Manguezais

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Importantíssimos, tanto para a vida animal, como para a vida humana, os mangues ou manguezais constituem-se num dos mais belos e interessantes ecossistemas que existem. Apresentando formas e seres bastante singulares, o mangue desperta a atenção e curiosidade de todos.

Sua vegetação adaptada às condições estuarinas – onde ocorre a mistura da água doce dos rios com a água salgada do mar, é formada por poucas espécies vegetais, bem adaptadas às condições ambientais e quase sempre de aparências exóticas.

Entre elas destacam-se: mangue vermelho (Rhizophora mangue), mangue branco (Laguncularia racemosa) e mangue preto (Avicennia shaueriana).

Os mangues caracterizam-se como áreas de elevada produtividade primária, devido ao acúmulo de matéria orgânica, principalmente: folhas, frutos e restos de animais; formando substrato rico onde desenvolvem-se bactérias, fungos, algas e microorganismos que servem de alimentos para pequenos peixes, camarões, crustáceos e muitos outros seres vivos.

O mangue, além de ser um importante segmento da cadeia alimentar, é um verdadeiro “berçário” natural. É local de proteção, alimentação e reprodução de grande número de espécies de valor comercial. Nas condições ambientais do mangue, os filhotes de muitas espécies ficam desenvolvendo-se até terem tamanho suficiente para viverem em outros ambientes como o mar.

Além de sua importância para as espécies animais, os manguezais são importantíssimos também para os seres humanos. Milhares de famílias, em todo o Brasil, dependem direta ou indiretamente dos recursos existentes no mangue.

Animais como: lambreta, sururu, ostra, caranguejo-uçá, guaiamum, siri, aratu e outros, são fontes fundamentais na alimentação das famílias que vivem próximas dos mangues.

Além da alimentação dos produtos do mangue, também é possível obter-se renda através da venda dos mesmos. As Marisqueiras e Coletores comercializam os produtos do mangue como forma de obter dinheiro para comprar outros itens essenciais para o lar. As crianças, filhos destes profissionais, desde cedo já aprendem o árduo, e ao mesmo tempo divertido, trabalho na lama do mangue.

LEIS QUE PROTEGEM OS MANGUES

Existem vários dispositivos nas leis brasileiras que protegem os manguezais, tanto na esfera federal, como na estadual e municipal. Os mangues são considerados Áreas de Preservação Permanente, conforme o Código florestal, Lei 771, art. 2o, de 15/09/1965; art. 18o da Lei 6.938, de 31/08/1981; Decreto 89.336, de 31/04/1984; e resolução 4 do CONAMA, de 18/09/1985. Assim sendo, não é permitido o corte, destruição ou degradação dos manguezais.

Porém, na prática, as leis têm-se mostrado bastante frágeis na proteção efetiva dos nossos manguezais. O desconhecimento destas leis, pela grande parte da população que vive próxima aos mangues, tem sido um dos principais fatores que levam à destruição dos mesmos. É necessário que as populações que dependem dos manguezais estejam atentas e denunciem aos órgãos responsáveis pela proteção do meio ambiente, qualquer tipo de agressão a este maravilhoso ecossistema.

ENTRE A TERRA E O MAR

O manguezal é o grupo de plantas que se desenvolvem em zona litorânea, em substrato plano, lodoso, nas margens de estuários (zona de encontro entre o rio e mar), enseadas, lagoas, baías, etc.. Se trata de um tipo singular de vegetação litorânea que não suporta geada e é limitado à habitats salinos ou salubres porque periodicamente são inundados pela maré.

O manguezal possui uma profunda capacidade de adaptação às duras condições; um solo inconsistente e salgado e a deficiência de oxigênio em virtude do alagamento pelas oscilações constantes da maré.

Os manguezais, que delineiam cerca de 25% dos litorais do planeta, só começaram a ser valorizados a partir de década de setenta, quando foram realizados os primeiros estudos atestando sua importância para ecologia.

O manguezal no Brasil aparece em quase toda a extensão litorânea.

As plantas dos manguezais tem sua localização dispersa devido a tolerância das espécies em relação aos diferentes teores de salinidade e aos diversos graus de adaptação ao tipo de solo.

Do mar para o interior do mangue, é predominante a sucessão dos mangues: vermelho, siriúba e branco. O mangue vermelho é encontrado junto ao litoral.

Sucessivamente vem a siriúba. O mangue branco instala-se onde a salinidade é menor.

Os mangues, servem para indicar a vegetação, o solo ou a espécie Rhizophora Mangle (mangue vermelho). As suas sementes germinam no interior do fruto, ainda preso à planta que o formou, de tal modo que as plantinhas só abandonam a planta “mãe” quando têm vários centímetros de comprimento, enterrando-se no solo lodoso do mangue ao caírem.

Esta nova plantinha é capaz de flutuar e, se as condições forem favoráveis (maré baixa), ao penetrar na lama, a sua chance de se enraizar logo é muito grande, formando assim as raízes adventícias.

Com todas essas descrições feitas acima, pode-se dizer que só as espécies mais adaptadas ao meio sobrevivem. Essa adaptação pode se dar em várias características das plantas, como as raízes. Há uma quantidade muito grande de raízes aéreas, em forma de arco. Assim, elas estão aptas para a multiplicação de pontos de apoio, onde elas podem tombar sem cair, resistindo a maiores pressões.

As raízes aéreas asseguram a planta a indispensável areação (pneumatóforos, que são encontradas no mangue branco). Algumas “protuberâncias” nascem verticalmente das raízes que se desenvolvem horizontalmente sobre o lodo.

“Os bosques de mangues, regados pelas marés, protegem os continentes da erosão, reduzem a poluição das praias e, principalmente, garantem comida farta para a fauna dos oceanos.” (fonte: Super-Interessante) O mangue evita que as ondas do mar (principalmente em ressaca ou quando a maré esta alta) destruam tudo pela frente, ao alcançarem a terra.

“A cortina verde tramada por essas árvores é capaz de filtrar poluentes, o que reduz a contaminação das praias, impedindo que os produtos do continente sejam despejados nas águas costeiras”. Por exemplo quando há desmatamento próximo às áreas litorâneas as raízes aéreas dos mangues retêm os sedimentos do solo, impedindo que eles sejam carregados pelas águas das chuvas e se acumulem no fundo dos mares, o que não permitiria a aproximação de navios, por causa do risco de ficarem encalhados.

Ultimamente alguns manguezais vem sendo destruídos, correndo o risco de desaparecerem do mapa, devido a crescente especulação imobiliária, que frequentemente aterra esses bosques. Esta destruição faz com que diminuam os peixes da região, prejudicando a pesca artesanal, que sustenta inúmeras famílias brasileiras, não permitindo a realização de um de seus principais papéis, o de fornecedor de alimento.

