeitos de crimes de guerra. Os acusados mais importantes são o líder sérvio Dadivam Karadzic, presidente do Partido Democrático Sérvio e da República Sérvia (Srpska), e seu principal comandante militar, o general Ratko Mladic.

Ambos são responsáveis pelo massacre ocorrido na cidade de Srebrenica, no qual 3 mil refugiados bósnios muçulmanos foram executados e enterrados em fossas e 6 mil encontram-se desaparecidos. Em Maio de 1997, o Tribunal de Haia condena o sérvio-bósnio Dusan Tadic a 20 anos de prisão por crime contra a humanidade em virtude da participação no extermínio de muçulmanos na Bósnia.

1987 A SUBIDA AO PODER

Milosevic chega ao poder explorando o sentimento nacionalista dos sérvios. Em 1987, Milosevic assume o controlo do Partido Comunista da Sérvia. No mesmo ano, ele faz um famoso discurso a uma multidão de sérvios em Pristina, a capital de Kosovo, que marca a sua ascensão política no país.

Na ocasião, os sérvios protestavam contra o que eles viam como perseguição por parte da maioria albanesa em Kosovo. No discurso, Milosevic afirma que “ninguém jamais vai derrotar os sérvios” na província. A sua posição atrai grande apoio e se transforma em motivo de unidade entre os sérvios de todas as partes da Iugoslávia.

Com o tempo, Milosevic abandona a sua posição de líder comunista sem grande apelo e se transforma num carismático defensor do nacionalismo sérvio. Explorando o nacionalismo, ele é eleito presidente da Sérvia em 1989.

1990 A QUEDA DO COMUNISMO

A queda do regime de partido único na Iugoslávia consolida o poder de Milosevic na presidência da Sérvia. Em Janeiro de 1990, em meio ao tumulto causado pela queda do comunismo na Europa Oriental, o Partido Comunista da Iugoslávia convoca um congresso em Belgrado. Na ocasião, os membros do partido resolvem aceitar a instalação de um regime multi-partidário no país. Mas Milosevic se recusa a permitir outras reformas e as delegações da Eslovénia e da Croácia se retiram do congresso, provocando a dissolução do partido.

Em Julho de 1990, o Partido Comunista da Sérvia muda o seu nome para Partido Socialista da Sérvia, mas mantém o seu património, a sua estrutura de poder e o controle sobre a media estatal. Milosevic também mantém firme controle sobre o partido.

Logo depois, a Croácia resolve deixar a Iugoslávia e convoca eleições gerais. Milosevic reage, afirmando que se a Iugoslávia for dissolvida, as fronteiras da Sérvia têm que ser redesenhadas para incluir no seu território os sérvios que vivem fora da república. A possibilidade de uma guerra civil aumenta.

1991 A GUERRA DA CROÁCIA

A Guerra da Croácia não acaba com a vitória clara e rápida da Sérvia que muitos de seus habitantes esperavam. Depois de a Croácia ter declarado sua independência, em Junho de 1991, a minoria sérvia no país busca o apoio de Milosevic. “Nós acreditamos que os sérvios têm o direito legítimo de viver num país unido. Se tivermos que lutar para manter este direito, nós lutaremos,” afirma Milosevic. Em Setembro de 1991, forças federais da Iugoslávia invadem a Croácia, dando início à guerra.

Em Dezembro de 1991, o exército da Iugoslávia e paramilitares sérvios já controlam um terço do território croata – onde vão permanecer até 1995.

Mas os custos da guerra são altos. Cerca de 20 mil pessoas morrem no conflito e cerca de 400 mil ficam desabrigadas. As vitórias sérvias levam a ONU a impor sanções económicas contra a Iugoslávia.

Mas a invasão da Croácia não impede que a Bósnia-herzegovina também decida declarar sua independência – estopim para um novo conflito nos Balcãs.

