Geografia Política

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Geografia Política é uma área da Geografia que estuda Política levando em consideração o Território de um determinado país ou região.

Geografia Política

Geografia Política, termo utilizado para designar a influência determinante do meio ambiente (elementos como as características geográficas, as forças sociais e culturais e os recursos econômicos) na política de uma nação.

O cientista político sueco Rudolf Kjellén, que criou um sistema de ciência política baseado na interação das forças sociológicas, políticas e físicas, criou a palavra geopolítica em seu trabalho, Staten som Lifsform (1916, O Estado como um organismo).

A geopolítica chegou a ser importante na Alemanha durante o período do nacional-socialismo, pois proporcionou uma razão pseudocientífica para justificar sua expansão territorial.

Geografia política, ramo da geografia que tem sido parte essencial do estudo geográfico desde os tempos da Grécia antiga. De fato, o tratamento regional foi, por um longo tempo, confinado a descrições de países, suas fronteiras e suas capitais.

A geografia política moderna estuda as unidades políticas como uma região humana, notando suas bases geográficas e desenvolvimento territorial, suas mudanças na distribuição demográfica interna, a riqueza econômica relativa de uma área para outra, sua variedade política e outros fenômenos sociais. Inevitavelmente, isto leva ao estudo das relações internacionais.

A geografia une-se com a ciência política e a história no estudo dos fenômenos políticos. O geógrafo visualiza a unidade política como uma área possuindo fronteiras e dividida em áreas administrativas, mas com uma ampla variedade de características econômicas, sociais e físicas.

O cientista político lida com instituições políticas e tipos de governo, os processos do comportamento político e princípios gerais de governo. Como a descrição genérica de fenômenos políticos não explica completamente governos individuais, a ciência política deve preocupar-se com o estudo comparativo de diferentes governos e então mistura-se à geografia política.

Tal qual no campo das relações internacionais, geografia e ciência política possuem uma grande área para cobrir. Na análise de elementos de poder entre países, a geografia econômica bem como a geografia política contribuem com dados e conceitos.

Na realidade, várias outras ciências, incluindo economia, antropologia, geologia econômica e botânica econômica contribuem para uma avaliação dos recursos das nações.

O estudo das relações internacionais levou a uma geografia pseudopolítica dinâmica, a geopolítica. De acordo com uma definição, “a geografia política visualiza o estado do ponto de vista do espaço, enquanto que a geopolítica visualiza o espaço do ponto de vista do estado”.

Uma extensão desse conceito, a Geopolitik definida por Karl Haushofer, foi usada na Alemanha nazista como instrumento de propaganda e ilustra o perigo de confundir suposições com fatos e a utilização disto para propósitos particulares.

Globalização, Geopolítica e Meio Ambiente

A geopolítica que por tanto tempo determinou os rumos das relações externas das grandes potências e dos países emergentes, assim como o processo de expansão das empresas multinacionais, adota uma nova forma com o processo duplo globalização/regionalização. Assim sendo é impossível entender a geopolítica e seu impacto no meio ambiente sem inseri-la no contexto da globalização.

Ou de uma forma muito mais polêmica, o duplo processo globalização/regionalização têm impactos positivos no meio ambiente, na medida em que o território deixa de ser importante para as políticas de expansão geográficas dos Estados-Nações, e de expansão de mercados das empresas.

Motivo de reflexão é afirmar também, que a geopolítica cedeu seu lugar para sua antítese, a geoeconomia, e que esta deverá determinar os novos rumos e estratégias de ação dos estados, que garanta um processo de acumulação em base “nacional”.

A geopolítica é entendida de várias formas, todas elas ligadas ao espaço territorial, e às estratégias de ação dos Estados, como forma de expandir o território nacional ou defender as fronteiras, regulamentar ou não as ações predatórias e/ou conservacionistas com relação ao meio ambiente e, inclusive, como uma correlação entre os acontecimentos políticos e o solo.

A geopolítica está vinculada ao poder e seu uso pelos estados, mas primordialmente ela esta ligada ao solo, ao espaço, ao território, e até ao espaço vital. Além de não existir unanimidade do que é entendido como geopolítica, em alguns casos, as definições tornam-se contraditórias, incoerentes e até excludentes.