Explica a bióloga Yara Scheaffer-Novelli, da universidade de São Paulo: “A cadeia alimentar marinha começa nessas florestas”, que diz que, “ao ser atacada por fungos e protozoários famintos, a vegetação dos manguezais derruba folhas, frutos e flores, que começam a degradar-se; no chão lamacento, eles se combinam com uma série de proteínas e minerais transportados pela água doce dos rios, chuvas e lençóis freáticos.

O calor do sol, finalmente, ajuda milhões de micróbios, presentes tanto no solo como na água salgada das marés, a terminarem a receita de um caldo nutritivo, que alimenta, por exemplo, os filhotes de camarão.

Essas moléculas de nutrientes são arrastadas pela maré, enquanto baixa, até as áreas costeiras, daí enchem a barriga de larvas e peixes pequenos que, por sua vez, alimentam espécies marinhas maiores e assim por diante.”

A fartura de comida típica dos manguezais torna possível sua super população: convivem ali até 10 000 indivíduos;entre peixes, moluscos e crustáceos; por metro quadrado.

Os manguezais são ecossistemas costeiros das regiões de clima quente do planeta. Estão localizados na faixa entre a maré alta e a maré baixa, junto à foz dos rios, no interior de baías, estuários e outros locais protegidos da ação das ondas do mar, onde a água doce e a água salgada se misturam em diferentes proporções.

Os manguezais no Brasil se estendem desde o Oiapoque, no Amapá, até Laguna, em Santa Catarina. Mais ao sul as temperaturas são muito baixas para o desenvolvimento das espécies do manguezal.

A faixa sul-sudeste da costa do Brasil apresenta manguezais exclusivamente em baías, estuários e áreas protegidas da grande energia do mar. É o caso do complexo estuarino da região de Iguape e Cananéia, no litoral sul do estado de São Paulo.

Mangue vermelho: extração de tanino

“Na região de Cananéia, temos três espécies de árvores de mangue. Uma delas é conhecida como mangue vermelho, Rhizophora mangle. A característica principal dela, e mais marcante, é a presença das raízes escora ou risóforos, que são adaptações a um sedimento pouco consolidado. Chama-se mangue vermelho porque, se rasparmos seu tronco, poderemos observar que por dentro ele é vermelho. A casca do mangue vermelho é utilizada para extração de tanino.

Outra espécie comum aqui na região é o mangue siriúba, ou mangue preto, que é a Avicennia schaueriana. A característica marcante dessa espécie – e que a difere do mangue vermelho – é a presença de pneumatóforos, que são as raízes respiratórias. O mangue preto tem um sistema de raízes que chamamos de raízes radiais, também uma adaptação a esse sedimento pouco consolidado. Quando a maré sobe, essa raiz começa a fazer as trocas gasosas.

Mangue branco: raízes bem adaptadas

A terceira espécie de árvore de mangue que ocorre na região de Cananéia é o mangue branco, a Laguncularia racemosa. Uma característica dessa espécie é a presença de um pecíolo vermelho, que é o cabo da folha. Essa espécie também tem um sistema radicular radial, adaptado ao sedimento pouco consolidado, só que difere um pouco pelo tamanho um pouco menor do pneumatóforo.

Essas espécies são predominantes também ao longo de toda a costa brasileira.

A principal diferença entre os manguezais brasileiros está em suas dimensões. Nas regiões norte e nordeste, onde a variação dos limites entre as marés é maior, o manguezal apresenta bosques com até 30 metros de altura. A ilha do Caju, no delta do Parnaíba, é uma área praticamente livre da ação humana. Apesar disso, os pesquisadores já detectam os sinais da falta de cuidado com as margens dos rios e com a ocupação das franjas dos manguezais.

“Isso aqui é mais um banco de areia em formação dentro do estuário. Perto daqui, temos um já formado. Esse sistema é danificado por causa da deposição de material silicoso. Essa deposição vem do assoreamento que se verifica ao longo do rio (rio Parnaíba, que acompanha a divisa entre Maranhão e Piauí), da derrubada de vegetação e consequente carreação desse material para o estuário. Com essa deposição, deixa de haver a presença das bactérias que deveriam fazer a decomposição de matéria orgânica para formar novas proteínas. ”

E o material orgânico daqui – as folhas do manguezal e o próprio resíduo urbano, industrial e doméstico das cidades – é todo carreado para o mar.

Esse tipo de delta de mar aberto (delta do rio Parnaíba) tem esse problema: por ser de mar aberto, o delta não tem pequenos igarapés, que favoreceriam o processo de transformação dessa matéria orgânica em nitrogênio e enxofre para as novas proteínas. O material orgânico é diretamente perdido para o mar. A falta de proteínas ocasiona a perda de biomassa e todas as populações são diminuídas.

Isso quer dizer o seguinte: o hábitat natural de uma conchinha, por exemplo, é em sedimento lodoso. Nos locais em que já houve deposição de material silicoso, observa-se uma grande quantidade de valvas abertas, mortas. A população delas seria muito maior, não fosse a deposição irregular do material silicoso carreado pelo rio”.

Ainda em função do trabalho de preservação da ilha do Caju, é possível encontrar uma fauna rica e bem desenvolvida, como os belos caranguejos-uçá.

A produção dos manguezais do delta do Parnaíba ainda é muito grande: os catadores da região fornecem caranguejos para todo o norte e nordeste, com algumas sobras para exportação. Mas a maior parte da produção de carne de caranguejos na região é processada ainda em regime familiar, gerando uma renda insuficiente.

Foi a exploração predatória do manguezal, associada à destruição do hábitat, que praticamente esgotou a produção de caranguejos na região de Recife, em Pernambuco. A captura é feita, muitas vezes, com redes de plástico que emaranham os animais e matam indiferentemente filhotes machos e fêmeas. O resultado é o empobrecimento da energia produtiva do ecossistema e da população que vive em torno do manguezal.

A lama escura do manguezal é banhada pelas águas salobras do estuário. Quando a maré recua, os caranguejos saem da toca. Eles realizam um importante trabalho de movimentação constante do sedimento do manguezal, construindo galerias e trazendo para a superfície parte dos sedimentos, rica em nutrientes, que vai ser transportada pelas águas do estuário na próxima maré.

Se a captura de caranguejos for muito superior à capacidade de reprodução das espécies, o manguezal perderá um elo muito importante da sua cadeia alimentar.

É verdade que os caranguejos se reproduzem em boa quantidade, mas é importante encontrar um ponto de equilíbrio, uma forma sustentável de explorar esse recurso do ecossistema.