1992 A GUERRA DA BÓSNIA

A guerra da Bósnia leva à dissolução da República Federal Socialista da Iugoslávia. A Bósnia-herzegovina declara a independência em Abril de 1992, depois de um referendo convocado por muçulmanos e croatas – e boicotado pelos sérvios da república. A violência explode logo depois. Milosevic afirma que vai defender os sérvios do “genocídio provocado pelos croatas” e do “fundamentalismo islâmico” dos muçulmanos. A guerra dura mais de três anos e se transforma no mais sangrento conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

A opinião pública em Belgrado reage de formas diferentes. Muitas pessoas, especialmente as famílias afetadas pelo conflito, querem o fim da guerra. Mas muitos outros querem proteger os sérvios da Bósnia e dão grande apoio a Milosevic.

Com o tempo, várias histórias de atrocidades são reveladas e a Sérvia é isolada pela comunidade internacional.

1995 O ACORDO DE DAYTON

Milosevic vai à mesa de negociações. Em meados de 1995, a Croácia retoma a iniciativa militar e recupera a maior parte do território ocupado pelos sérvios.

Como resultado, mais de 200 mil servo-croatas se refugiam na Sérvia, ampliando os problemas económicos do país, já sob sanções da ONU.

Logo depois da vitória em seu próprio território, as forças croatas dão início a uma ofensiva contra os sérvios na Bósnia. Além disso, durante três semanas as forças da OTAN bombardeiam sem parar as áreas da Bósnia controladas pelos bósnios sérvios. Isso leva Milosevic a concordar em ir à mesa de negociação em Dayton e dar fim à guerra da Bósnia.

Com as negociações, Milosevic abandona o sonho de formação de uma Grande Sérvia e a ONU suspende parcialmente as sanções económicas adoptadas contra o país em 1991.

1996 PROTESTOS NAS RUAS

Slobodan Milosevic enfrenta grandes protestos contra seu governo. Em 1996, a oposição vence as eleições municipais nas principais cidades da Sérvia, mas o governo anula a votação sob alegação de fraude. Milhares de pessoas organizam protestos contra o governo e paralisam algumas das principais cidades, como a capital, Belgrado.

Depois de três meses, Milosevic cede e reconhece a vitória da oposição em sete cidades, inclusive Belgrado. Logo em seguida, o movimento da oposição, conhecido como Zajedno (Juntos) se dissolve sob acusações de traição e de colaboração com Milosevic.

Em Julho de 1997, Milosevic é eleito presidente da Iugoslávia pelo parlamento – controlado pelos seus aliados.

1999 A GUERRA DE KOSOVO

O conflito com a OTAN é o maior desafio ao poder de Milosevic. Depois do fim da guerra na Bósnia, começa a crescer a tensão entre os kosovares de origem albanesa e os sérvios na província de Kosovo. Em Janeiro de 1998, ocorrem confrontos entre as forças sérvias e os guerrilheiros do Exército de Libertação de Kosovo (ELK). A União Europeia e os Estados Unidos condenam a repressão aos kosovares de origem albanesa (que formam cerca de 90% da população).

Em Maio, quando a guerrilha já controla cerca de 40% do país, Milosevic concorda em negociar com os kosovares, mas as conversas não vão longe. No ano seguinte, Estados Unidos e União Europeia forçam os dois lados a retomar negociações sobre o futuro da província. A Iugoslávia rejeita uma proposta de autonomia para a província seguida pelo envio de uma força de paz internacional.

Com o impasse, a OTAN decide atacar a Iugoslávia – sem consultar a ONU ou qualquer outro organismo internacional. Durante 78 dias, a Sérvia, Montenegro e Kosovo são bombardeados sem parar. Centenas de pessoas morrem e mais de um milhão fogem para a Albânia e Macedónia.

Milosevic decide retirar suas tropas da província, mas não admite a derrota. Uma força de paz é enviada para a província de Kosovo, que passa a ser administrada de fato pela ONU.

Apesar da destruição de boa parte da infra-estrutura do país, Milosevic tenta mudar a sua imagem e aparecer para a população como o líder que vai reconstruir a Sérvia.

2000 A QUEDA DE MILOSEVIC

A QUEDA

Slobodan Milosevic foi derrubado do poder pelo povo em Outubro de 2000, da mesma forma que a população jugoslava ajudou-o a conquistar a presidência 13 anos antes.