Definindo geopolítica como a fundamentação geográfica de linhas de ação políticas, que englobam necessariamente a noção de espaço, o que torna estas ações dependente do espaço físico, do território, ou da região. O espaço físico, tem sido sempre um dos componente vitais do espaço econômico, porém ele começa a perder a importância tanto estratégica quanto econômica.

Do ponto de vista estratégico, o surgimento dos blocos econômicos e suas instituições supranacionais, erodem o poder e a soberania dos estados nacionais, tornando sem sentido a antiga noção de fronteira. O limite que a fronteira impunha à expansão capitalista, é deslocado, modificando-se tanto a noção de território, quanto as funções do Estado keynesiano, e as práticas políticas do mesmo.

Do ponto de vista econômico, a regionalização ao tornar comum o espaço econômico para todos os agentes, pela livre mobilidade de bens e serviços, trabalhadores e capitais, torna necessária a harmonização e cooperação dos diferentes estados nacionais, o que elimina de vez, os perigos de atitudes expansionistas e esvazia de significado as políticas de “segurança nacional”.

O processo de globalização completa o circuito, ao retirar do Estado, o controle sobre os fluxos de capitais e da política monetária, e reduzir a margem de manobra das políticas macroeconômicas nacionais.

A globalização também, elimina a parcela geográfica do espaço econômico ao deslocalizar a atividade produtiva, tanto dos centros produtores de insumos quanto dos mercados consumidores devido às novas técnicas de organização e distribuição da produção, aos mecanismos multilaterais da Organização Mundial do Comercio (OMC) que permitem eliminar as barreiras tarifarias e não tarifarias das transações de bens e serviços, entre países não pertencentes ao mesmo bloco e à homogeneização dos hábitos de consumo.

Ela torna o território cada vez menos importante como elemento fundamental da produção de bens, por causa das novas técnicas de produção, deixando para o espaço geográfico apenas a função preservacionista do meio ambiente e, como lugar de lazer para os citadinos.

Isto significa que tanto o Estado, quanto a fronteira e o território, perdem a importância que até aqui mantiveram, devendo modificar-se profundamente para responder às exigências que a nova divisão internacional do trabalho e, a nova organização do processo produtivo reclamam. Assim,

” A transição de uma economia baseada em material, energia e mão-de-obra para outra baseada na informação e na comunicação reduz ainda mais a importância da nação-estado como participante essencial de garantia dos destinos do mercado.

Uma importante função da moderna nação-estado é sua capacidade de usar a força militar para tomar recursos vitais, captar e explorar mão-de-obra local e até global. Agora que os recursos energéticos, minerais e mão-de-obra estão tornando-se menos importantes do que informação, comunicação e propriedade intelectual no mix da produção, a necessidade da intervenção militar maciça é menos aparente.

Informação e comunicação, as matérias primas da economia global de alta tecnologia, são impermeáveis a fronteiras físicas. Elas invadem espaços físicos, cruzam linhas políticas e penetram nas camadas mais profundas da vida nacional. Exércitos inteiros não podem conter nem mesmo diminuir o fluxo acelerado da informação e das comunicações através de fronteiras nacionais” (Rifkin, 1995:260-1).

Enquanto o papel geopolítico da nação-estado está diminuindo, sua função geoeconômica aumenta. Paradoxalmente o aumento da importância da geoeconomia significa um enfraquecimento do Estado keynesiano, e uma volta teórica a suas funções básicas iniciais, na medida em que ele deve garantir para as empresas localizadas no seu território, pelo menos as mesmas condições vigentes nos mercados menos regulamentados.

Territorialização versus Desterritorialização

O espaço econômico é definido como a união do espaço matemático e o espaço geográfico. No primeiro se relacionam as variáveis abstratas, e no segundo se localizam as atividades humanas ligadas à transformação da natureza, à preservação do meio ambiente e da bio-diversidade. No espaço econômico se situam “as relações técnicas e de comportamento humano que são geograficamente localizadas”.

Storper (1994) define uma atividade como territorializada quando sua efetivação econômica depende da localização, sendo esta específica de um lugar determinado, o que significa que esses recursos não podem ser encontrados em outros lugares ou fabricados artificialmente.

O fato do recurso ser específico de um lugar não implica necessariamente em atividades ligadas ao território, por causa da inserção em redes de relacionamento com outros centros territorializados devido à internacionalização e por causa da globalização que os relaciona com partes desterritorializadas dos sistemas de produção, distribuição, marketing e consumo.