O termo manguezal é utilizado para descrever uma variedade de comunidades costeiras tropicais dominadas por espécies vegetais, arbóreas ou arbustivas que conseguem crescer em solos com alto teor de sal.

O termo “mangue” origina-se do vocábulo Malaio, “manggimanggi” e do inglês mangrove, servindo para descrever as espécies vegetais que vivem no manguezal.

Importância dos Manguezais

Os manguezais são ecossistemas de grande importância no equilíbrio ecológico, sendo um berçário favorável para o desenvolvimento de muitas espécies de animais e plantas. É muito valioso o estudo do manguezal, principalmente para a preservação deste meio. O primeiro contato com um ecossistema de manguezal pode deixar muitas pessoas desapontadas, porém, com o conhecimento desse local tão cheio de vida pode-se ter uma visão completamente diferente. Só quem vivencia diariamente das riquezas de um manguezal sabe o quanto é importante a sua preservação.

Vários produtos podem ser obtidos dos manguezais como remédios, álcool, adoçantes, óleos, tanino, etc… Sua área pode ser utilizada para turismo ecológico, educação ambiental, apicultura, piscicultura e criação de outras espécies marinhas, além de sua principal função que é o de ser berçário de várias espécies vegetais e animais.

As áreas dos manguezais são, portanto, de extrema importância para as populações, uma vez que delas provém boa parte das proteínas (mariscos e peixes), tão essenciais para a subsistência. Curandeiras empregam diferentes produtos vegetais fazendo uso de suas propriedades bactericidas e adstringentes na cura de várias moléstias comuns ao ambiente. O tanino, produto obtido da casca das árvores, serve para proteger as redes e as velas das embarcações.

Como se pode notar o manguezal tem muito a oferecer porém, o seu potencial deve ser utilizado de maneira racional, de forma sustentada, atendendo às suas necessidades de recomposição como período de desovas, perfloração das espécies vegetais, entre outras…

Em todo litoral brasileiro, a pesca do camarão é uma das importantes atividades econômicas, tanto no campo da pesca artesanal como no da industrial. Além dos camarões, outros invertebrados são explorados comercialmente como Iphigenia brasiliensis, Lucina pectinata, Anomalocardia brasiliana, Mytella falcata, Crassostrea brasiliana, Tagelus plebeius, Ucides cordatus, Cardisoma guanhumi e Callinectes danae, todos oriundos dos manguezais.

Clima

Embora seja um ecossistema tropical, também pode ocorrer em climas temperados, sendo normalmente substituído por outros ecossistemas mais adequados às altas latitudes, como as marismas.

Quanto a temperatura e a precipitação pluvial, as condições ideais para desenvolvimento dos manguezais estão próximas às seguintes:

Temperaturas médias acima de 20o C; Média das temperaturas mínimas não inferior a 15o C; Amplitude térmica anual menor que 5o C;* Precipitação pluvial acima de 1.500 mm/ano, sem prolongados períodos de seca. * Este item ainda esta sobre estudo, pois há manguezais bem representativos com maiores amplitudes térmicas.

Salinidade

A salinidade intersticial é um parâmetro de grande importância uma vez que pode interferir no desenvolvimento de plantas, altura das árvores e diminuição das folhas. As espécies vegetais dos manguezais são plantas halófitas, próprias de ambientes salinos. Embora essas plantas possam se desenvolver em ambientes livres da presença do sal, em tais condições não ocorre formação de bosques, pois perdem espaço na competição com plantas de crescimento rápido, melhor adaptadas à presença de água doce.

Vegetação

As espécies constituintes dos manguezais correspondem a um número limitado de famílias (umas 13) que compreendem de 18 a 20 gêneros. Cada gênero pode estar representado por uma ou por várias espécies e neste último caso as espécies diferem morfologicamente pouco entre sí, isto indica que o fator ecológico é uma força tão considerável, que conseguiu imprimir a espécies de diversas origens taxonômicas, uma morfologia especial e bastante homogênea que as distingue das demais. Por outro lado o extremismo das condições ecológicas e sua homogeneidade através da imensa área tropical e a especialização pouco desenvolvida.

As espécies variam latitudinalmente, em decorrência do clima e índices pluviométricos.

Manguezais

Características Gerais

Os mangues ocupam no litoral uma área de 25000 Km2, distribuídos ao longo do litoral (desde o Amapá, até Santa Catarina).

O manguezal é um ambiente sujeito a processos marinhos, estuarino e lagunar, podendo ser alterado representativamente pela modificação de processos hidrológicos e hidrodinâmicos, interagentes de sedimentação e de “sistemas vizinhos”.

Os bosques de manguezal variam segundo a latitude, o meio físico, a hidrografia e a atmosfera, garantindo a variedade botânica e zoológica.

São cerca de 60 tipos de árvores diferentes e outras 20 associações oferecendo suporte a mais de 200 espécies animais em todo o mundo.

O estabelecimento do ecossistema, onde se instalam árvores e arbustos característicos dos mangues, está vinculado à existência de redutores de sedimentação fina que formam um solo fluido e pouco compactado, dificultando a sustentação, um solo pouco oxigenado na superfície e desprovido de oxigênio abaixo dela.

O substrato é retido pelas raízes e troncos das árvores, absorvendo a matéria orgânica produzida por cada unidade.

DEGRADAÇÃO

Os mais graves efeitos provocados pela superutilização humana dos manguezais são os que acarretam um desmatamento em larga escala. Há destruição total das árvores para uso de lenha e carvão.

Se o processo de desmatamento se associar ao uso de máquinas e ao aterramento, remove-se e a terra (com sementes e plântulas) e a re-colonização da área se torna praticamente impossível.

As retificações de drenagem para evitar inundações locais alteram a rede de drenagem, a jusante do mangue ou em seu interior, causando ressecamento.

Em áreas de desenvolvimento industrial e agrícola, metais pesados, petróleo e seus derivados, pesticidas e herbicidas, quando atingem áreas estuarinas e costeiras a elevadas concentrações, causam disfunções enzimáticas em animais e plantas, causando a possível morte dos manguezais.

Características gerais e distribuição dos mangues

Os manguezais ou mangues são biomas litorâneos, onde o solo é lodoso e salgado. Formam-se junto a desembocaduras de rios e em litorais protegidos da ação direta do mar, tais como baías de águas paradas ou litorais guarnecidos por dique de areia. Durante a maré cheia, o solo do mangue fica coberto por água salobra.

Os manguezais se estendem por toda a costa brasileira, com interrupção nas regiões de litoral rochoso. Existem mangues bem desenvolvidos no Pará, Amazonas, Maranhão, Bahia, Rio Grande no Norte, São Paulo e Paraná.