Quando o presidente Slobodan Milosevic convocou eleições, em Setembro de 2000, o país sofria com as sanções impostas pelo ocidente, e milhares de sérvios estavam vivendo em pobreza absoluta.

Montenegro, a única república jugoslava que ainda se mantinha fiel à Sérvia, ameaçava romper com a federação, que vivenciava um clima de medo e instabilidade.

Quando Milosevic se recusou a reconhecer a vitória do líder da oposição, Vojislav Kostunica, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas das grandes cidades jugoslavas em protesto e uma greve geral chegou a paralisar o país. Um por um os aliados mais próximos de Milosevic foram retirando o apoio ao presidente, incluindo a igreja Ortodoxa Sérvia e segmentos da imprensa oficial.

A confiança do povo crescia constantemente e, 10 dias depois da eleição, manifestantes invadiram e tomaram o parlamento jugoslavo e a sede da estação de TV estatal, incendiando ambos os prédios. Dezenas de policiais que inicialmente tentavam conter a multidão, tiraram seus capacetes e uniformes e se juntaram aos protestos. Era o fim do império de Milosevic.

2001 A JUGOSLÁVIA ATUAL

A reintegração da Sérvia na comunidade internacional e a extradição de Milosevic. No dia 05 de Outubro de 2000, o novo presidente, Vojislav Kostunica declara a libertação do país em discurso para meio milhão de pessoas reunidas no centro de Belgrado.

Kostunica declara a intenção de cooperar com o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra da antiga Iugoslávia e reintegra o país à ONU e à Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Em Janeiro de 2001, são restabelecidas as relações da Sérvia com a Albânia e em Abril o ex-presidente Slobodan Milosevic é preso, acusado de corrupção e abuso de poder.

O presidente norte-americano George W. Bush impõe a extradição de Milosevic para o Tribunal de Haia, como condição para a liberação de ajuda financeira para a reconstrução da Sérvia.

Horas depois da autorização para a extradição, no dia 28 de Junho, os EUA, a Europa e o Banco Mundial se comprometem a dar US$ 1,28 bilhão para a Sérvia.

Boa parte do dinheiro vai ser usada para pagar dívidas, mas cerca de US$ 800 milhões vão ajudar a reerguer a economia do país, que depois da guerra tem uma taxa de desemprego de 40% e uma inflação estimada em 80% para 2001

Isabel Marques

Fonte: srec.azores.gov.pt

Guerra da Bósnia

República da Bósnia-Herzegovina

Bosnia and Herzegowina – Republika Bosne i Hercegovine
Capital:
Sarajevo.
Nacionalidade:
bósnia.
Idioma:
servo-croata.
Religião:
islamismo 40%, cristianismo 50% (ortodoxos sérvios 31%, católicos 15%, protestantes 4%), outras 10% (1992).
Moeda:
dinar iugoslavo novo.
Localização:
centro-sul da Europa.
Características:
território montanhoso nos Alpes Dináricos, circundado pelas planícies férteis dos rios Sava (N), Drina (L) e Una (O).
Composição:
servo-croatas 92,3%, outros 7,7% (1996).
Cidades Principais:
Banja Luka, Zenica, Tuzla, Mostar.
Governo:
república presidencialista tripartite com um representante muçulmano, um sérvio e um croata.
Divisão administrativa:
100 distritos.

Guerra da Bósnia

Guerra da Bósnia

Encravada em uma região montanhosa, esta república da ex-Iugoslávia vive durante quase quatro anos um dos conflitos mais sangrentos em solo europeu desde a II Guerra Mundial. Iniciado em 1992, opôs os bósnio-sérvios, que representam cerca de um terço dos habitantes do país e são cristãos ortodoxos, aos muçulmanos, quase a metade da população bósnia. Antes dessa guerra, a Bósnia-Herzegóvina era a república da ex-Iugoslávia na qual ocorria maior miscigenação entre sérvios, croatas e muçulmanos – as diferentes etnias da população.

Guerra da Bósnia
Mesquita de Aladza, em Foca – ao sul de Sarajevo.