Embora na literatura e nas políticas econômicas adotadas principalmente no terceiro mundo, tenham-se associado espaço econômico e espaço territorial, o certo é que as experiências demonstram que esta relação é muito indireta e tênue, quando existe, pois elas são apenas uma parte de sistemas econômicos mais complexos e completos (Storper,1994).

Santos (1994:42) afirma que “assistimos a uma liquidação impiedosa dos mercados locais e sub-regionais dentro dos países e uma tentativa de integração de mercados internacionais dentro dos espaços regionais delimitados por acordos entre estados”

Globalização

Pode-se definir a Globalização como sendo uma atividade econômica real, ou financeira, desenvolvida independentemente dos recursos específicos dos diferentes países, o que termina com a importância estratégica de alguns territórios.

Na medida em que o território perde importância, o espaço econômico é modificado, ficando apenas as relações abstratas entre os diferentes agentes econômicos. A globalização da economia está alimentada pelo desenvolvimento das tecnologias da informação, pela abertura de novos mercados onde os salários são baixos, e pela mobilidade do capital financeiro que escapa a qualquer controle nacional.

É a internacionalização da economia porém, que cria a necessidade de uma empresa globalizada, que se torna possível pelo avanço tecnológico na informática e nas telecomunicações, pelas mudanças no modelo de gestão empresarial, tornado obsoleto pela necessidade que tem a firma de adaptar-se às exigências da nova divisão internacional do trabalho e, pelos processos de desregulamentação do estado e as mudanças nas políticas comerciais e de inserção internacional dos diferentes países.

A fragmentação do processo produtivo e, o aumento dos custos provocados pela rigidez nas legislações trabalhistas dos países desenvolvidos, têm provocando o deslocamento da produç&atil de;o das multinacionais para os países em desenvolvimento, onde os salários são reduzidos, destruindo os empregos que requerem pouca qualificação nos países desenvolvidos.

O processo de globalização pode funcionar melhor num espaço onde as políticas econômicas são convergente e não no mundo formado por blocos, desta forma o novo desenho das políticas públicas a nível mundial contribuíram em muito para a consolidação do processo.

É impossível para as empresas concorrer em condições de igualdade sem um mínimo de globalização do setor público. Medidas de desregulamentação, abertura comercial, regionalismo aberto, e as decorrentes dos programas de estabilização e ajuste estrutural adotadas para atingir maior eficiência, competitividade e flexibilização da estrutura produtiva, foram fundamentais para que o fenômeno da globalização fosse incorporado nos países em desenvolvimento (Agudelo 1997).

Todo o anterior significa que o processo de globalização, tem como consequência a crescente desterritorialização da atividade econômica, tornando-as menos dependentes dos recursos, práticas e interdependências de um local específico (Storper,1994).

Isto não significa, que não seja possível a existência de um forte grau de internacionalização do capital produtivo e financeiro, com um elevado grau de dependência territorial, o que alguns analistas denominam de mundialização do capital.

A globalização pode ser entendida como um fenômeno microeconômico restrito aos movimentos na divisão do trabalho, a organização empresarial, os mecanismos de distribuição dos produtos, ou sua inserção nas grandes redes financeiras internacionais; ou também como produto do multilateralismo decorrente das negociações na Organização Mundial do Comercio, o resultado de:

Mudanças na Tecnologia: A globalização tem facilitado as transações comerciais internacionais, de forma exponencial, devido ao progresso tecnológico das telecomunicações e aos avanços da microeletrônica.

A desregulamentação da economia: O mundo globalizado é avesso à presença do estado e suas regulamentações. A ideologia liberal do estado minimalista tem contribuído para que sua presença seja cada vez menor. As políticas públicas de liberalização e desregulação do mercado, assim como os movimentos de abertura comercial unilateral tem tido um papel importante para amplificar esse processo que paradoxalmente esvazia o poder do estado.

Mudanças na organização empresarial: à revolução tecnológica corresponde uma redução dos custos de produção, comercialização e distribuição do produto, assim como uma mudança nas relações das empresas com o setor financeiro nacional. Isto levou às empresas a adotarem modelos de gestão e organização empresarial cada vez mais ágeis e flexíveis que permitissem o melhor aproveitamento das economias de escala e de eficiência.