Os Manguezais não se restringem estritamente à orla marítima, mas podem penetrar vários quilômetros no continente, seguindo o curso dos rios cujas águas se misturam com o mar durante as marés cheias. Em Belém (PA) e São Luís (MA), a vegetação típica de mangue penetra até cerca de 40 Km pelo interior.

Mangues internos também são encontrados no litoral sul de São Paulo, na região de Cananéia, e no litoral norte do Paraná, nas regiões de Ararapira e do Parque Nacional do Superagui.

A distribuição tão ampla dos manguezais, em estados do norte e do sul, mostra que esse bioma é pouco afetado pelo clima, e suas características se devem predominantemente a fatores edáficos, isto é, relativos ao solo.

Este é formado por areia fina e lodo e apresenta teor variado de sal, dependendo de sua proximidade e contato com a água do mar. Pelo fato de estar constantemente salgado, o solo do mangue é pobre em gás oxigênio, o que determina a sobrevivência apenas de bactérias anaeróbicas produtoras de gás sulfídrico, que lhe confere um cheiro característico.

Vegetação e fauna

Com relação à vegetação predominante, a população caiçara distingue três tipos de manguezal:

a) o “mangue-vermelho”, em que predomina a espécie Rhizophora mangue popularmente conhecida como “mangue-bravo”; b) o “mangue- branco”, em que predomina a espécie lagunaria racemosa, popularmente chamada “mangue-manso”; c) o “mangue-seriba”ou “mangue-siriúba”, em que predominam espécies do gênero Avicennia.

Esses três tipos de mangue estão presentes, juntos ou separados, nas diversas regiões do Brasil. Não há vegetação rasteira nos manguezais, e são poucas as plantas epífitas presentes, entre elas algumas orquídeas e bromeliáceas.

O “mangue-vermelho” Rhizophora mangle é um arbusto facilmente identificado por suas raízes de formato arqueado, que apoiam a planta no chão, aumentando sua área de sustentação — uma nítida adaptação ao solo pouco firme do manguezal. Rhizophora mangle atinge, normalmente, entre 3 e 6 m de altura, mas em mangues mais internos, pode chegar a 12 m.

A Avicennia tomentosa, popularmente chamada “siriúba”, ocorre mais frequentemente nos manguezais próximos à orla marítima. Sua principal característica é apresentar raízes cujas extremidades afloram perpendicularmente ao solo, os pneumatóforos Uma adaptação curiosa apresentada pela Avicennia tomentosa é a germinação da semente dentro do fruto, ainda preso à planta-mãe.

A jovem planta resultante da germinação tem uma raiz reta e duas folhas opostas, assumindo o aspecto de um dardo. Ao cair, a raiz se orienta perpendicularmente e penetra, como uma seta, no solo lodoso. Essa adaptação garante que a semente não seja sepultada pelo lodo salgado.

Outra adaptação curiosa das plantas do manguezal é o alto potencial osmótico de suas células, muito maior do que o das células de plantas que vivem em outras regiões. Trata-se de uma adaptação fisiológica relacionada com a absorção de água pelas raízes.

Graças ao potencial osmótico elevado, as plantas do mangue desenvolveram alto poder de sucção celular, o que é necessário para retirar, por osmose, água do solo salgado.

Nos manguezais vivem diversas espécies de caranguejos e moluscos. Também são encontradas aves aquáticas, entre as quais garças e diversas espécies de pássaros.

O que é

Os manguezais são ecossistemas que portam comunidades vegetais típicas de ambientes alagados, resistentes à alta salinidade da água e do solo. Colonizam as costas tropicais e subtropicais, estando presentes nas Américas, África, Ásia e Oceania.

No Brasil, os manguezais ocorrem desde o Cabo Orange no Amapá, até a cidade de Laguna em Santa Catarina.

No passado, a extensão dos manguezais brasileiros era muito maior: muitos portos, indústrias, loteamentos e rodovias costeiras foram desenvolvidos em áreas de manguezal.

Os manguezais não são muito ricos em espécies, porém, destacam-se pela grande abundância das populações que neles vivem. Por isso podem ser considerados uns dos mais produtivos ambientes naturais do Brasil.

O estuário é a faixa de transição entre os ambientes terrestre e marinho. É onde a água salgada do mar se encontra com a água doce do rio. Dessa mistura surge um solo alagado, salino, rico em nutrientes e em matéria orgânica.

Poucas plantas estão aptas a sobreviver num local inundado pelo mar e com pouco oxigênio, mas isso não impede que florestas cresçam na água salobra. Os manguezais têm diferentes tipos de árvores, como o mangue vermelho, mangue branco, mangue preto e o mangue botão.

Em apenas cinco anos, uma árvore de mangue fica adulta e reproduz, podendo chegar a 20 metros de altura. Suas raízes são capazes de passar períodos ficando cobertas pela água do mar e conseguir o oxigênio que não encontram no solo.

É o caso das raízes chamadas ‘pneumatóforos’, que deixam uma ponta fora da lama, ajudando a planta a ‘respirar’. Bromélias e orquídeas são outras espécies da flora do manguezal. Quanto a fauna, destacam-se as várias espécies de caranguejos, formando enormes populações nos fundos lodosos.

Nos troncos submersos encontram-se vários animais filtradores, tais como as ostras. Uma grande variedade de peixes penetra nos manguezais na maré alta. Muito dos peixes que constituem o estoque pesqueiro das águas costeiras dependem das fontes alimentares do manguezal, pelo menos na fase jovem.

Por esse motivo o manguezal é considerado o ‘berçário do mar’.

Diversas espécies de aves comedoras de peixes e de invertebrados marinhos fazem seus ninhos nas árvores do manguezal, alimentando-se especialmente na maré baixa, quando os fundos lodosos são expostos.

Os manguezais fornecem rica alimentação protéica para a população litorânea: a pesca artesanal de peixes, camarões, caranguejos e moluscos é para os moradores do litoral uma das principais fontes de subsistência.

A destruição gratuita, a poluição doméstica e química das águas, derramamento de petróleo e aterros mal planejados, são os grandes inimigos do manguezal. A vegetação do manguezal enriquece e mantém a produtividade das águas costeiras próximas, sustentando os estoques de camarões e de peixes os quais o homem captura para seu consumo.

A fauna do manguezal, possuindo um grande valor nutritivo e econômico para o homem, atrai populações humanas que se instalam nas proximidades do manguezal. As comunidades ribeirinhas mantêm relação de grande dependência com os recursos oferecidos pelo manguezal.

Mulheres e crianças saem durante a maré baixa à procura de mariscos, tanto daqueles que se enterram na lama, como das ostras presas nas raízes do mangue vermelho. Enquanto isso os homens pescam nas águas protegidas dos estuários.