História

Os bósnios passam a maior parte da Idade Média sob domínio de monarcas croatas e, depois, húngaros, até constituir, por volta do ano 1200, um reino próprio, que inclui a região da Herzegóvina. Em 1463, o país é anexado pelo Império Turco-Otomano. A maior parte da população converte-se ao islamismo, mas permanecem importantes comunidades ortodoxas (sérvios) e católicas (croatas).

Em 1878, depois de sucessivas derrotas dos turcos diante da Sérvia, de Montenegro e da Rússia, a Bósnia-Herzegóvina é colocada sob tutela do Império Austro-Húngaro. A anexação ocorre em 1908, contra a vontade da minoria ortodoxa, identificada com a vizinha Sérvia. Em oposição, radicais sérvios lançam uma campanha terrorista contra a dominação austríaca, culminando, em junho de 1914, com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria, por um estudante sérvio em Sarajevo, a capital bósnia. É o estopim da I Guerra Mundial…

Formação da Iugoslávia

Com o fim da guerra, a Bósnia-Herzegóvina é integrada ao Reino dos Servos-Croatas-Eslovenos, que em 1929 passa a se chamar Iugoslávia, “terra dos eslavos do sul”. O país é ocupado pela Alemanha na II Guerra Mundial. Com a derrota nazista torna-se uma das seis repúblicas iugoslavas, sob o governo comunista de Josip Broz Tito.

A morte de Tito faz ressurgir o nacionalismo sérvio. No final dos anos 80, conflitos étnicos generalizados, propiciados pela desagregação do bloco socialista, provocam grande tensão entre as repúblicas.

Nas primeiras eleições livres na Iugoslávia, em setembro de 1990, emergem partidos nacionalistas representando os três principais grupos étnicos: muçulmano (44% da população), sérvio (31%) e croata (17%). Forma-se um governo multiétnico sob a Presidência de Alija Izetbegovic, muçulmano.

Desagregação: Em junho de 1991, as repúblicas da Eslovênia e da Croácia proclamam sua independência da Iugoslávia, seguidas da Macedônia, em setembro.

No mês seguinte, o Parlamento bósnio declara a Bósnia-Herzegóvina um Estado independente. A minoria sérvia não aceita a decisão. Seus representantes rompem com o Parlamento e anunciam a intenção de permanecer na Iugoslávia ou em uma “Grande Sérvia”, que incluiria a própria Sérvia, além de porções da Bósnia-Herzegóvina e da Croácia. Para resolver a crise, o governo bósnio realiza um plebiscito em 1992, boicotado pelos sérvios, mas que aprova a independência, com a participação de 63% dos eleitores. Destes, 99% votam pela independência, imediatamente reconhecida pela então Comunidade Européia (atual União Européia) e pelos EUA. Durante os quatro anos seguintes, sérvios, bósnios e croatas travam intensos combates. Com um saldo de 200 mil mortos, a Guerra da Bósnia termina após a assinatura do Acordo de Dayton, em dezembro de 1995.

Política

O cargo de presidente da Bósnia-Herzegovina é exercido em rotatividade pelos três membros da presidência da Bósnia-Herzegovina (um bosníaco, um sérvio e um croata), cada um ocupando o cargo durante 8 meses ao longo do seu mandato de 4 anos na presidência. Os três membros da presidência são eleitos diretamente pelo povo (votos da Federação para o bosníaco e o croata, e da República Srpska para o sérvio). O Presidente do Conselho de Ministros é nomeado pela presidência e aprovado pela Câmara dos Representantes. Depois, é dele a responsabilidade de nomear os ministros do governo.

A Assembleia Parlamentar é o corpo legislativo da Bósnia-Herzegovina.

Consiste de duas Câmaras: a Câmara dos Representantes e a Câmara dos Povos. A Câmara dos Povos inclui 15 delegados, dois terços dos quais provenientes da Federação (5 croatas e 5 bosníacos) e um terço da República Srpska (5 sérvios). a Câmara dos Representantes é composta por 42 membros, dois terços eleitos pela Federação e um terço eleito pela República Srpska.

O Tribunal Constitucional da Bésnia-Herzegovina é o supremo e final árbitro nas matérias legais.