O Capitalismo tem como característica as inovações e transformações das técnicas produtivas. E o desenvolvimento das técnicas está relacionado com a necessidade de expansão do capitalismo e não em atender as necessidades da sociedade.

Como o principal objetivo do Capitalismo é acumular, as empresas passam a intensificar sua produção, para o qual precisam de um mercado cada vez maior, o que as leva a deslocar sua produção e aumentar os fluxos de capital para terceiros países com o intuito de aproveitar-se do potencial do mercado ampliado, produto desse processo.

As inovações tecnológicas nas comunicações e na informação exigem muito menos recursos naturais do que as utilizadas anteriormente, e pelo tanto são mais favoráveis ao meio ambiente, segundo Woodall (1996:A12) “enquanto os automóveis, ferrovias e motores a vapor usavam matérias primas em grande escala, a tecnologia da informação (TI) acelera a mudança para uma economia “sem peso”, na qual uma parcela crescente da produção toma a forma de bens intangíveis.

A TI oferece também enorme potencial para reduzir a poluição e os congestionamentos, por meio do “teletrabalho” e das “telecompras”, que tornarão muitas viagens desnecessárias”

A revolução tecnológica na agricultura e na indústria

A automação está transformando a agricultura, o que significa uma tendência cada vez maior de expulsão do homem do campo, o que gera uma preocupação crescente não com o futuro do contingente liberado de mão de obra agrícola e sim com a força de pressão que estes exercerão sobre o emprego e os salários, saúde, educação e moradia, principalmente nas periferias das cidades do entorno agrícola, a transformação e mecanização da agricultura gera também preocupações com seu impacto no meio ambiente.

Maior produtividade na agricultura, gerada pela mecanização, significa menos trabalhadores e menos terras para a produção, o que significa também menos erosão e menos danos ao meio ambiente e menor importância para a quantidade e qualidade de terra que um país (ou região) possui como elemento de poder ou peso político e/ou econômico.

As propriedades do solo, outrora únicas, começam a perder espaço e importância na medida em que a produção em laboratório avança.

As empresas, já se preparam para produzir alimentos, sem auxílio da terra, do clima e das mudanças de estação. Os exemplos citados a seguir são extraídos do livro de Rifkin e mostram que a tendência atual é eliminar a variabilidade da produção causada pelo clima, a fertilidade do solo, a presença ou não de determinados minérios e reduzir os custos gerados pela contaminação ambiental.

A maior parte da oferta mundial de baunilha (70%), é produzida em Madagascar, um pequeno país-ilha na África, em Comores e Reunião. A produção da baunilha em laboratório foi recentemente realizada com sucesso, o que significa a eliminação da fava, da planta, do solo, do cultivo, da colheita, do agricultor, e da renda dos mesmos.

Sendo um dos produtos de exportação mais importantes das ilhas, a produção em que leva à inadimplência e a não pagamento dos empréstimos internacionais, que poderia gerar uma nova crise da dívida, pelo não cumprimento dos compromissos assumidos por países ameaçados pelos mesmos processos produtivos.

A chamada cultura de tecidos, já faz experiências para produzir suco de laranja sem plantar os pomares, gaze esterilizada sem passar pelo cultivo do algodão, etc. Retirar a produção animal, vegetal e mineral do céu aberto, eliminaria a maioria dos problemas ambientais.

O mesmo esta acontecendo com inúmeros produtos minerais. A produção de aço laminado a frio nos Estados Unidos , que na sua forma tradicional gasta 12 dias para ficar pronto, e uma enorme quantidade de danos ambientais, é produzido em menos de uma hora em uma fábrica computadorizada, a Nippon Steel, com poucos ou nenhum dano ambiental.

A informática está gerando cada vez mais, novos e mais numerosos sistemas computadorizados, para monitorar o meio ambiente, detectar áreas problemáticas, corrigir problemas de erosão, lixiviação e o escoamento de nutrientes e pesticidas. “O computador usa a informação para desenvolver um programa de produção agrícola global. Equilibrando metas de áreas e objetivos de lucros com a necessidade de reduzir riscos ambientais a níveis aceitáveis” (Rifkin, 1995:122)

As novas funções do solo

A evolução tecnológica mencionada anteriormente, planteia uma questão que vem sendo debatida com relação aos novos usos do solo. Dos debates tem surgido, a ideia de um desenvolvimento econômico sustentável onde o conceito principal diz respeito ao principio de uso múltiplo do território.