Esses agrupamentos populacionais são pobres e, de um modo geral não recebem apoio dos órgãos governamentais. Entretanto, para que os recursos do manguezal sejam utilizados racionalmente, de forma sustentada, é preciso que o homem entenda melhor o funcionamento desse ambiente.

Deve-se evitar fatos comuns hoje em dia, como a captura de caranguejos durante a época de reprodução, pois justamente nessa fase que ficam mais expostos tornando-se presa fácil.

Assim, a conservação dos manguezais nos leva a duas questões: a social e a ambiental.

A importância social mostra que muitas pessoas vivem do manguezal e dependem desse ambiente para sobreviver. Por exemplo, só em Pernambuco, mais de 20 mil famílias de pescadores sobrevivem da pesca artesanal e da coleta de moluscos e crustáceos.

A importância ambiental mostra que o manguezal é uma verdadeira ‘maternidade e berçário’ de várias espécies. Um determinado impacto que esteja afetando o manguezal pode desencadear o surgimento de outros, ao longo do tempo. O acúmulo de substâncias tóxicas no ambiente pode ter seus efeitos multiplicados atingindo inclusive a saúde humana.

Mangue Vermelho (Rhizophora mangle) Mangue Branco ou Mangue-Verdadeiro (Languncularia racemosa) Síriba, ou Siriúba (Avicennia schaueriana) também Mangue-Preto. Mangue-Preto (Avicennia germinans) Mangue-de-Botão, Bolota (Comacarpus erectus) Praturá (Spartina)

A costa brasileira apresenta, numa superfície de cerca de 20 mil km2, desde o Cabo Orange, no Amapá, até o município de Laguna, em Santa Catarina, uma estreita faixa de floresta chamada manguezal ou mangue. Este é composto por um pequeno número de espécies de árvores e desenvolve-se principalmente nos estuários e na foz dos rios, onde há água salobra e local semi-abrigado da ação das ondas, mas aberto para receber a água do mar.

Trata-se de ambiente com bom abastecimento de nutrientes, onde, sob os solos lodosos, há uma textura de raízes e material vegetal parcialmente decomposto, chamado turfa. Nos estuários, os fundos lodosos são atravessados por canais de marés (gamboas), utilizados pela fauna para os seus deslocamentos entre o mar, os rios e o manguezal.

O Brasil tem uma das maiores extensões de manguezais do mundo.

Menosprezado no passado, pois a presença do mangue estava intimamente associada à febre amarela e à malária, enfermidades já controladas, a palavra mangue, infelizmente, adquiriu o sentido de desordem, sujeira ou local suspeito.

O manguezal foi durante muito tempo considerado um ambiente inóspito pela presença constante de borrachudos, mosquitos pólvora e mutucas. As florestas escuras, barrentas, sem atrativos estéticos e infectadas por insetos molestantes fez com que, até meados da década de 70, se pensasse que o progresso do litoral marinho fosse equivalente a praias limpas, aterros saneados, portos confinados por concreto e experimentos de cultivo para aproveitar os terrenos dos velhos manguezais.

Embora seja grande a importância econômica e social do manguezal, este enfoque foi em parte responsável pela construção de portos, balneários e rodovias costeiras em suas áreas, diminuindo a extensão dos mangues.

Ao contrário de outras florestas, os manguezais não são ricos em espécies, porém destacam-se pela grande abundância das populações que neles vivem. Por isso podem ser considerados um dos mais produtivos ambientes naturais do Brasil.

Somente três árvores constituem as florestas de mangue: o mangue vermelho ou bravo, o mangue branco e o mangue seriba ou seriuba.

Vivem na zona das marés, apresentando uma série de adaptações: raízes respiratórias (que abastecem com oxigênio as outras raízes enterradas e diminuem o impacto das ondas da maré), capacidade de ultrafiltragem da água salobra e desenvolvimento das plântulas na planta materna, para serem posteriormente dispersas pela água do mar.

A flora do manguezal pode ser acrescida de poucas espécies, como a samambaia do mangue, a gramínea Spartina, a bromélia Tillandsia usneoides, o líquen Usnea barbata (as duas últimas conhecidas como barba de velho e muito semelhantes entre si) e o hibisco.

No Norte do País, as espessas florestas de mangue apresentam árvores que podem atingir 20 metros de altura. Na região Nordeste há um tipo de manguezal conhecido como “mangue seco”, com árvores de pequeno porte em um substrato de alta salinidade. Já no Sudoeste brasileiro, apresenta aspecto de bosque de arbustos.

O chão escuro do mangue é coberto por água na preamar. Ricas comunidades de algas crescem sobre as raízes aéreas das árvores, na faixa coberta pela maré, e, entre elas, encontram-se algas vermelhas, verdes e azuis. Os troncos permanentemente expostos e as copas das árvores são pobres em plantas epífitas. Bactérias e fungos decompõem as folhas do manguezal e a cadeia alimentar é baseada no uso dos detritos resultantes desta decomposição.

Quanto à fauna, destacam-se várias espécies de caranguejos, formando enormes populações nos fundos lodosos. As ostras, mexilhões, berbigões e cracas se alimentam filtrando da água os pequenos fragmentos de detritos vegetais, ricos em bactérias. Há também espécies de moluscos que perfuram a madeira dos troncos de árvores, construindo ali os seus tubos calcários e se alimentando de microorganismos que decompõem a lignina dos troncos, auxiliando a renovação natural do ecossistema através da queda de árvores velhas, muito perfuradas.

Os camarões também entram nos mangues durante a maré alta para se alimentar.

Muitas das espécies de peixes do litoral brasileiro dependem das fontes alimentares do manguezal, pelo menos na fase jovem. Entre eles estão bagres, robalos, manjubas e tainhas. A riqueza de peixes atrai predadores, como algumas espécies de tubarões, cações e até golfinhos. O jacaré de papo amarelo e o sapo Bufo marinus podem, ocasionalmente, ser encontrados.

Aves típicas são poucas, devido à pequena diversidade florística; entretanto, algumas espécies usam as árvores do mangue como pontos de observação, de repouso e de nidificação. Estas aves se alimentam de peixes, crustáceos e moluscos, especialmente na maré baixa, quando os fundos lodosos estão expostos.

Entre os mamíferos, o coati é especialista em alimentar-se de caranguejos. A lontra, hábil pescadora, é frequente, assim como o guaxinim.

Os manguezais, usados pelos homens dos sambaquis há mais de 7 mil anos e, a partir de então, pelas populações que os sucederam, fornecem uma rica alimentação proteica para a população litorânea brasileira. A pesca artesanal de peixes, camarões, caranguejos e moluscos é para os moradores do litoral a principal fonte de subsistência.

Embora protegido por lei, o manguezal ainda sofre com a destruição gratuita, poluição doméstica e química das águas, derramamentos de petróleo e aterros mal planejados.