É composto por nove membros: quatro são seleccionados pela Câmara dos Representantes da Federação, dois pela Assembleia da República Srpska, e três pelo Presidente do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem após consultas com a Presidência.

Geografia

A Bósnia-Herzegovina situa-se nos Balcãs ocidentais e faz fronteira com a Sérvia e Montenegro a leste e a Croácia a norte e sudoeste. A cidade portuária de Neum, no cantão de Herzegovina-Neretva, é a única ligação ao mar. O nome do país vem das duas regiões, a Bósnia e a Herzegovina, que estão separadas por uma fronteira definida muito vagamente.

Economia

A par da Macedónia, a Bósnia-Herzegovina era a mais pobre das repúblicas da antiga Jugoslávia. A agricultura esteve sempre principalmente em mãos privadas, mas as quintas costumam ser pequenas e ineficientes e os bens alimentares são habitualmente uma das importações da república. A economia planificada deixou alguns legados na economia. Segundo as teorias económicas em voga, a indústria tem um grande excesso de pessoal. Sob a liderança de Josip Broz Tito, a indústria militar foi colocada na república, e a Bósnia albergava uma grande porção das indústrias de defesa da Jugoslávia.

Três anos de guerras interétnicas destruíram a economia e as infrastruturas da Bósnia, causando um aumento exponencial do desemprego e uma queda na produção de 80%, já para não falar da morte de entre 60 e 200 mil pessoas e do deslocamento forçado de metade da população. Com uma paz instável no país, a produção recuperou entre 1996 e 1998 em grandes percentagens anuais, mas o crescimento abrandou apreciavelmente em 1999 e o PIB permanece bem abaixo dos níveis de 1990.

Demografia

De acordo com o censo de 1991, a população da Bósnia-Herzegovina é composta por 44% de bosníacos étnicos (então declarados como “muçulmanos”), 31% de sérvios e 17% de croatas, com 6% da população a declarar-se jugoslava, o que inclui os filhos de casamentos mistos e os patriotas jugoslavos.

Existe uma forte correlação entre a identidade étnica e a religião: 88% dos croatas são católicos romanos, 90% dos bosníacos seguem o Islão e 99% dos sérvios são cristãos ortodoxos.

De acordo com os dados de 2000 do CIA World Factbook, a Bósnia é, etnicamente, 48% bosníaca, 37,1% sérvia, 14,3% croata e 0,6% outra.

As cidades principais são a capital, Sarajevo, Banja Luka no noroeste, Tuzla no nordeste e Mostar, a capital da Herzegovina.

Fonte: www.girafamania.com.br

Guerra da Bósnia

A Bósnia-Herzegovina

A Bósnia-Herzegovina situa-se no sudeste da Europa, na península dos Balcãs. Faz fronteira com a Croácia, o Montenegro e a Sérvia, e tem 20 km de linha costeira no mar Adriático.

O país está dividido em duas entidades: uma Federação Bósnia/Croata (cerca de 51% do território) e a República Srpska Bósnia liderada pela Sérvia (cerca de 49% do território). Há também um distrito administrativo separado, Brcko, no nordeste da Bósnia.

A Constituição e outras leis protegem a liberdade religiosa. A lei proíbe qualquer forma de discriminação contra qualquer comunidade religiosa. O Ministério da Justiça mantém um registo unificado de todas as comunidades religiosas e o Ministério dos Direitos Humanos e Refugiados é responsável por documentar violações da liberdade religiosa. Qualquer grupo de 300 cidadãos adultos pode candidatar-se a formar uma nova Igreja ou comunidade religiosa através de uma candidatura por escrito ao Ministério dos Direitos Humanos. O ministério deve emitir a sua decisão no prazo de trinta dias após receber a candidatura. As organizações religiosas minoritárias estão autorizadas a registar-se legalmente e a operarem sem restrições.