Este uso múltiplo do território, elimina o aspecto meramente produtivo e/ou estratégico do território e inclui a proteção ambiental e o lazer, como elementos importantes, do que poderíamos denominar de novas “funções” do território.

Geopolítica e Meio Ambiente

Toda a discussão anterior nos leva a uma serie de considerações, onde a principal nos remete à perda de importância da geopolítica como “raison de être” do estado moderno.

Anteriormente, o espaço físico era visto como um mero prolongamento do território nacional e como espaço mercadológico provedor de insumos e matérias primas e consumidor de bens e serviços, com nenhuma ou escassa inquietação ambiental por parte do estado, as empresas e a sociedade em geral, inclusive com relação aos recursos naturais não renováveis.

Cabe destacar que não tem sido os inúmeros desastres ecológicos, ou o surgimento de grupos ambientalistas radicais que tem despertado a sociedade para a preservação do meio ambiente. Ele se torna importante, na medida em que vá se degradando, ficando escasso e pelo tanto convertendo-se num bem econômico.

É exatamente isto que gera a oportunidade de novas atividades no meio rural, que visam reduzir as externalidades negativas geradas pelo processo produtivo de alta intensidade no uso de recursos naturais.

Estas atividades estão ligadas basicamente à produção “biológico-artesanal” de alguns produtos, o turismo ecológico e rural, as “chácaras” de recreio e lazer de fim de semana (segundas residências), e uma novíssima atividade: o “preservador meio ambiental”, pago para não produzir e sim para manter intacta a paisagem.

Ele deixa de produzir, não por que tenha-se convertido à nova religião ambientalista, e sim por que não tem condições de competir, mesmo utilizando as técnicas que agridem o meio ambiente, com as novas técnicas de bio-engenharia utilizadas pelas grandes empresas agroalimentarias, que além de não poluentes, reduzem o custo à níveis jamais vistos desde a “revolução verde”.

As novas tecnologias que são introduzidas no processo produtivo, e o desaparecimento dos mercados nacionais gerado pela globalização/regionalização, permitem concluir que essas novas tecnologias ao contrario de suas predecessoras, ajudarão a preservar o meio ambiente.

A preservação ambiental é dada pela redução dos deslocamentos para o local de trabalho, o que permite diminuir a poluição ambiental gerada pelos automóveis; a produção de alimentos e matérias primas a partir da engenharia genética, o que tornará obsoleto o uso do solo com fins produtivos, diminuindo a erosão e outros problemas ambientais gerados pela produção predatória; e a própria produção industrial a medida que se automatiza deverá reduzir a emissão de poluentes.

Em síntese, à medida que o dinamismo da atividade econômica se desloca da indústria para o setor financeiro, de informação e de comunicações a tendência é de uma utilização mais racional dos recursos meio ambientais.

Para concluir, a globalização/regionalização da economia diminui o papel que o espaço territorial tem na atividade produtiva, o que retira a importância da geopolítica e as ações que o Estado implementava, ao mesmo tempo, isto permite que a economia se torne cada vez mais independente dos recursos naturais, o que se de um lado diminui a importância estratégica de alguns territórios, por outro, melhora as condições ambientais o que permite vislumbrar um futuro onde as condições ecológicas serão melhores que as atuais, na medida em que as atividades ligadas à ecologia deverão tornar-se um próspero negócio.

A geografia política moderna, pelo menos tal como a entendemos hoje – isto é, como um estudo geográfico da política, ou como o estudo das relações entre espaço e poder – nasceu com a obra Politische Geographie [Geografia Política], de Friedrich RATZEL, publicada em 1897.

Não que esse geógrafo alemão tenha sido o primeiro autor a escrever sobre o assunto ou a empregar esse rótulo. A bem da verdade, essa análise, ou melhor, essa incorporação da dimensão geográfica ou espacial da política é bastante antiga.

Podemos encontrá-la em Aristóteles, em Maquiavel, em Montesquieu e em inúmeros outros filósofos da antiguidade, da Idade Média ou da época moderna.