Lama, lodo, águas escuras, caranguejos e mosquitos. Lugares insalubres e propícios à disseminação de doenças. Assim eram vistos os manguezais, um importante ecossistema existente no Brasil e em outras regiões tropicais do mundo. O processo de ocupação humana no litoral brasileiro provocou, principalmente até meados do século XX, um enorme impacto neste ecossistema. Aterros e desmatamentos, em função da expansão urbana e industrial, reduziram drasticamente as áreas de manguezal. O desconhecimento sobre a importância deste ecossistema fez com que grandes áreas de manguezal fossem destruídas até como forma de melhorar o visual da cidade.

Na tentativa de mudar este quadro, o manguezal é hoje, de acordo com a Lei Federal n.º 4771, Área de Preservação Permanente. Porém, apesar disso, este importante ecossistema continua sendo ameaçado, principalmente devido à falta de fiscalização e de planos de recuperação por parte das autoridades competentes. Mas por que preservar os manguezais? Por que este ecossistema é tão importante?

Características e adaptações

O manguezal é um ecossistema costeiro, que ocorre apenas em lugares com influência de marés e de água salobra, mistura de água doce e salgada. Por isso é comum encontrarmos este ecossistema em regiões estuarinas (local onde um rio deságua no mar), em lagoas e baías. Eles também só ocorrem em pontos da costa onde há depósito de sedimento fino, a argila, daí os manguezais estarem sempre associados à lama. É um ecossistema altamente produtivo, principalmente devido ao grande aporte de nutrientes vindos dos rios que se depositam em seu sedimento. O manguezal é um ecossistema exclusivamente tropical. No Brasil eles ocorrem praticamente ao longo de toda a costa, desde o Amapá até Santa Catarina.

Os mangues, plantas que compõem o manguezal, dominam a paisagem deste ecossistema.

No Brasil ocorrem apenas três gêneros e na região sudeste apenas três espécies: mangue vermelho (Rhizophora mangle), mangue preto ou seriba (Avicennia schaueriana) e mangue branco (Laguncularia racemosa). Além destas três espécies, algumas bromélias, orquídeas e liquens também estão presentes e outras espécies arbóreas são encontradas nas áreas de transição com outros ecossistemas, como o algodoeiro-da-praia (Hibiscus pernambucensis).

A baixa diversidade da flora do manguezal, em contraste com a mata atlântica por exemplo, se deve às condições abióticas às quais este ecossistema está submetido.

Poucas espécies apresentam adaptações para sobreviver num ambiente com uma série de características estressantes como o manguezal.

Por estar recebendo influência de água salobra, tanto as águas quanto o sedimento apresentam altos teores de sal, que são incorporados pelos organismos. O sal, se estiver muito concentrado, pode se tornar tóxico para esses organismos, principalmente para as plantas. As espécies vegetais do manguezal apresentam adaptações para eliminar o excesso de sal através de estruturas chamadas glândulas de sal presentes em suas folhas. Quem estiver visitando um manguezal, pode verificar este fato lambendo uma folha de mangue e sentindo o gosto de sal.

Outro fator ambiental limitante para as plantas é a falta de oxigênio no solo. Além do solo ser compacto em virtude do pequeno tamanho dos grãos, o sedimento, permanece submerso pela maré cheia durante boa parte do dia. As raízes dos mangues, por estarem submersas, teriam dificuldade de absorver oxigênio, já que este gás está muito mais presente no ar do que na água.

Porém, os mangues apresentam raízes peculiares que garantem a sua sobrevivência: raízes aéreas. No mangue preto e no mangue branco, raízes chamadas pneumatóforos emergem de baixo do sedimento em direção ao ar, de maneira que mesmo durante a maré cheia as extremidades das raízes ficam expostas ao ar possibilitando as trocas gasosas por parte das plantas. Já o mangue vermelho apresenta expansões no caule principal contendo lenticelas, que são buracos por onde são feitas as trocas gasosas. As raízes dos mangues são de fundamental importância para segurar o sedimento junto à margem, impedindo a erosão e um consequente assoreamento dos rios e canais os quais margeiam.

As plantas do manguezal apresentam uma outra importante característica fundamental na sua sobrevivência: a viviparidade. Ao contrário da maioria das espécies vegetais, onde a semente germina no solo, as sementes do mangue germinam ainda presas à planta mãe, formando uma estrutura chamadas propágulos. Quando atingem determinado tamanho, estes propágulos caem da planta se fixando no sedimento ou então são dispersos pela água até se fixarem em um outro local. Esta adaptação é importante pois uma semente dificilmente germinaria num solo pouco oxigenado e constantemente inundado, além do que a jovem planta teria dificuldade de se fixar num sedimento frequentemente invadido pelo movimento das marés.

Fauna

A fauna do manguezal também é bem característica. Nele habitam diversas espécies de caranguejos, como o guaiamum, o caranguejo uça e o aratu. Estes organismos são de fundamental importância para a ciclagem de nutrientes do ecossistema. Alimentam –se de folhas que caem das árvores, retalhando-as e possibilitando o ataque por bactérias decompositoras que tornarão os nutrientes novamente disponíveis para as plantas. Além disso, os túneis cavados pelos caranguejos são importantes para a aeração do solo. Muitos outros animais também são encontrados no manguezal, como caramujos, ostras, mexilhões, poliquetos e diversas espécies de peixes.

Muitos animais de outros ecossistemas utilizam o manguezal para obterem seu alimento. Mamíferos, como a lontra e guaxinim, visitam os manguezais durante a noite para caçarem caranguejos e outros invertebrados. Algumas espécies de aves também se alimentam de peixes, caramujos e poliquetos, como é caso do maçarico por exemplo, uma ave migratória do hemisfério norte que habita os Estados Unidos e o Canadá. Durante o inverno nesses países, os maçaricos migram para áreas mais quentes como o Brasil, onde então descansam e se alimentam nos manguezais.

Importância

É comum denominarmos os manguezais como o verdadeiros “berçários da natureza”, isto porque diversas espécies de peixes marinhos, como a tainha, o robalo e o baiacú por exemplo, utilizam as águas do manguezal para desovarem. Os filhotes dos peixes, chamados alevinos, nascem e se desenvolvem neste ecossistema antes de voltarem para o mar, pois no mangue eles encontram um ambiente com muito alimento e livre de predadores. Com a destruição dos manguezais, estas espécies de peixe, muitas de interesse econômico, não tem lugar para se reproduzirem. Alguns estudos têm demonstrado que a destruição de manguezais em determinados lugares da costa está associado à diminuição da atividade pesqueira na região.