A educação religiosa na Bósnia-Herzegovina é em grande parte descentralizada. As escolas públicas disponibilizam aulas de educação religiosa apenas para a religião maioritária no município. Se um número suficiente de alunos de um grupo religioso minoritário frequentar uma escola primária ou secundária particular (vinte na República Srpska e quinze na Federação), a escola deve organizar aulas de religião para eles. Em cinco cantões maioritariamente bósnios (a Federação Bósnia/Croata está dividida em dez cantões), as escolas primárias e secundárias disponibilizam instrução religiosa islâmica sob a forma de aulas opcionais de duas horas por semana.

Nos cantões com maiorias croatas, os alunos frequentam uma aula opcional de uma hora por semana de religião católica nas escolas primárias e do segundo ciclo. Em treze escolas primárias e secundárias de maioria croata, os alunos podem escolher entre aulas de religião católica e aulas de ética. O Ministério da Educação do cantão de Sarajevo introduziu aulas alternativas à educação religiosa chamadas ‘Sociedade, Cultura e Religião’ nas escolas primárias e ‘Cultura da Religião’ nas escolas secundárias para alunos que não queiram frequentar aulas de educação religiosa.

O Governo central não observa quaisquer feriados religiosos como feriados oficiais. As entidades e as autoridades cantonais observam feriados religiosos celebrados pelos membros da religião maioritária na área. Os feriados observados a nível local incluem a Páscoa e o Natal ortodoxos na República Srpska; a Páscoa e o Natal católicos em Herzegovina; e o Ramadão Bajram (Eid al-Fitr) e o Kurban Bajram (Eid al-Adha) em Sarajevo e no centro da Bósnia.

Existe uma pequena comunidade judaica de aproximadamente 1.000 membros que tem um papel ativo no Conselho Inter-Religioso. Este conselho existe desde 1997 e faz mediação entre as quatro comunidades religiosas consideradas como ‘tradicionais’ (Muçulmanos, Ortodoxos, Católicos e Judeus).

A Bósnia-Herzegovina é formalmente um estado secular, mas a religião desempenhou um grande papel desde a guerra. Segundo dados disponíveis, cerca de 3.290 edifícios religiosos foram destruídos ou danificados na Bósnia-Herzegovina durante a guerra.

Na Bósnia-Herzegovina há um fenómeno único no Islamismo, que é ser-se muçulmano por religião e nacionalidade. O nome muçulmano foi usado pelos eslavos que viviam na antiga Jugoslávia e pertenciam à religião islâmica. Em 1971 foi-lhes dado o estatuto de nação jugoslava. Antes disso, tinham de optar entre declararem-se como servos, como croatas ou como jugoslavos – sem definição nacional. Em 1993, os Muçulmanos da Bósnia adoptaram o termo ‘bósnio’ para identificarem a sua nação mais especificamente. Para muitos bósnios seculares, a sua identidade muçulmana tem muito mais a ver com raízes culturais do que com crenças religiosas.

Os Muçulmanos bósnios são sunitas que seguem a escola de pensamento hanafita. A principal organização muçulmana no país é a Comunidade Islâmica na Bósnia-Herzegovina (ICBH na sigla inglesa).

Esta organização gere as principais atividades muçulmanas: mesquitas, orações, educação, publicações, obras de beneficência.

Há oito muftis (estudiosos islâmicos) localizados nos principais municípios: Sarajevo, Bihac, Travnik, Tuzla, Goražde, Zenica, Mostar e Banja Luka.

As comunidades islâmicas mais conservadoras na Bósnia localizam-se em cidades como por exemplo Travnik, Zavidovici, Tesanj, Maglaj, Bugojno e Zenica.

A educação islâmica é disponibilizada em mais de 1.400 maktabs (escolas primárias religiosas informais) para 60 mil alunos regulares, treze escolas secundárias islâmicas (madrasas), duas academias islâmicas para formação de professores de educação religiosa nas escolas estatais e a Faculdade de Estudos Islâmicos em Sarajevo.

A Comunidade Islâmica combateu uma grande batalha com o cantão de Sarajevo em 2012 por causa dos estudos religiosos. O ministro da Educação do cantão deu ordens à escolas para que retirassem as notas de religião do cálculo das médias escolares oficiais dos alunos e para que permitissem que os alunos optassem por não frequentar as aulas. Isto provocou uma forte reação da Comunidade Islâmica. 6 O ministro demitiu-se dois dias depois de receber uma carta de ameaça com uma bala lá dentro. O Governo cantonal adiou a implementação das suas ordens. Está em fase de desenvolvimento um acordo entre o Governo e a Comunidade Islâmica.