Mas normalmente essa preocupação com a dimensão espacial da política — tal como, por exemplo, a respeito do tamanho e da localização do território de uma cidade-Estado, em Aristóteles; ou sobre a localização e a defesa da fortaleza do príncipe, em Maquiavel; ou a ênfase na importância da geografia (física e humana) para a compreensão do “espírito das Leis” de cada sociedade, em Montesquieu — era algo que surgia en passant, como um aspecto meio secundário da realidade, pois o essencial era entender a natureza do Estado ou das Leis, os tipos de governo ou as maneiras de alcançar e exercer eficazmente o poder.

Com Ratzel inicia-se um estudo sistemático da dimensão geográfica da política, no qual a espacialidade ou a territorialidade do Estado era o principal objeto de preocupações. E com Ratzel a própria expressão “geografia política”, que era comumente empregada nos estudos enciclopédicos dos séculos XVI, XVII e XVIII (as informações sobre tal ou qual Estado: sua população, contornos territoriais, rios, montanhas, climas, cidades principais, etc.), ganha um novo significado. Ela passa a ser entendida como o estudo geográfico ou espacial da política e não mais como um estudo genérico (em “todas” as suas características) dos Estados ou países.

A geopolítica, por sua vez, foi criada no início do século XX, mais precisamente em 1905, num artigo denominado “As grandes potências”, escrito pelo jurista sueco Rudolf KJELLÉN. (Mas atenção: a palavra “geopolítica” é que foi criada por Kjellén, pois provavelmente essa temática que passou a se chamar geopolítica seja mais antiga.

Isto é, já havia anteriormente uma preocupação com o poderio de cada Estado, com as grandes potências mundiais ou regionais, com a instrumentalização do espaço geográfico com vistas à guerra ou ao exercício do poder estatal).

Normalmente se afirma — em quase todas as obras sobre “história da geopolítica” — que os geopolíticos clássicos, ou os “grandes nomes da geopolítica”, foram H.J. MacKinder, A.T. Mahan, R. Kjellén e K. Haushofer. Desses quatro nomes, dois deles (o geógrafo inglês Mackinder e o almirante norte-americano Mahan) tiveram as suas principais obras publicadas antes da criação dessa palavra geopolítica por Kjellén e, dessa forma, nunca fizeram uso dela.

O outro autor, o general alemão Haushofer, foi na realidade quem popularizou a geopolítica, devido às circunstâncias (ligações, embora problemáticas, com o nazismo e possível contribuição indireta para a obra Mein Kampf, de Hitler), tornando-a (tristemente) famosa nos anos 1930 e 40, em especial através da sua Revista de Geopolítica [Zeitschrift für Geopolitik], editada em Munique de 1924 a 44 e com uma tiragem mensal que começou com 3 mil e chegou a atingir a marca dos 30 mil exemplares, algo bastante expressivo para a época.

A geopolítica, enfim, conheceu um período de grande expansão no pré-guerra, na primeira metade do século XX, tendo se eclipsado — ou melhor, ficado no ostracismo — depois de 1945. Ela sempre se preocupou com a chamada escala macro ou continental/planetária: a questão da disputa do poder mundial, que Estado (e por quê) é uma grande potência, qual a melhor estratégia espacial para se atingir esse status, etc. Existiram “escolas (nacionais) de geopolítica”, em especial dos anos 1920 até os anos 1970, em algumas partes do mundo, inclusive no Brasil.

Não escola no sentido físico (prédio e salas de aula), mas sim no sentido de corrente de pensamento, de autores — mesmo que um tenha vivido distante do outro, no espaço ou às vezes até no tempo — com uma certa identificação: no caso da geopolítica, ela consistia principalmente no desenvolvimento de um projeto (“Brasil, grande potência”, no nosso caso) que se expressa como uma estratégia (geo)política e militar com uma clara dimensão espacial.

A natureza pragmática, utilitarista (e para o Estado, único agente visto como legítimo) ou de “saber aplicável” sempre foi uma tônica marcante na geopolítica. Ela nunca se preocupou em firmar-se como um (mero?) “conhecimento” da realidade e sim como um “instrumento de ação”, um guia para a atuação de tal ou qual Estado.

A partir de meados dos anos 1970 a geopolítica sai do ostracismo. Ela volta a ser novamente estudada (a bem a verdade, ela nunca deixou de ser, mas de 1945 até por volta de 1975 esteve confinada em pequenos círculos, em especial militares).