Como vocês puderam perceber, preservar o manguezal é importante não só para as espécies que nele habitam, mas também para várias outras que dele necessitam, inclusive nós.

Flora

Sendo o manguezal um ecossistema que apresenta características peculiares quanto à salinidade, nível de oxigenação, inundação pela maré e composição do substrato, as espécies vegetais que conseguem ali sobreviver possuem adaptações próprias para enfrentar tais características.

As espécies típicas que ocorrem neste manguezal são: Rhizophora mangle (mangue vermelho); Avicennia schaueriana (mangue siriuba); Laguncularia racemosa (mangue branco) e Spartina alterniflora (capim paraturá), sendo esta última uma gramínea que ocorre nas margens, à frente da vegetação lenhosa.

Nas áreas onde ocorrem derrubada das espécies típicas é comum o aparecimento de populações de Hibiscus pernanbucencis (guaxima do mangue) e Acrostichum aureum (avenção).

Na orla do manguezal, as principais espécies que ocorrem são: Inga affinis (ingá doce), Erythrina speciosa (suinã) e Tabebuia cassinoides (tabebuia do brejo).

Na zona de transição entre o manguezal e outros tipos de vegetação ocorrem as seguintes espécies:

Dalbergia ecastophylla, Paspalum vaginatum, Schinus terebinthifolius (aroeira) e Typha domingensis (taboa). Deve-se ainda mencionar a presença, nos galhos de R. mangle e L. racemosa da hemiparasita conhecida vulgarmente como “erva de passarinho”, da família Loranthaceae, bem como a formação das “balseiras”, ilha de vegetação formadas principalmente por Echinochloa sp (cararana), Paspalum repens (canarana) e Eichornia crassipes (aguapé), que descem pelos rios indo por vezes até à Baía de Guanabara.

Fauna

O ecossistema de manguezal apresenta um elevado índice de diversidade biológica, uma vez que sua estrutura propicia um grande número de nichos ecológicos que são utilizados por inúmeras espécies nos diferentes estágios de desenvolvimento. Merece destaque o papel que desempenha como pouso de aves migratórias.

Dentre as espécies encontradas em levantamentos já efetuados, citamos:

Insetos:

Vários tipos de borboletas, lavadeiras, libélulas (Zigoptera e Anisoptera), abelha, mutucas (Tabanidae) e maruins (Ceratopogonidae).

Crustáceos:

Cracas – (Balanus sp).Aratu – (Goniopsis cruentata).Siri-azul – (Callinectes danae).Guaiamu – (Cardisoma guanhumi).Marinheiro – (Aratus pisonii).Uçá – (Ucides cordatus).Chama-maré – (Uca sp).Camarãozinho-canhoto – (Alpheus heterochaelis).

Moluscos:

Caramujo do mangue – (Melampus coffeus).Samanguaiá – (Anomalocardia brasiliana).Macoma – (Macoma constricta).

Peixes:

Tainha – (Mugil sp).Robalo – (Centropomus sp).Sardinha – (Sardinella sp).Bagre – (Tachisurus sp).Savelha – (Brevoortia tyrannus).Parati – (Mugil sp).Acará – (Geophagus brasiliensis).

Répteis:

Jacaré – (Caiman sp).

Aves:

Atobá – (Sula I. Leucogaster).Binguá – (Phalacrocorax b. brasilianus).Anhinga – (Anhinga a anhinga).João-grande – (Fregata magnificens).Maguari – (Ardea cocoi).Socozinho – (Butorides s. stiatus).Garça branca grande – (Casmerodius albus egreta).Garça branca pequena – (Egretta t. thula).Garça azul – (Florida caerulea).Socoí – (Ixobrychus sp).Socó – (Nyctanassa violacea cayennensis).Colheiro – (Ajaia ajaia).Marreca anamaí – (Amazonetta brasiliensís).Irerê – (Dendrocygna viduata).Frango d’água – (Gallinula chlropus galeata).Frango d’água azul – (Porphyrula martinica).Piaçoca – (Jacana spinosa jacana).Maçarico-de-coleira – (Charadrius semipal matus).Anu do brejo – (Crotophaga major).Alma-de-gato – (Piaya cayana macroura).Saci – (Tapera naevia).Martim-pescador grande – (Megaceryle t. torquata).Pica-pau pequeno – (Picumnus c. cirratus).Viuvinha – (Arundinicola leococephala).Sebinho-do-mangue – (Conirostrum b. bicolor).

Mamíferos:

Preá – (Cavia sp).Capivara – (Hydrochoerus sp).

Janaína Santos

Manguezais

O manguezal é um ecossistema muito importante para o equilíbrio ecológico. A riqueza do seu solo deve-se, principalmente, aos nutrientes trazidos pelas águas dos rios, que garantem um ecossistema altamente produtivo. O manguezal funciona como um berçário natural para o desenvolvimento de muitas espécies de animais e plantas. Existe em lugares que sofrem a influência de marés, permitindo a mistura da água salgada (do mar), com a água doce (do rio).

Fatores como temperatura e precipitação pluvial influenciam o desenvolvimento do manguezal, assim como as temperaturas médias, que devem ser acima de 20º C e mínimas, de até 15º C. Outro fator importante é a salinidade do solo, que pode interferir no desenvolvimento das espécies do manguezal, como na altura das árvores e na quantidade das suas folhas.

Poucas são as espécies vegetais que possuem condições para sobreviver em um local como o manguezal: inundado pela água do mar, com pouco oxigênio e alta salinidade. As espécies vegetais do manguezal adaptam-se para eliminar o excesso de sal, através das chamadas glândulas de sal, presentes nas folhas. A falta de oxigênio no solo, que permanece submerso pela maré cheia, por um período do dia, é outro fator ambiental limitante para o desenvolvimento das plantas do manguezal.

O Brasil possui 12% dos manguezais do mundo: são 25 mil km2, que se estendem do Cabo Orange, no Amapá, até o município de Laguna, em Santa Catarina.

Os manguezais são encontrados nas Américas, África, Ásia e Oceania.

Os mangues são árvores que compõem o manguezal. Uma árvore de mangue leva cerca de cinco anos para se tornar “adulta”, pronta para a reprodução. Nesse estágio, a árvore pode chegar a 20 metros de altura.

Existem cerca de 13 tipos de famílias de mangue, sendo os mais conhecidos: o mangue vermelho (Rizhofora mangle), o mangue branco (Laguncularia erectus), o mangue preto ou canoé (Avicennia sp) e o mangue de botão (Conocarpus erectus).

Além destas espécies, existem grupos de plantas que ocorrem, principalmente às margens ou na borda interior dos manguezais, como as samambaias. Não são espécies exclusivas das áreas de mangues, mas são tolerantes aos diferentes teores de salinidade. Existem ainda outros grupos, que vivem sobre as árvores de mangue, mas sem se utilizar dos nutrientes das árvores hospedeiras, como as bromélias, as orquídeas e os líquens. São as plantas epífitas.