Durante e depois da guerra de 1992-95, surgiram os primeiros salafistas, conhecidos localmente como wahabis. O seu número exato não é conhecido, mas calcula-se que corresponda a uns milhares. Existem alguns muçulmanos xiitas e algumas associações pró- xiitas, mas não há mesquitas xiitas. Combatentes estrangeiros muçulmanos receberam um estatuto oficial quando foi criada a unidade El Mujahed em 1993. Entre 2.000 a 5.000 combateram na Bósnia-Herzegovina contra Sérvios e Croatas. A Bósnia concedeu cidadania a quase 1.500 combatentes estrangeiros muçulmanos depois da guerra, como recompensa pelo seu apoio.

Muitos muçulmanos conservadores aceitam a Comunidade Islâmica e a autoridade do Governo bósnio. A sua principal preocupação é a pureza da fé e da prática islâmicas. Existem vários grupos salafistas mais pequenos que não aceitam a supremacia da Comunidade Islâmica ou do Estado. Estes grupos defendem a introdução da sharia e não reconhecem o Governo bósnio. É frequente adoptarem interpretações extremistas do Islão e considerarem os bósnios como pagãos. Na medida em que participam na política, estão envolvidos na umma (a Comunidade Islâmica Global) e em questões como a Palestina e a guerra na Síria. A maioria dos Muçulmanos não integrados escolhem viver em zonas remotas. Nalgumas comunidades causam problemas por incentivarem os Bósnios a denunciarem outros muçulmanos como não- crentes. Os principais apoiantes das ideias salafistas foram as agências humanitárias – o Alto Comité Saudita, a Fundação Al-Haramain e a Sociedade para o Renascimento do Legado Islâmico. De acordo com o Monitor de Segurança para o Sudeste Europeu (SEE), há mais de 250 organizações humanitárias religiosas na Bósnia originárias do Médio Oriente e da Europa.

Os Muçulmanos na Bósnia sofreram imensos danos nos seus locais de culto. Segundo os seus dados, de um total de 1.144 mesquitas anteriores à guerra, 614 foram destruídas e 307 ficaram danificadas. Dizem também que foram destruídos 557 mesdzids (mesquitas pequenas), 954 mektebs (escolas para leitores corânicos), quinze tekkes (alojamentos derviches), noventa turbes (santuários islâmicos) e 1.425 edifícios comunitários.

A maior parte dos ortodoxos no país são de origem étnica sérvia. A história independente da Igreja Ortodoxa na Bósnia-Herzegovina começa em 1219, quando a Eparquia de Zajumlje e Herzegovina foi fundada por São Sava como fazendo parte da Igreja Ortodoxa sérvia. Desde o final de 1760 até 1880, os Ortodoxos na Bósnia-Herzegovina ficaram diretamente sob o Patriarcado de Constantinopla. Em 1920, após a Primeira Guerra Mundial e a criação do Reino da Jugoslávia, a área recaiu novamente sob a autoridade religiosa da Igreja Ortodoxa Sérvia recentemente reunida. O Estado ratificou um acordo com a Igreja Ortodoxa Sérvia em 2008. De acordo com dados da Igreja Ortodoxa Sérvia, 125 igrejas e sessenta e seis objetos paroquiais e objetos sagrados foram destruídos na guerra, e 172 igrejas e cinquenta outros objetos foram danificados.

Uma concordata com a Santa Sé que foi ratificada em 2007 concede personalidade jurídica, criação de instituições educativas e de beneficência, educação religiosa e reconhecimento oficial de feriados católicos à Igreja Católica na Bósnia-Herzegovina.

A Igreja Católica é composta por uma província eclesiástica, com sede em Sarajevo, pela Arquidiocese de Vrhbosna e três dioceses sufragantes: Banja Luka, Mostar-Duvno e Trebinje-Mrkan, bem como pelo Ordinariato Militar da Bósnia-Herzegovina. Há duas províncias franciscanas no país, a Província Franciscana da Assunção da Virgem Maria com sede em Mostar e a Província Franciscana de Bosna Srebrena com sede em Sarajevo.