Só que agora, ao invés de ser vista como “uma ciência” (como pretendia Kjellén) ou como “uma técnica/arte a serviço do Estado” (como advogavam inúmeros geopolíticos, inclusive Haushofer), ela é cada vez mais entendida como “um campo de estudos”, uma área interdisciplinar enfim (tal como, por exemplo, a questão ambiental).

Em várias parte do globo criaram-se — ou estão sendo criados — institutos de estudos geopolíticos e/ou estratégicos, que via de regra congregam inúmeros especialistas: cientistas políticos, geógrafos, historiadores, militares ou teóricos estrategistas, sociólogos e, como não podia deixar de ser (na medida em que a “guerra” tecnológica-comercial hoje é mais importante que a militar) até mesmo economistas.

A palavra geopolítica não é uma simples contração da geografia política, como pensam alguns, mas sim algo que diz respeito às disputas de poder no espaço mundial e que, como a noção de PODER já o diz (poder implica em dominação, via Estado ou não, em relações de assimetria enfim, que podem ser culturais, sexuais, econômicas, repressivas e/ou militares, etc.), não é exclusivo da geografia. (Embora também seja algo por ela estudado).

A geografia política, dessa forma, também se ocupa da geopolítica, embora seja uma ciência (ou melhor, uma modalidade da ciência geográfica) que estuda vários outros temas ou problemas. Exemplificando, podemos lembrar que a geografia também leva em conta a questão ambiental, embora esta não seja uma temática exclusivamente geográfica (outras ciências — tais como a biologia, a geologia, a antropologia, a história, etc. — também abordam essa questão).

Mas a geografia — da mesma forma que as outras ciências mencionadas — não se identifica exclusivamente com essa questão, pois ela também procura explicar outras temáticas que não são rigorosamente ambientais tais como, por exemplo, a história do pensamento geográfico, a geografia eleitoral, os métodos cartográficos, etc.

Esquematizando, podemos dizer que existiram ou existem várias interpretações diferentes sobre o que é geopolítica e as suas relações com a geografia política. Vamos resumir essas interpretações, que variaram muito no espaço e no tempo, em quatro visões:

1. “A geopolítica seria dinâmica (como um filme) e a geografia política estática (como uma fotografia)”. Esta foi a interpretação de inúmeros geopolíticos anteriores à Segunda Guerra Mundial, dentre os quais, podemos mencionar Kjellén, Haushofer e vários outros colaboradores da Revista de Geopolítica, além do general Golbery do Couto e Silva e inúmeros outros militares no Brasil.

Segundo eles, a geopolítica seria uma “nova ciência” (ou técnica, ou arte) que se ocuparia da política ao nível geográfico, mas com uma abordagem diferente da geografia, mais “dinâmica” e voltada principalmente para a ação. Eles viam a geografia como uma disciplina tradicional e descritiva e diziam que nela apenas colhiam algumas informações (sobre relevo, distâncias, latitude e longitude, características territoriais ou marítimas, populações e economias, etc.), mas que fundamentalmente estavam construindo um outro saber, que na realidade seria mais do que uma ciência ou um mero saber, seria um instrumento imprescindível para a estratégia, a atuação político/espacial do Estado.

Como se percebe, foi uma visão adequada ao seu momento histórico — não podemos esquecer que o mundo na primeira metade do século XX, antes da Grande Guerra, vivia uma ordem multipolar conflituosa, com uma situação de guerra latente entre as grandes potências mundiais — e à legitimação da prática de quem fazia geopolítica naquele momento.

Ela também foi coeva e tributária de todo um clima intelectual europeu — especialmente alemão — da época, que fustigava o conhecimento científico ( a “ciência real”, que era contraposta a uma “ciência ideal” ou “novo saber”, que deveria contribuir para um “mundo melhor”) pela sua pretensa “desconsideração pela vida concreta, pelas emoções, pelos sentimentos”.

2. “A geopolítica seria ideológica (um instrumento do nazi-fascismo ou dos Estados totalitários) e a geografia política seria uma ciência”. Esta foi a interpretação de alguns poucos geógrafos nos anos 1930 e 40 (por exemplo: A. Hettner e Leo Waibel) e da quase totalidade deles (e também de inúmeros outros cientistas sociais) no pós-guerra.

Um nome bastante representativo desta visão foi Pierre George, talvez o geógrafo francês mais conhecido dos anos 50 aos 70, que afirmava que a geopolítica seria uma “pseudo-ciência”, uma caricatura da geografia política. Esta visão foi praticamente uma reação àquela anterior, que predominou ou foi extremamente importante no pré-guerra.