As raízes aéreas do mangue permitem que as árvores obtenham oxigênio no ar, já que na água o ar é menos concentrado. No mangue preto e no mangue branco, as raízes, chamadas pneumatóforas, ficam com uma parte da raiz fora do solo, de forma que, durante as marés cheias, as extremidades da raízes ficam expostas ao ar, para conseguir o oxigênio que não encontram na água.

A fauna do manguezal

Diversas espécies, como o caranguejo, o guaiamum e o aratu habitam os manguezais Além deles, outras espécies, como ostras e mexilhões, estão presentes nos manguezais e se alimentam, filtrando da água os pequenos fragmentos de vegetais. Por isto, são considerados “filtradores naturais”. Os caranguejos, ao cavar seus “buracos”, ajudam na aeração do solo.

Os moluscos que se prendem aos mangues também têm uma grande importância para os manguezais: eles se alimentam de microorganismos e ajudam a renovação natural do ecossistema.

Os filhotes de peixes, chamados de alevinos, nascem e se desenvolvem neste ecossistema (por isto, os manguezais são considerados maternidade e berçário naturais). Quando a maré está alta, camarões e muitas espécies de peixes do litoral brasileiro, como tainhas e bagres, dentre outros, na fase jovem, aproveitam para entrar no mangue e se alimentar.

A maré baixa é o tempo propício para que as aves se alimentam dos peixes, crustáceos e moluscos dos manguezais.

Nesse ecossistema, também podem ser encontrados mamíferos como o quati, que se alimenta de caranguejos, lontra que é uma hábil pescadora, e o guaxinim.

Muitas espécies de aves fazem os seus ninhos nas árvores dos manguezais. O maçarico é uma ave do hemisfério norte, que habita nos Estados Unidos e no Canadá e que, durante o inverno, migra para as áreas mais quentes do planeta, como o Brasil, onde descansam e se alimentam, nos manguezais.

Percebe-se, assim, que os manguezais têm muito a oferecer. É um ecossistema muito importante para a pesca artesanal de peixes, camarões, caranguejos e moluscos – uma das principais fonte de subsistência para os moradores do litoral.

Manguezais

LEIS QUE PROTEGEM OS MANGUES

Existem vários dispositivos nas leis brasileiras que protegem os manguezais, tanto na esfera federal, como na estadual e municipal. Os mangues são considerados Áreas de Preservação Permanente, conforme o Código florestal, Lei 771, art. 2o, de 15/09/1965; art. 18o da Lei 6.938, de 31/08/1981; Decreto 89.336, de 31/04/1984; e resolução 4 do CONAMA, de 18/09/1985. Assim sendo, não é permitido o corte, destruição ou degradação dos manguezais.

Porém, na prática, as leis têm-se mostrado bastante frágeis na proteção efetiva dos nossos manguezais. O desconhecimento destas leis, pela grande parte da população que vive próxima aos mangues, tem sido um dos principais fatores que levam à destruição dos mesmos. É necessário que as populações que dependem dos manguezais estejam atentas e denunciem aos órgãos responsáveis pela proteção do meio ambiente, qualquer tipo de agressão a este maravilhoso ecossistema.

Mangue-vermelho (Rhizophora mangle L.)

Manguezais

Esses ambientes, os manguezais, ganham destaque em função dos inúmeros “serviços ecológicos” e da rica diversidade biológica associada, tornando esta uma das regiões de maior importância conservacionista. Contudo, infelizmente, é também uma das regiões mais ameaçadas em todo o planeta. Neste contexto é que a população do mangue-vermelho encontra grande presença, sendo esta uma das principais espécies vegetais deste tipo de ecossistema.

As árvores de mangue-vermelho são indivíduos pioneiros, ou seja, juntamente com outras espécies são os primeiros a ocupar regiões de transição. Neste caso, são áreas entre o ambiente marinho e a desembocadura de rios de água doce, capazes de desenvolver um solo bastante lodoso, instável e rico em matéria orgânica em decomposição.

Em função da instabilidade do terreno, o mangue-vermelho dispõe de estruturas auxiliares na sustentação da planta. Observa-se notavelmente a existência de ramos laterais que saem diretamente do caule e prendem-se ao substrato.

Tais ramos são conhecidos como raízes adventícias ou de ancoragem, as quais prendem a planta no solo, permitindo que a mesma permaneça firme mesmo com as inundações frequentes das marés. Ainda, a existência de estruturas especializadas nas raízes do mangue-vermelho permite que a planta consiga realizar trocas gasosas (CO2 e O2), mesmo quando o solo está encharcado.

O íntimo contato com o ambiente marinho torna os manguezais regiões onde a concentração de sal é bastante elevada, limitando outras espécies menos tolerantes de habitá-lo. Somente um número reduzido de espécies, como o próprio mangue-vermelho, tem a capacidade de sobreviver e reproduzir nestes ecossistemas.

Nesta árvore, uma olhada detalhada em suas folhas revela a existência de pequeninas glândulas responsáveis pela eliminação do excesso de sal absorvido pela planta.

Outra importante característica desta árvore está no modo como se reproduz. Ao observarmos uma árvore de mangue-vermelho, em determinadas épocas do ano, nota-se a existência de pequenas estruturas em formato de “caneta”, penduradas nos galhos. Tais estruturas, na realidade, consistem em propágulos da planta, ou seja, um meio de reprodução. Estes propágulos ao se desprenderem caem diretamente no solo, germinando ali, ou então são carregados pelas marés a longas distâncias, colonizando outras regiões estuarinas.

O Mangue-vermelho, apesar de ser uma espécie nativa do Brasil, também é amplamente encontrado em outras partes do mundo, como no continente africano. A grande resistência de seus propágulos, bem como o poder de dispersão dos mesmos, faz com que seja uma espécie muito comum em ambientes estuarinos. Contudo, mesmo assim é uma espécie bastante ameaçada, em função da destruição de ambiente de manguezais.

Além da especulação imobiliária em áreas onde ocorrem estes ecossistemas, o mangue-vermelho sofre com a exploração para o uso de sua madeira, principalmente como lenha. Em função disso, tal espécie, juntamente com as outras que habitam os manguezais, merecem destaque especial, devendo ser protegidas conforme determina a legislação brasileira.

Fonte: www.geocities.com/www.iesambi.org.br/ www.moisesneto.com.br/www.cprh.pe.gov.br/www.ecossistema.bio.br/www.tvcultura.com.br

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Um comentário

  1. Ótima base de estudo e trabalhos acadêmicos, me ajudou bastante!
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