A Igreja Católica sofreu grande destruição durante a guerra. De acordo com dados da Igreja, 269 edifícios religiosos católicos foram totalmente destruídos na guerra e 731 ficaram danificados. As estruturas demolidas incluem capelas, conventos e cemitérios. O Papa João Paulo II visitou a Bósnia-Herzegovina duas vezes, tendo estado em Sarajevo em 1994 e em Banja Luka em 2003.

O Cristianismo chegou ao território da Bósnia-Herzegovina no século I, através dos discípulos de São Paulo e do próprio São Paulo. Depois do Édito de Milão, o Cristianismo espalhou-se rapidamente, e os Cristãos e os bispos da área que hoje é a Bósnia-Herzegovina reuniram-se em torno de duas cátedras metropolitanas, Salona e Sirmium. Várias dioceses cristãs iniciais desenvolveram-se nos séculos IV, V e VI.

Os bósnios e os herzegovinos viveram separadamente até os otomanos conquistarem a Bósnia em 1463 e depois a Herzegovina em 1482. O Congresso de Berlim colocou a Bósnia- Herzegovina sob o domínio austro-húngaro em 1878. Mais tarde, em 1918, a Bósnia- Herzegovina passou a fazer parte de um estado eslavo do sul conhecido como Reino do Sérvios, Croatas e Eslovenos.

A Bósnia-Herzegovina está na fronteira entre as culturas ocidental e oriental. Três nações e três religiões encontram-se neste pequeno território. Este é um país complexo onde as tensões étnicas e a coexistência pacífica ocorrem ao mesmo tempo. A guerra na Bósnia-Herzegovina não ocorreu por causa de ódio religioso ou pela necessidade de propagar o Catolicismo, o Islamismo ou o Cristianismo Ortodoxo. Houve, contudo, uma ameaça real de que esta guerra pudesse tornar-se numa guerra religiosa depois de o Governo bósnio ter aceite a ajuda de países islâmicos quando ficou desiludido com as políticas da Europa Ocidental. A religião e as comunidades religiosas não causaram a guerra e não conseguiram impedi-la, como frequentemente se pensa.

Durante os quatro anos de guerra na Bósnia-Herzegovina, entre 250 mil e 280 mil pessoas foram mortas ou estão desaparecidas. Cerca de 50 mil pessoas foram sujeitas a tortura. Cerca de meio milhão de pessoas passaram por 900 prisões e campos de concentração improvisados. Até à data foram descobertas mais de 160 valas comuns. Cerca de 1,2 milhões de habitantes da Bósnia- Herzegovina tornaram-se refugiados (pessoas deslocadas dentro da Bósnia- Herzegovina).

Cerca de 1,3 milhões de pessoas refugiaram-se num de trinta e cinco países de todo o mundo.

Os Acordos de Paz de Dayton que puseram fim à guerra foram concebidos como a solução menos má na altura. Os Sérvios Bósnios chegaram a acordo em Dayton devido ao elevado grau de descentralização que efetivamente reconhecia um estado dentro de outro estado (a República Srpska), mais a Federação da Bósnia-Herzegovina (muçulmana-croata), altamente descentralizada em dez cantões. No entanto, dezassete anos mais tarde, ambas as entidades ainda têm receio uma da outra. Ultrapassar esta desconfiança pode ainda levar uma década, até mesmo uma geração.

Uma moeda comum, segurança interna e a reforma do poder judicial apenas foram estabelecidas devido à pressão da comunidade internacional (a UE e a NATO) e ao apoio económico de doadores internacionais.

Recuperar da guerra tem sido mais doloroso na Bósnia-Herzegovina do que nas outras antigas repúblicas jugoslavas. Embora a Bósnia-Herzegovina seja reconhecida como um estado soberano, a sua identidade ainda é disputada. O principal objetivo da Bósnia-Herzegovina hoje em dia é tornar-se membro da União Europeia.

Fonte: ais.org.br

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