Como toda forte reação, ela caminhou para o lado extremo do pêndulo, desclassificando completamente a geopolítica (da qual “nada se aproveita”, nos dizeres de inúmeros autores dos anos 50 e 60) e até mesmo se recusando a explicá-la de forma mais rigorosa.

3. “A geopolítica seria a verdadeira (ou fundamental) geografia”. Esta foi a interpretação que Yves Lacoste inaugurou com o seu famoso livro-panfleto A Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra, de 1976, e que serviu como ideário para a revista Hérodote – revue de géographie et de géopolitique.

Nessa visão, a geografia de verdade (a “essencial” ou fundamental) não teria surgido no século XIX com Humboldt e Ritter, mas sim na antiguidade, junto com o advento dos primeiro mapas. O que teria surgido no século XIX seria apenas a “geografia dos professores”, a geografia acadêmica e que basicamente estaria preocupada em esconder ou encobrir, como uma “cortina de fumaça”, a importância estratégica da verdadeira geografia, da geopolítica enfim.

A geopolítica — ou geografia dos Estados maiores, ou geografia fundamental — existiria desde a antiguidade na estratégia espacial das cidades-Estado, de Alexandre o Grande, por exemplo, de Heródoto com os seus escritos (obra e autor que, nessa leitura enviesada, teria sido um “representante do imperialismo ateniense”!).

Esta interpretação teve um certo fôlego — ou melhor, foi reproduzida, normalmente por estudantes e de forma acrítica — no final dos anos 70 e início dos 80, mas acabou ficando confinada a um pequeno grupo de geógrafos franceses que, inclusive, em grande parte se afastaram do restante da comunidade geográfica (ou mesmo científica) daquele país.

Existe uma visível falta de evidências nessa tese — de comprovações, e mesmo de possibilidade de ser testada empiricamente (inclusive via documentos históricos) — e, na realidade, ela surgiu mais como uma forma de revalorizar a geografia, tão questionada pelos revoltosos do maio de 1968, tentando mostrar a sua importância estratégica e militar.

4. “A geopolítica (hoje) seria uma área ou campo de estudos interdisciplinar”. Esta interpretação começa a predominar a partir do final dos anos 1980, sendo quase um consenso nos dias atuais. Não se trata tanto do que foi a geopolítica e sim do que ela representa atualmente.

E mesmo se analisarmos quem fez geopolítica, os “grandes nomes” que teriam contribuido para desenvolver esse saber, vamos concluir que eles nunca provieram de uma única área do conhecimento: houve juristas (por exemplo, Kjellén), geógrafos (Mackinder), militares (Mahan, Haushofer) e vários outros especialistas.

Não tem nenhum sentido advogar o monopólio desse tipo de estudo — seria o mesmo que pretender deter a exclusividade das pesquisas ambientais! –, já que com isso estaríamos desconhecendo a realidade, o que já se fez e o que vem sendo feito na prática.

Existem trabalhos sobre geopolítica, alguns ótimos, oriundos de geógrafos, de cientistas políticos, de historiadores (H. Kissinger, P. Kennedy…), de militares, etc. E ninguém pode imaginar seriamente que num instituto ou centro de estudos estratégicos e/ou geopolíticos — onde se pesquise os rumos do Brasil (ou de qualquer outro Estado-nação, ou mesmo de um partido político) no século XXI, as possibilidades de confrontos ou de crises político-diplomáticas ou econômicas, as estratégias para se tornar hegemônico no (sub)continente, para ocupar racionalmente a Amazônia, etc. — devam existir apenas geógrafos, ou apenas militares, ou apenas juristas.

Mais uma vez podemos fazer aqui uma ligação com o nosso tempo, com o clima intelectual do final do século XX e inícios do XXI. A palavra de ordem hoje é interdisciplinariedade (ou até transdisciplinariedade), pois o real nunca é convenientemente explicado por apenas uma abordagem ou uma ciência específica. O conhecimento da realidade, enfim, e mesmo a atuação nela com vistas a um mundo mais justo, é algo muito mais importante do que as disputas corporativistas.

Fonte: www.enaol.com/www.dge.uem.br/www.geocritica.hpg.ig.com.br

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